METRÓPOLIS - SUICIDE SLUM
Enquanto isso...
Ao chegar no último andar, Lois abriu as grades e desceu do elevador. Olhou ao alto das escadas que davam acesso ao terraço, e viu a porta entreaberta. Cautelosamente, subiu os degraus e tocou a maçaneta da porta. Abriu-a lentamente e, sem sair, olhou para fora. Nada havia, exceto a vista para a parte miserável de Metropolis. Lois respirou fundo e resolveu encarar o que a aguardava. Deu alguns passos adiante, e olhou para os lados.
"Olá? Tem alguém aí?" chamou ela.
Subitamente, alguém surgiu por trás, e a agarrou pelo pescoço. Com os cantos dos olhos, Lois podia ver, nitidamente, uma faca apontada para sua jugular.
"Espera!" exclamou ela. "Podemos resolver isso amigavelmente!"
"Quem é você?" perguntou. Era a mesma voz que ouviu ao telefone, porém, muito mais rouca e agressiva.
"Ei, sabia que você está com uma gripe terrível?"
E Lois não pensou duas vezes. Antes que o estranho fizesse qualquer coisa, ela agarrou sua mão, torceu-lhe o braço e chutou-o no estômago. Ao encará-lo de frente, viu que ele usava máscara e luvas, e ainda não havia se desvencilhado da faca. Lois chutou então sua mão, para que largasse a arma, mas, assim que ele a deixou cair, puxou um revólver que estava à sua cintura, ocultado pelo casaco preto comprido.
"Lois!" chamou uma voz familiar vinda do térreo. Era Clark.
"Aqui em cima!" gritou Lois.
Foi quando o sujeito a empurrou com tudo, fazendo-a cair. Rapidamente, ele apanhou a faca caída ao chão e correu em direção ao parapeito do edifício. Lois levantou aos tropeços e tentou alcançá-lo, mas foi apenas o tempo dele se virar, guardar a faca e o revólver sobre o casaco, e saltar. Estarrecida, Lois correu o mais rápido que podia até o parapeito, e viu que ele havia saltado para o terraço do prédio ao lado. Era um salto praticamente impossível, pensou ela.
"Lois!" chamou Clark, aproximando-se. "Você está bem?"
Surpresa com a rapidez de Clark, porém, Lois só conseguia pensar numa coisa:
"Temos que alcançá-lo!" apontou ela.
Ao ver o mascarado correndo no terraço do prédio ao lado, Clark olhou para baixo como que para calcular a altura, mediu rapidamente com os olhos a distância, e quando ia se preparar para saltar, Lois o agarrou pelo braço.
"Ei, você não voa, tá lembrado?" disse, puxando-o pela mão e correndo na direção da porta. "Pelo elevador é mais seguro!" exclamou ela, entrando, e apertando o botão para o térreo. Clark entrou logo atrás e fechou a grade de correr, certo de que não o alcançariam mais.
"Quem é ele?" indagou.
"Não faço a menor idéia!" respondeu ela, apertando o botão repetidamente, como se chegasse mais depressa ao térreo ao fazê-lo.
De repente, o elevador parou entre o décimo segundo e o décimo primeiro andar, e houve um grande ruído.
"O quê foi isso?" perguntou ela, olhando para o alto, preocupada.
"Deve ter enguiçado" deduziu Clark, abrindo a portinhola do teto, quando, então, houve um outro ruído.
"Espera" disse Lois, vendo se havia algum botão de emergência.
"Lois, não tem ninguém no prédio" disse Clark.
"Não me diga!" exclamou ela, virando os olhos. "Só que deve haver um comando que faça essa coisa voltar a funcionar!"
"Lois, isso aqui é muito antigo. Deixa que eu resolvo" disse ele, empurrando-a gentilmente para o lado para subir pela portinhola que dava acesso ao teto do elevador. Mas antes que Clark chegasse ao outro lado, o elevador estremeceu, e Lois o puxou de volta.
"Tá maluco, Smallville? Essa velharia pode despencar a qualquer momento!"
Clark a encarou.
"Tem alguma idéia melhor?"
"Tenho! Pega o seu celular e liga pra Chloe!"
"Eu não trouxe o meu celular" disse ele, desanimadoramente.
"Como? Você não trouxe o celular?" indagou Lois, incrédula. "Você vem a esse fim de mundo que é Suicide Slum, sem celular? Aliás, como chegou aqui?"
Clark a encarou.
"Pelo menos eu cheguei, não é mesmo?"
Lois suspirou.
"Tudo bem" disse ela, empurrando-o para o canto. "Vamos resolver isso de uma vez"
Lois escalou as grades da porta do elevador e se segurou na beirada da portinhola superior, por onde Clark tentou subir minutos antes.
"O quê está fazendo?" indagou ele, indignado, já que era exatamente o que ele pretendia fazer.
"Ajuda aqui, Smallville" disse ela, pedindo apoio para subir.
Dando-se por vencido pela teimosia de Lois, Clark se aproximou e a ajudou a subir. Foi quando o elevador novamente estremeceu, e Lois caiu desajeitadamente sobre ele.
Diante da situação, mais do que constrangedora, com o rosto a menos de meio palmo do de Clark, Lois se levantou mais do que depressa:
"O quê você fez?" perguntou ela, furiosa.
"Eu não fiz coisa alguma!" respondeu Clark, ainda mais furioso, também se levantando rapidamente. "Quem criou essa confusão toda foi você!"
"Como?" indagou ela, com as mãos na cintura, desferindo um olhar mortal para Clark. "Eu estava arrebetando lá em cima! Não fosse por sua causa, eu teria conseguido alguma coisa com aquele cara!"
"É, talvez um tiro! Não sei se você notou, mas ele estava armado" replicou ele. "O quê você acha que um sujeito mascarado e armado iria querer no terraço de um edifício abandonado em Suicide Slum?"
"Você é tão irritante, Smallville" retrucou ela. "Pelo menos a Chloe sabe onde estamos" disse ela, cruzando os braços, conformando-se com o fato de que provavelmente teriam que esperar pela ajuda.
Mas Clark lançou um olhar perdido, com as sobrancelhas arqueadas.
"Espera ai" disse Lois, percebendo alguma coisa errada. "Não me diga que ela não sabe onde estamos"
Clark não respondeu. De fato, Chloe sabia apenas que o carro de Lois estava estacionado a quadras de distância dali. E ele só conseguiu descobrir onde Lois precisamente estava, com auxílio de sua super-audição.
"Isso só pode ser um pesadelo!" exclamou ela.
Clark olhou ao redor. Não havia o que pudesse fazer sem os seus poderes, e não poderia se expor diante de Lois. O jeito era esperar que alguém os encontrasse a tempo. A tempo de Clark não perder a cabeça.
Continua...
