Capitulo 2

Mitsukake continuava suas investida com Chichiri, já lhe levara doces, bolos, flores, já se insinuara, mas parecia que nada disso chamava a atenção de Chichiri para suas intenções. Só faltava ele colocar uma placa na testa dizendo "Chichiri, eu te amo!" para que ele percebesse.

Isso o estava deixando irritado. Gostaria muito de saber se Chichiri era mesmo distraído ou fazia isso porque não o queria por perto.

- O que eu faço? O que eu faço? – perguntava-se andando de um lado a outro.

- Mitsukake? – era Tamahome que entrava na sala onde ele estava. – O que houve parece preocupado... nem precisa dizer, Chichiri, acertei?

- Está tão na cara assim? – pergunta jogando-se na cadeira.

- Mas é claro, todo mundo sabe que você é apaixonado por ele. – ele diz sorrindo.

- Tamahome, eu não sei mais o que fazer para chamar a atenção dele. – confessou cansado.

- Deveria dizer isso para ele. – opinou Tamahome.

- E se ele me repelir? – perguntou ainda mais preocupado. Talvez Chichiri fingisse mesmo não enxergar suas cantadas apenas porque não tinha o mínimo interesse nele. Levou a mão à cabeça afastando esses pensamentos.

- Só vai saber se tentar! – disse Tamahome sorrindo para ele.

- Pois é isso que eu vou fazer! Já estou cansado de ficar correndo atrás dele e nada. – disse Mitsukake levantando-se e correndo para a porta, saiu e voltou no mesmo instante. – Valeu Tamahome!

Será que deveria fazer mesmo isso? Será que Chichiri o aceitaria? Mesmo assim, só lhe restava tentar, depois de ficar todo esse tempo tentando lhe chamar a atenção de uma maneira mais sutil e nada disso dava certo, só lhe sobrava partir para a direta. Teria que partir para medidas drásticas. Congelou ao imaginar Chichiri rindo da cara dele e dizendo que não sentia o mesmo. Suspirou desistindo, poderia tentar mais tarde.

Quando mais tarde chegou, os Seishis resolveram sair um pouco com a Suzako-No-Miko, dá um volta pela cidade e Mitsukake ia junto com o grupo. Saindo, passaram por Chichiri que parecia meditar em cima de uma árvore.

- Chichiri, você não vem? – perguntou Mitsukake olhando para cima.

O outro sorriu e se dependurou no galho, o medico correu em sua direção pensando que ele ia cair e ficou aliviado quando viu ele se segurar com o pé.

- Não. Vocês podem ir sem mim. – disse sorrindo através da máscara.

Mitsukake gaguejou e suas pernas tremeram.

- Então... então eu também vou ficar. – disse resolvido, olhando para Chichiri.

Os outros sorriram sem nem pensar em contestar a decisão dele. Deram um até mais tarde e se foram discretamente.

- Você não precisava ter ficado. – disse Chichiri ainda de cabeça para baixo. – Estou acostumado a ficar sozinho.

- Por que você não desce daí? – perguntou.

Chichiri pareceu pensar um pouco e só então pulou na frente de Mitsukake.

- Por que ficar aqui sozinho? – perguntou ainda de máscara.

- Não estou sozinho. Estou com você. – respondeu sério.

Se ele não estivesse de máscara, Mitsukake veria que ele corou. Chichiri sentiu o rosto arder. O que será que Mitsukake pretendia?

Mitsukake não demonstrava, mas tremia até os ossos, mas era agora ou nunca, se não criasse coragem agora, talvez jamais falasse e continuaria a correr atrás dele pelo resto de sua vida.

- Será que ainda não percebeu, Chichiri? – perguntou com a voz doce.

Chichiri baixou a cabeça e coçou nuca. Do que ele estaria falando? Então lembrou-se das flores, dos doces, das palavras carinhosas, porem insinuantes. Será que Mitsukake?...

O medico aproxima-se dele devagar e lhe levanta o rosto com uma das mãos, com a outra, bem devagar retira-lhe as máscara. Chichiri o olha bem nos olhos e vê uma ternura tão grande que deixava-o envergonhado, Mitsukake aproxima devagar o seu rosto do de Chichiri, que fecha o olho, instantaneamente, desejando que acontecesse o que estava pensando.

O beijo começou delicado, um selinho no lábio superior de Chichiri, mas logo este abre um pouco a boca para receber um beijo de língua apaixonado. Mitsukake lhe segura pela cintura e é envolvido pelo abraço de Chichiri. Os dois ficam ali abraçados delicada e carinhosamente por alguns minutos, tentando absorver aquele momento único do primeiro beijo, do primeiro abraço apaixonado.

- Eu te amo! - diz Chichiri no ouvido de Mitsukake.

Mitsukake o solta surpreendido, seus olhos enchem-se de lágrimas, deixando Chichiri espantado com sua reação, mas ele o puxa de volta abraçando-o novamente bem mais apertado.

- Eu também te amo, Chichiri. – Ele diz emocionado. – Não sabe o quanto esperava ouvir isso de você. Ah! Eu te amo tanto, tanto! Ms porque nunca me disse? Nunca deu sinal?

Chichiri baixa novamente os olhos.

- Fiquei com medo de ser rejeitado por você. – ele confessou. – Desculpe-me por ser tão distraído, só agora eu me liguei nas coisas que você fazia, meu medo era tão grande de que você não me quisesse que me impedia de identificar as coisas que fazia para mim.

Mitsukake suspendeu mais uma vez o rosto dele e beijou-lhe de leve os lábios. Chichiri recebeu o beijo e sorriu.

- Eu te amo! – Mitsukake disse mais uma vez. – Agora nunca mais quero ficar longe de você.

E os dois se beijaram novamente, conscientes de que esse é um beijo apaixonadamente verdadeiro e que o amor que sentem é recíproco.

Os outros Seishis já estavam acostumados em ver Chichiri e Mitsukake juntos, o médico andava sorrindo a toa, abestalhado com o início do namoro e em ter finalmente o amado a seu lado.

Tamahome achava tudo isso uma bobagem, uma futilidade, romantismo besta, ele não ligava para essas coisas, isso era para os tolos que não sabiam o que era a vida de verdade.

- Tamahome? – uma voz retira-o de seus amargurados pensamentos. Era Hotohori.

"Logo ele! Mas que Droga!", pensou descontente. Com esse clima de romance que se instalara no palácio, a ultima pessoa que queria a seu lado era Hotohori, principalmente depois do que Nuriko lhe contara.

Hotohori parecia um pouco receoso de falar com Tamahome, seus olhos brilhavam demonstrando a ansiedade que tomava conta dele.

- Você não vem jantar? – ele perguntou timidamente.

Tamahome piscou os olhos, todos já haviam se retirado do salão e ele viajara tanto em seus próprios pensamentos que não vira isso. Olhou para Hotohori desconfiado e levantou-se saindo sozinho do salão, sem olhar para trás.

Hotohori baixou os olhos, frustrado, Tamahome o ignorara solenemente e tudo o que fizera foi chamá-lo para jantar. Não entendia o porque o tratava com tanta frieza e esse tipo de reações que ele tinha.

Tamahome estava cheio dos modos educados e delicados de Hotohori, aquilo o enjoava, ele parecia ter medo de tudo, principalmente dele. Queria saber onde fora para o Imperador que vira conversando com seus conselheiros e o grande espadachim que sabia que ele era. Tudo isso desaparecia e ficava apenas um menino tímido. Isso era irritante.

Resolveu ir até o quarto de Tasuki, faria com que aquele beijo no rosto que Tasuki certa vez lhe dera transformassem-se em beijos bem mais ardentes.

O bandoleiro estava acomodado em um quarto com duas camas, embora ele dormisse sozinho, Tamahome bateu e entrou sem esperar a permissão e encontrou Tasuki sentado na cama nu da cintura para cima, ele molhou os lábios com a língua, cheio de más intenções e sentou-se na cama em frente a do outro Seishi.

- O que quer aqui, Tamahome? – Tasuki perguntou fingindo não notar a malicia do outro. – Conversar um pouco?

Tamahome esticou o braço e tocou o joelho de Tasuki, acariciando-o, subiu lentamente para sua coxa.

- Conversar é a última coisa que está em meus planos. – ele disse com a voz maliciosa.

Tasuki observava a mão de Tamahome e um arrepio percorreu-lhe o corpo, há quanto tempo não era tocado assim, pensou no dia que deixou Koji como líder dos bandoleiros e na atração inegável que sentia por Tamahome, agora ele estava ali em sua frente, disposto a lhe dar uma noite de prazer. Deixou que Tamahome continuasse seus toques e fechou os olhos.

Tamahome por sua vez, vendo que Tasuki consentira, continuava as suas caricias, cada vez mais ousadas, saiu da cama e empurrou Tasuki devagar, fazendo-o deitar-se na cama e ajoelhou-se a seu lado. Beijou um de seus mamilos de leve e desceu a mão por seu peito, abdômen e enfiou a mão dentro da calça dele sentindo imediatamente seu membro se tornando rijo. Sentiu sua própria excitação e abaixou para beijar Tasuki na região bem próxima a seu membro, e mudou de posição para ficar entre as pernas dele.

Tasuki gemeu ao sentir o toque dos lábios quentes de Tamahome em seu mamilo e mais quando ele tocou-lhe o pênis, queria-o, desejava-o, seu corpo gritava por ele, mas, como num flash, Koji apareceu sorrindo em sua mente, bem na hora que Tamahome tentava lhe retirar a calça.

- Pára, Tamahome! – ele exclamou, arrancando a mão de Tamahome de sua cintura.

Primeiramente Tamahome se assustou com a inesperada recusa de Tasuki, depois o olhou de cara feia.

- O que foi? Você não quer mais? – perguntou visivelmente irritado.

- Não. Eu quero... Quer dizer, não quero... – gaguejou, com a indecisão que lhe tomava conta do coração. Seu corpo pedia por um homem, pedia por Tamahome, mas também lhe dizia que Koji não iria gostar de saber disso. – Eu quero, mas não posso... Koji...

Tamahome levanta-se impaciente.

- Idiota. – xinga. – Vocês e essas besteiras românticas. Como conseguem viver com isso! – Ele sai batendo a porta de Tasuki com um forte estalo.

Tasuki joga-se na cama suspirando. Perdera a chance de ter Tamahome, mas era muito estranho saber que Koji o estava esperando e traí-lo para satisfazer simplesmente uma vontade de seu corpo. Talvez, Tamahome tivesse mesmo razão e isso fossem mesmo apenas besteiras românticas... mas talvez não.

- Mas que merda! – disse em voz baixa quando saiu do quarto de Tasuki, as luzes do palácio iam se apagando aos poucos e uma leve penumbra procurava aconchegar-se nos cantos dos corredores. - Esses Seishis idiotas! Só me dão trabalho!

Foi em direção à varanda e estranhamente encontrou a porta aberta, quando ia passando por ela tropeçou num tapete. Neste momento Hotohori entrava no palácio e Tamahome caiu por cima dele.

Um leve rubor tomou a faze de Hotohori, Tamahome caira por cima dele e agora encontrava-se entre suas pernas e algo vindo dele fazia-se sentir. Nada falou esperando uma reação de Tamahome, os dois ficaram a olhar-se por alguns segundos, um sentindo a respiração do outro, suas bocas muito próximas...

- Majestade?... – falou uma voz vinda as pressas assustado com o barulho provocado pela queda dos dois.

Tamahome levantou-se rapidamente, como se tivesse acabado de cair, e na maior naturalidade estendeu a mão para Hotohori, que aceitou a ajuda, morrendo de vergonha pela cena que os soldados encontraram.

- Me desculpe, Alteza! – disse Tamahome quase irônico, fazendo-lhe uma reverencia e seguindo par ao lado oposto. Desistira de sair.

Hotohori vira quando ele aproximou-se de um dos soldados já dispensados e lhe falara algo em seu ouvido. O homem corou de leve e foi em direção a Hotohori. Ele ficou a observar Tamahome, tentando controlar-se para que as lagrimas não começasse a aflorar desesperadamente por seu rosto.

Deixou que os soldados lhe acompanhassem até a porta do quarto. Ficou ouvindo os passos se distanciarem e abriu a porta devagar a tempo de ver o soldado de quem Tamahome se aproximara entrar no quarto dele. Chocado fechou a porta e jogou-se na cama em prantos, enterrando furiosamente a cabeça no travesseiro para que seu choro não fosse ouvido.

Tamahome ficara pensando em Hotohori desde o dia da trombada. Era normal pensar nele, mas o estranhava era a forma que estava começando a vê-lo. Nunca estivera tão perto dele quanto naquele dia, sentir sua respiração, estar perto de seus lábios... Aquilo fora fascinante! Imaginava-se a todo momento na cama com ele, ele gemendo de prazer e gritando seu nome...

Para ele, Hotohori parecia interessado também, uma vez que não o repudiara imediatamente. Pensou na hipótese de que aquele papo de Nuriko sobre Hotohori estar gostando dele fosse besteira e o que o Imperador queria realmente fosse uma noite de puro sexo que Nuriko não podia lhe dar.

Decidiu dar em cima de Hotohori ao invés de evitá-lo como vinha fazendo ultimamente, apenas para testar a reação dele.

Soube que Hotohori encontrava-se com os conselheiros e quando virou-se para ir embora os homem do governo começaram a retirar-se do salão de reuniões. Contudo, logo Miaka e Tasuki apareceram e entraram como ele para ver Hotohori. Conversaram um pouco e quando Tasuki percebeu a disfarçada irritação que sentia, cutucou Miaka e os dois deixaram a sala com desculpas mais do que esfarrapadas.

Hotohori suspirou cansado, a situação não estava muito boa e seus problemas estavam maiores a cada dia que passava.

- Não devia preocupar tanto essa sua cabecinha. – disse Tamahome devagar.

Hotohori levou um susto, ele ficara tão quieto e calado que esquecera-se completamente de sua presença ali.

Tamahome aproximou-se dele. Apoiando um braço no trono e o segurou pelo queixo, deixando suas bocas bem próximas uma da outra e falou mais devagar ainda:

- Você é tão bonito, Hotohori. – afastou uma mecha de cabelo que lhe caia no rosto e continuou. – E fica tão diferente quando trata de assuntos mais sérios.

- Tama... home – balbuciou sem reação. Porque Tamahome fazia isso agora? Era algum tipo de brincadeira? Se sim, era de muito mau gosto.

O corpo de Hotohori tremia inteiro e seu coração se acelerara de tal maneira que ele sentia como se fosse romper o seu peito a qualquer minuto. Tamahome aproximou mais ainda a boca da de Hotohori e beijou-o. Abobalhado, Hotohori deixou-se beijar e retribuiu com paixão o beijo inesperado de Tamahome.

Tamahome esticou-o para cima, para que Hotohori ficasse de pé e fez o beijo ficar ainda mais ardente, suas mãos passeavam pelas costas e cabelos de Hotohori, retirando-lhe o objeto que prendia as grandes e sedosas madeixas do imperador, enquanto este abraçava seu pescoço.

- Hotohori porque não...? – Nuriko cala-se chocada, atrás dele Chiriko pára a milímetros de se baterem.

O casal separa-se surpreso. Hotohori desvia o rosto envergonhado, seu corpo pegava fogo de excitação ao ser beijado pela primeira vez e de forma tão selvagem, seu rosto estava vermelho e não apenas de vergonha e seus lábios um pouco inchados com o beijo de Tamahome, tentava em vão arrumar o cabelo todo desfeito, e não teve coragem de olhar para os dois.

Nuriko ainda estava parada olhando para os dois com Chiriko um pouco atrás. Este esticou-se e olhou para Hotohori, que agora estava de costas para eles sem mexer-se, depois para Tamahome de pé, sério como uma estatua a olhá-los. Levantou a sombracelha querendo entender o que estava acontecendo ali, tentou chamar a atenção de Nuriko, que parecia ter se petrificado. Ele a esticou pelo braço e saíram dali.

Tamahome agira como se nada estivesse acontecendo, sempre sério, ficou apenas a olhar enquanto Chiriko arrastava a estática Nuriko para fora do salão, fechando em seguida a porta. Virou-se para Hotohori que continuava de costas e o tocou nos ombros, fazendo-o olhar para ele novamente.

- Eles já foram. – disse carinhosamente, alisando-o o rosto, estranhou o próprio jeito de falar, essa mansidão não era comum nele. Começava a achar engraçado a vergonha exagerada que Hotohori sentia das pessoas. Deu-lhe um beijo de leve sobre os lábios e saiu.

Hotohori caiu sentado em seu trono. Não conseguia acreditar no que acontecera, Tamahome lhe beijara realmente, seu primeiro beijo e com alguém que ele gostava de verdade. Sentia-se tão feliz que podia inchar e voar pelos ares de tanta felicidade. Tantas e tantas sensações lhe passavam pela mente e pelo corpo, principalmente pelo corpo e ele assustou-se com todas elas. Um fogo lhe subia pelo tórax e lhe queimava a face, mas era uma sensação toa boa, toa gostosa... tão ardente. Sentiu vergonha de si mesmo, não deveria ficar pensando nessas coisas... mas porque não se eram toa boas? Ninguém nunca lhe dissera que era proibido amar e era isso que fazia agora, amar. Que sensação boa era amar, poderia morrer agora e morreria feliz.

Dias depois e por diversas outras vezes desejou ter morrido naquela tarde que Tamahome o beijara pela primeira vez. Se soubesse quanta dor e sofrimento ainda lhe estava reservado gostaria de ter morrido naquele mesmo instante.

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Bem, nesse capitulo teve a resolução do romance de Mitsukake e Chichiri, algo bem rápido que eu estava pensando em fazer uma short fic para eles, mas resolvi colocá-los aqui mesmo.

Estou fazendo um Tamahome bem confuso em relação aos seus sentimentos, como eu acho que ele realmente é. Ainda tem muita coisa para vir pela frente, e se duvidar eu até faço gente chorar prepotente, não? ) ... isso tudo se eu souber escrever... ai, ai...

Bem até o próximo capítulo.

Bjinhos!