"Não adianta" disse Lois, após correrem quatro quarteirões. "Nós o perdemos!"

Clark parou à uma esquina, e olhou para todos os lados. Realmente, nada mais podiam fazer. E o que mais o intrigava era o fato de que aquele sujeito tinha algo excepcional. Talvez, imaginou ele, uma habilidade sobre-humana. Algo que o fizera saltar com exímia destreza de um prédio a outro horas antes e que simplesmente o fizera fugir e desaperecer com facilidade.

"Quem era ele?" perguntou Lois.

"Não sei" respondeu Clark olhando para ela, e depois para o envelope que segurava. "Mas quem quer que seja, estava perturbado demais com o que tem nesse envelope"

"Bom, então vamos ver o que é" disse Lois.

"Acho que não é uma boa idéia -" disse Clark.

Mas era tarde, Lois já havia rasgado o lacre. E Clark apenas se aproximou para também ver o que era seu conteúdo. Viram, então, surpresos, que eram diversos documentos com o logotipo da Luthorcorp. Pesquisas e projetos. Coisas das quais Clark já sabia por intermédio de Milton Fine e de Arthur Curry, mas das quais jamais teve acesso mediante provas documentais.

"Bingo!" exclamou Lois, com um pequeno sorriso no canto dos lábios, caminhando em direção a um carro estacionado próximo de um poste de luz para ver melhor. "Parece que alguém andou fazendo a lição de casa com afinco"

Clark pegou alguns dos papéis. Diziam respeito a pesquisas da Luthorcorp em animais e em seres humanos. Mencionavam, especificamente, pesquisas num infame andar 33.1. Constavam, ainda, alguns relatórios do extinto nível 3. Olhou então para as datas dos projetos. Eram todos recentes. E ele finalmente teve a certeza de que Lex não era nem um pouco diferente de seu pai. Tudo o que Lionel fizera no passado, Lex dava continuidade.

Lois suspirou.

"Isso não deve ser nem a ponta o iceberg" disse ela, juntando tudo e colocando de volta no envelope.

Clark estava pensativo, enquanto entregava os documentos que estavam com ele para que Lois pudesse também guardá-los.

"Sinto muito" disse ela, encarando-o nos olhos.

Apesar de tudo, Lois sabia que um dia Clark foi muito amigo de Lex e que, muito provavelmente, descobrir a verdadeira face deste era um golpe duro. Mas Clark não parecia tão abalado. Estava um pouco desconcertado, mas não abalado. Nos dois últimos anos, seu relacionamento com Lex já não era mais o mesmo. O amigo havia mostrado quem realmente era anos antes. Prometeu mudar. Mas nem por isso Clark voltou a confiar plenamente nele. Agora, tinha certeza de que Lex realmente não havia mudado, e que não havia mais esperança para ele.

Clark suspirou. Todos estavam certos sobre Lex. Seu pai, o Professor Fine, e tantos outros que cruzaram seu caminho.

"Vamos embora daqui" disse.

Lois e Clark caminharam em silêncio por mais algumas quadras, quando, de repente, um Volkswagen vermelho parou ao lado deles.

"Achei que nunca mais os encontraria!"

"Cho!" exclamou Lois, feliz ao rever a prima.

Chloe sorriu, extremamente aliviada por finalmente encontrá-los, após dirigir por vários becos e ruas. Notou, então, enquanto os observava entrarem no carro, não apenas o envelope pardo que Lois segurava, como também, algo diferente neles dois. E, muito mais do que exaustão, teve a certeza de que seus dois melhores amigos haviam passado por muita coisa naquela noite.

Continua...