Oh, that's it. Enjoy. Essa fic tem sido uma maneira eficiente de me dar um nó na garganta.
Obrigada mesmo pelos reviews, são eles que me incentivam continuar. Me desculpem pelo atraso, problemas, problemas. Os criminosos são:
Sofiah Black, Christine Annette Waters (hey, enforcar meu Draquinho? Nem pensar, ele é meu alter-ego!), Mewis Slytherin, Ia-Chan, Bru Black (q bom q se arrependeu de não ter lido antes, fiquei tão feliz!), Nakisuki-chan, carlos bert, Srta. Kinomoto, Amy Lupin, Nicolle Snape.
E no último capítulo...
O moreno segurava o choro que queria explodir de sua garganta com todas as suas forças. E antes que pudesse reagir, já estava nos braços do outro.
Draco o apertou forte, com devoção. Acariciava suas costas como se fosse a última coisa que faria na vida. Sentir o corpo do outro estremecer ao seu toque acendia uma chama forte no seu peito.
"Harry... Por favor, não fuja mais..." – pediu, enxugando uma lágrima que escorria pelo rosto do outro, esforçando-se para não demonstrar sua imensa diversão com a situação. Seu plano estava prestes a se concretizar. "Vamos tentar, Harry... É a nossa chance."
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"A dor que há de plano de fundo, um sofrimento que só espera sua vez... à espreita... E o amor vem e se estreita em seu pescoço. E o corpo tenta em vão pedir socorro, mas a tentativa morre afogada no mar da realidade... "
Draco lembrou-se com pesar da noite anterior. A expressão de angústia e decepção no rosto de Harry era ácido que lhe corroia.
Harry não se moveu e Draco o beijou ternamente, apenas encostando os lábios nos dele, sentindo sua respiração. Não queria assustá-lo. Harry correspondeu, ainda que timidamente, dividindo-se entre suas lágrimas e o prazer do alívio que sentia. Assim que Draco se animou, permitindo-se explorar mais o beijo, Harry o empurrou fortemente, acuado pela culpa.
"Não." – pausou, levantando um dedo em riste, recusando-se a encará-lo. "Não toque em mim novamente." – sussurrou, confuso. "EU TENHO NOJO DE VOCÊ, NOJO! NUNCA MAIS OUSE ME TOCAR!" – com olhos lacrimosos, embrenhou-se na floresta.
Arrependido. O loiro não pretendia assustá-lo, sua intenção sempre foi trazê-lo para perto de si, dominá-lo, ser seu único dono. E Harry era realmente apaixonante. Ele tinha aquela aura ingênua, uma timidez quase divertida, uma fragilidadade, apesar de isso ser a última coisa a se esperar dele, e seu sorriso, cada vez mais raro, costumava iluminar o dia. Sim, ele era irresistível. E não porque parecesse com Malfoy, um exemplar de luxúria encarnada, mas porque era quase puro. E quem resistiria a uma presa como essas? Quem não se arrependeria de perdê-la?
Draco não queria admitir, mas estava aflito pelo fato de o moreno ter desaparecido há quase um dia. Ele provavelmente estava sem comer, exausto e obviamente, destroçado emocionalmente. O ex-príncipe da sonserina jamais conseguiria reverter o processo, era um caminho sem volta. Tinha perdido toda e qualquer confiança do outro. Tinha perdido a sua chance.
Seu pai precisava saber, talvez soubesse de algum modo de trazer o seu Harry de volta. Lucius sempre tinha uma carta na manga.
"Ele fugiu, pai. Não tenho idéia de onde foi. Depois daquilo, não o vi mais. Não sei onde dorme, não sei o que faz há uma semana. Sei que vai lá, pega a comida que trago, mas nunca consegui vê-lo. Em algum momento, ele pegou sua capa de invisibilidade." – relatou Draco, seus lábios tremendo de medo, sua pele perdendo qualquer indício de cor.
Lucius, até o momento de costas para o filho, virou-se para ele, altivo.
"Então você fracassou? – perguntou lentamente, se aproximando. "Como pôde ser tão idiota a ponto de deixá-lo saber o que fazia escondido?"
Draco não respondeu. Engoliu em seco enquanto o pai o fitava furioso. Lucius continuou, apoiando a testa em seus dedos.
"Você realmente não entende nada dessas coisas, Draco. Se não fosse tão parecido fisicamente comigo, diria que não é meu filho... – resmungou, decepcionado. Será que não percebeu que ninguém suportaria isso, Draco! Ninguém tolera traição! Você precisava ter ganhado a confiança dele! Você PERDEU essa batalha, imbecil!"
"É claro que não perdi, pai! Isto é prova de que ele está perdidamente apaixonado, e era isso que eu queria!" – animou-se, tentando conter a ira do pai.
Lucius riu.
"Não, não era isso que você queria. Você queria tê-lo, queria gritar para todos que pudessem ouvir que Harry Potter já fora todo seu, não é? Queria que ele abrisse mão de sua família por você e depois você simplesmente o descartaria.
"Óbvio que sim. Isso não tardará a acontecer. Quando encontra-lo novamente, não falharei. Ele será completamente meu." – disse, seguro.
"Isso eu espero, Draco. Não gosto de vê-lo fracassar. Não permito que um Malfoy perca uma guerra."
"Prometo que conseguirei em breve, pai. Mas só preciso que o senhor me diga como posso ganhar a confiança dele novamente."
"Vire o jogo. Transforme-se na vítima, faça com que ele tenha muita pena de você. Não toque nele até ter certeza que ele permitirá. Não invada sua privacidade. Deixe-o se aproximar."
"Tudo bem... Devo ir, ele pode voltar a qualquer momento. Adeus, pai."
Draco despediu-se de Lucius mais uma vez e seguiu até o riacho. Harry gostava muito dali. A esperança do loiro é que ele estivesse lá, ou talvez perto. Horas depois, o anoitecer provou que toda a caminhada fora perda de tempo. Não havia nem sinal do outro. Era hora de voltar, descansar e pensar no que faria no dia seguinte. Tinha que encontrá-lo.
Ao se aproximar da barraca, notou uma movimentação. Chegou mais perto sorrateiramente, planejando assustar quem quer que fosse o invasor. De supetão, entrou:
"Harry?" – perguntou surpreso.
"Malfoy."
Os dois ficaram presos pelo olhar durante alguns momentos. A impressão que se teve é que nem respiravam, que o tempo havia parado. Draco rompeu o silêncio.
"Onde esteve?" – perguntou, mostrando-se aliviado. "Fiquei preocupado, tive muito medo de..."
"Me desculpe..." – disse, cortando o outro e pondo-se a dobrar algumas roupas que amontoavam-se num canto.
"Não... Eu que tenho que me desculpar. Não poderia ter agido daquela maneira, não vai mais acontecer." – retratou-se, sem jeito.
"Ótimo, será melhor para nós dois." – disse, decidido. "Ainda sim, me desculpe por não ter dado notícias... Eu precisava desse tempo longe... Longe de você." – confessou, ainda sem olhar diretamente para o outro.
Draco sentiu uma pontada no peito. Novamente um silêncio tenso.
"E você decidiu... Decidiu alguma coisa?" – perguntou, temeroso.
"Decidir?" – perguntou, desentendido. "Decidir o quê? Havia algo a decidir? Boa noite, Malfoy." – disse, friamente.
Draco, boquiaberto, assistiu ao outro deitar-se e fechar os olhos. Sem outra opção, saiu dali. Não, aquele não era o Harry frágil de uma semana atrás. Esse era indiferente, frio, quase cruel. Machucado, talvez.
Dentro da barraca, duas lágrimas teimavam em escorrer.
Draco havia provado do desprezo uma única vez. Estava acostumado com o gosto do ódio, da raiva, do ciúme, da inveja, mas a amargura da indiferença era algo quase novo em seu menu. E Draco quase lidava muito mal com coisas novas, ou que não lhe agradassem.
A primeira pessoa que o desprezou, ou pelo menos que Draco pode se lembrar, foi Harry Potter, à época o-menino-que-sobreviveu. Agora ele era um homem e estava atuando no mesmo papel. Com a única diferença que para isso, Potter travava uma árdua luta interna. Antes fora tão fácil...
O jovem Malfoy indagava-se em que diabos de valores Harry estava tão preso que não podia deixar-se simplesmente aceitar os fatos. O loiro jamais conheceu tanta lealdade, ou comprometimento, jamais se deparou com fidelidade em toda a sua vida. Sempre fora "cada um por si" em todos os aspectos de sua vida. Cometemos o terrível erro de não gostar do que não entendemos e Draco estava cada vez mais furioso com o moreno por ele ser tão extraordinariamente envolvido com aquela sua vida medíocre, aquele mar calmo de conformação em que Hermione era o personagem principal.
Os dois sabiam o quanto tudo aquilo fazia Harry sofrer. Imaginar a angústia do outro fazia com que Draco se sentisse, pela primeira vez, totalmente confuso. Ele nunca havia se importado com nada além dele mesmo. E aquela súbita vontade de abraçar, de beijar, de dizer que tudo daria certo, que ele estava ali ao seu lado... Draco definitivamente não era mais o mesmo e culpava Harry pela repentina transformação. Ele o estava deixando louco.
"Malfoy, você precisa se levantar. Já deve ser quase meio-dia e você ainda está deitado..." – disse Harry, tentando não parecer preocupado.
"Você poderia fazer a ronda sozinho hoje, Harry? Eu não estou muito bem..." – pediu num fio de voz.
"Tudo bem. Volto logo para ver se precisa de alguma coisa." – concordou, saindo rapidamente da barraca.
Draco permaneceu deitado ali, sem muitas forças para se mover. Não sentia vontade de comer, ou de beber, ou de qualquer outra coisa. Não queria se sentir tão só.
Harry não apareceu até o fim da tarde e o loiro decidiu que precisava se levantar. Pegou sua vassoura e foi direto para o QG.
"Malfoy, o que o traz aqui a essa hora?"
"Tive alguns problemas hoje e não pude vir mais cedo, Garret. O que tem para mim?"
"Nada, Potter veio aqui mais cedo e pegou tudo."
Malfoy sentiu uma forte vertigem. Com uma mão, tampou a boca que se abria involuntariamente e curvou-se, caindo de joelhos no chão. Draco Malfoy estava perdido.
"Malfoy, o que há? Por Merlin, o que você tem? – perguntou aflito Joseph, ajoelhando-se ao lado do loiro, que tinha os olhos arregalados e uma expressão assustadora.
Por um momento, Draco parecia não respirar. Mas, de repente, virou-se para o ex-sonserino e agarrou-lhe pelo pescoço, enforcando-o.
"Me diga, Garret! O que ele levou, O QUE ELE LEVOU? – berrava, desesperado. O outro não conseguia responder, sem ar. Draco o soltou de súbito.
"Ele... Não tinha nada aqui, Draco. Ele só levou comida e uns... remédios..." – respondeu, massageando o pescoço.
"Não havia nenhuma carta? Absolutamente nada? Nenhum bilhete, recado?" – perguntou, inseguro.
"Nada, Malfoy! Eu juro por Merlin!" – gritou.
Draco suspirou aliviado. Então seu segredo estava seguro, pelo menos por enquanto.
"Me desculpe, Garret. Eu fiquei fora de mim." – relaxou, acalmando-se, mas ainda sentindo seu coração pulsar rapidamente.
O outro não respondeu, apenas encarando-o chocado. Draco se recompôs e aproximou-se do outro.
"Quero que me faça um favor. Qualquer pergaminho que chegar para Harry, queime-o. Mesmo que seja do Ministro da Magia, Dumbledore, o que seja! Harry NÃO pode recebê-lo de maneira alguma! Entendeu? Você me entendeu, Garret?"– insistiu.
Garret acenou afirmativamente com a cabeça.
"Ótimo. Te vejo depois..." – disse, dando as costas e saindo. Mas uma mão forte o segurou pelo ombro.
"E você não vai nem me agradecer, Malfoy?" – perguntou, com o olhar lascivo. Draco apertou os olhos, desejando que não fosse o que estava pensando.
"Ah, er... Obrigado, Joseph. Valeu mesmo, agora tenho qu..." – foi interrompido pelo outro.
"Tsc, tsc, tsc. Eu quero mais, Malfoy. Muito mais. Acho que você não precisa voltar tão cedo para lá, precisa? – sussurrou ao ouvido do loiro, que se arrepiou de nojo.
"Claro, Garret. Acho que posso ficar mais... Aqui." – respondeu, conformado.
"Ótimo..." – disse, num gemido, enquanto enfiava uma das mãos por dentro da calça de Draco e o empurrava para uma árvore próxima, fazendo o seu corpo roçar em suas costas. "Acho que a gente pode se divertir um pouco."
Draco fechou os olhos.
Harry o havia deixado ali, aparentemente doente. Como ele podia? Então foi tudo um mero disfarce? A vassoura não estava lá, a cama permaneceu desarrumada. Draco aproveitara sua saída para voltar àquele lugar. Será que aquele tipo de coisa acontecia todas as noites? Que importa, não era mais de seu interesse. Harry só estava focado em uma coisa: Voltar para casa. E tentar esquecer o turbilhão de sentimentos que o invadiu e o despedaçou. Além disso, Draco era um adulto, não comprometido, não devia satisfações a ninguém. Ao pensar nisso, o moreno sentiu uma fisgada dolorida no peito, mas se convenceu que não havia nada que pudesse fazer a respeito.
Era noite de lua cheia. O vento vinha frio, passando rapidamente por entre as árvores e fazendo um som agourento. Harry resolveu sair da barraca, o sono não vinha. Mesmo que o ignorasse completamente, o moreno precisa sentir que o outro estava ali para poder descansar. Uma espécie de conforto que só a proximidade com Draco trazia. Harry se surpreendeu confessando para si mesmo que amava o loiro com todas as suas forças, e que aquele amor era seu pior castigo por tudo que fizera. Pelas vidas que tirara, por quem fizera chorar. Porque ele mesmo estava agora vivendo uma meia-vida.
Harry deitou-se na relva e observou a lua e as estrelas. Só elas estiveram presenciando seu sofrimento nesses últimos dias. Ou melhor, nesses últimos seis meses. O tempo passa muito, muito rápido. Seus pensamentos foram interrompidos por alguns ruídos que vinha da mata.
"Draco?" – pensou.
Levantou-se mais rápido que pode e foi averiguar. Antes que pudesse chegar à fonte do barulho, ouviu um baque surdo. Teve um pressentimento horrível e correu naquela direção.
"DRACO!" – gritou, tomando o loiro nos braços. Draco Malfoy estava inconsciente.
"Aaaaaaaah" – levantou-se abruptamente.
"Calma, Draco. Está tudo bem. Agora, descanse." – sugeriu, dando tapinhas no peito do outro e colocando a mão na sua testa para ver se não tinha febre.
"O que aconteceu?" – murmurou.
"Eu ia lhe perguntar a mesma coisa, Draco. Encontrei você desmaiado, sujo e mais pálido do que você pode ficar. Sugiro que fique quieto, desde quando você não come apropriadamente?"
"Há quanto tempo estou aqui?" – perguntou confuso, tentando olhar fora da barraca, ignorando a pergunta anterior.
"Quase um dia inteiro. Você chegou tarde ontem. E já está quase de noite..."
Draco calou-se e apertou os olhos.
"Eu... Eu passei mal e fui procurar você. Mas estava muito fraco e... Não te achei, não consegui voltar..."
Harry franziu a testa.
"O que sentiu?"
"Dores no corpo... Não sei dizer ao certo. Tontura, um pouco." – disse, atrapalhado.
"Sei. Agora descanse, vou cuidar de você." – e saiu.
Draco virou-se de lado. As lembranças da noite anterior vivas na sua mente. Um pesadelo. Nunca pensou que fosse se sujeitar àquele tipo de coisa por um segredo. Draco é que costumava usar daquelas artimanhas nos outros. Sentiu-se invadido, sujo. Tinha repulsa de si mesmo. Lembrava do toque de Garret, da sua brutalidade. Ele não teve a menor clemência, era insaciável. Draco se sujeitou a cada investida, a cada palavra indecente sussurrada ao seu ouvido por Harry. Porque não podia perdê-lo. Porque só pensava nele, dia e noite. E se precisasse, faria tudo aquilo novamente.
Harry voltou com uma caneca de água e alguma comida.
"Você precisa se alimentar."
Prontamente, Draco se sentou, ainda que com alguma dificuldade. Seu corpo estava dolorido, rezava para que Harry não visse as marcas ou sentisse o cheiro do outro.
"Obrigado, Harry." – agredeceu, olhando dentro dos olhos do moreno. "Mas eu gostaria de tomar um banho antes, eu preciso de um. Fique aqui, eu já volto."
Harry o ajudou a se levantar e ficou lá, esperando.
Draco tirou suas roupas lentamente durante o caminho e quanto chegou, as jogou no riacho, que seguiu com a correnteza. Aquelas ele não queria mais, para sempre iam lembrá-lo do episódio com Garret. Enquanto esfregava cada parte de sua pele alva, permitiu-se chorar. O loiro não se lembrava da última vez que fizera isso, mas agora chorava com toda intensidade. Talvez aquele jogo estivesse indo longe demais e fugindo totalmente das regras que ele mesmo criara.
Potter se assustou quando o viu nu, entrando na barraca. Mas Draco estava com a expressão tão cansada e o modo com que deixou-se despencar no chão não lhe deixou dúvidas quanto as suas intenções. O loiro só queria descansar. Harry, ainda que titubeante, o vestiu e permitiu que ele dormisse mais um pouco. Mais tarde o faria comer.
Nas últimas duas semanas, Draco havia melhorado consideravelmente. O bastante para perceber que Harry estava começando a cair em uma armadilha que ele sequer havia criado intencionalmente. O loiro havia se tornado o homem frágil a ser cuidado, a preocupação constante de Harry. Draco percebeu que o moreno estava fazendo tudo para ele. Estava até poupando-o do desprazer de encontrar com Joseph novamente, mesmo que jamais desconfiasse do que acontecera. Não ia mais observar a floresta à procura de Comensais, ficava 24 horas por dia observando-o. O loiro estava deixando toda aquela melancolia que o tomou desde que passou a ser desprezado pelo outro, somado ao episódio funesto com o ex-sonserino no QG, para trás. A satisfação de ver que estava finalmente vencendo o jogo, quando imaginou que ele estava completamente perdido, reacendeu em si a chama da crueldade novamente. Então ele finalmente se vingaria como sempre planejou.
Mas Draco continuaria deitado. Harry precisava pensar que ele estava doente para permanecer ali, ao seu lado. Draco sabia que aquela era uma desculpa que o moreno inventou a si mesmo para não se sentir culpado de ficar tão próximo do outro. Não seria o loiro a desmascará-lo.
"Malfoy, vai continuar se recusando a comer? Desse jeito, jamais vai ficar bom!" – reclamou, impaciente.
"Não tenho vontade. Me deixe aqui, Harry. Vá fazer as suas coisas."
"Como supõe que eu te deixe aqui desse jeito? Você mal se alimenta, quase não se levanta! Você está acamado, Malfoy! Não posso deixar você aqui pois a minha vida também corre perigo com essa sua teimosia!" – esbravejou. Draco segurou-se para não sorrir.
"Tudo bem, Harry Potter. Vou comer um pouco. Depois você pode ir."
"Não vou sair daqui até você decidir levantar esse bunda do chão e sair pra dar uma volta."
Sim, Harry estava irritado. E Draco podia sentir o gosto doce do outro em sua boa, num prenúncio.
"Malfoy?" – perguntou, levantando os olhos do livro que lia, sentado em um canto.
Não houve resposta. Harry deu um suspiro alto, apertou os lábios e o fitou, tentando buscar dentro de si uma paciência que há muito não existia.
"O que foi dessa vez, Draco?"
O loiro parecia dormir, mas tinha a respiração irregular que o preocupou.
"DRACO, FALE ALGUMA COISA! Quer comer, beber, sair? Pelo amor de Merlin!" – exigiu, alterando a voz.
Calmamente, Draco levantou o rosto. E Harry ficou sem reação nenhuma. Encarar aquele homem devastado não era uma visão muito comum quando se tem um Malfoy em sua frente. Não que Malfoys não fossem fracos, ou até mesmo covardes, mas fariam o que pudessem para não demonstrarem isso. E Harry já estava aprendendo muito bem esse comportamento, pois, da mesma forma, estivera escondendo seus sentimentos há tempos.
"Draco... Desembucha, o que foi?" – perguntou, tentando ser indiferente.
Draco passou as mãos nos cabelos daquele modo irresistível, provocante, daquele jeito que fez Harry se apaixonar, mas agora com uma carga de desânimo nos seus movimentos. Ele tinha plena consciência de que aquilo deixava Harry absolutamente constrangido, pois o moreno mal podia conter a paixão, a devoção, ridiculamente estampada no brilho dos seus olhos.
Por dentro, Draco ria. Era divertido brincar com Harry. Geralmente é divertido brincar com alguém que entra tão facilmente no seu jogo de sedução. Mas não só por isso; Draco estava feliz porque sabia que uma hora ou outra, ele tomaria o que era seu de direito.
O loiro estendeu um dos braços, apoiando o cotovelo no joelho e olhou humildemente para o outro. Os olhos marejados. Febril.
Harry levantou o rosto, incrédulo, indagando-se se aquela cena não seria uma miragem.
"Vem, Harry..." – disse, arrastado.
"O quê!" – perguntou, ofegante, sentindo seu corpo incendiar com aquelas duas palavras. Malfoy quase riu com o espanto do outro.
"Vem, Harry..."– repetiu, passando a mão ardentemente pelo pescoço e peito.
O moreno fechou os olhos, apertando as mãos com tanta força que suas próprias unhas podiam machucá-lo. "Eu vou acordar, eu vou acordar, eu tenho que acordar".
"Shhhhh..." – Draco sibilou em seu ouvido. "Vem, Harry..."
O moreno pulou de susto. Malfoy havia se arrastado silenciosamente do outro lado da barraca até ali para... Perturbá-lo. Tirar sua paz. Sua sanidade. O último resquício que ainda possuía de auto-controle.
O sonserino era uma cobra ladina. Havia picado Harry na mente e no coração. E nestes pontos, não havia nada que fizesse o grifinório conseguir se mover dali. O veneno não era letal, mas irrefutavelmente paralisante.
Harry fechou os olhos.
O livro caiu no chão.
Draco aproximou-se do pescoço do moreno, inalando o seu cheiro. Lentamente encostou seus lábios na pele macia, fazendo-o estremecer. Percorreu suavemente o caminho até o lóbulo da orelha, permitindo-se passar a língua ali. Arrancando um suspiro.
"Harry..." – sibilava.
Os dedos longos apenas a roçar-lhe a pele, afastaram as mãos de Harry, que encobriam seu rosto chocado, como uma criança assustada, e passaram a contorna-lo, como que demarcando propriedade, que somente ele iria dominar e conhecer: meu, apenas meu. De alguma forma, ele seria o primeiro.
Malfoy agradeceu a imobilidade de Harry sussurrando, enquanto o enfeitiçava com os olhos de mercúrio, emanados de uma luz distinta, melancólica, quente, Draco o atraiu para si.
Ele era seu prisioneiro naquelas terras, à mercê da sua vontade, uma prisão voluntária. Podia senti-lo rendido, indefeso, o hálito quente de lábios ainda mais agradáveis... Um cheiro que só ele tinha e que o entorpecia...
"Tenho que sair, Draco..." – gaguejou, conseguindo desvencilhar-se, quando percebeu que as intenções do outro iam muito além de um beijo, que ele já havia conseguido de toda paixão.
"Fique... Por favor, eu preciso da sua pele, de você, Harry..."
Ele não ordenou, não o acusou de sentir o mesmo, apenas suplicou. Harry não seria forte o suficiente.
"Não posso mais esperar, você está me enlouquecendo, Harry..."
Apesar de não mais entender o que acontecia, o moreno não se sentia mais capaz de resistir a nada. Estava inerte, fraco e sedento do outro. Deixou-se escorregar para debaixo do sonserino.
As pupilas se dilataram e o calor foi insuportável. Draco tratou de arrancar as roupas, o moreno o acompanhou.
"Ouça Harry... O som do riacho longe... Os bichos na floresta, sinta esse cheiro, pra sempre você vai lembrar..." – cochichou, ouvindo do outro apenas um gemido como resposta enquanto o tomava em sua boca, Harry arqueando o corpo e tremendo, puxando os cabelos, suando, envolvendo.
Os olhos lacrimejaram, agora de prazer. E aquela noite foi só deles, não mais silenciosa, não mais pesada. Leve, quente. Tudo.
O trecho lá no começo da fic é meu mesmo! (finalmente)
O resto eu deixo na imaginação de vocês. No próximo capítulo: Lucius sabe da vitória de Draco, Harry cai num abismo sem volta.
