Lois e Clark seguiram o estranho até o The Ace O'Clubs. Ou seja, praticamente fizeram o caminho todo de volta por Suicide Slum.
"Não acredito que voltamos ao começo" disse Clark parado à esquina, enquanto ele e Lois o viam entrar no bar.
Lois sorriu.
Quando entraram, viram que o lugar não era totalmente ruim como a maioria dos estabelecimentos em Suicide Slum dava a impressão de ser. Era um bar relativamente decente. Não estava cheio. Havia poucas pessoas sentadas às mesas e um barman de meia idade. Clark notou que havia dois seguranças. Um próximo à porta da entrada e outro nos fundos, perto do banheiro.
"Você o está vendo?" perguntou Lois.
Clark deu uma boa olhada no lugar, inclusive utilizando sua visão de raio-x, e viu alguém com um casaco comprido lavando as mãos no banheiro.
"Ele deve estar no banheiro" comentou.
"Vai lá, e vê se descobre alguma coisa" empurrou Lois.
Clark a encarou, atônito.
"Eu não posso entrar no banheiro masculino, Smallville!" explicou ela.
E ele fez então o que ela pediu.
Ao notar que só havia homens no local, os quais todos passaram a encará-la quando Clark a deixou, Lois arqueou as sobrancelhas e foi até o bar.
"Vai beber alguma coisa?" perguntou o barman mais velho.
"Não, por enquanto não" respondeu ela. De fato, ela até achava que precisava de um drinque. Aquela havia sido uma noite bem fora do comum. De repente, enquanto observava o barman limpando um copo, imaginou já tê-lo visto antes. Sua fisionomia não lhe era estranha.
"Você não é Bibbo Bibbowski?" perguntou ela, então. "O lutador de boxe?"
"Numa outra vida!" respondeu ele, com um sorriso.
"Não é todo dia que se encontra um campeão peso-pesado!" exclamou ela.
"É... esses tempos já eram!" disse ele, sorrindo, enquanto limpava um copo e o colocava junto com os demais.
Lois sorriu de volta, mais à vontade com o lugar.
"Vocês não são daqui, não é mesmo?" perguntou ele.
"Dá pra notar, é?" sorriu ela.
"Espero que não estejam procurando encrenca" advertiu ele, com um pequeno sorriso.
Lois então olhou preocupada para os fundos, em direção à porta do banheiro masculino.
Clark entrou no banheiro e o sujeito estava apoiado na pia. Parecia pensativo. Como não chegou a ver direito a pessoa que esteve no telhado com Lois, apenas imaginou que podia ser o mesmo por conta da semelhança com o casaco. O estranho levantou os olhos para o espelho e viu Clark pelo reflexo, o qual o fitava parado ao lado da porta. Rapidamente, ele se ajeitou e se virou para sair. Mas Clark não lhe deu passagem até a porta.
O sujeito, que não era mais alto do que Clark, encarou-o nos olhos.
"Você estava no telhado daquele edifício abandonado, não é mesmo?" arriscou Clark.
O sujeito rapidamente tirou uma arma de fogo de dentro do casaco e apontou para Clark, que deu um passo para trás.
"Você quase matou minha amiga lá em cima"
"Eu poderia, mas não o fiz" disse ele, com sua voz rouca.
"Você a agrediu" insistiu Clark.
"Ela não devia estar lá"
"Então você pretendia matar minha amiga Chloe Sullivan" continuou Clark.
O sujeito então abaixou a arma.
"Você a conhece?" perguntou ele.
Clark o encarou.
"O quê você quer dela?"
Ele então suspirou.
"Não tenho mesmo outra alternativa" disse, colocando a arma de volta à cintura, e tirando alguma outra coisa de dentro do bolso do casaco.
"O quê está fazendo?" perguntou Clark, preocupado.
"Quero que entregue isso a ela" disse ele, entregando-lhe um envelope.
Clark pegou o envelope.
"O quê é?"
o sujeito então deu um pequeno sorriso, que logo foi tomado por uma expressão de profundo pesar.
"A verdade" respondeu ele.
"Qual o motivo disso tudo?"
"Eu não tenho muito tempo. E ela tem coragem. Vai saber o que fazer"
Clark o encarou. Havia algo estranho naquele homem de cabelos loiros e desgrenhados, barba por fazer e olhos cansados.
"Quem é você?" perguntou.
"Uma sombra" respondeu ele.
"Clark!" chamou Lois, batendo à porta do banheiro.
Clark se virou, e quando se voltou para o estranho, ele saía pela janela do banheiro.
"Espere!" chamou Clark, indo na sua direção e segurando-o pelo braço. Ele se virou para ver Clark. Seus olhos estavam cheio de lágrimas. Ao notar que aquele homem estava profundamente atormentado por alguma coisa que certamente dizia respeito ao conteúdo do envelope, Clark disse: "Eu posso ajudá-lo. Vamos à polícia, e sejá lá o que for, vamos resolver"
"Ninguém pode ajudar" disse ele. "É só uma questão de tempo"
"Não posso deixá-lo ir embora desse jeito. Sinto muito, mas vai ter que vir comigo"
O sujeito então se desvencilhou abruptamente de Clark e saltou pela janela.
"Espere!" chamou Clark.
"O quê foi isso?" perguntou Lois, abrindo a porta, e vendo Clark olhando pela janela para ver onde dava, já que era estreita demais para ele passar.
"Lois!" exclamou ele ao vê-la. "Guarde bem isso!" pediu, enquanto passava por ela pela porta, apressado. "Vou ver se consigo alcançá-lo!"
Lois pegou o envelope assustada, e correu atrás de Clark.
Continua...
