Capitulo 3

- Eu pensei que você não quisesse nada com Hotohori. – disse Nuriko com a voz mais sarcástica que pode, quando encontrou Tamahome sozinho no jardim do palácio.

Tamahome a olhou sério e devolveu-lhe um riso de sarcasmo.

- As pessoas podem mudar de idéia. – disse olhando de cima a baixo para ela que agora vestia-se como um homem. – Não é mesmo... Korin?

- Ridículo Tamahome. – ela disse corando. – Você é mesmo ridículo! Mas por favor, não faça Hotohori sofrer com esses seus modos tão mau-educados! – Saiu aborrecida.

Tamahome ficou a pensar. Talvez não devesse ter beijado Hotohori, pois os sentimentos dele podiam mesmo ser bem diferentes do que ele imaginava. O imperador podia querer algo mais romântico e ele não tinha paciência para essas coisas. Sentou-se no gramado suspirando. Essa vida não era nada daquilo que ele imaginava um dia viver.

Foi novamente a sala do trono do palácio. Hotohori estava sozinho e parecia muito pensativo, quando Tamahome chegou, ele sorriu e levantou-se indo abraça-lo. Acomodou a cabeça no ombro de Tamahome, que o beijou ternamente.

Sentira o cheiro dele migrando para seu corpo, o carinho pelo qual era abraçado, e os lábios quentes e doces de Hotohori, era um tanto... desconfortante. Isso por que lhes eram ternos demais, não estava acostumado a ser abraçado desse jeito por outro homem, pois em geral os tinha na cama por no máximo duas noites de sexo, depois continuavam a viver suas vidas. Separou-se dele por um instante.

- O que foi Tamahome? – Hotohori perguntou sentindo-se meio confuso. – Não gostou de meu beijo?

"Que pergunta boba!", pensou passando os dedos pela bochecha do Imperador. Era tão suave o seu rosto.

- Não é isso. – respondeu com tranqüilidade. – Seus lábios são doces, tão suaves... – e o segurou pela nuca puxando para mais um beijo que lhe foi prontamente retribuído.

Uma de suas mãos continuava a segurar a nuca de Hotohori, entrelaçando os dedos por seus longos cabelos que caiam livres por suas costas, enquanto a outra começava a correr o braço do Imperador, lentamente passando para seu tórax, correndo por sua cintura, e quando sua mão tocou-lhe a nádega, Hotohori corou e recuou um passo, afastando-se de Tamahome totalmente vermelho.

- O que foi? – perguntou confuso, olhando para Hotohori, que estava com a cabeça virada para o lado sem querer encará-lo. Então um raio de esclarecimento veio a sua mente e um sorriso malicioso tocou seus lábios, Hotohori era muito... recatado... talvez ele achasse que o tacara muito ousadamente?

O leve sorriso ainda tocava seus lábios quando ele se aproximou de Hotohori e o beijou novamente, ele tentou protestar, mas logo se rendeu ao beijo devorador do outro.

Continuaram assim por toda a semana, Tamahome tomava cuidado com seus movimentos para não "assustar" Hotohori, talvez ele não tivesse mesmo acostumado à ações mais ousadas por parte de seus amantes. Ao pensar nisso, sentiu um pouco de raiva, pensar que outros já tinham tocado naquele corpo de Hotohori o deixava frustrado... ele só não sabia o porquê.

- Você e o Imperador estão de caso? – comentou Tasuki pondo um tom irônico na voz. Tamahome para variar, estava no quarto de Tasuki, sentado na cama do lado, enquanto o outro Seishi fazia acrobacias na cama, sentando-se, deitando-se ou apoiando-se nos ombros a depender do assunto que conversa com o amigo. Dessa vez ele sentava de frente para Tamahome, seus joelhos estavam quase tocando-se no pequeno espaço que separava as camas.

- Eu não diria isso. – respondeu no mesmo tom. Seus pés mexeram-se no chão e ele levantou um pouco uma das pernas roçando o pé no joelho de Tasuki.

Ele fingiu que não sentiu esse gesto do amigo e espantou uma mosca imaginaria de sua frente. Mas Tamahome não quis disfarçar, levantou-se um pouco e desceu sua calça, mostrando sua avantajada ereção. Tasuki ficou parado tentando se concentrar para não se excitar também. Tamahome sorriu malicioso. Desejava tanto Tasuki que apenas estar perto dele deixava-o excitado, sabia que não ficaria em paz até de possuir Tasuki. Não queria ficar enrolando, conversando besteiras, muito menos falar de Hotohori nesse momento, queria partir mesmo para os finalmentes...

- Você não quer me experimentar, Tasuki? – ele falou.

Tasuki respirou fundo, o pênis de Tamahome convidava-o a sentir o seu gosto, convidava a sua boca. Tentou virar o rosto, mandar ele subir as calças e sair de seu quarto, afinal essa não era a primeira investida de Tamahome e este não parecia nem um pouco desconfortável com essa situação. Queria fugir, queria... o queria, não podia negar que não o desejava e não estava conseguindo controlar-se e aquele membro tão convidativo... Ele finalmente se abaixou entre as pernas do Seishi e teve sua cabeça guiada para a ponta do membro dele.

Tamahome controlou um gemido ao sentir a língua de Tasuki lamber a cabeça do pênis. Logo estava com todo o membro na boca do outro e com a língua dele passeando, brincando em seu pênis. Lembrou-se que a porta não estava bem fechada, mas desligou-se disso, não iria interromper o seu prazer por uma coisa tão besta.

Tasuki massageava com a língua o pênis de Tamahome, este empurrava devagar o quadril, fazendo com que o membro tocasse com força a garganta do outro. O bandoleiro começou a chupar com cuidado para que seu dente não machucasse Tamahome e quando pegou o jeito pôs mais empenho e sugou com mais força, arrancando um grito alto de Tamahome.

Quase engasgou quando o seishi expeliu um jato forte do sêmen dele em sua boca, engoliu parte do liquido e cuspiu o resto, continuando de cabeça baixa, enquanto Tamahome jogou-se na cama arquejando. Estava muito envergonhado por sua atitude. Nem ao menos sabia como olhar para a cara do amigo depois disso. Virou o rosto e subiu na cama enfiando a cabeça no travesseiro.

Tamahome depois de recuperar-se, levantou e chegou perto do amigo, beijando-lhe o pescoço. Tasuki tremeu, mas não olhou para ele, resmungou alguma coisa que não foi entendida por Tamahome e quando este perguntou o que dissera ele levantou-se muito vermelho.

- Me deixa em paz. – disse com os olhos baixos. – O que mais você quer de mim?

Tamahome sorriu e beijou-o na boca, empurrando o próprio corpo para cima de Tasuki. Foi logo afastado pelo outro Seishi.

- Para com isso Tamahome! – exclamou Tasuki irritado. – Você não já teve o que queria.

- Mas eu quero você, Tasuki! – Tamahome retrucou com a cara mais descarada do mundo. –Você inteiro.

- Não vai ter. – sentenciou o seishi o empurrando e quase o derrubando da cama. Seu corpo ardia de desejo e seu coração de pesar, precisava manter-se afastado de Tamahome de qualquer forma. – Sai daqui, Tamahome!

- Por que eu sairia? – Tamahome indagou ainda provocante.

- Porque eu tô mandando e aqui é meu quarto. – falou olhando bem no rosto dele.

Tamahome bufou.

- Está bem, está bem. – disse levantando os braços em sinal de rendimento. Suspendeu a calça que ainda estava no meio das pernas e olhou mais uma vez para Tasuki como se esperasse que ele mudasse de idéia. Vendo que o outro continuava impassível, abriu a porta, percebendo que esta estivera mesmo entreaberta, olhou para o corredor, procurando algum movimento estranho, mas não havia ninguém ali. Saiu batendo a porta e suspirando derrotado... ainda não fora dessa vez.

Tasuki respirou aliviado e enterrou novamente a cabeça no travesseiro, chorou arrependido do que fez e pensou em Koji. Seu colega bandoleiro, por quem sempre fora apaixonado, mas nunca teve coragem de declarar-se com vergonha e medo de ser rejeitado. Deixara-o como líder dos Bandoleiros e prometera que voltaria para retomar o seu lugar, e prometera também que lhe contaria uma coisa muito, mas muito importante.

Não sabia qual eram os sentimentos de Koji quanto a ele, mas desejava ferrenhamente que seu amigo sentisse o mesmo. Ficou indeciso sobre contar ou não isso para ele, já tinha decidido se declarar, essa era a coisa importante, mas agora... agora continuava decidido a contar, mas estava em dúvida se faria isso antes ou depois de confessar o que acontecera entre ele e Tamahome.

Tamahome saiu aborrecido do quarto de Tasuki. O que tinha demais em transar com ele? Ora, era só sexo, afinal de contas. Que Tasuki gostasse do outro cara e tal, mas ele estava longe agora e não conseguia ver nada demais em estar com outra pessoa.

Resolveu sair para espairecer um pouco, não havia nada para fazer no palácio, mas quando estava a meio caminho de sair, voltou ao ouvir um choro baixo, que logo descobriu estar vindo do quarto do Imperador. Parou um pouco distante olhando para os dois lados e ficou indeciso sobre entrar ou não. Finalmente bateu na porta uma, duas vezes, na terceira recebeu permissão para entrar.

Hotohori estava senado na cama e encarou Tamahome sério. Ele ficou em pé de frente para o Imperador em nada dizer durante alguns minutos.

- Você estava chorando, Hotohori? – Tamahome perguntou estranhando.

- Não. Por que a pergunta? – respondeu Hotohori.

Tamahome percebeu que ele estava mentindo, pois seus olhos estavam um pouco vermelhos e ainda molhado pelas lágrimas.

- Por nada. – respondeu também e virou-se para sair. – Então, boa noite!

- Espere, Tamahome! – Hotohori quase gritou de ansiedade. Perguntou a si mesmo o que estava pensando em fazer? Em dizer a Tamahome? Vira ele com Tasuki minutos atrás, mas ainda assim seu coração não conseguia ter raiva dele, pelo contrário, preenchia-se de ternura e amor. Queria estar perto dele de qualquer forma. – Você vai fazer alguma coisa agora?

Tamahome fechou a porta e olhou bem sério para Hotohori. Aproximou-se da cama dele e sentou-se na ponta, alisando os lençóis de seda.

- Nada de especial. – respondeu com um brilho nos olhos.

Hotohori estremeceu, o que estava fazendo, se comportando como um garotinho e além do mais estava muito nervoso com a aproximação de Tamahome, ali em seu quarto, em sua cama.Tamahome retirou os sapatos e subiu completamente na cama, aproximando-se mais ainda de Hotohori, era isso que ele queria, ambos queriam isso e ele podia sentir.

Mil coisas se passavam pela cabeça de Hotohori e ele deixou Tamahome tocar seu rosto e deitar-se por cima de si, tomando sua boca num beijo delicado. Seu peito arfava e um estranho calor tomava conta de seu corpo, sabia que sensações eram essas e podia sentir que Tamahome também as tinha. Este, por sua vez, estava pronto para descarregar todo o seu tesão com o Imperador.

Os lábios do Seishi alternavam entre os lábios, o rosto e o pescoço do Imperador que só conseguia gemer baixinho embaixo dele. As mãos de Tamahome começaram a passear pelo corpo dele, entrando no kimono e encontrando seu mamilo que foi apertado arrancando dele um gemido rouco de prazer.

Hotohori começou a sentir seu membro responder as caricias feitas em seu corpo e corou envergonhado ao notar que Tamahome também respondia com mais intensidade. A fita que prendia seu kimono foi desamarrada e em poucos instantes estava nu com Tamahome entre suas pernas.

Tamahome olhou-o com um olhar lascivo e retirou sua camisa também, deitando-se por cima dele cobrindo-o novamente de beijos. Suas mãos exploravam-lhe o tórax e chegou ousada ao membro pulsante dele, quando o tocou foi empurrado para longe, caindo de bunda no chão.

- NÃO! – gritou Hotohori puxando um lençol para cobri-se.

- Mas que droga! O que aconteceu? – perguntou Tamahome muito aborrecido. Com raiva porque justo na hora que em que as coisas estavam ficando boas Hotohori dá esse ataque!

- Eu não quero isso. – Hotohori falou escondendo o corpo no cobertor. – Vá embora, por favor, Tamahome.

- Mas que idiotice é essa? – perguntou Tamahome aproximando-se novamente da cama, Hotohori recuou mais para cima, Tamahome balançou a cabeça negativamente e pegou a camisa na cama.

Hotohori fechou os olhos.

- Eu não acho que esteja pronto para isso, Tamahome. – ele respondeu.

- Hunf! Mas que baboseira. – ele falou abrindo a porta. – Você devia parar de agir como um virgenzinho assustado.

- Mas Tamahome eu... – ele tentou dizer, porém Tamahome bateu a porta com força. – sou virgem... – Tamahome não ouviu as últimas palavras do Imperador e ele se jogou na cama triste e completamente envergonhado pelo que quase fizera.

Tamahome ficou morrendo de ódio. Duas, duas tentativas fracassadas numa única noite. Estava sentindo-se o cara mais azarado de todo o reino de Konan e foi revoltado para o quarto, mas no meio do caminho puxou um dos soldados, precisava extravasar seu desejo e nenhum dos guardas do palácio se negava a deitar com ele.

Os dois Seishis mal se olharam durante vários dias. Seus amigos notaram que havia um clima estranho envolvendo ambos, mas nada diziam na frente deles. Nuriko estava muito triste, não consegui fazer Hotohori gostar dela e pior ainda tinha que vê-lo todo cabisbaixo pelo palácio e sabia bem de quem era a culpa. Resolveu interferir na situação, iria procurar Tamahome e fazê-lo ver a burrice que estava fazendo.

Tamahome também não estava nas melhores condições, depois do que houve no quarto de Hotohori ele ficava cada vez mais confuso. Era estranho o que senti ao estar perto dele, um conforto se apodera sem permissão de seu coração e seu corpo pedia pelo dele, mas não era somente de uma forma sexual. Era disso que ele estava com medo, parecia que pela primeira vez não desejava alguém de modo exclusivamente sexual. Isso o estava deixando muito preocupado...

Nuriko chegava numa das salas do palácio e encontrou Mitsukake e Chichiri conversando, já ia saindo, mas quando ouviu eles falarem de Tamahome e Hotohori bateu delicadamente na porta e entrou.

- Desculpe, eu não quis ser indiscreta. – disse um tanto envergonhada. – Mas terminei ouvindo os nomes de Tamahome e de Hotohori. – Será que posso saber do que estão falando?

O casal se entreolhou.

- Sabe o que é Nuriko... – Mitsukake começou. – ...nós achamos que... que deveríamos fazer com que o Imperador e Tamahome fiquem juntos. Eu sei que você gosta dele, Nuriko, mas...

- Não precisa se desculpar, Mitsukake. – Nuriko disse desviando o olhar. – Eu sei que não tenho chances com ele, eu nunca tive para falar a verdade, mesmo quando estive na Casa das Donzelas, agora pior ainda.

- Tamahome está confuso. – opinou Chichiri. – Acho que não sabe direito o que quer, entende?

- Hotohori está muito triste e tudo é culpa do cabeça dura do Tamahome! – ela disse revoltada.

- Só quero ver quem vai fazer Tamahome ver isso. – Chichiri disse olhando para o teto.

Ele e Nuriko olharam para Mitsukake ao mesmo tempo e ele deu um salto de onde estava sentado no chão.

- Mas por que eu? – ele perguntou levemente revoltado.

- Você é a pessoa mais segura para fazer isso aqui. – disse Chichiri.

- O mais maduro! – falou Nuriko.

- Tão me chamando de velho é?

- Que isso, Mitsukake. – falou Nuriko rindo da cara que ele fazia.

- Meu amor, você é apenas a pessoa que mais entende de outras.. – disse Chichiri sorrindo para ele. – VOCÊ é o mais indicado.

Nuriko e Chichiri olham para ele com olhos tão pidões que ele acaba se rendendo.

- Está bem, está bem. – ele disse suspirando derrotado. – Vou fazer isso, por vocês e por Hotohori, que está mesmo muito triste.

Para variar Tamahome estava novamente entediado no palácio de Konan, Hotohori o evitava a todo custo e os outros Seishis estavam se divertindo com seus próprios assuntos. Restava à ele apenas "brincar" com os soldados do palácio. Essa calmaria, ele sabia, era sinal de que uma situação bem mais complexa estava por vir, mas não queria preocupar-se com isso agora.

Ele sabia ser alvos dos incessantes olhares de Hotohori, aonde quer que fosse e o Imperador sofria com cada soldado que entrava no quarto do seishi. Resolveu então deixar de ficar quieto vendo toda a sacanagem que Tamahome fazia, pensou em dar uma punição para os soldados, mas achou melhor não fazer isso, estava prestes a entrar em uma guerra e além do mais só podia ser Tamahome quem os convencia a ir para a cama dele.

Hotohori ficou sentado do lado de fora do palácio, fingindo que meditava para que ninguém o atrapalhasse e abriu um pouquinho os olhos quando o soldado, que vira pouco antes entrar no quarto de Tamahome, seguiu para seu posto. Este veio em sua direção, deu-lhe um meio sorriso e já ia passado direto, mas Hotohori jogou-se na frente dele.

- Promiscuo! – acertando um tapa no rosto dele.

Tamahome tocou os rosto no lugar que o imperador acertou e olhou para ele com raiva. Que direito tinha ele de bater-lhe? Pensou até mesmo em revidar, mas aquietou-se, suspirou e encarou Hotohori de cabeça erguida.

- Está com inveja porque não pode me ter, Hotohori. – ele comentou sarcasticamente. – Pois é tão fresco que tem medo de deitar-se com um homem e por isso é que eu nunca vou dormir com você.

Para Hotohori essas palavras foram bem pior do que um tapa ou um soco no estômago. Quis gritar com ele, dar-lhe outro tapa ou cortar-lhe ao meio com a sua espada, mas tudo o que fez foi chorar. Levou as mãos ao rosto e saiu correndo para dentro do palácio.

"Mas que droga!", Tamahome pensou ao ver o estado de Hotohori. "Não devia ter dito aquilo, Hotohori ficou magoado. Preciso concertar isso. Mas que droga, agora vou ter que ir atrás dele." Bateu o pé no chão com raiva e começou a caminhar lentamente pensando e repensando em estratégias para chegar perto e no que falar quando chegar nele. Bateu uma, duas, três vezes e não houve respostas, resolveu abrir a porta a força e entrou de uma vez. Quando viu Hotohori mergulhado entre os lençóis e afogado em lágrimas, as palavras fugiram-lhe a mente, engoliu em seco e seu único pensamento foi correr até ele, abraçá-lo e dizer que gostava dele... gostava dele? Sacudiu a cabeça para livrar-se dessas palavras, endureceu seu coração novamente e falou com ele.

- Hotohori...? – Ele falou devagar.

Hotohori ficou a fitá-lo com as lágrimas a correr-lhe a face silenciosamente. Nada disse, baixou os olhos, pensou em gritar para ele sair dali, mas jogou-se de volta na cama e enterrou a cabeça no travesseiro novamente.

- Eu... não devia ter dito aquelas coisas. – Tamahome disse meio atrapalhado. – Sabe... foi um impulso... sei que você ficou triste por causa disso... eu...

- Você... só disse o que estava em seu coração Tamahome. – Hotohori falou limpando as lágrimas e segurando os soluços para tentar falar direito. – É isso mesmo que pensa de mim, que eu sou um fresco e que não sei de nada sobre a vida. Isso é o que você pensa, não é Tamahome?

Tamahome ficou calado, não era isso que pensava dele de verdade, queria dizer que o entendia, que gostava do jeito dele, mas não conseguiria de verdade dizer isso, ficou calado, de pé perto da porta, com o coração perto de sair pela boca tamanha era a apreensão causada por estar ali no quarto de Hotohori novamente. Sentia uma forte vontade de abraçá-lo e beijar seu rosto e seus lábios delicados. Cruzou os braços e enfiou as unhas na pele para mais uma vez afastar os pensamentos que tinha com o imperador.

- Pare com isso, Hotohori. – Ele disse desviando o rosto dos olhos dele. – Você parece durão para todo mundo, mas na verdade é uma flor de pessoa, tão frágil e necessitado de carinho. – Sentiu-se corar quando disse essas palavras, haviam saído sem querer.

Hotohori levantou-se da cama e aproximou-se devagar dele. Também estava surpreso pelas palavras dele e com o carinho que elas foram ditas. Se Tamahome disse aquilo, poderia sentir algo mais por ele. Sentiu-se um pouco mais seguro do que momentos antes e achou que podia falar o que sentia agora. Tocou-lhe o braço de leve, o que fez com que o seishi o encarasse, seus lábios se entreabriram devagar...

- Eu queria que a primeira vez que eu me deitasse com alguém fosse especial. – Ele disse baixo, apertando um pouco o antebraço de Tamahome. – Por isso eu fugi naquele dia, Tamahome... eu estava confuso, sem saber direito o que sentia por você... mas agora... agora eu sei... sei que.. eu... eu te amo.

O coração de Tamahome parou nesse momento, foi como se o tempo congelasse a sua volta e tudo o que viu foram os lábios de Hotohori pronunciar devagar as três últimas palavras. O que diria? O que faria agora sabendo que Hotohori estava apaixonado por ele... que o amava?

Descruzou o braço e tocou na mão de Hotohori que estava em seu antebraço, delicadamente a retirou e afastou-se do outro seishi.

Sinto muito, Hotohori. – ele disse olhando nos olhos dele, que imediatamente encheram-se de lágrimas. – Mas eu não sinto o mesmo por você. Não quero você dessa maneira.

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Pensou que seria muito fácil, né? Mas esses dois não ficarão juntos assim com tanta moleza não, muito sofrimento ainda estar por vier para o pobre Seishi Imperador. (Ah! Eu sou tão má com ele! Adoro fazer o Hotohori sofrer! )