Revenge isa dish best served cold parte I
The nightmare begins
"O que faz você pensar que ganhou
Quando a batalha apenas começou?
Deixe a punição ajustar-se ao crime,
Coisas más sempre vêma eles em boas horas..."
Na casa, um silêncio absurdo. Era como se os moradores estivessem fortemente empenhados em esconder um do outro que respiravam. Apenas o ruído longínquo da televisão, que teimava em mostrar seus programas lamentáveis de domingo, enquanto eles também fingiam que assistiam.
De vez em quando, Hermione lançava um olhar de esguelha a Harry, tentando adivinhar em que ele estaria pensando. Mas ele continuava a fitar o televisor, dando até um sorriso esporádico, quando alguém contava alguma piada infame ou algum palhaço tropeçasse e desse com as fuças na lama (1)."Isso não está certo...", pensava a mulher.
E realmente não era para estar. Desde que Malfoy entrou por aquela sala, ela sentiu que tudo estava completamente errado. Em primeiro lugar, a primeira coisa que ele fez foi dirigir-lhe um amplo sorriso e desejar-lhe boa tarde; segundo, ele não fez comentário algum sobre a casa, apesar de passar uns longos 5 segundos apreciando cada detalhe (Nem cara de estranheza ele fez!) e terceiro... Bem, em terceiro lugar estava a enorme frustração dela por não ter a mínima idéia de onde estocar toda a artilharia verbal que havia preparado. Hermione havia pensado em cada palavra, cada olhar, cada gesto, em resposta ao que, certamente, Draco Malfoy diria. Sim, se ela o conhecia bem, ele a ofenderia. Mas ele não disse absolutamente nada. Foi cordial até.
O dilema estava em decidir se tudo aquilo era uma brincadeira e logo a realidade viria à tona, ou seus sonhos estavam se realizando. Aquilo era o que se podia chamar de paz, apesar das circunstâncias. Mas, racional como sempre foi, ela também ponderou que uma semana era muito pouco para julgar... Além do mais, Harry não falava com ela nem quando estavam sozinhos, como agora, que Draco descansava em seu quarto. Provavelmente, estava muito insatisfeito com a situação, mas ainda temia se abrir.
"Droga, o que esse idiota acha que está fazendo? Fingindo desse jeito... Ele quer que eu realmente acredite que ele ficou... Bonzinho? Eu tenho medo do dia em que ele se revelar, do dia em que ele decidir colocar as garras de fora e insultar a Mione... Até agora, ele não disse nada para ela, será que está esperando uma boa oportunidade? Tomara que eu esteja errado mas... Não consigo confiar nele, e tudo está calmo demais. Além disso, ainda consigo sentir suas mãos em meu pescoço, ninguém poderia ter mudado tão rápido.
Eu aposto todos os meus galeões que Malfoy tem um plano. E, se o conheço um pouco, ele terá muita paciência em sua realização, vai cuidar de cada detalhe, com toda a calma possível. Eu tenho que ficar atento em todos os seus passos, porque Hermione... Bem, ela já está começando a se iludir e não acreditará quando eu alertá-la para isso, vai dizer que eu estou exagerando, vai me pedir para esquecer. Sinto-me impotente e sozinho, mais uma vez.
Ela já deve ter percebido que estou evitando seu olhar. Eu sei que a primeira coisa que ela vai fazer quando eu lhe der a mínima abertura vai ser dizer como está surpresa com o comportamento do desgraçado. Mas eu tenho tanta certeza que é tudo fingimento, que eu era capaz de gritar um 'burra!' bem alto para ver se ela acorda. Se bem que Hermione nunca foi e jamais será alguém desprovida de inteligência... Mas é que às vezes a esperança nos cega completamente. Oh, por favor, não fique me olhando pelo canto do olho..."
"Céus, como eu gostaria de gargalhar. Se eu contasse, ninguém teria a mínima noção do que é a cara do Potter enquanto eu brinco no meu teatrinho, o seu esforço em se conter em sua carapuça de indiferença. Acho que a sangue-ruim está começando a ficar convencida de que algum milagre aconteceu e eu me redimi em Azkaban. Será que ela seria estúpida a esse ponto? Espero que sim... Só me resta convencer Potter disso também, e esta será uma tarefa bem mais difícil. Entretanto, com a ajuda da Granger, rapidamente começarei a colocar meu plano em ação.
Aliás, depois daquele dia do banheiro, tenho esperanças que não vai demorar muito para que eu concretize a minha vingança."
(Flashback)
Malfoy havia acabado de entrar no banheiro. Ansiava por um banho há horas. O banho de Azkaban era o mesmo que nada para ele, pois ele sentia que a água daquele lugar o apodreceria. Uma das muitas paranóias que ele adquiriu em seu confinamento, algumas das quais nem ele mesmo tinha consciência.
Seu ardor por uma água quente levando as impurezas do seu corpo "imaculado", como ele mesmo diria, era tanto que mal ele chegou à casa dos Potter, dirigiu-se ao banheiro. A pressão do chuveiro em suas costas ("será que este aqui é encantado ou essa casa é uma apologia aos trouxas?") causava-lhe tanto relaxamento que ele esqueceu realmente de tudo; De onde estava, por que estava e dos outros milhões de pensamentos que haviam fervilhado sua mente na última semana.
De repente, Draco deu uma pequena olhada em volta e viu que não havia uma toalha ali, tampouco roupa que ele pudesse vestir.
"Potter, será que podia me trazer uma toalha e alguma roupa?" – gritou, tentando parecer educado. E só Merlin sabia o quanto era difícil ser gentil, mas era algo que precisava ser feito.
Oportunamente, Draco abriu o boxe totalmente e aguardou por Harry de costas, com um sorriso nos lábios. Se ele tivesse sorte, o moreno não deixaria as roupas penduradas na porta. Não... O ex-grifinório não correria o perigo de Hermione ver qualquer parte que fosse do corpo do ex-sonserino, muito menos vê-lo nu, enquanto saísse do banheiro para pega-las. Sim, ele entraria lá dentro e o veria. Era só aguardar.
Harry deu três batidas na porta e para sua surpresa, ela estava apenas encostada. Resolveu que era melhor entrar e deixar as coisas lá dentro para Malfoy. Mas quando a abriu, foi tomado por um constrangimento terrível. O loiro não tinha se dado nem ao trabalho de fechar o boxe, deixando todo o seu corpo e a sua pele sensualmente branca à vista. Emudeceu completamente.
"Ah, Potter, pode deixar aí no canto que já estou acabando. E muito obrigado!" – disse se virando parcialmente, abrindo um sorriso agradecido, contendo-se para não explodir de rir ao ver um Harry pálido como cera.
O moreno balançou a cabeça e saiu desabalado, respirando forte. Encostou-se na parede próxima ao banheiro e por um momento tremia. Hermione aproximou-se e perguntou:
"O que foi, querido? Aconteceu alguma coisa?"
"Nada, só estou um p-pouco nervoso e cansado..."- respirava, puxando o ar.
Hermione riu e o abraçou, fazendo carinho em sua cabeça.
"Hum... Harry... Já está animado assim tão cedo?" – perguntou, fazendo uma cara de maliciosa surpresa ao notar um certo volume extra no corpo do moreno.
"Ah, Mione! Não me vem com essa!" – gritou, deixando-a pra trás e batendo a porta do quarto em seguida.
(Fim do Flashback)
"Malfoy, venha jantar!" – gritou Hermione.
"Oh, não... Aquela comida de novo, não..." – lamentava-se.
O pior de tudo é que tinha que fingir que a gororoba estava ótima. Por que diabos eles não tinham um maldito elfo-doméstico para ajudá-la na cozinha? E como, por Merlin, alguém podia cozinhar tão mal, sendo tão boa em poções? Não é uma questão de seguir receitas?
Harry, como sempre, estava cabisbaixo. Sentava-se à mesa calado, e saía da mesma forma. Draco estava disposto a arrancar-lhe uma palavra que fosse, pois já estava começando a ficar impaciente. Decidiu, então, que conversar com Hermione fosse um bom começo.
"Diga, Hermione, por que vocês não têm um elfo-doméstico para te ajudar nas tarefas da casa?"
Harry levantou a cabeça bruscamente num misto de pânico e ódio. Malfoy não devia ter falado isso, não devia. Mas, contrariando todas as espectativas, Hermione fez uma cara de quem estava prestes a chorar e perguntou ao loiro:
"Por quê? A comida não está boa? A casa não está devidamente arrumada?"
"Oh, não... Diga-me que ela não está querendo agradá-lo, diga-me..." – remoía Harry.
"Claro que não, não é isso... É que antes você tinha só o Potter e agora que estou aqui com vocês, acho que você anda tendo trabalho em dobro... Além do mais, você trabalha fora... E estou sendo apenas um estorvo" – disse, docemente, na melhor interpretação que tinha conseguido até então. Harry o olhou estupefato, sem dizer nenhuma palavra, apenas alternando seus olhos entre o loiro e ela para ver no que aquela conversa daria.
"Sei que tem razão, Malfoy... – Draco se aliviou ao ver que Hermione desabafava – É que sempre fui avessa a escravizar aquelas criaturas, não seria agora que..."
"Mas você sabe que muitos já são livres, pode pagá-los..."
"É... Talvez eu pense sobre isso..."
E depois daquele pequeno diálogo, nada mais foi dito. Harry, entretanto, não conseguiu tirar os olhos de cima de Draco, tentando decifrar o que estava acontecendo com ele. Mas o loiro não movia um só músculo em sua face que pudesse lhe dar uma pista do que estava se passando por sua cabeça naquele momento.
"Será que ele realmente... Não é possível..." – indagava-se Harry, perguntando a si mesmo se não estivera errado todo o tempo. Talvez tivera feito um julgamento preconceituoso, dado quem era o julgado. Mas quem sabe, Malfoy não tenha caído em si e desejado uma convivência que amenizasse tudo para todos. Ainda sim, algo lá no fundo o alertava de que tudo não passava de fingimento e logo a verdade transpareceria.
Cinco meses e tudo na mais absoluta paz. Se Draco estava fingindo, então ele era mais paciente do que Harry pudera supor. Naquele dia, o moreno havia chegado em casa e não notou nenhum movimento. Bem baixo, ouviu umas vozes que vinham do quarto em que Draco dormia.
Atrás da porta, Harry ouviu o ex-sonserino conversando alegremente com sua esposa, ela lhe confidenciando como gostaria de ter um filho logo. Ele lhe respondendo que também gostaria, mas seria difícil encontrar alguém que o amasse de verdade, uma vez que era odiado por quase todo mundo. Nenhuma mulher iria querer carregar o fardo de ser a companheira de alguém que desperta o ódio de todos, como ele mesmo disse. Mas, pedindo segredo, Draco confessou que já amava alguém, mas que jamais teria uma chance. Depois, ouviu Hermione o animando, dizendo que alguém haveria de amá-lo como ele era, e aceitaria todos os seus erros, por mais terríveis que fossem. De repente, os dois silenciaram. Harry afastou-se rapidamente, com medo de que ela estivesse saindo de lá. Mas enganou-se. Logo, ouviu-o dizer mais alguma coisa.
"Perdoe-me pelo Weasley, Hermione" – disse, aparentando profunda sinceridade.
Ela silenciou e depois disse:
"Não se desculpe, Malfoy. Todos tivemos perdas." – respondeu fria.
Harry resolveu bater à porta e entrar, para evitar que aquela conversa se tornasse algo que pudesse trazer muitas más lembranças à esposa.
"Olá." – saudou com um leve sorriso:
"Harry!" – disse Hermione, dando-lhe um selinho.
"Oi, Malfoy." – disse o moreno, dirigindo um olhar mais duro ao loiro.
Draco não respondeu, mas com os olhos brilhando, cumprimentou-o com a cabeça, numa espécie de reverência.
Tudo naquela noite correu bem. Draco foi se deitar cedo, mas seu coração pulsante não o deixou dormir, instigando-o sobre qual seria o próximo passo. Na sala, o casal conversava.
"Mione, não pude deixar de ouvir a conversa de vocês... Digo, entre você e o Malfoy, quando cheguei e... Eu fiquei realmente surpreso de saber que você gostaria muito de ter um bebê... Eu juro que não sabia, eu... Me desculpe por escutar atrás da porta." – disse finalmente, depois de muito gaguejar.
" Não precisa se desculpar, Harry... Na verdade, eu gostaria muito de ter um bebê sim, mas dado que o Malfoy viria morar com a gente, resolvi adiar um pouco esse plano... Quando vi que realmente, por algum fato inexplicável, tudo ficou bem, me deu uma grande vontade novamente. Desculpe ter falado isso pra ele, mas ele tem sido uma boa companhia ultimamente, achei que não haveria problema."
"Tudo bem, querida." – disse, apoiando a cabeça da mulher em seu peito. "Vamos ter o nosso bebê logo...".
Harry abaixou as luzes da sala, deixando uma atmosfera muito romântica. Há dias ele não se dedicava à Hermione, obviamente ela estava sentindo falta.
"Você tem certeza? Aqui?" – perguntou ela, corando.
"Ele está dormindo, querida. Não virá aqui, ele nunca vem essa hora."
Com isso, ele recostou-se sobre o sofá macio, enquanto Hermione aconchegou-se em seu corpo, sentando por cima de Harry. À medida que os movimentos aumentavam, ela arqueava a cabeça para trás e ele perdia grande tempo em seus seios, como um vampiro que ataca sua presa. De repente, ele notou que não estavam sozinhos. À espreita na escuridão, havia dois olhos brilhantes como de gatos, transmitindo um profundo ódio. Harry não sabe porque, mas aquela visão o excitou ainda mais, fazendo-o investir de modo ainda mais selvagem em Hermione, que deixava escapar alguns gemidos, de costas para quem os observava. Ele não sabia por que havia começado aquele jogo, mas estava sim, fazendo amor e olhando dentro dos olhos do outro, esperando a reação do outro... Desejando o outro? Não!
Draco deixou o lugar e correu para o quarto, a fúria tomando conta de cada parte do seu corpo. Enquanto isso, Harry terminava o que havia começado, mortificado pela culpa de um único, mas terrível pensamento.
(1) Vide: Faustão e Gugu (estou certa q porcarias como essa não há apenas no Brasil)
N/A: Olá pessoal! Estou aqui de novo! Aí está o capítulo, como prometido, em uma semana. Um pouco menor, eu sei... Mas estou começando a pensar que capitulos grandes são um ponto negativo...Bem, as poucas reviews me desanimaram um pouco. Mas saibam que as que recebi foram muito valiosas! Vou comentar todas no próximocapítulo, pq senão não postarei este aqui até a próxima semana, dado os textos que costumo escrever.
Por favor, deixem seus reviews... Eu nãovou fazer chantagem, ameaças, esse tipo de coisa (bem que eu gostaria de puxar os pés de vcs de noite), mas me animaria muito algumas reviews. Ah, o capítulo novamente não foi betado (A Carol deve estar arrancando os cabelos ao ler isso aqui, hehehehe, digo... Ela me cobrou que eu mandasse o cap, mas eu me recuso a fazer isso nas férias), deixem-me saber o que não ficou claro para que eu possa melhorar.
Bom, a trilha sonora inspiradora deste chappie, e pra falar a verdade, de toda a fic, é ...A dish best served coldly, do Type o Negative. Lá em cima há uma tradução grosseira de um trecho, mas dá pro gasto. A única coisa q posso dizer é: Não se engane, se algumas partes lhe pareceram levemente engraçadas, são puro humor negro (risada maligna). Bjos e até
