Disclamer: Saint Seiya e seus personagens obviamente não me pertencem. Esta fic obviamente também não tem fins lucrativos. Música incidental: Cotidiano – Chico Buarque – Todos os direitos pertencem ao autor.

Comentários da Autora: Está sendo um grande prazer escrever esta fic e gostaria de agradecer a todos que estão acompanhando. Tenho procurado fazer da melhor maneira possível, mas paciência, como eu já disse, está é a minha primeira fic. Abraços a todos. Por favor, deixem seus comentários não custa nada...

Observação: A princípio não pretendia explorar o relacionamento de Shion e Dokho porém sei que o capítulo anterior deixou algumas lacunas em aberto. Não vou responde-las aqui. Em breve prometo uma side contando mais amiúde o relacionamento ShionXDokhoX "mãe de Mu".


Colocando tudo em pratos limpos...ou a Batalha Final

O clima no Santuário ficou bastante modificado após todas as revelações de Shion. As reações foram diversas, porém aqueles realmente envolvidos com a história ainda não sabiam como lidar com todas as verdades. Mu e Shaka se recolheram ao templo de Virgem, mas qualquer um que passasse próximo aquela casa era capaz de sentir a tensão presente no ar. Shaka tentava compreender a revolta de Mu e consola-lo porém a paciência nunca foi uma de suas grandes virtudes.

Shion e Dokho se mantiveram completamente reclusos e ninguém fazia idéia do que realmente acontecia atrás das paredes do Templo de Áries.

Saori entrou em parafuso com tudo que soubera a respeito de si mesma. Seu lado humano e seu lado divino, mais que nunca entraram em conflito. Seiya tentava ajudar mas não era um especialista em psicologia.

O resumo de tudo era um clima que poderia ser tocado por qualquer um de tão pesado que estava; conflitos e confusões aqui e ali e a discórdia imperando em cada parte do Santuário. Até casais já bem estruturados como Milo e Camus, Marin e Aiória entraram em crise nesse momento.

As coisas não poderiam continuar indefinidamente daquela maneira ou estariam perdidos. Saori sabia que as coisas deviam partir dela. Era a reencarnação da Deusa Athenas e deveria colocar os interesses da humanidade acima de seus sentimentos particulares. Chamou todos para uma reunião informal nos jardins do salão do mestre. Precisavam acertar seus ponteiros a qualquer custo.

Os cavaleiros foram chegando cabisbaixos e silenciosos.

- Saori, você tem certeza que isso é mesmo necessário?

- Certamente. Todos aqui têm suas razões para não estar com o melhor dos ânimos, porém devem se lembrar que acima de tudo são os cavaleiros da justiça. Temos que resolver agora nossos problemas pessoais.

- Saori, te respeito muito, mas você acha que é tão simples assim? – Mu foi o primeiro a se manifestar depois das declarações de Saori.

- Não creio que seja simples, mas creio que seja necessário.

Shion estava com a cabeça baixa. Lágrimas banhavam seus olhos, mas teria que ser forte e aceitar o que viesse. Dokho segurava suas mãos e no íntimo tinha vontade de partir pra cima de Mu e encher a cara dele de porrada até que ele deixasse de agir como um garoto mimado. Decididamente Shion havia mimado demais aquele garoto. Mas não podia fazer nada se não quisesse perder o ariano novamente.

- Passei a minha vida inteira me acreditando órfão, cresci sozinho e discriminado, morri, ressuscitei, fui afastado do meu amor, virei criança, dei meu sangue pelas armaduras sagradas e vocês querem que eu encare tudo como se fosse natural?

Shaka já não agüentava mais esse discurso de Mu, ele estava parecendo um velho disco de vinil arranhado. Estava realmente na hora de dar um basta nesta história. Pela primeira vez concordava com Saori.

- Mu chega! – Shaka dá um grito. Todos olham para ele espantados e se mantém em silêncio. Mu esboça uma reação, mas se cala com um gesto de Shaka.

- Querido, agora você vai me ouvir. Durante todos estes dias me mantive calado. Sei que tudo que ouviu e descobriu não é o que se pode chamar de trivial, mas creio que você já passou dos limites do aceitável. Quando vai parar de olhar para seu próprio umbigo? Quando vai acabar esta auto piedade? Você acha que é o único a sofrer aqui? E Saori, sua irmã? Além de tudo ela tem que carregar o fardo da divindade e não está se lamentando nem lambendo as próprias feridas, está tentando lutar e nos fazer lutar. E Dokho, será que ele não foi o mais atingido por toda essa história? Você o viu esmorecer? O viu deixar de lutar por aquele que ama? E seu pai? Não ouse dizer que Shion não é seu pai, porque ele o é e sempre te tratou como um filho. Você foi discípulo do Grande Mestre do Santuário que deu a sua vida e a sua felicidade por você e por sua irmã. Deixe de ser tolo! Você sempre foi especial para mim. Sempre admirei sua força e sua sabedoria, por favor, meu amor, não me descepcione, eu não agüentaria.

Shaka acaba seu discurso e senta-se. O pesado silêncio mantém-se por todos no jardim. Era possível ouvir o som do leve farfalhar das folhas.

Mu ouvira tudo que Shaka falara e percebera que ele estava correto. Estava tão preocupado com sua própria dor que não vira mais nada a sua volta. Precisava perdoar a todos, começando por perdoar a si mesmo. Precisava do amor que todos ali tinham para lhe dar e ele egoisticamente negava, se achando a última das criaturas.

- Saori, Pai, Shaka, vocês são capazes de me perdoar? Shaka meu amor, você tem toda a razão. Eu nunca tivera meus sentimentos e minha organizada vida tão testada como agora. De uma hora para outra, tudo que eu acreditava como verdade absoluta foi posto a prova ou questionado e eu não soube como lidar com isso, não soube abrir meus olhos e meu coração para entender aqueles que estão a minha volta e receber todo o amor que vocês estão me dando. Seriam todos capazes de perdoar este ariano tolo e cabeça dura?

As lágrimas agora banhavam o rosto de todos ali presentes. Uma enchente digna da ira de Poisedon estava acontecendo naquele jardim.

Shion apenas levantara o rosto e sorrira. Abrira os braços em sinal de perdão. Sinal este perfeitamente compreendido por Mu que se encolheu nos braços do pai. Dokho sorrira francamente, o último problema entre ele e Shion estava acabado, agora poderia ser feliz. Saori também foi se abraçar com o pai e o irmão. A família agora estava reunida e sem mágoas. Muitas vezes é preciso colocar as coisas em pratos limpos para que tudo se resolva e nada como uma mãozinha de quem está de fora.

- Olhem só, a melação está linda, fico muito feliz por todos, mas será que a gente pode partir logo para a ação e pensar em como vamos resolver os nosso reais problemas? Não sei quanto a vocês, mas eu não sou lemuriano e não tenho a menor vontade de acabar meus novos dias de esbórnia, quer dizer de vida, pendurado numa árvore como um porco.

Só mesmo Milo para cortar o clima...

- Milhucho, até que enfim saiu algo que presta dessa boquinha linda.

Camus direciona um olhar gelado a Afrodite. Todos sentiram o ar em volta cair alguns graus.

- Desculpe geladinho, eu sei que o bofe ai tem dono, mas que ele tem uma boquinha linda tem...

Camus rosna alguma coisa em francês que ninguém se esforçou muito para entender.

- Mon ange, creio que não temos mais nada a fazer aqui. Vamos?

Milo se levantou em silêncio seguindo Camus. Seria mais seguro para todos, sabia o quanto aquele aquariano poderia ser ciumento. O ciúme não era apenas uma característica sua, se fosse com ele, Afrodite já teria virado picadinho, então era melhor se retirar antes que todos virassem picolé.

Quando o casal sai a risada foi geral.

- Que roubada você arrumou pro Milo, hein Dido?

- Que nada. Milo sabe como lidar com o cubo de Gelo ciumento. Mas me digam, não é ótimo vê-lo perder a calma?

- Decididamente você não tem a menor noção de perigo. Acho que também está na hora de me retirar. Tem uma amazona de sangue quente lá em casa me esperando.

Aos poucos os cavaleiros vão se retirando, no final ficaram apenas Shaka, Mu, Shion, Dokho, Saori e Pégasus, que nada falara, mas não sairia do lado de Saori por nada no mundo, mesmo que fosse para ficar calado feito uma múmia sem entender bulhufas do que estava acontecendo.

- Shaka, antes de tudo acontecer você havia conseguido uma grande vitória contra nossos inimigos, mas creio que os últimos acontecimentos não foram favoráveis ao Santuário, tem alguma sugestão?

Antes mesmo que Shaka pudesse responder, sentem um cosmo hostil as portas do Santuário. Chegara a hora, estavam sendo invadidos. Alguns guardas entram correndo. Muitos haviam sido mortos com apenas um golpe dos inimigos.

Chegara a hora da verdade.

- Saori, mande que todos baixem as armas e os deixe entrar. Chame todos de volta para o salão. Eu tenho uma estratégia. Pode ser a nossa vitória ou a nossa ruína. Temos que confiar no amor. É a nossa única chance.

- Ficou maluco, Shaka? Eu sempre achei que você fosse meio doido, agora eu tenho certeza. Como não vamos lutar? Como vamos deixar que eles entrem em nossa casa e ameacem Athenas?

- Seyia, você não entendeu nada? Não aprendeu nada? A violência, a hostilidade só os fortalece. Nem mesmo todos os nossos cosmos juntos seriam capazes de acabar com eles se partíssemos para uma luta frontal.

- Mestre Shaka tem razão. Venha, se quer me proteger me abrace.

Seyia mesmo sem entender abraça Saori, ele a amava acima de tudo acima de si mesmo, nunca seria capaz de fazer nada para aborrece-la. Dokho e Shion dão as mãos, seus cosmos se elevam, mas não eram cosmos de luta e sim um cosmo calmo, amoroso, luminoso. Já estavam lutando com a força de seus corações. Shaka beija Mu, como beijara no dia que ele se recuperara, com volúpia, com abandono, com entrega. Os outros cavaleiros começam a chegar assustados, mas a paz que encontram no jardim faz com que compreendam como devem lutar. Todos se unem a seus parceiros e parceiras numa comunhão de amor.

Os inimigos vão subindo a escada correndo com força e hostilidade, mas a cada passo, parece que a força os abandona, como se estivessem sendo sugados. Quando chegam finalmente ao salão do mestre já estão se arrastando pelo chão.

- O que está acontecendo aqui? Estão se despedindo uns dos outros. Bando de tolos, vão morrer agora! – Liu se levanta com o que restava de suas forças e tenta um último blefe para deixa-los irritados. Joga um ataque direto contra Saori. Shion, sabendo que Seiya poderia não se controlar e atacar Liu dando assim a energia que ela precisava, se coloca na frente de Saori recebendo o golpe. Mas o golpe não o afeta, apenas arranhando um pouco o seu rosto.

- Querida, o que está querendo aqui? Somos um povo de paz, não percebe? Nós não lutamos. Quer nos matar. Prossiga!

Shion abre os braços e vai andando calmamente em direção a Liu. Os outros se unem de mãos dadas, com a força da amizade os unindo e transformando os cosmos de todos em apenas um cosmo.

- Se afaste de mim, lemuriano nojento! O que quer, se afaste, vá! Estou mandando! Suma! – Liu começa a gritar e andar para trás tentando se afastar de Shion que cada vez mais se aproximava de braços abertos.

Os irmãos de Liu, muito mais fracos que ela, não tiveram forças para esboçar qualquer tipo de reação. Já estavam adormecidos e aos poucos seus corpos iam ficando transparentes, desaparecendo para sempre dessa dimensão.

- Não! Não podem tê-los destruído assim! Se afaste de mim!

Liu estava tão desesperada que começou a atacar Shion, mesmo sabendo que seus ataques não podiam feri-lo. Shion continuava se aproximando calmamente até alcança-la.

- O que está acontecendo com você? Por que está tão nervosa? Acalme-se criança.

Shion abraça Liu e começa a acalenta-la como se faz com uma criança nervosa. Aos poucos o demônio começa a chorar, seus corpo amolece nos braços do Lemuriano e ela desmaia. Suas feições vão mudando de forma paulatinamente. Liu aos poucos se transforma numa bela garota asiática, como outra qualquer. O demônio que havia habitado aquele corpo por incontáveis milênios, criado os "irmãos" que desapareceram havia sido expulso e se desintegrara no espaço para todo sempre.

Shion pega a garota no colo e a leva em direção de um dos muitos quartos do templo do mestre.

- Quando ela acordar vai entrar em choque. Ela vivera a muitos milênios atrás, não sei se sua mente será capaz de resistir.

- Pai, não creio que esta seja a hora de nos preocuparmos com isso. Nós conseguimos. O mundo está livre. Quando ela acordar, faremos tudo que pudermos para ajuda-la. Creio que os Deuses nos ajudarão.

- É verdade meu filho. Não estamos num momento de preocupação e sim de comemoração.

Depois de acomodar a garota, todos se unem em um abraço longo. A amizade e o amor venceram mais uma vez as forças do mal. Todos haviam posto a prova muito mais que seus corpos. Haviam posto a prova suas almas e seus corações. Haviam vencido, muito mais que um bando de demônios malucos, haviam vencido seus próprios demônios. Aqueles que habitam o mais fundo de nosso ser e muitas vezes nos levam a cometer loucuras!

- Ai galera, não sei quanto a vocês, mas eu estou com a garganta seca. Creio que esta foi a mais difícil de nossas batalhas, a batalha contra nós mesmos. Eu vou beber alguma coisa. Se alguém quiser me acompanhar...

- Masquinha, eu vou, eu vou...

- Afrodite, não abusa... – Máscara da Morte bufa para o peixinho, mas no fundo tava doido para dar um amasso nele.

Todos começam a rir. Não é que Máscara da Morte era capaz de sentir? Muito haviam descoberto uns sobre os outros e muito ainda havia a descobrir, esta vitória havia sido apenas o começo. O começo do futuro...


Comentários finais: Creio que ficamos por aqui... ou não... De qualquer forma, foi delicioso escrever esta fic. Me perdoem eventuais erros de português - desculpe seu Manuel da Padaria - pois a grande maioria dos capítulos não foi betado nem por mim mesma... rs... Gostaria dos comentários, são sempre úteis para que tentemos melhorar. Um abraço a todas (os) que acompanharam a fic. Bjs. Athenas de Áries.