Sakuno e sua avó entraram no restaurante e criaram grandes gotas na cabeça ao verem Kawamura e seu pai na maior alegria enquanto saltitavam de um lado para outro pendurado os mais diversos enfeites de natal em cada canto.

-Er.. Que linda árvore - Disse Sakuno simpática, embora o pinheiro na verdade mal podia ser visto pelo excesso de bolas natalinas e anjinhos que haviam nele.

-É linda, não é? -Disse Kawamura com os olhos brilhando - Fiquei a manhã inteira ajeitando! Depois de amanhã é natal, não é o máximo? - Disse ele dando pulos histéricos.

-Não liguem não, ele sempre fica assim nessa véspera. - Comentou o pai de Kawamura olhando reprovadoramente o filho colocar uma guirlanda horrorosamente exagerada na porta do restaurante.

-Então, o que podemos fazer? - Perguntou Sumire sorridente.

-Ah claro, eu qgostaria que vocês separassem os enfeites quebrados dos novos. - O pai de Kawamura pegou uma enorme caixa que tinha atrás do balcão e estendeu à professora - O Kawamura se atrapalhou na hora de guardar e misturou tudo essa manhã...

Então eles ouviram a porta do restaurante abrir-se de novo e por ela entrar Tezuka, de muito mau humor por sinal.

-Capitão! Bom dia! - Kawamura disse sorrindo feliz da vida, enquanto seu pai também tratava de cumprimentar Tezuka.

-Bom dia. - Disse Tezuka seco - Por que me chamou?

-Ah, é que eu queria uma ajudinha sua - Disse ele coçando a cabeça. - É que como é época de natal os empregados estão de férias, e não tem ninguém pra limpar as mesas, sabe, e...

-Você quer que eu limpe? - Perguntou o capitão erguendo uma sombrancelha.

-Isso. v'n.n

-Mas nem pensar.

-Qual é, Tezuka, ajude - Disse Sumire rindo enquanto ela e Sakuno separavam os enfeites da caixa - Estamos no natal, como você mesmo disso. E além do mais, um exercíciozinho é sempre bom, principalmente quando não estamos tendo torneios...

Quase que arrastado, Tezuka acompanhou Kawamura até o fundo do restaurante onde as cadeiras estavam empilhadas enquanto o outro dizia que deveriam limpar elas também.

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'...'Ryoma estava numa grande quadra derrotando seu pai. Sim, seu grande dia chegara. Nangirou ofegava sem conseguir acompanhar os movimentos do filho, enquanto Ryoma executava seu Split Steps com perfeição total, e mandava um saque Tuist atrás do outro. Nangirou ergueu os olhos para se render...

-Ryoma... Ryoma..."

Ryoma sentiu um cutucão doloroso que o obrigou a abrir os olhos. Ele deu de cara com o rosto sorridente de Nanako e deu um pulo sentando-se na cama assustado.

-FELIZ NATAL! - Ela e Nangirou berraram.

Ryoma passou as mãos pelos cabelos frustrado, percebendo que fora só um sonho. Depois olhou desgostoso para o pai e a prima que faziam uma espécie de 'dança' bem no meio de seu quarto. Ambos com gorros vermelhos.

-É hora de acordar, seu dorminhoco, é natal! - Berrava Nangirou todo alegre.

-Que coisa... O que vocês estão fazendo aqui? - Perguntou Ryoma emburrado enquanto esfregava o rosto.

-Viemos te acordar! Não é hora de dormir! - Nanako abriu a janela, e Ryoma colocou o braço na frente dos olhos para não cegar com a enorme claridade da manhã. - Ryoma, olhe que dia lindo! Nevou!

Assim que sua vista se acostumou, ele levantou-se e foi até a janela dar uma espiada também.

-É mesmo... Nevou.

Tinha nevado sim, Nanako estava certa. Lá fora aquela neve branquinha cobria calçadas e telhados. Algumas das pessoas que estavam lá fora cumprimentavam-se calorosamente, e um grupinho de crianças brincava de atirar bolas umas nas outras.

-Não é demais, filho? - Nangirou deu um tapinha nas costas de Ryoma, que na verdade fez o menino quase dar de cara com a vridraça.

-É, é bem legal.

-Hoje você tem uma festinha lá no restaurante de um dos seus amigos, né? -Disse Nangirou ainda muito empolgado - A velhota me contou! Então, já comprou o seu presente?

-Quê?

-Pro amigo oculto que vocês fizeram.

-Já sim. Você está bem informado, não?

-É, tô - DIsse ele cheio de si - No natal eu não deixo passar anda! Falando nisso, sabia que o vizinho vai distribuir revistas grátis hoje? E adivinha! São todas da minha editora favorita!

-Tio, seu pervertido. - Disse Nanako olhando de esguelha.

-Mas então, Ryoma, troque de roupa e vamos descendo logo que a sua mão fez um café da manhã daqueles! - Nangirou fez um sinalzinho de 'jóia' com a mão e saiu do quarto aos pulos, seguido de Nanako, que agora cantarolava uma cantiga de natal.

Ryoma fechou a porta e sentou na cama bem aborrecido. Fora um sonho tão bom... Agora ele acordava e o que recebia? Sua pura realidade: O pai e a prima em clima de amor e confraternização o acordando em pleno domingo às sete da manhã!

Ainda com raiva, ele se trocou. Depois desceu as escadas e deu com Nanako servindo panquecas gigantescas à mesa.

-Ryoma, esqueci de contar uma coisa - Disse ela enquanto Ryoma sentava-se e Nangirou comia as panquecas monstruosamente faminto - A sua professora Sumire ligou. Disse pra você não se esquecer do seu compromisso de hoje à noite.

-Pra quê ela ligou pra contar isso? Eu já sei.

-Ela disse que do jeito que você é, é bem capaz de esquecer de propósito.

Nangirou começou a rir com a boca cheia.

-Eu não duvido nada! Do jeito que esse meu filho é cara-de-pau, hahaha...

Ryoma olhou para ele raivoso. Depois suspirou cansado e voltou a atenção apra sua própria comida, percebendo que não valia a pena discutir com o pai àquela hora da manhã.

Deu mais uma olhada pela janela da cozinha e constatou que deveria aproveitar bem aquela tarde, já que à noite ele teria que ir ao restaurante Takashi para aquela bendida confraternização.

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E assim a manhã estendera-se calma.

Ryoma praticamente dormira o tempo todo, mesmo com os protestos de Nangirou e Nanako para ele acordar e ir dar uma volta.

Quanto aos outros, no restaurante Takeshi, Sakuno varrera o chão, separara enfeites, pendurara luzes e por fim ajudara o Senhor Takashi a preparar a comida para aquela noite. Sumire incentivava um muito mau humorado Tezuka(que por sinal reclamava o tempo todo de terem chamado ele e não outra pessoa) a limpar direito as mesas, enquanto ela mesma colocava as cadeiras em seus devidos lugares.

Horio, Kachirou e Katsuo dormiram quase que a manhã inteira. Estavam completamente entupidos de doces, deitados sobre os colchões da sala, enquanto a TV ainda rodava vídeos antigos, já que eles esqueceram de desligá-la antes de dormir. Os presentes dos três estavam muito bem guardados a um canto.

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Tomoko jogava as roupas para o alto completamente desgostosa.

-Não acho nada! Já usei essa, essa também...

Raivosa, ela caiu de joelhos suspirando cansada.

-Que droga, não sei que roupa vou usar hoje... - Ele olhou para o teto do quarto chateada - Ah não... Mas o Ryoma vai estar lá e eu tenoh que estar linda!

Depois ela ergueu o punho decidida e voltou a 'vasculhar' os mais remotos cantos de seu guarda-roupa.

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E por fim, a tardezinha se encerrara e faltava apenas uma hora e meia para as oito da noite. O Senhor Takeshi disse para Kawamura ir se arrumar enquanto ele iria dar os últimos retoques no restaurante. Tezuka, Sumire e Tomoko já tinham ido embora, e agora só falatava os outros chegarem e a 'festa' começar.

Ryoma se olhou no espelho com cara de poucos amigos, como se ele mesmo fosse desagradável de se ver.

-Você está lindo! - Nanako ajeitava o cachecol no pescoço do menino toda sorridente.

Ryoma continuava a se olhar no espelho com a maior cara emburrada. Nanako percebeu e riu.

-Não se preocupe, a menina que você gosta com certeza vai achar o mesmo que eu!

Ryoma corou um pouco e olhou para Nanako de forma ameaçadora. A menina fechou a boca.

-Tá bom, não falo mais nada... Mas que você está uma gracinha, está!

Custara para Ryoma permitir que a prima o arrumasse para aquela noite, mas como ela quase chorara para ele deixar, Ryoma acabou se rendendo. Nanako o enrolara num cachecol vermelho, além de ainda por cima ter compado calças e uma jaquela preta de frio para ele. Ryoma ficou mais emburrado ainda quando ela inventara de pentear os cabelos dele.

-Prontinho, está pronto. - Nanako disse botando as mãos na cintura apreciando o bom trabalho que fizera. Depois olhou para o relógio de cabeceira na cômoda do garoto e sorriu - E bem na hora! Faltam trinta minutos...

Ryoma foi empurrado para fora por uma alegre Nanako. Ela fez questão de levá-lo até a porta. Entregou a sacolinha de presente para ele e depois de mais um fraterno sorriso, beijou o menino na bochecha.

-Divirta-se!

Ela fechou a porta enquanto Ryoma olhava perplexo. Depois deu de olhos e virou-se para ir embora, estranhando o comportamento contente de Nanako. Deduziu por fim que ela estava passando tempo demais com seu pai.

Ele caminhou pelas ruas coloridas da noite que sefazia. Era realmente bonito. Em todas as casas viam-se guirlandas ou luzes de natal penduradas, assim como nos postes e até em latas de lixo públicas.

Ryoma, com as mãos nos bolsos, continuou seu caminho até o restaurante. Até que sentiu um arrepio gelado nas costas e virou-se com raiva.

-Momoshiro!

Só podia ser ele. Limpando as vestes onde acabara de receber a bola de neve do amigo, olhou com desgosto para Momoshiro, que simplesmente riu da cara dele enquanto se aproximava.

-Tá bonitinho, ein? Querendo agradar quem? - Disse ele dando um tapa nas costas de Ryoma.

Ryoma na verdade sentiu vontade foi de pegar um punhado de neve no chão e devolver na cara de Momoshiro, mas percebeu que aquilo só faria ele se atrasar. Não sabia porque, mas fazia questão de ser pontual em tudo. Então apenas olhou feio pra ele.

-O que está fazendo aqui? - Perguntou.

-Não tá vendo? Tô indo com você. - Disse ele alegre - Eu também tenho que passar por aqui pra ir pro restaurante do Kawamura.

-Ah.

Ryoma fez questão de ignorar todos os comentários que Momoshiro fazia enquanto os dois andavam pelas ruas pouco movimentadas da noite rumo ao restaurante. Por fim, virando no último quarteirão, os dois finalmente chegaram ao estabelecimento, que por sinal, emanava uma luz convidativa de dentro.

Assim como as luzinhas penduradas do lado de fora, haviam alguns bonecos de neve gigantescos enfeitando o redor do restaurante, e o kanji do letreiro da loja piscava em verde-vermelho de forma bem exagerada.

-Erramos de caminho e viemos parar no inferno.

-Deixa de ser chato, Ryoma - Momoshiro deu-lhe um segundo tapa nas costas e puxou o garoto pela manga, que a muito contragosto, acabou sedendo, e quando menos esperava já estavam à porta.

Assim que ela se abriu, Ryoma imediatamente virou-se para ir embora, mas um braço forte o segurara pela gola e puxara-o para dentro.

Ryoma olhou de cara emburrada para a enorme quantidade de luzes e anjinhos pelo restaurante todo, e decididamente percebeu que preferiria passar a época de natal dormindo.

-Ryomaaa! - Eiji veio de uma direção que Ryoma nem viu e pulou em cima do garoto, aplicando-lhe vários 'croques'na cabeça - Como anda o nosso garoto? Eu realmente achei que você não viria!

-É, eu também achei. - Respondeu ele sufocando.

Eiji ergueu-se sem nem se dar ao trabalho de ajudar Ryoma a levantar-se. Ele tinha um largo sorriso no rosto, e ajeitava a toda hora a jaqueta.

-Não é uma jaqueta linda? - Disse ele ajeitando agora as mangas - Minha irmã que me deu.

-É sim, é bem legal. - Disse Ryoma, que na verdade nem olhava para a jaqueta. Sua visão estava concentrada em alguém sentado um pouco mais distante.

Sakuno ria de alguma coisa que sua avó lhe dizia. Ryoma não percebeu, mas olhou apra ela mais tempo do que costumava olhar. Mas não era para menos... Sakuno estava realmente diferente. Ou melhor, estava uma gracinha.

Pelo jeito ela resolvera finalmente soltar os cabelos das tranças, e de primeiro momento Ryoma nem a reconheceu. Só olhando melhor viu que era ela. A menina tinha vestido roupas de frio assim como todos, claro, mas alguma coisa nela estava diferente. Sim, com certeza o cabelo solto fazia um grande contraste.

-Ryoma! - Sumire acenara para ele da mesa fazendo sinal para que se aproximasse - Venha aqui!

Ryoma olhou para Momoshiro como se pedisse socorro, mas Momo estava muito ocupado rindo das piadas de Eiji. Então ele soltou um suspiro aborrecido e foi até a mesa.

-Como está? - Sumire sorriu.

-Bem, obrigado.

-Oi, Ryoma. - Disse Sakuno que sentava de frente para a avó, e sorrindo singelamente para o garoto.

Ele arregalou de leve os olhos.

-Oi, Sakuno. - Disse ele breve.

Não demorou muito, ele foi um pouco apra o lado por causa de um grito histérico que acabava de levar no pé da orelha.

-RYOMA! - Ele olhou para o lado com a cara neutra, dando com uma sorridente Tomoko. Ryoma ergueu uma sombrancelha ao ver o que a menina fizera no cabelo.

Pelo jeito, Tomoko tentara cacheá-lo. Mas o que conseguiu foram fios bagunçados e cheios. Bem esquisitos, na opinião de Ryoma. Sem contar que ela usava maquiagem. Não que tivesse ficado feio, mas dava a estranha impressão de que ela estava com a cara suja.

-Oi, Tomoko. - Cumprimentou Sakuno também, sorrindo.

-Oi, Sakuno. Me diz, Ryoma, você tirou menino ou menina? - Disse Tomoko quase que ignorando a amiga.

Ryoma piscou sem responder, e Tomoko aproveitou pra continuar falando.

-Estou louca pra saber quem você tirou, mas o Kawamura disse que primeiro temos que comer e...

Mas àquela altura, Ryoma simplesmente não estava dando a mínima para Tomoko. Sentiu mais um braço segurá-lo pelas vestes e quando viu estava sentado à mesa com Tezuka, Kaoro, Momoshiro e Eiji.

Tezuka parecia bem feliz, na verdade. Ele esquecera completamente o fato de ter ariado mesas a manhã inteira, e parecia bem mais satisfeito. Até usava um gorrinho vermelho. Ryoma arqueou as sombrancelhas e olhou interrogativo para Momoshiro. O amigo deu de ombros e soltou uma risadinha.

Kaoro estava mais emburrado do que nunca. Sentava mais ao canto, e tinha uma cara de quem poderia 'picar o primeiro que aparecesse', como disse Momoshiro. Kaoro olhou feio apra ele mas simplesmente ignorou.

-Kaoro, estamos no natal. Anime-se. - Disse Tezuka, olhando apra ele com um sorriso miúdo.

-Hmpt. - Fez ele.

-Que coisa, cara, como você é chato. - Eiji disse coçando a cabeça.

-Eu nem queria ter vindo, pra começa de conversa.

-Mas veio, e está uma gracinha. - Provocou Momoshiro, fazendo com que Kaoro faiscasse olhares com ele.

-Parem com essa rivalidade ao menos hoje! - Repreendeu Tezuka.

-O capitão está certo, afinal, é época de natal. - Completou Kawamura.

Na verdade, Ryoma Echizen simplesmente não fora feito para o natal. A noite que se seguia foi coberta de risos. O pai de Kawamura fizera um banquete completo, e Momoshiro e Kaoro brigaram quase meia hora por causa de uma perna gorda de peru, enquanto Tezuka parecia sorrir o tempo todo, coisa que na verdade todo mundo estava estranhando.

-Eu achei que ele só gostasse de tennis. - Comentara Tomoko com Sakuno - Mas parece que ele tem um grande espírito natalino, né?...

Eiji também fizera uns malabarismos com copos, e depois dera um soco em Momoshiro por causa de uma piadinha que ele fizera sobre Eiji ter futuro em artes circences. Syosuke e Syuichirou conversavam sobre alguma coisa com sorrisos nos rostos, ambos sentados bebendo quentes xícaras de chocolate quente. Hirou, Katsuo e Kochirou chegaram bem depois, só não mais atrasados que Sadaharu, que dera uma desculpa esfarrapada sobre sua casa ter sido invadida por baratas.

Sadaharu também parecia mais contente. Até Horio tinha parada de falar sobre sua experiência no tennis. Todos pareciam estar se divertindo.

Até que, enfim, a mesa de comida ficara completamente vazia e Ryoma, que também tinha comido um pouco mas já estava cheio, viu o pai de Kawamura limpar tudo e logo depois sorrir para todos, chamando-lhes a atenção.

-Muito bem, vamos começar a brincadeira então.

Ryoma fez uma cara chateada, e Tomoko dera um risinho histérico em sua mesa.

-Quem quer começar?

Uma estranha tensão divertida invadiu o aposento, e um murmúrio de palpites começou.

-Vai você, vai logo! - Então começaram a empurrar Ryoma. Ele virou-se para ver Momoshiro e Eiji empurrando-o, e lançou um olhar feio para os dois, que desistiram da idéia.

-Sakuno, por que você não vai? - Disse Tomoko cutucando-a.

-E-eu? - Ruborizou a menina.

-É! - Disse Tomoko alegre - Vai!

Sumire entrou na conversa e empurrou a neta também.

-É, vai, Sakuno!

Quando viu, ela já estava no centro da meia-roda que o pessoal fizera em torno da estrondosa árvore de natal sentados nas mesas. Ela olhou timidamente para os rostinhos sorridentes que a encaravam e apertou a alça da sacola de presente com força.

-Pode começar então, Sakuno. - Disse Kawamura estendendo o polegar.

-T-tá...

-Ah é, antes. - Interrompeu Eiji, piscando um olho divertido - Fale sobre a pessoa que você tirou, só que com as características ao contrário. Ou seja, ser você disser gordo, é uma pessoa magra, e vice-versa. Aí a gente adivinha! Entendeu?

-Pra que isso? - Disse Kaoro mau humorado.

-Pra ficar divertido! - Disse Eiji parecendo injuriado - É uma brincadeira, horas! Não tem graça se ela chegar e ir dizendo quem tirou! Então, gatinha... Pode começar.

Sakuno corou de leve com o comentário de Eiji, e procurou palavras para começar. Ryoma então começou a prestar atenção, sem acreditar que estava na verdade, um pouco... curioso.

-Bem.. É uma garota, e uma pessoa da qual não gosto muito e conheço a muito tempo mesmo. - Disse ela. Assim como os outros, Ryoma fez uma pausa para pensar: Então era um menino. Alguém que ela simpatizava mas que na verdade conhecia somente a algum tempo. - Além do que, não o acho muito bonito e... Ahh... O cabelo é bem comum e.. hm...

Enquanto ela pensava no que mais dizer, Ryoma ia reunindo os significados: Era então um menino que ela simpatizava, conhecia a somente algum tempo, ela achava bonito e tinha um cabelo diferente.

-Ah sim. - Disse ela por fim - Ele tem um modo de jogar tennis bem pacato, e quase não se move. É flexível como uma pedra. - Ela riu.

Eiji levantou-se de seu lugar com um sorriso gigantesco e os braços abertos.

-É o Eiji. - Riu Syuichirou.

Sakuno deu mais um risinho enquanto Eiji pulava de seu lugar e ia todo feliz ao centro da roda, carregando o presente que ele entregaria.

Envolveu Sakuno pela cintura e a abraçou apertado, erguendo-a do chão. Ryoma ergueu a sombrancelha esquerda com uma expressão riscada, enquanto Eiji agora quase que girava a menina no ar.

-Obrigado, gatinha! - Disse Eiji feliz da vida, recebendo o presente das mãos de uma vermelhíssima Sakuno.

Ele abriu o presente revelando um conjunto equipado de raquetes de nível avançado. Na descrição, dizia que eram mais maleáveis e próprias para jogadores com estilos diferentes. Na etiqueta, mas embaixo, podia-se ler 'modelo acrobático'.

Eiji abriu um sorrisão e virou-se, dando um beijo no rosto da menina, dizendo animado um 'Adorei! Era o que eu queria!', e Sakuno ficou púrpura na hora.

Ryoma franziu o cenho e não viu, mas uma veia disfarçadamente dilatou em sua testa.

-Então, é minha vez! - Anunciou ele todo contente, enquanto Sakuno ia se sentar com um sorriso bobo - Posso começar?

-Anda logo. - Riu Momoshiro.

-Bom... - Disse Eiji como se o que ele fosse dizer a seguir fosse óvbiamente lógico - Tirei uma garota que é um fiasco no jogo em duplas, e que nunca jogou comigo.

Todos riram, e não foi preciso que ele dissesse mais alguma coisa para todo mundo descobrir que ele tirara Syuichirou. O colega da 'dupla de ouro' levantou-se sorrindo e deu um abraço no amigo, recebendo o seu presente.

Syuichirou pareceu realmente muito feliz com os tênis novos que ganhara de Eiji, e então foi sua vez de anunciar.

E assim prosseguia a brincadeira. Syuichirou por fim disse que tirara Sumire já que ninguém conseguia adivinhar. A professora também deu um abraço no aluno e então foi sua vez. Ela fizera uma caracterização engraçada, dizendo que quem tirara era alguém muitíssimo divertido, mas por alguma estranha razão, estava muito sério aquela noite. Tezuka deu um sorriso miúdo e levantou-se para abraçar a professora e receber o seu presente.

E Ryoma já estava ficando aflito. Não bem 'aflito', pois Ryoma Echizen nunca ficava aflito, claro... Mas já estava realmente curioso para saber quem o tirara, e já via sem esconder seu interesse enquanto seus amigos iam se levantando um a um, recebendo seus presentes e sentando-se de novo.

E assim a brincadeira continuava... Consecutivamente, foram chegando a vez dos outros. Depois de Tezukaviera Syosuke, que recebera o presente sorrindo abertamente, e depois de falar as características e tudo o mais, anunciou que saíra com o nome de Sadaharu.

Quando foi a vez de Sadaharu e por fim ele tinha tirado Tomoko, a menina criou uma grande gota na cabeça ao ver que além de ganhar um conjunto de pulseiras lindo, ela ganhara uma garrafa com um estranho líquido roxo meio marrom.

-Er... Adorei as pulseiras, mas o que vem a ser 'isso'? - Disse Tomoko sorrindo enquanto balançava a garrafa.

-Suco reforçadíssimo de vegetais do Sadaharu - Anunciou ele cheio de si - Para garotinhas bonitas como você que gostam de manter a forma.

Tomoko riu enquanto abraçava Sadaharu meio desconcertada. Depois de descobrirem que ela saíra com Horio(foi fácil: ela disse que a pessoa dizia não ter nenhuma experiência no tênnis), e Horio ter acabado saindo com Katsuo e Katsuo com Kochirou, este então disse que saíra com Kawamura.

-Foi um complô, isso, né? - Comentou Kaoro(que já estava um pouquinho menos mau humorado) ao ver que cada um dos meninos saíra com o outro, à exceção de Kochirou.

Kawamura então enrrolou um bocado. Disse que tirara uma pessoa bem sem graça, mas ao mesmo tempo engraçada, alguém divertido, mas às vezes desanimado... Só quando todos o encaravam com gotas na cabeça ele desenrolou e disse que tinha tirado Momoshiro.

Momo levantou-se alegre para abraçar Kawamura e receber seu presente. Depois de apreciar a camiseta incrível que acabara de ganhar, começou a falar:

-Eu tirei uma menina. Amo ela. É uma pessoa maravilhosa, linda.. E, claro, não tem cara de serpente. - Momoshiro falou sinistramente, enquanto todos riam.

Kaoro ergueu-se com o punho levantado e berrou:

-Quem é que tem cara de serpente aqui, seu idioootaaa?

Momoshiro recusou-se a abraçar Kaoro. Este também, é claro. Mas depois d emuita ladainha, Sumire e Tezuka empurraram os dois e acabaram se abraçando de qualquer jeito, dando tapas até fortes demais nas costas um do outro.

Kaoro então levantou o rosto maléfico e disse:

-Eu tirei uma das pessoas mais altas daqui. Uma pirralha nada convencida, chata, arrogante, mimada, metida...

Ryoma estalou os punhos com raiva, já adivinhando...

-...E que tem a pura sorte de jogar tennis muito mal.

Todos riram. Ryoma se levantou com as mãos nos bolsos e a sacola de presente dele.

Kaoro olhou para ele sinistramente, e os dois trocaram faíscas. Os outros, com gotas na cabeça, observaram:

-Ei, vocês tem que se abraçar...

Ryoma olhou incrédulo para eles como se estivesse loucos ou coisa do tipo. Kaoro baçlançou a cabeça.

-Não mesmo.

-Esquece. - Disse Ryoma.

-Anda, seu baixinho esquentado! - Momoshiro cutucou-o dolorosamente com o pé, e Ryoma virou-se para abraçar Kaoro. Foi bem parecido com o de Momoshiro, ambos estavam quase se espancando nas costas.

-Ei, já chega. - Disse Sumire separando. - Bom, é meio lógico quem Ryoma tirou, mas mesmo assim.. Vamos ver o que ele diria.

Ryoma achou que tinha se safado, mas pelo jeito teria que falar. Sakuno estava completamente vermelha, de cabeça abaixada, enquanto ao seu lado, Tomoko estava quase arrancando os cabelos.

-Não acredito! Não acredito! - Dizia ela.

-Bom. - Ryoma começou.

Aquele era o tipo de situação que ele mais detestava. Primeiro que todos tinham sorrisinhos estampados, e Momoshiro ficava fazendo biquinho a um canto, fingindo beijar a mão. Ryoma, desgostoso, fechou os olhos para não ter que ver aquela cena deprimente dele como centro das atenções.

-Anda, Ryoma. - Disse Syosuke, que parecia bem divertido com a situação.

-Eu... - Ryoma disse no maior suspense, e seus olhos caíram na cabeça abaixada de Sakuno, sem entender porque ela parecia com tanta vergonha - Tirei um garoto.

Todos deram com a cara no chão.

-Ô seu bobão, só isso? - Disse Momoshiro com raiva.

-Ué, mas vocês todos já sabem quem eu tirei...

-Ah, que drooooga, vai logo, Sakuno. - Disse Momoshiro emburrado. Ao seu lado, Kaoro estava com uma gota na cabeça vendo o título do livro que ganhara de Momoshiro junto a um lenço novo: 'O futuro no Tennis para pessoas de cara amarrada'.

-Vamos, Sakuno. - Disse Sumire sorridente, empurrando a menina.

Sakuno levantou-se meio desconcertada e parou na frente de Ryoma. Ryoma estendeu o presente para ela, e a menina o recebeu, ainda bem vermelha.

-O-obrigada, Ryoma.

Como um silêncio estranho se fez, enquanto os dois estavam de frente um para o outro, os 'reis da incoveniencia', Momoshiro e Eiji acabaram berrando ao mesmo tempo:

-Abraça ela agora, seu idiota!

Sakuno não cabia em si de vermelhidão. Ryoma olhou para eles interrogativo, e Momoshiro e Eiji se abraçaram como se ensinassem a Ryoma o que fazer. Ryoma olhou para frente e encarou Sakuno, que estava de cabeça baixa.

Ela sabia. Ele era sempre assim. "Como eu sou boba.", Pensou. Ela realmente achou que ele lhe abraçaria quando estendesse o presente, e agora estava ali parada, sem ação. Sentiu seus músculos protestarem quando ela tentou se mexer, e acabou continuando ali.

Então levou um susto. Estava para virar-se de volta quando sentiu os braços joviais de ryoma ao redor de sua cintura. Ela abriu os olhos assustada, antes de retribuir o abraço meio receosa.

-ISSO! - Berrou Momoshiro socando, sem querer, a nuca de Kaoro.

Ryoma desfez o abraço e constatou que o perfume que a menina usavaera realmente maravilhoso, e nem se comparava ao daquela perfumaria.

Sakuno, apra a surpresa dele, não estava mais vermelha, e sorriu abertamente.

Ryoma devolveu um sorriso miúdo, e constatou que afinal, o natal não podia ser tão ruim assim.

E assim terminava aquela noite. Antes de irem, claro, eles tomaram grandes canecas quentes de leite enquanto viam seus presentes.

Uma Tomoko verde de inveja não parava de olhar para o colar na caixinha preta de veludo que Sakuno ganahra de Ryoma. E esta, por sua vez, não cabia em si de felicidade.

Momoshiro e Kaoro reclamavam um com o outro mais uma vez (agora queriam saber quem fora o 'panaca' que derrubara leite na mesa). Ryoma analisou o par de tênis que ganhara de Kaoro, e constatou que eram idênticos aos que ele comprara outro dia. Mas até que não achou tão ruim... Dois pares sempre era melhor do que um. E acabou ficando feliz com o presente.

O pai de Kawamura acompanhava todos até a porta com o filho, desejando um feliz natal a medida que saíam.

Quando Ryoma saiu, Kawamura lhe deu um tapinha nas costas e o pai dele piscou.

Ryoma não entendeu, mas então olhou para frente e viu Sakuno parada na rua, olhando para ele.

-Não vai pra casa? - Perguntou Ryoma aproximando-se enquanto a porta do restaurante se fechava atrás deles.

-Vou. Mas como a vovó vai ficar aí até limpar o restaurante todo com o Kawamura e o pai dele, ela pediu para eu ir primeiro.

-E por que tá parada aí?

-Vou com você.

E sorriu. Ryoma estranhou o fato dela não ter gaguejado nem ficado rubra, mas gostou.

Agora todos tinham ido embora, e estavam apenas os dois ali. Então, começaram a caminhar pelas ruas iluminadas.

-Gostou do?... - Começou Ryoma, perguntando-se mentalmente se era sensato perguntar aquilo.

-Adorei. - Interrompeu Sakuno.

-Que bom. - Ele olhou para frente.

Era talvez, a primeira vez que ele percebera o quanto gostava de Sakuno. Claro, ele não era do tipo que gostava de alguém. E talvez nem fosse isso, mas ele se deu conta de que se fosse outra pessoa, ele jamais teria perguntado se tinha gostado ou não do presente. E mais...

Sakuno também sempre fora uma das únicas pessoas que ele ouvia mesmo. Sua voz sempre alcançava os ouvidos do garoto. E mesmo que nem sempre ela dissesse coisas que interessassem a ele, ele ouvia.

Sakuno sorriu e Ryoma contemplou de esguelha aquele sorriso, realçando ainda mais os cabelos soltos da garota.

-Sakuno. - Disse ele.

-Hm?

-Você fica mais bonita assim.

Sakuno abriu o sorriso mais ainda e entrelaçou sua mão ao de Ryoma, que olhou corado.

-Feliz natal, Ryoma. - Disse ela.

Ryoma sorriu miúdo, sem soltar a mão dela. É, talvez ele não fosse feito para o natal mas... Quem sabe?

-Feliz natal.. Sakuno.

OWARI(fim u.úv)

Foi um verdadeira aperto terminar essa fic. Mas como eu tô querendo me livrar das fics incompletas, tô colocando logo o último capítulo n.n/ Eu não gostei muito, mas tudo bem, né?

Espero as reviews de vocês! D

Ja ne! oo/