Capítulo III

Noções de Realidade

-Agora? –O mais novo perguntou observando enquanto o irmão mais velho aproximava-se com um ar comum, apenas descaso e despreocupação.

-Não lhe parece óbvio? –O primogênito perguntou sarcástico, com um tom cheio da mais pura aspereza.

-Não! Não me parece óbvio! –O menor respondeu em um tom entediado e de pouco interesse. Na verdade, fazia-se de pouco interessado, o mais velho sabia disso. E talvez por isso não contasse. Era divertido torturá-lo –Ainda não tenho capacidade para a adivinhação e muito menos para leitura de mentes. Logo, dependo de você para que me conte o que ocorreu.

-Este é o seu grande erro, baka! –O primeiro rapaz respondeu com descaso- É por isso que você sempre será inferior a mim. Aprenda a conseguir o que quer por seus próprios meios. Não dependa dos outros, pois assim você pode ser facilmente enganado. Eu poderia distorcer tudo do jeito que eu quisesse e ingenuamente você poderia acreditar e ser induzido a fazer o que eu bem entendesse. Divertido, não?

-Como se você tivesse muita inteligência para isso... –o menor simplesmente grunhiu. O mais velho sorriu! Chateara-o. E com uma facilidade vertiginosa! Se ambos não tivessem aquele objetivo a zelar, estaria certamente tentado a aniquilá-lo.

-O suficiente para bolar um plano inteiro sozinho! –O primogênito de voz cortante redargüiu num tom superior, acompanhado por um olhar de desprezo dirigido ao garoto mais novo.

-No entanto, precisa de mim como carta trunfo. –O mais novo rebateu dando uma piscadela vitoriosa- Eu posso ser a salvação! Você sabe que tenho algum poder persuasivo com a Haruno.

-Hunf! Do jeito que as coisas vão indo, sua presença seria desnecessária! –O mais velho declarou displicente.

-Parece que a noite foi produtiva! –A caçula sorriu com as palavras do irmão.

-Mais do que você pode imaginar... –O mais velho respondeu com um sorriso de desdém nos lábios- Diferente de você, eu não sou um virgem que cora toda vez que ouve a menção de uma palavra ligada a sexualidade. Sei como seduzir uma mulher...

-Lições sobre como "pegar" uma mulher... Parte I! –O jovem falou, zombeteiro. Ele o atacara, e de fato ele corara,ao ouvir as palavras. Mas não diziam que a melhor defesa era o ataque? O mais velho não pareceu gostar muito da brincadeira- Sabe, nii-san, acho que você devia investir no mundo literário para homens encalhados. Te daria mais retorno do que invenções mirabolantes para trazer uma mulher tola pra seu plano conspirativo doido.

-Cala a boca, virgem! –O outro respondeu irritado- Contudo, acho que a veia idiota da família sempre foi você! Não me surpreenderia se visse publicado um livro seu, sobre como se manter virgem aos 18 e além. Claro, se eu te deixar sobreviver até lá...

-Hunf! Vamos ver quem vai virar adubo pra plantas! –O mais novo respondeu visivelmente irritado.

-De qualquer forma, vou te contar... –O primogênito resolveu, por fim, sentando-se numa poltrona em frente a do irmão, visivelmente exausto- Eu entrei nos sonhos dela, manipulando-os como eu bem entendi.

-Como assim? –O caçula perguntou realmente confuso.

-Genjutsu, se quer mesmo saber... –O mais velho respondeu suspirando- Claro, que como sempre, há a falha de que não se pode prever a ação de quem é submetido a isso. Então, digamos que eu conto com o improviso a maior parte do tempo. Eu preciso criar um cenário que seja familiar a ela, logo, tenho que dar certa liberdade a imaginação dela e seguir conforme a dança. Eu tenho que deixá-la sonhar e manipular o resto, conforme a necessidade... No próximo sonho, vou ter que controlar o tempo inteiro!

-Não entendi ainda... –O mais novo respondeu franzindo de leve o próprio cenho.

-Não há necessidade de que entenda... –O outro respondeu levantando-se- Quero deixá-la confusa. Mas ainda não tenho certeza sobre como. Embora eu aposte com você minha vida de que agora ela se sentirá bastante desnorteada. Seria interessante ver sua expressão nesse momento.

-Entretanto, pouco aconselhável. –O mais novo advertiu-o.

-Não se preocupe. –O mais velho respondeu com um sorriso ligeiramente brincando nos lábios- Ficarei bem aqui, me preparando para minha próxima atuação... Preciso de cenários e desempoeirar o meu romantismo... Isso é... Se ainda me sobrou algum... Estamos entrando na pior parte do plano... Se eu não convencer agora, estará tudo acabado.

O mais novo pareceu compreender. E, sem mais palavras, deixou o outro sozinho no aposento. Nada comentaria. Não seria ele a levar a culpa pelo plano não sair exatamente como queriam...

XXX

Suspirou e observou a mãe, que ainda mantinha seu ar irritado, à espera de uma explicação. Era melhor agir como se não fosse nada demais. Como se tudo fosse exatamente como sua mãe estava achando. Para que tentar explicar todo o seu sonho? Isso é, sua mãe sequer se daria ao trabalho de crer no que ela dizia. Como explicar a mãe que ela sonhara que comprara as roupas e de repente, assim do nada, as roupas apareceram em sua sala? Nem mesmo a criança mais crédula acreditaria nisso. Ela mesma não sabia se acreditava...

Como podia? Ela sonhara e de repente... Tudo parecia ter acontecido. Puxa, será que ela não podia sonhar que ganhava na loto?

Sakura conteve o pensamento. Depois divagava sobre isso. Agora teria que se explicar a fera... Teria que levar aquilo até o fim. Seja lá qual fosse a conseqüência que isso acarretasse... Se ela acreditava que Sakura comprara tudo, era nisso que ela continuaria a crer!

-Ainda estou esperando sua explicação... –A mulher batia o pé seguidamente contra o chão... "Antes no chão que em mim!" Sakura pensou olhando para o teto, enquanto tomava a coragem para enfrentar a mulher.

-Não há nada a ser explicado... –Sakura disse com o tom mais calmo e mais neutro que conseguiu arrancar de si própria. Aprendera nestes anos de convivência com a "mamy querida" que tons exageradamente carregados de emoção, só dificultavam as coisas. Ela sempre a acusava de estar sendo muito desrespeitosa com ela... Ou de estar sendo muito fria. Ela sempre via dobrado onde não havia nada a se ver... Coisa incrível, isso! A mulher tinha olhos de lentes de aumento.

-Ficou maluca, Sakura? –A mulher disse em um tom mais alto que o usual. Pelas feições dela de choque, parecera que a jovem tinha dito a mãe que tinha virado lésbica ou algo do tipo- Um monte de pacotes com roupas caras aparecem no chão de minha sala e você me diz que não há nada a ser explicado!

-Você conhece a explicação. –Sakura disse dando de ombros, enquanto começava a recolher os pacotes sem encará-la. Era essa a hora em que ela começava a mentir deslavadamente. O momento onde tinha de manter o teatro. Estava preparada para ouvir acusações e mais acusações infundamentadas. Teria de brigar com ela como sempre brigava para que ela não percebesse nada de errado.

Era só o que lhe faltava... Ter de fingir brigar com a própria mãe para mostrar que tudo estava normal! Como se brigar todo o santo dia com alguém fosse normal... Sua convivência familiar era doentia, sem sombra de dúvidas.

-Não, eu não conheço! –A mãe afirmou pondo as duas mãos na cintura, enquanto fazia uma expressão de quem acabara de ser fortemente ultrajado- E continuarei assim enquanto você não me contar, uma vez que não sou capaz de descobrir por conta própria sem a sua cooperação.

-Some dois mais dois. Não é difícil! –Sakura lhe lançou um sorriso de puro escárnio, enquanto incitava e provocava a mulher.

-Não trate isso como se fosse uma coisa óbvia. –A mulher de máscara para pele redargüira claramente irritada. Ela ia explodir e seria em sua cabeça.

-Digamos que seja o troco por sempre me tratar como um verme. Eu também não era obrigada a adivinhar as lições doidas que você tinha em mente! –Sakura admoestou, referindo-se ao tempo em que sua mãe insistira em lhe dar aula e explicava as matérias mais complexas de forma rápida e resumida e fazia questão que depois ela resolvesse todo e qualquer exercício aplicado! Tempos difíceis, sem dúvida! De certa forma, Sakura procurava toda e qualquer oportunidade para chatear a própria mãe. Crescera nesse disputa implacável entre ambas e provavelmente assim permaneceria até que uma das duas se fosse.

-Eu nunca te tratei como verme, INGRATA! –A mãe gritou. A veia de sua têmpora estava começando a latejar... Era todo o dia assim... Agora viria a pior parte- Muito pelo contrário, sempre lhe tratei como um ser humano inteligente, agora, se você não estava a altura deste tratamento, eu só posso lamentar por você.

-Não preciso que lamente por mim! –Sakura respondeu com o rosto levemente afogueado. Entrara naquela discussão no mero intuito de manter as aparências, mas devia confessar que agora já se sentia tão mão e tão pra baixo quanto em uma discussão real. Querendo ou não, ela sabia que a mãe não estava discutindo de brincadeira. Tudo o que ela falava era o que sentia. E era doloroso para qualquer filho, ouvir da própria mãe, palavras tão rudes e indignas. Ela dissera que Sakura não era merecedora de um tratamento humano... Comparara a um animal! Ser irracional dotado de pouca ou nenhuma inteligência! Era ultrajante! Antigamente ela ainda perdia seu tempo chorando. Mas o tempo a ensinara que o choro de nada adiantariam. Não mudariam de forma alguma o que a moça ouvira da própria genitora. Jurara a si mesma que quando tivesse seus filhos, jamais os trataria de forma tão fria- Eu apenas lamento por você! Se eu sou desse jeito a culpa é sua, que não soube me criar!

-Minha? –A mulher respondeu indignada. Suas feições distorcidas graças a máscara verde. A verdade é que achava melhor encará-la daquele jeito do que a rosto limpo... A máscara amenizava a expressão ferina da mãe, ocultava parte de seu ar animalesco. Doía menos nela!- Seu pai fez o favor de lhe estragar. Perdia tempo te levando a parques de diversões,festas e essas idiotices, ao invés de educá-la! E olhe no que você se transformou. Uma moça solteira, morando com a mãe, que leva uma vida fácil, dorme fora quando bem entende usando seu trabalho como desculpa, namora um vagabundo e é negligente com os estudos! Na sua idade eu já...

-Era PhD em Genética e casada com meu pai... –Sakura repetiu em um tom entediado. Cansara de ouvir aquele mesmo discurso todos os dias. Sabia-o de cor e salteado. Sua mãe vivia atazanando-a com ele. Todos os dias... Seguidamente... Ela mal podia ver o dia em que explodiria de uma vez com a mãe e sairia de casa. Apenas não saíra porque Tsunade-sama pedira, uma vez que sua mãe era uma pessoa muito influente e precisava de proteção. Era como um trabalho de casa- Eu sei! Sinto muito se sou apenas uma jounin sem futuro, que cuida de pessoas que se ferem em batalhas para proteger gente que não vale a pena como você! Lamento imensamente por gente de bom coração morrer para proteger pessoas desalmadas e sem coração, que tudo o que fazem é reclamar enquanto sangue é derramado como água a troco da ingratidão. Será que aquelas vidas não são suficientes? Você não sabe sobre metade do que passamos pra proteger essa droga de lugar, para vir simplesmente exigindo isso e aquilo de mim! Você não sabe o que é ver um amigo para o mau! Não sabe o que é ver gente morrer e ser obrigado a segurar todas as lágrimas. Não saber sequer o que é ter que sujar as mãos com sangue alheio! Não sabe o que é se deitar a noite com memórias ruins aparecendo e sumindo, sem jamais te deixar pregar os olhos!

-Você ousa dizer que minha vida é inútil de se proteger? –A mãe respondeu exacerbada, enquanto as primeiras lágrimas surgiam nos olhos de Sakura. Não conseguira se segurar. Ela ignorara toda a parte do discurso sobre as pessoas morrendo e só ouvira os ataque pessoais! Como ela podia ser tão insensível? Arrancara todos seus problemas e descarregara de uma vez e ela sequer parecia ter ouvido... A médica-nin mordeu os próprios lábios, tentando conter um gemido de dor vindo de seu âmago. Aquilo a afetara profundamente. Era como se sua mãe tivesse lhe arrancado um pedaço do coração.

-Eu não ouso nada! Aprenda com Dalai Lama: Grande parte do sofrimento é criado por nós mesmos! –Sakura respondeu pouco antes de correr para o quarto, contendo um soluço, que por pouco não escapara bem na frente de sua mãe. Ela criara aquela situação, logo, não podia esperar menos que aquilo! Sua mãe insistira em criticá-la. Logo, ouvira uma resposta a altura.

Jogou os pacotes todos no chão, antes de bater forte a porta, deixando clara a sua irritação. Por quê? Por que toda vez ela fazia questão de deixar claro seu desagrado quanto a tudo na sua vida? Por que ela não podia ser como os pais dos outros que se orgulhavam de cada peido que seus filhos davam? Quer dizer, eles ficavam felizes simplesmente por seus filhos não terem prisão de ventre... E ela nem isso! Ela era uma jounin da vila da Folha, médica-nin, discípula da Hokage, era saudável... Ela queria honras maiores que essas? O que teria de fazer para que ela reconhecesse isso? Saltar de um penhasco e esperar que alguém influente visse e a coroasse por coragem? Talvez isso ainda fosse mais fácil do que receber de sua mãe um: Parabéns, filha!

Ah, em muitas batalhas lutara para ver se receberia um desses de sua mãe. Várias vezes houvera menções honrosas referidas a si. Mas a mãe nada dizia. E quando Sakura cobrou isso em uma das discussões, ela respondera que simplesmente não fizera mais que a própria obrigação.

Aquilo doía! A indiferença dela a matava aos pouquinhos... A dilacerava como nenhum outro inimigo fora capaz. Parecia que o tempo todo, o único inimigo que ainda restara, dormia consigo sob o mesmo teto.

As lágrimas caíam copiosas. Seus olhos parecia ter vida própria, pois ela sequer pestanejava para que elas deslizassem pelo seu rosto e se perdessem no meio de seus cabelos róseos. Era como ver uma flor sangrando tristezas e dissabores.

Sentou-se no cantinho do quarto, logo atrás da porta, exatamente como fazia quando era uma criança e mãe lhe dizia que não tinha a inteligência do clã.

Resolveu que desta vez choraria tudo o que tinha. Seria a última vez que uma lágrima cairia de seus olhos verdes. A última vez que desperdiçaria água de seu corpo com sua mãe insensível.

XXX

-Sakura-chaan! Está atrasada! –O jovem loiro acenou ao vê-la se aproximar da ponte.

-Kakashi-sensei já chegou? –Sakura perguntou correndo em direção a ele e abraçando-o carinhosamente.

-Não ainda! –Ele respondeu retribuindo ao abraço.

-Então não estou realmente atrasada... –Ela sorriu, afastando-se um pouco e dando um beijo suave nos lábios do jovem.

-O que acha de tomarmos café juntos, enquanto Kakashi-sensei aparece? –O enérgico garoto sugeriu animadamente, fazendo-a sorrir. Ele era um amor, sem dúvidas, mas muito distraído... Tanto que fora incapaz de perceber sua inquietação... Ou que seus olhos estavam vermelhos, disfarçado apenas por uma maquiagem leve.

-Gomen, Naruto-kun! Essa eu passo... –Sakura respondeu com um sorriso triste. A cabeça estava latejando. Era capaz de senti-la pesar, como se tivesse colocado uma cesta de laranjas em cima dela. As vezes sentia que ela rodava e depois focalizava de novo o lugar onde seus olhos estiveram vidrados. Ela sabia do que se tratava. Estava psicologicamente mal. Era o seu mau. Quando ela sentia todas as coisas tão intensamente, ela tendia a passar mal... Seja estômago, seja uma cefaléia ou mesmo um mal-estar- Eu não tenho fome!

-Pare de bobagens, Sakura-chan! –Naruto disse sorrindo, enquanto puxava-a pela mão- Você sempre reclama que eu quase nunca saio com você, desde que começamos a namorar! Venha! Eu pago!

-Não é isso, Naruto... –Sakura respondeu calmamente, enquanto encostava-se ao tórax forte do rapaz para conter mais um acesso de tontura- Só não estou com fome.

-Você? Rejeitando sair comigo? –Naruto estranhou, arqueando levemente a sobrancelha. Pegou-a pelos ombros e afastou-a de si, olhando fixamente para suas feições- O que há de errado contigo, Sakura-chan?

-Não é nada! –Sakura respondeu de forma tranqüilizadora... Devia estar mal mesmo se até Naruto, tapado como sempre, percebera. Bem, não costumava contar a ele as brigas que tinha com a mãe. Costumava separar bem as coisas. Naruto não precisava se preocupar com seus problemas. Na verdade, ninguém precisava... Sendo assim, era melhor que inventasse uma boa mentira!- É que... Esta noite tive um problema incrível... Um esquilo entrou em meu quarto e devastou tudo o que era meu. Passei a noite tentando pegar a peste e acabei nem dormindo...

-Ah... Entendo. –o loiro respondeu olhando-a impressionado- Essas coisas só acontecem com você, Sakura-chan.

-Yo, Minna! –Kakashi disse surgindo do nada, de súbito.

-Você está atrasado! –Naruto acusou-o.

-Na verdade, hoje ele chegou até cedo... –Sakura disse observando seu relógio. Estavam acostumados aos atrasos de Kakashi, logo, nem eles faziam questão de estar no horário. A moça descobrira um padrão nos atrasos de Kakashi. E servia-se de tal descoberta para não esperar demais. Naruto parecia não estar se dando tão bem quanto ela nesse padrão... Isto é, se ele tivesse descoberto.

-Onde você estava? –Naruto perguntou ligeiramente irritado.

Sakura revirou os olhos. Era óbvio que Kakashi usaria mais uma de suas incríveis mentiras cara-de-pau! Naruto era tão previsível! Mesmo assim, Sakura observou a cena, levemente interessada. Gostava de ouvir as desculpas... Eram engraçadas. Pelo menos assim ela começara a considerá-las desde o dia que descobrira o padrão nos atrasos dele, já que não ficava horas torrando no sol. Costumava chegar mais cedo apenas para tomar café com seu namorado, isto é, nas raras vezes que ele se tocava e convidava... Mas hoje ela não estava muito disposta a qualquer coisa. A discussão ainda martelava em sua cabeça, tanto que a afetara profundamente. Estava cansada. Não apenas das discussões, mas daquela vidinha ridícula. Apenas gostava das missões, quando tinham alguma emoção... Algo pouco usual.

Podia parecer um tanto sanguinário ou frio da parte dela, mas o que ela podia fazer se sua vida era a mais completa droga? Todo dia era daquela forma. Eles chegavam. Kakashi lhes dava as missões e iam executá-las. No fim do dia, voltavam pra casa. Ela e Naruto iam tomar alguma coisa num bar local, ele bebia demais e ficava lhe fazendo propostas indecentes. Ino aparecia e fazia questão de cantar seu namorado... Sabe-se Deus por que...

Verdade seja dita, Naruto se tornara um dos melhores shinobis... O provável próximo Hokage. Não entendia porque a mãe o chamava de vagabundo... O rapaz era respeitado por todos... Tanto que as garotas pareciam, de súbito, bastante interessadas no rapaz. Pelo visto, Ino também se tornara bastante ambiciosa e não desejava menos que o melhor para si. Ou talvez seja mesmo para manter a rivalidade com Sakura. Ela não sabia explicar exatamente o que passava na cabeça da loira. Ela queria muito poder conversar com ela como as melhores amigas que foram. Doía-lhe distribuir cortes a ex-amiga. Não se sentia bem ao fazê-lo. Era como se xingasse a própria irmã... Queria que um dia elas pudessem ser amigas novamente.

-Eu estava tomando café no bar da esquina quando uma moça bonita passou correndo com um monte de vilões atrás dela. –Kakashi respondeu com simplicidade.

-MENTIROSO! –Naruto gritou, realmente nervoso com seu sensei.

-Yare, yare... –Kakashi disse levemente entediado- Nossa missão de hoje é ajudar na reconstrução da vila que foi atacado na missão 697403.

-Reconstrução? –O jovem loiro perguntou levemente emburrado- Ora, Kakashi-sensei! Dá uma missão decente pra gente!

-Pare de reclamar, Naruto! –Sakura repreendeu o jovem- Você ajudou a destruir a vila, agora trate de consertá-la! Que coisa! Lembre-se que esta missão pode não parecer importante para a gente, mas é de suma relevância para aqueles que ficaram sem suas casas.

-Você devia aprender algo com Sakura ao invés de tentar levá-la para a cama! –Kakashi censurou o jovem. O sensei já presenciara os momentos de bebedeira do jovem, então ele sabia o esforço que Sakura fazia para fugir de Naruto naquela situação.

-Isso não é da sua conta, Kakashi-sensei! –Naruto respondeu realmente ofendido, cruzando os braços, emburrado. Estava realmente corado. Talvez não tanto quanto a kunoichi. Esta suspirou. Era melhor mudar de assunto... Urgentemente.

-Creio que minha missão seja ajudar a cuidar dos feridos, certo? –Sakura perguntou com leveza ao sensei, tentando por um tudo conter o rubor que parecia não querer ir embora.

-Hai. –Kakashi confirmou- Vamos ajudar!

E com essas palavras, Kakashi se dirigiu ao portão principal de acesso a vila da folha. Iriam ajudar àqueles que estavam a sofrer o fim de uma batalha. O começo de uma nova era... De reconstruções. De recomeço.

XXX

Sakura continuou sua ronda pelo hospital calmamente. Acabara de cuidar dos que foram vítimas das batalhas. Particularmente eram pacientes difíceis, pois tinham medos complexos quanto a sua sanidade. Não eram apenas os ferimentos físicos que deviam ser sanados, mas também os psicológicos. Os traços de lembranças ruins que jamais os abandonariam por verem amigos e entes queridos falecerem exatamente ao seu lado.

Agora iria para área de obstétrica e pediátrica. Em partes, a mais fácil para ela. Crianças eram fáceis de se lidar. Você lhes dava um pouquinho de carinho e atenção, e elas paravam de chorar e acreditavam nas palavras de fé e conforto que eram oferecidas, por mais que fossem falsas, algumas vezes.

Abriu a porta da ala e se deparou com uma cena deprimente. Os 30 leitos estavam completamente ocupados. Havia crianças espalhadas até mesmo ao chão.

Ela suspirou completamente exasperada. Decididamente teria trabalho. Começou olhando a temperatura de todas as crianças e diagnosticando o que elas tinham. Isso levou bastante tempo, uma vez que, era a única médica naquela área, além de serem poucos termômetros para tanta gente.

Encontrou febre em apenas 7 crianças, cujos ferimentos haviam sido mais sérios. As outras tinham no máximo alguns arranhões, queimaduras e torções leves. Nestas, que estiveram lá em observação desde a luta, ela fez alguns curativos, entregou-lhes pomadas naturais, e imobilizou até que já estivessem bem, pedindo que na recepção ligassem para alguns pais que estavam ausentes e viessem buscá-las, enquanto outros que já estavam ali agradeceram-na efusivamente.

Voltou para aquela ala, agora voltando sua atenção por completo para as crianças que ali estavam e também a uma moça grávida, que já devia estar próximo de seu parto. As crianças que sobraram, já haviam recebido atendimento de outros médicos, por serem casos urgente, logo ela não tinha muito que fazer.

Cinco delas tinham febre, logo medicou-as com paracetamol, esperando que passasse. Observou uma criança que permanecia imóvel. Sequer se mexera desde que ela chegara ali. Ela estava em coma... Estivera dentro de uma das casas que pegaram fogo, segundo soubera, tinha queimaduras de terceiro grua pelo corpo, além da sustentação do teto ter caído exatamente sobre sua cabeça. Traumatismo craniano... Havia pouco que ela pudesse fazer...

Três delas, tinham ossos quebrados. Sakura usou seu chakra e emendou os ossos novamente, curando-os como se nada nunca tivesse acontecido. Elas lhe agradeceram e saíram para encontrar as famílias que se mantinham em vigília do lado de fora.

Logo, sobraram apenas 4 crianças e a gestante. Foi até a moça.

-Então? Como vão vocês? –Sakura perguntou simpática.

-Bem, doutora. –A moça respondeu com um ar triste. Pegou a ficha da loira, que tivera prévio atendimento. Pelo que parecia perdera o marido e a casa. Fora trazida ao hospital por estar sozinha e pelo rompimento da bolso ocorrer nos próximos dias. Estava também em observação.

-Não fique tão triste, querida! –Ela sentou-se ao lado da jovem de cabelos loiros e olhos verdes e segurou-lhe as mãos. Estava acostumada a fazê-lo. Sabia que depois de perder o marido, devia estar nervosa por ter que criar uma criança que sequer nascera- Não faz bem ao bebê.

-Ah, doutora! A senhora não deve saber o que é perder a pessoa que mais ama no mundo... –a mulher respondeu com lágrimas nublando seus olhos verde-esmeralda.

-Sei sim, querida. –Sakura respondeu enquanto sua visão se turvava com leveza. Lágrimas também queriam açoitá-la. Sentia saudade do próprio pai. Sabia o que fora passar anos a fio com sua mãe em seu pé, falando qualquer espécie de absurdos para fazê-la desistir de ser uma shinobi de Konoha- Sei que dói no começo, mas você vai superar! Pense na criança que você está levando! Não há maior presente que ela. Esta criança vai ajudá-la mais que qualquer outra coisa. Vai manter longe seus pensamentos e saudades.

-Você tem filhos? –A moça perguntou olhando-a com certo estranhamento- Você parece muito jovem, mas fala como se realmente tivesse se abraçado em um filhos pra sobreviver.

-Tenho filhos sim... –Sakura respondeu secando os esboços de lágrimas em seus olhos e se levantou tocando a testa de uma das crianças que dormiam, a esta altura, graças ao paracetamol- Todas as crianças que estavam aqui, eram minhas filhas. Você é como uma irmã. E eu quero cuidar muito bem de você e seu bebê. Porque é isso que dá sentido a minha vida.

A mulher sorriu. Parecia bem mais animada e esperançosa.

-Hai! Vou fazer o possível, doutora.

-Sou Haruno SAkura. –Ela se apresentou estendendo a mão a moça- Chame-me de Sakura, como chamaria a sua irmã.

-Sou Karui Akane. –A mulher sorriu aceitando a mão da médica.

XXX

Sakura sentou-se em sua cama, ainda enrolada na toalha. Acabara de sair do seu banho depois de um longo dia de trabalho.

Entre cuidados e outros com os pacientes, ficara até as 8 da noite fora. Agora, já passava das onze. Amanhã teria um dia difícil. Sabia que sua mãe faria questão de lhe jogar na cara o horário que chegara. Talvez fosse melhor sequer vê-la. Tomaria café com Naruto...

Por falar em Naruto... Como voltara sozinha para Konoha, acabara se desencontrando dele. Quando passou naquele bar de sempre, ele já havia ido... O que teria acontecido? Ele sempre estava por lá...

Sacudiu com veemência sua cabeça. Esta quase estalava, pendido clamorosa por sua cama. Ah... Sentia tanto sono que mal conseguia pensar. Aquele banho quente fora como um golpe final em seu ser...

Sem sequer se trocar, deitou-se na cama... O armário ficava tão longe... E outra coisa, não iria dormir ali. Apenas descansaria a mente um pouquinho... Descansaria os olhos que já estavam pesados... Ainda tinha um relatório para preparar o relatório... Não pegaria no sono, mesmo!

Embora relutante, viu tudo ficar escuro... Ou melhor, não viu mais nada.

As portas se abriram com o vento e novamente o estranho maculava a paz do quarto... Lá estava ele para cumprir a segunda parte de seu plano.

CONTINUA...

N/A: Olá! Bem, eu sei! Este não foi o melhor capítulo que fiz... Mas calma aí que vou me explicar... Este capítulo era mais pra mostrar a vida da Sakura como realmente é. O relacionamento pesado com mãe. O namoro morno com Naruto... Porque sinceramente... Eles nem parecem namorados! O trabalho dela como médica nas vilas devastadas. Enfim, estou querendo mostrar os motivos pelos quais Sakura não é feliz. Embora mantenha a pose o tempo todo, até ela tem seus problemas. E é duro agüentar tudo sozinha... Foi mais ou menos por isso que fiz este capítulo... Mas já no próximo teremos mais sonhos... E o que será que ela vai sonhar? E o encontro? Quando vai acontecer? Mais respostas no próximo capítulo! Eu juro!

Bem, consegui postar este capítulo antes do previsto, tendo em vista que ainda não me mudei... E que estou morrendo numa grana na lan... Na verdade, era pra este capítulo esta no ar desde sexta, mas como é cidade do interior e deu um problema na torre da net daqui, não pude postar... Me perdoem... Mas acontece. Bem, acho que agora só vou postar em fevereiro, minhas mudança sai nessa semana e daí até pedirem uma linha telefônica na minha nova casa... Vai demorar um pouco. Mas prometo que quando voltar terei o cap pronto.

Obrigada gente, por comentarem e me darem a maior força e também a quem leu e não comentou. Obrigada a minha mãezinha que me liberou o ap vazio pra escrever em paz... Te amo, mãe! Rsrs

Respondendo as reviews...

Ichigo-dono: Fala, garota! Desocupada? Você? Rsrs Isso é pq não me conhece! Eu sim sou desocupada! E sem carteirinha de fan clube, pq me deu preguiça de fazer... rsrs Pena que a moleza acaba em breve... Vou estudar em período integral, segundo meu pai, por causa do vestib... ê vida dura! Vai ver que compensa por eu acordar todos os dias das férias umas 11 da manhã... Saco! Sempre perco o Kong! Rsrs É culpa minha mesmo, ninguém manda ver o corujão todo dia...rsrs

Você acha que minha fic não é humilde? Puxa, que bom! Pena que não vou poder mais inscrevê-la no bolsa escola... Eu tava precisando de um troquinho a mais... E se o governo dá pros parentes, porque negaria pra minha fic?

Noosa! Você acha? Eu apenas escrevo do meu jeito, meio louco, meio filosófico, meio hentai às vezes... Que bom! Mesmo! Agora fiquei super feliz! XD Este é o meu jeito de autora! Te lembra alguém? Rsrs

É, quanto a enredos eu sou um pouco enrolada com eles... Eu sempre tenho idéias malucos em momento inoportunos... Essa eu tive enquanto eu estava vendo o prefeito dessa cidade discursar e dizer que o trabalho e um bom planejamento é a base de tudo... Quanto ao resto não ouvi mais, então não tem como eu te explicar... Mas criei daí... Conspiração e poder sempre são os panos de fundo do trabalho e planejamento... E daí surgiu... Não me pergunte como...

Sem dúvidas! Minha família é uma graça, principalmente porque sempre tem um que bebe a mais e a gente pergunta coisas do tipo segredos íntimos... Daí já viu! Pior que Big Brother... rsrs

Que bom! Me diga se esse cap não ficou chato, porque eu tive o maior cuidado. Sei que não foi um cap de ação, mas espero que não tenha se tornado chato... Eu mesma demorei muito pra escrever, porque não gosto muito de lidar com rotinas... mas fazer o que? Eu precisei colocá-lo para que o meio da fic faça sentido...

Bem, minhas outras fics são de Saint Seiya e de Harry Potter... A de Sainte Seiya é aquela que o Camus é levado a matar Milo pela sacerdotisa. Está aqui no Se você for na minha profile, a encontrará lá (O Poder de um Sorriso). A outra de Harry Potter é a que Gina dorme com Draco sem saber que ele é o cara que a xingava na escola e a humilhava... É o quinto lugar no ranking geral do site 3 vassouras... Está na minha antiga profile, desatualizada. Você vai encontrá-la mais atualizada na Aliança 3 Vassouras, pq ainda não tive tempo de passar minhas fics perdidas da outra profile pra nova conta... se te interessar procure por Segundo as Leis da Física em wwwpontoalianca3vassouraspontocompontobr São as duas melhores fics q já escrevi... Agora em Naruto, tenho um romance KakaXSaku chamado Durma com os Anjos, que é onde eu capricho nos discursos direcionadas a ambos. E O Imperdoável, que é mais voltado ao psicológico do Sasuke...

Que bom! Eu também amo o fato de você ter amado! É grande o esforço de tornar o personagem diferente do que ele é, mas sem perder o jeitão dele... Shikamaru não seria Shikamaru sem o "Que saco!", nee? Que por sinal é um dos meu personagens favoritos...

Exato! Você pegou bem o espírito da coisa! Que bom! É bastante observadora, pois traçou o perfil psicológico de Sakura com perfeição com pequenas deixas jogadas que coloquei! Parabéns! Pra você que gosta, esse capítulo então vai ser um prato cheio, não? Sakura com problemas com a mãe foi ótimo. Triste de escrever, mas ótimo! Mas como você pode ver, ela também fugiria se Tsunade não tivesse pedido que ficasse... Mas Sakura não tem sangue de barata, vai que se enfeza e faz bobeira? Eu mandaria aquela mãe a merda!

Pois é... Eu sou do tipo que gosta de salvar personagens, exceto os que eu odeio, como o Lee. Por isso, resolvi criar uma Sakura que ninguém nunca tinha visto. Acho divertido e desafiante. E também porque ninguém pode ser eternamente feliz. Nem mesmo a garoto sorriso colgate (Sakura).

Nem me diga... É o homem que eu sonho consumir! Não seria um qualquer que deixaria a Sakura baqueada... E além de tudo é inteligente. Conhece exatamente as estratégias que conquistam uma mulher, como deixou claro no sonho e nesse cap. Se é fingimento ou não... bem, está meio que claro depois deste cap... Mas será que ele consegue se aproximar tanto de uma moça e sair ileso? E se sim, por quanto tempo?

Quanto aos sonhos, nós sabemos que Tai é um manipulador mesquinho que a quer pra propósitos obscuros... Então podemos esperar que ele a confunda e se utilize dos piores meios para isso. Até mesmo invadir sonhos, coisa que é meio íntima e pessoal. Se é verdade ou não é, nem mesmo eu ainda sei dizer... (¬¬" pra mim) Mas com certeza usarei o caminho mais doloroso pra ferir Sakura... Eu sou má! XD

O fim desse cap é a deixa pro encontro, dormindo... Tão cruel da minha parte, não? Rsrs

Mas com certeza no próximo você descobre! E não falou muito, não! Eu li sua review com todo o carinho e a respon…Ð -˜†GET HTTP/1.0 Accept: image/gif, image/x-xbitmap, image/jpeg, image/pjpeg, application/vnd.ms-excel, appliation/msword, application/vnd.ms-powerpoint, apÐplication/x-shockwave-flash/ Referer: ' Valeu, dear! Kissus!

Dbr: Olá! Nossa! Muito obrigada! Que bom que você gosta de minha fic... Eu estava um tanto insegura com ela, por causa do enredo e o jeito que eu escrevo, por ser meio... Detalhista d! Muita gente não tem saco pra ler isso tudo... Mas depois de receber os coments feitos por voc e Ichigo, sinto-me muito melhor mesmo! É bom saber que tem alguém aí do outro lado, que tem prazer em sentar em frente ao pc e ler a minha fic... Talvez seja a maior motivação que eu receba... Claro que a foto do traseiro do Beckham colada ao lado do monitor também ajuda imensamente... Um traseiro daquele incentiva a qualquer um a fazer qualquer coisa...

"Ele é casado, Ro!" Ta certo! É verdade! Aquele traseiro gostoso tem dono... Esqueci! Consciência maldita! Nem me deixa sonhar um pouquinho...

Sobre as letras... Eu sabia que iam perceber logo! Mas parabéns pela ótima observação! Eu estava sem idéias para um nome que combinasse com ele, então inspirada no Harry Potter peguei e fiz isso! ;) E também por um outro motivo que não posso contar agora, porque se não eu entrego o mistériosinho da fic...

Aí, está a continuação para matar a curiosidade. Ou ainda atiçá-la mais! Rsrs

Tudo bem. Eu entendo... Eu também não só a melhor em reviews, ou em respostas... Mas agradeço a atenção por ter deixado sua review. Por ter tido o carinho de deixá-la e fazer uma autora imensamente feliz. XD Obrigada mesmo! E fico muuuuuuuuuuuuito feliz por você ter gostado tanto da minha fic...