Capítulo IV – A sonserina e o trouxa
-Andrômeda Black, nunca mais me deixe esperando daquele jeito ou vai ter que se acertar com nossos pais! – disse Bellatrix em um tom muito mais seco do que o usual.
-OK, eu já pedi desculpas! Além do mais, você nem esperou tanto assim...
-Você deveria saber que quinze minutos demoram uma eternidade para passar quando se está com sono esperando a idiota da irmã que saiu para se divertir no meio dos trouxas.
-Peraí, Bella, vai devagar com as condenações porque você anda fazendo coisa muito pior que EU SEI!
-O que você quer dizer com isso, garota? – disse Bellatrix, se aproximando de Andrômeda com um olhar ameaçador.
-Quero dizer que eu SEI sobre você e o Sirius!
-O que? Aquele palhaço teve coragem de te contar? Tudo bem que vocês sejam amiguinhos, mas ele contar pra você é um pouco demais!
-Ele não me contou, bobinha! Eu vi vocês juntos em Hogsmeade. Tentaram se esconder, mas eu vi muito bem quando você saiu da Casa dos Gritos. E depois ele saiu todo cuidadoso, como se pudesse esconder alguma coisa se mim. Eu vejo as coisas nos olhos do Sirius!
-Você está louca! Vê o que? Aquele dia a gente só estava...
-Não adianta, Bellatrix Black, agora você já se condenou, não tem como voltar atrás.
-Tudo bem, espertinha, o que você acha que viu nos olhos do Sirius?
-Eu não acho nada, eu tenho certeza que vocês estão juntos!
-Tudo bem, mocinha, mas isso está me cheirando a dor de cotovelo...
-Não é não! Você sabe que ele é meu amigo! E pelamordedeus, Bella, ele é NOSSO primo!
-Qual o problema? Pelo menos isso garante a pureza da linhagem da família! – soltando uma risada sarcástica.
-Deixa de ser insana, Bellatrix! Se mamãe fica sabendo é bem capaz de te deixar de castigo pro resto da vida! Além do que NINGUÉM iria aprovar esse namoro!
-E você acha que alguém na família aprovaria suas saidinhas em bares trouxas, Andrômeda? Acha que alguém aprova esse seu contato com os sangue-ruins? Pode parar com esse teatrinho, porque estamos quites. Uma guarda o segredo da outra, ou vai acabar sobrando pras duas, ok?
-Fazer o que... – respondeu a mais nova com uma fúria no olhar que nem mesmo a irmã pôde reconhecer.
Ela tinha de admitir que a mais velha estava certa. Se qualquer pessoa além dos envolvidos ficasse sabendo do que aprontaram, ela estaria frita. E as palavras da irmã, a confirmação do namoro com Sirius, tudo isso tinha mexido muito com ela. Foi pra aula de Defesa Contra a Arte das Trevas perturbada e mal conseguiu se concentrar nos exercícios.
Durante o almoço, só pensava em como fazer aquela maldita dor de cabeça passar. E o pior é que nem poderia ir à enfermaria. Como explicaria que estava de ressaca?
Encontrou-se com Lara no corredor que dava acesso à ala norte. Ainda faltavam algumas horas para começar a aula de Poções. Como tinham poucos alunos em volta, a corvinal puxou a amiga para um canto e começou a tirar satisfações:
-Como você fez aquilo comigo, Droida? Eu quase morri de raiva quando você sumiu! Fiquei te procurando no meio daquele monte de gente, acabei desistindo e vindo embora pensando que você já estaria no Caldeirão Furado.
-Ah, Lara, convenhamos, você estava bem acompanhada no pub. E eu pensei que você não me deixaria pra trás! Nem te conto o motivo da demora...
-Não! Não vai me dizer que estava ficando com algum carinha? A sonserina ficando com um trouxa? Tudo bem que você goste de bandas trouxas, seja minha amiga e todas essas coisas que os sonserinos detestam, mas eu não esperava que você fosse ficar com um trouxa!
-Pssss... Fala baixo! Já pensou se alguém escuta a gente?
-Me conta, me conta tudo!
Dro contou como tudo tinha acontecido.
-Ele me deixou o telefone dele, mas nem tem como eu fazer isso aqui. Só nas férias de Natal, quando voltarmos pra Londres.
Lara ouvia com muito entusiasmo a história da amiga, quando ouviram um barulho de gente entrando no banheiro. Era Diana Parkinson.
-Black, o que você está fazendo aí de cochichos com a Andrews?
Ambas disfarçaram e Lara saiu de fininho.
-Nada, tava só negociando uns potes de Poção Alisadora. Vamos pra aula! – disse Dro, com um sorrisinho no canto da boca, retomando a alegria por estar relembrando a noite maravilhosa que passou.
Já fazia quatro dias que Andrômeda tentava falar com Sirius e ele sempre dava um jeito de escapar. Parecia não estar muito a fim de conversa depois do que aconteceu.
Afinal, o que ele queria? Não bastava estar de namorico com sua própria irmã? Tinha que mantê-la gostando dele para alimentar o ego? Será que era somente um ciúme de primo? Ou será que Bella comentou sobre a conversa que tiveram? Essas dúvidas martelavam na cabeça da garota. Ela já não olhava pra ele com os mesmos olhos. Parecia ter se livrado da paixonite adolescente que sentia pelo primo e isso a fazia se sentir melhor, mas ao mesmo tempo ainda se preocupava com as atitudes dele. Não queria perder sua amizade.
Na tarde de domingo ela foi até a beira do Lago, onde sabia que os Marotos estariam tramando alguma coisa para a semana que viria.
-Sirius, preciso falar com você agora! E não adianta dizer que tá ocupado que eu to vendo que você tá à toa!
-Hum, Androida... Ta mandona, hein? – disse Tiago, rindo da situação e da cara de surpresa do amigo.
-Cala a boca, Potter! Não pedi a sua opinião! – falou a garota, com um olhar lancinante.
O garoto fez cara de nojo e fingiu não ter escutado a ofensa, depois de um olhar severo de Sirius.
-OK, vamos conversar, senhorita.
-Tudo bem, já to saindo. Já vi que to sobrando... – disse Potter, ainda rindo da sonserina.
-Ai, que cara insuportável! Tem horas que ele me irrita!
-Você deveria ser um pouco mais grata. Se ele não emprestasse a Capa da Invisibilidade você não poderia aprontar as suas! – falou o garoto em tom ríspido.
-Nossa, olha o senhor certinho falando da prima que aprontou! Você fala como se nunca tivesse feito nada de errado, senhor Maroto.
-Bom, mas quando eu faço é sempre bem feito. Não costumo me atrasar e nem pisar na bola com os amigos!
-Não acredito que você está assim só porque eu me atrasei quinze minutos!
-Você acha que eu não vi seu cabelo todo despenteado, não senti seu braço gelado? De quem era a moto que você pegou carona, Andrômeda?
-Moto? Como assim, Sirius? Eu vim de táxi! – disse corando.
-Não acredito que vai mentir pra mim! Eu sei muito bem que você não veio de táxi! A Lara estava com o seu dinheiro! O que você está me escondendo, priminha? – falou ironicamente.
-E você, priminho? O que está me escondendo? – disse em tom desafiador.
O garoto corou, e pelo olhar se entregou. Não conseguia esconder nada da prima.
-O que você está sabendo? Sua irmã andou te contando alguma coisa?
-Como vocês dois são bobos... Os dois se entregaram. Será que meu olhar é tão inquisidor assim? Pode deixar que ninguém me contou nada e eu também não comentei com ninguém.
-Melhor assim... Mas não tente usar isso pra fugir do assunto. Com quem você voltou do Pink´s?
-Porque isso te interessa tanto? Já não basta estar com a minha irmã? Vai querer controlar a minha vida agora?
-Nossa, Andrômeda, que ingratidão... Eu fiquei preocupado com você. Primeiro porque a gente tinha combinado um horário e você estava atrasada. Segundo porque eu nunca me neguei a te ajudar, sempre fui seu amigo, aliás, o único da família que realmente gosta de você. Dá pra ter um pouco mais de consideração?
Os olhos da garota se encheram de lágrimas. Como pôde ser tão idiota e mal-educada com ele. Ela estava confusa com tudo o que acontecia, com medo de perder a amizade de Sirius. Ao mesmo tempo se lembrava do garoto do pub e sua cabeça girava. Já nem se importava mais com o fato de que o primo estava junto com Bella. Tinha que ser sincera, este era o momento para contar tudo.
-Ai, primo... Me desculpa, eu to confusa. – e abraçaram-se, como se todo o clima ruim passasse naquele momento - O que eu faço? Acho que estou apaixonada por um trouxa!
