NO AVALON
I'm just a white girl
Eu sou só uma garota branca
From a small, safe town
De uma pequena e segura torre
Hermione Granger seu um beijo em Rony e deixou-o fritando os últimos três ovos que haviam na geladeira, enquanto ia acordar Harry. Abriu a porta do quarto e encontrou-o roncando, com a boca aberta. Como sempre, o "Escolhido" estava dormindo só de calção do pijama, o que deixava seu peitoral malhado à mostra.
Ela sorriu, olhando-o como se fosse um irmão mais novo que havia crescido de uma hora para outra. Talvez fosse isso mesmo. E era o que ela sentia. Como se ele fosse seu irmão mais novo, sempre precisando da ajuda das pessoas que amava.
Antes de decidir acordá-lo, Mione pensou nos sete meses de lutas e buscas que já haviam passado. Pensou em como abandonara toda a segurança que poderiam ter para ir naquela jornada maluca e extremamente perigosa com Rony e Harry. Ela havia abandonado sua "torre de conto de fadas", que lhe deixava protegida e segura, para ser lançada ao mundo sem dó nem piedade.
What could I possibly know about destruction?
O que eu poderia saber sobre destruição?
My lawn sure looks green today
Meu gramado com certeza parece verde hoje.
Underneath these suburban skies
Embaixo destes céus suburbanos
- Acorde, Harry!
Mas não obteve resposta. Pôs uma mão no ombro dele e sacudiu-o com força.
- Acorde! O que você não entendeu?
Ela foi atingida por uma almofada.
- Pô, Harry, isso é jogo sujo! Acorde!
- Me deixe dormir!
- Vá tomar vergonha, seu dorminhoco!
- Me deixe aqui, Mione...
- Você quer que eu grite?
Aquelas palavras surtiram um efeito imediato no garoto descabelado (mais que o costume) e com a cara amassada que sentou-se de supetão na cama, parecendo já bem acordado, dizendo bem sério:
- Não, sério, Mi, não precisa gritar, não precisa... já estou acordado...
- Estou vendo...- disse a moça, rindo abertamente.
- Hey, isso não tem graça.
Mas no instante seguinte os dois estavam gargalhando abertamente. Rony entrou naquele momento no quarto, anunciando:
- Bom... eu consegui não queimar um dos ovos...
Mas ele nem consegiu terminar, pois no instante seguinte Harry e Mione estavam numa disputa ridícula para ver quem "pegaria" o ovo não queimado.
Enquanto Mione via Harry enfiar o ovo inteiro dentro da boca, ela pensava que os três ali no apartamento que um dia havia sido de Sirius não lembravam nada os jovens que estavam em busca dos Horcruxes. Era como se ali eles estivessem seguros. Mas não havia mais segurança, e havia destruição por todos os lados.
But the little boy next door
Mas meu pequeno vizinho
Wants to be the Lord of the Flies
Deseja ser o Senhor dos Flies.
- O que vamos fazer agora?- era Harry- Parece que estamos num beco sem saída.
- Temos que pensar como ele- disse Mione, sentada sobre a mesa, comendo bolo de chocolate comprado, vendo Rony ver fascinado futebol trouxa, e Harry caminhar pela sala paranoicamente.
- Bom... eu não consigo...- disse Harry.
- Talvez devêssemos ir até a casa dos Riddles- era Mione.
- E se eles estiverem lá?
- Quem disse que eles precisam nos ver?
Harry sorriu e Mione piscou um olho.
- ÊÊÊêeÊêeÊ!- interrompeu Rony, vibrando com um gol histericamente, pulando pela sala, gritando alto demais.
- Rony?- repreenderam os dois ao mesmo tempo.
- Eles marcaram um gol, ta legal?- disse ele, bravo, cruzando os braços e voltando a olhar para a televisão.
- Céus... esse garoto não vai crescer nunca.
- De quem é a vez de pegar um profeta diário?- era Harry perguntando.
- Minha!- disse Mione.
Ela murmurou alguns feitos e no instante seguinte estava loira e mais gorda. Ela saiu do apartamento e foi buscar o jornal, enquanto Harry ia para a frente da pia para lavar a louça do café (inclusive a frigideira que Rony deixara queimar).
It's like Cain and Able and the holy sacrifice
É como Cain e Abel e o sacrifício sagrado
And I have to believe that God has closed his eyes
Eu tenho que acreditar que Deus fechou seus olhos
And if there is no Avalon and we only have one life
E se aqui não é Avalon e nós só podemos viver uma vez
Mione entrou no apartamento e teve que rir quando viu Harry rebolando e cantando muito desafinado uma música trouxa enquanto lavava a louça.
- Chega, Harry!- ela pediu.
- Ah, desculpa!- pediu ele, rindo.- O que diz aí?
Foi aí que Harry viu os olhos dela brilhando de lágrimas. Fazia tempo que Mione não ficava com aquela expressão.
- O que houve?
- Falaram que estamos desaparecidos...- disse ela- Questionam se ainda estamos vivos e... e... dizem que se você tiver sido morto não há esperanças...
Harry não soube o que dizer. Finalmente disse:
- Nós sabíamos que estávamos sujeitos a qualquer coisa quando viemos nessa missão. Só demos notícias para a Gina com os dois horcruxes... quando saímos daqui é com outras aparência...
Mione suspirou, como quem "engole" as lágrimas. Entregou o jornal para Harry e disse:
- Os pais do Rony vão ficar arrasados.
- Espero que nem eles nem a Gina acreditem nisso...
Mione sorriu.
- A Gina vai ficar bem, Harry...
- Espero que sim.
Mas enquanto Harry lia a matéria completa, ele perguntava-se porque diabo estavam lutando, sem esperanças, sem medo de morrer. Porque não podiam simplesmente ser felizes e aproveitar cada momento como se fosse o último. Tinha certeza de que não fizera muitas coisas das quais queria fazer.
Na verdade, nunca pensara em aproveitar a vida. Era sempre "Voldemort", era sempre "lutar". Era uma luta ilógica e inacabável. Ou um ou outro iriam morrer. Ou os dois. Isso era inevitável. Era o que dizia a profecia.
It's hard to conceive why we let our brothers die
É difícil conceber porque nós deixamos nossos irmãos morrerem
Duas semanas depois, o trio transfigurou-se cuidadosamente, reviu um plano perfeito, e partiu em direção à Little Hangleton. Era um grupo estranho mas que não chamava muita atenção.
Chegaram diante da casa e Mione logo entrou, vestida toda de negro, os cabelos presos num rabo de cavalo, parecendo uma criminosa trouxa. Harry olhou por algum tempo para o cemitério que via na colina abaixo, mas não disse nada. As lembranças daquele torneio de bruxoe da forma como vira o Lord das Trevas renascer de um caldeirão estavam vivas demais em sua mente.Então, quando Mione cutucou-o no ombro para indicar que abrira a janela, ele apenas pôs luvas nas mãos e pulou para dentro da casa.
A partir daí, foi tudo medido e extremamente calculado.
Caminharam rápido, dividindo-se, cada um com uma lanterna, procurando qualquer coisas que pudesse ser alguma pista. Nenhuma luz foi acesa, nenhum barulho foi feito, nenhuma marca foi deixada. A casa estava em tal estado de ruína que seria possível que ninguém nunca notasse que um dia três pessoas haviam entrado ali e houvessem levado tantas coisas com eles.7
Cada um levava uma maleta lotada de coisas que poderiam ser úteis, e quando saíram da casa, não trocaram nenhuma palavra. Nenhum usou varinha, mas cada um agachou-se, tirando uma camisa, uma calça, e no instante seguinte estavam totalmente diferentes. Mione soltou o cabelo e fez um gesto:
- Vamos logo.
Quando chegaram no apartamento, muitas horas mais tarde, Rony e Harry tocaram-se em suas camas. Mas Mione pegou o jornal, observando com lágrimas nos olhos uma nota que não mostrara a nenhum dos amigos
"Vitor Krum encontrado morto
Você-Sabe-Quem é o principal suspeito." (mais na página 6)
Sem ninguém para consolá-la, ela deixou-se chorar em silêncio, por todos aqueles a quem amava e haviam sido mortos sem motivo. Tudo o que ela desejava era poder destruir todos os horcruxes de uma vez e rezar para que Harry vencesse Voldemort, porque era a única forma de impedir Voldemort de matar mais e mais...
My bed is so safe here
Minha cama é tão segura aqui
And my rose-colored glasses, they're broken
E meus olhos coloridos rosa estão quebrados
And how the truth leaks in
E como a verdade escoa (desaparece)
Harry estranhou ao ver que Mione ainda dormia. Rony estava na frente da cozinha, literalmente lutando contra uma torrada.
- Oi, Rony.
- Oi, Harry.
- A Mione ainda está dormindo?
- Está.
- Que estranho.
Ao meio dia, Mione ainda não tinha acordado. Foi quando Harry decidiu acordá-la.
- Mione? Você está bem?
A garota abriu o olhar e logo fechou-o novamente. Estava tão bom ali. Tão seguro, tão protegido. Nada poderia atingi-la ali. Nenhuma morte, nenhum desaparecimento, nenhuma maldição ou profecia.
Ainda lembrava-se que a mãe costumava dizer que a pessoa podia escolher entre ver o mundo através de uma lente de óculos negra (pelo lado negativo e pessimista) ou com uma lente cor de rosa (o lado bom e positivo da vida). Porém, naquele momento, sentia como se seus óculos cor de rosa estivessem estraçalhados e pisoteados, como todas as suas esperanças.
- Estou preocupado com você, Mi...
- Vai ficar tudo bem, Harry... só quero ficar aqui mais um pouco... me escondendo desse mundo maluco...
Harry não disse nada. Não repreendeu-a nem condenou-a, apenas fez um cafuné rápido na cabela dela, descabelando-a. ela teve que rir e sorriu enquanto ele saía do quarto.
- Ela acordou?- perguntou Rony.
- Não. Acho que está meio deprimida.
And I, I can't imagine
E eu, eu não consigo imaginar
I saw it on the news tonight
Eu vi isso nas notícias de ontem à noite
That they'd announce his name
Que eles anunciaram seu nome
Um mês depois, trabalhando com todas as informações que tinham conseguido, eles estavam semi-alheios a tudo. Era o final de maio quando Rony foi buscar o Profeta e voltou estranhamente pálido.
- O que houve, Rony?
O rapaz apenas esticou o jornal. Mione olhou-o e seus olhos enxeram-se de lágrimas imediatamente. Então ela simplesmente tocou-se nos braços de Rony e começou a soluçar. No instante seguinte, os dois haviam saído. Harry abaixou-se e pegou o jornal, com medo do que leria.
A foto de Gina estava grande demais para ser ignorada e a manchete era bem clara:
Ginevra Weasley – desaparecida ou morta? Ao que tudo indica, mais uma vítima Daquele que não se deve nomear.
E então, as lágrimas vieram aos olhos de Harry, e ele não conseguia evitá-las. Na verdade, nem queria. Era como se de repente seu coração tivesse sido despedaçado, estraçalhado em míseros pedacinhos. Era como se nada mais fizesse sentido, como se não houvesse mais porque seguir adiante.
Sempre houvera um sentimento oculto de vencer e viver para voltar a vê-la, para voltar a ouvi-la sorrir, para sentir ela beijando-o levemente sempre que o via, com aquele sorriso que era a luz para quem o via, mas ele só percebera aquilo tarde demais, quando seria possível recuperar qualquer tempo perdido.
Gina havia sido mais do que iluminada. Ela havia irradiado luz e felicidade para todos, sem nunca exigir nada em troca. Ainda lembrava-se como ela o olhara quando dissera que teriam de acabar, que tinha medo de vê-la morrer. Sempre acreditara que aquilo era o certo. Não queria se sentir culpado por matar alguém de quem gostava tanto. Ele não soube quanto tempo chorou, quanto tempo desejou que aquilo não fosse verdade, que ele voltaria a ver o sorriso dela, ao ouvir seu riso, a beijar sua boca, a sentir o cabelo ser despenteado pela mão dela...
E então, o desejo de vingança ardeu mais uma vez em seu peito, talvez ainda mais forte do que antes, como uma chama imortal. O jornal foi amassado em sua mão até virar uma mísera bolinha de papel, que foi lançada contra a janela.
Lembrou-se das palavras da Gina e sorriu... "Mas, você estava muito ocupado salvando o mundo mágico... Bem... eu não posso dizer que eu estou surpresa. Eu sabia que isso poderia acontecer no fim. Eu sei que você não será feliz até vencer Voldemort. Talvez por isso que eu goste muito de você. "
"E eu nem disse a ela o quanto gostava dela... ela morreu sem saber... ela nos deixou sem que soubesse..."
I saw the blood on his hands
Eu vi o sangue em suas mãos
And they told me to look away
E eles me falaram para olhar longe
Marie Sands alugou um carro trouxa e foi dirigindo calmamente até a casa de seus pais. O jornal saíra naquela manhã. Tinha que falar com ele. Tinha que dar a notícia. Era seu dever...
Quase uma hora mais tarde, estacionou diante da Toca. A casa onde havia crescido. Imagens inundaram-lhe a mente, mas ela apressou-se em afastá-las. Saiu do carro e aproximou-se da casa:
- Sra. Weasley?- chamou da porta da cozinha.
A porta abriu-se e a mãe de Gina apareceu. Estava vários quilos mais magra e parecia muito doente e deprimida.
- Oi, sou Marie Sands, aurora do Ministério.
- O... o que você quer?
Molly olhava para aquela francesa bonita e pensava na filha, que nunca mais veria, e voltou a soluçar.
- Falar sobre o desaparecimento de Ginevra Weasley.
- O que há para ser dito?
- Não muita, coisa, mas o Ministério está atrás de pistas. Tudo indica que ela tenha sido mesmo assassinada, mas estamos alertas para qualquer informação... posso entrar?- sim, Marie Sands queria lembrar-se um pouquinho de sua casa.
- Entre, por favor...
Sentaram-se na cozinha, e Marie lembrou-se quando Ginabotara o cotovelo na manteiga quando Harry estava ali, quando tinha onze anos, naquele verão maluco. Lembrou-se como sempre fora apaixonada por ele, e quase riu.
- Quando falou pela última vez com sua filha?
- Logo depois do Natal.
- Ela estava bem? E normal?
- Não. Estava muito abatida e parecia realmente deprimida, mas agia como se nunca tivesse sido mais feliz...
- Aconteceu algo que possa ter desencadeado essa reação nela?
E, enquanto Molly contava sobre Gina e Harry e a história dos dois, rindo e chorando ao mesmo tempo, Marie ouvia atentamente. Duas horas mais tarde, quando voltou ao Ministério para dar ao relatório, já tinha a causa de sua morte: Harry Potter.
I tell ya it's like Cain and Able and the holy sacrifice
Eu disse "sim". É como Cain e Abel e o sacrifício sagrado
And I have to believe that God has closed his eyes
Eu tenho que acreditar que Deus fechou seus olhos
Rony e Mione olharam para Harry dormindo no sofá.
- Ele parece péssimo.
- O que você queria?- sussurrou Mione, as lágrimas enxendo os olhos- Ele abriu mão dela porque pensou que ela estaria mais segura assim, e agora descobriu que isso não adiantou nada, que só perdeu quase um ano de sua vida por nada...
- Você acha que é verdade? Que ela morreu mesmo.
- O que pode ter acontecido mais, Rony?
- Sei lá. Também saiu notícias de que nós havíamos morrido e... bem... não morremos não é? Estamos aqui escondidos...
- Acho que não, Rony. Gina não tem motivos para simplesmente agir escondida. Não consigo imaginar ela fazendo algo como forjar a própria morte.
- Às vezes as pessoas nos surpreendem, querida.
- Não sei, Rony...
And if there is no Avalon and we only have one life
E se aqui não é Avalon e nós só podemos viver uma vez
It's hard to conceive why we let our sisters die
É difícil conceber porque deixamos nossas irmãs morrer
Tonks chegou em casa por volta das três horas da madrugada. Logo atrás dela vinha Remo, grandes olheiras de cansaço e ainda mais grisalho. Porém, nos olhos dele, havia um brilho que ninguém nunca vira, como uma felicidade que ninguém poderia tirar dele. E era assim que se sentia: mais feliz do que todo o resto do mundo junto.
- Ela já está dormindo.
Observaram a garota morena dormindo.
Remo abraçou Tonks por trás, beijando-a no meio dos cabelos lilases.
- Porque ela está fazendo isso, Tonks? Que motivo suficientemente forte ela tem pra desistir de tudo? O que ela vai ganhar com isso?
- Ela também não ganharia nada do outro jeito.
Tonks virou-se para Remo, deixando que ele a abraçasse. Ficou algum tempo assim, só sentindo a respiração ritmada dele contra seu peito, até que sussurrou:
- Você acha que eu não devia ter ajudado ela?
- Não sei, Ni- sussurrou ele- Acho que ela não pensou direito nas conseqüências.
- Talvez. Mas você não a viu como a Gina mesmo. Não lembrava em nada a pessoa que nós conhecemos. Como se quando Harry deixou-a ele tivesse levado toda a vida dela. Em termos estranhos, foi isso que matou nossa ruivinha...- um risinho.- Mas vamos deixar disso...
Remo riu e inclinou-se beijando-a. alguns minutos depois, eles afastaram-se e ela sussurrou:
- Você está com fome? Posso fazer alguma coisa para...
- Não, não precisa, eu mesmo faço.
Ela riu e perguntou com jeito de ofendida:
- Mas eu cozinho tão mal assim?
- Só um pouco...
Os dois riram e foram se beijando para a cozinha, como se tivessem novamente quinze anos. Naqueles momentos, fossem quando fossem, quando só existia os dois, era quando eles sentiam que valia a pena viverem. Era quando estavam rindo e se beijando que eles encontravam forças para prosseguir, para não se deixar vencer nem morrer, porque sabiam que queriam ficar lado a lado para sempre, até que estivessem tão velhinhos que nem conseguissem se mover.
Diante do fogão, beijaram-se mais uma vez, querendo aproveitar cada segundo que tinham.
Why, why?
Porque, porque?
Why?
Por que?
Harry acordou e viu Mione diante do fogão.
- Ah, não...- foi a primeira coisa que disse, já pensando na gororoba que Mione devia estar tentando fazer.
- Bom dia pra ti também Harry!- disse ela, parecendo mais animada do que estava.
- Bom dia.- respondeu, mau – humorado.
Mione olhou-o atentamente.
- Você está bem?
- Claro que estou.
- Você... viu o jornal, não é?
- Sim. Eu vi.
Mione analisou-o por mais algum tempo.
- Você está bem mesmo?
- Eu não vou ficar chorando, Mione. É tarde demais para tentar mudar qualquer coisa.
- Por que?- perguntou ela- Porque?
- Não sei. Acho que talvez nem cheguemos a descobrir. Mas isso não é mais importante.
- Como não é importante? Você faz parecer que isso não te atinge... Insensível e frio...
- Esta foi a maneira que eu encontrei de não deixar que Voldemort me atinja. Você sabe disso melhor do que ninguém.
- Acho que você está sendo estúpido.
Harry não disse nada, apenas achatou os cabelos com as mãos, mal-humorado.
- Do jeito que está agindo parece que nunca chegou a gostar dela de verdade. Parece que ela foi uma coisa boa que simplesmente acabou, que... sei lá...- Mione começou a chorar naquele momento.- Como se você não se lembrasse da pessoa maravilhosa e incrível que ela foi... e...
- Eu sei tudo o que ela foi e tudo o que era merecia, Mione, talvez até melhor do que você. E não quero falar disso.
- Fugir não vai adiantar nada!
Naquele momento ouviram Rony gritando do quarto:
- Que cheiro de queimado é esse?
Mione virou-se para o fogão:
- Oh, merda! Torrei o nosso almoço!
It's a confusing civilization, darling
É uma civilização confusa, querido
I tell ya it's like Cain and Able and the holy sacrifice
Eu disse "sim". É como Cain e Abel e o sacrifício sagrado
And I have to believe that God has closed his eyes
Eu tenho que acreditar que Deus fechou seus olhos
Ninphadora saiu para trabalhar antes que Remo acordasse. Marie Sands já havia saído e ela rumou em silêncio para o Quartel General dos aurores, pensando sobre como o mundo andava louco.
Quem a visse caminhando, veria apenas uma mulher meio louca, de cabelos lilases, usando roupas no mínimo estranhas e descombinantes, mas que tinha um olhar extremamente feliz e um sorriso no rosto de quem estava apaixonada.
Ela chegou no Ministério e encontrou-o em alvoroço. Trombou em alguns segundos com Arthur Weasley, que parecia muito mal.
- Tudo bem?
- Eu... ahn... sim... quer dizer... não.- ela sabia que ele estava se referindo a Gina, mas a movimentação era estranha demais e Tonks era uma aurora...
- O que está acontecendo por aqui?
- Tivemos mais um ataque. No metrô trouxa. Marie Sands já foi pra lá junto com Moddy. Ela não parecia nada bem. Achamos que se meteu em algum duelo...
- Ai meu Deus!- disse Tonks- Vou ver o que posso fazer! Depois eu quero falar com você!
E saiu correndo para o Quartel General. Chegou lá e Quim logo puxou-a:
- Estamos com problemas. Marie foi pegá-los. Ela levou a melhor contra sete caras, sozinha, mas um oitavo meteu uma bomba no metrô trouxa. Marie chamou Moddy e ele foi pra lá, e parece que aquilo virou um inferno. Já mandei mais três novatos, mas o resto está em missão e...
- Fale de falar e vamos logo, Quim!
No instante seguinte, Tonks havia desaparatado e Quim logo seguiu-a. Estavam agora a poucos metros um do outro e, numa troca de olhar, trocaram também de roupas com um piscar de olhos, e os cabelos de Tonks tornaram-se ruivos.
Os dois seguiram caminhando apressados, abrindo caminho pela multidão, e logo encontraram Moddy, Marie e os três aurores duelando contra quase vinte Comensais. Por um momento ela viu como Marie parecia segura de si e tranqüila duelando, e no outro ela já estava no meio da luta. Quim virou-se para as pessoas e imediatamente berrou:
- Se afastem! Vocês são idiotas?
Mas a multidão não parecia ouvir, e gritava em pânico. Dentro do metrô uma bomba havia explodido e o estava tudo pegando fogo. Várias pessoas choravam e polícias trouxas estavam sem saber o que fazer.
Enquanto lutava, Tonks começou a pensar como venceriam. Não havia ninguém para chegar. Não havia nem Dumbledore, nem Harry Potter, nem um bando de adolescentes de quinze e dezesseis anos para acabar com eles. Ela nem percebeu que chorava, apenas lutava, desejando poder estralar os dedos fazendo-os desaparecer.
Foi quando os Comensais simplesmente desaparataram. Moddy estava caído no chão, assim como outros três comensais. Marie Sands sorriu, mexendo nos cabelos como se não tivesse acabado de duelar com Comensais, e disse:
- Vamos ver se conseguimos salvar alguma coisa lá dentro.
- Você está bem?
- Nunca me senti melhor, Tonks.
E seguiu caminhando apressada para o metrô, enquanto prendia os cabelos num rabo de cavalo, atraindo olhares de admiração das pessoas, como se fosse uma heroína.
And if there is no Avalon and we only have one life
E se aqui não é Avalon e nós só podemos viver uma vez
It's hard to conceive why we let our people die
É difícil conceber porque nossas pessoas tem que morrer
Muitas horas mais tarde, quando já era noite alta, finalmente haviam conseguido terminar de "obliviatar" todos que haviam visto a cena. Tonks deixou-se cair numa cadeira, bocejando e logo depois dizendo:
- Céus, que dia longo e louco...
Ao seu lado, ainda de pé, linda como se nada houvesse acontecido, deixando que um curandeiro limpar os cortes em seu rosto, estava Marie, parecendo uma estrela de cinema.
- Nada que uma boa noite de sono não resolva...
- Exatamente. E um bom prato de comida.
As duas tiveram que rir e Moddy aproximou-se, já com os dois olhos no lugar.
- Vocês estão bem?
- Muito.- confirmou Marie, como se houvesse ido a uma festa e houvesse pergunta se se divertira.
- Que bom... amanhã então estarão lá normalmente?
- Sim.- afirmou Marie- Se precisar antes é só pedir.
- Certo, Sands. Agora acho melhor vocês irem. Já está tarde.
As duas seguiram caminhando juntas. Moddy sorriu. Era bom para elas se tornarem amigas. Talvez fizesse bem. Havia ficado realmente impressionado com Marie Sands, como ela conseguia agir sob pressão, como parecia sempre controlada e com o controle da situação.
We let 'em die
Nós os deixamos morrer
And watch them die
E olhamo-os morrer
- Você está bem, Marie?
- Sim, estou bem.
- O que achou do dia?
- Muito bom. E você?
- Não sei...
Continuaram em silêncio.
- Você foi muito bem, Marie. Realmente me surpreendeu.
- Surpreendi até a mim mesma.
Marie riu.
- Mas duelar me deixou esfomeada.
- Ah, isso é normal.
- Que bom saber disso!
As duas riram.
- Sabe... achei que fosse mais fácil.- era Marie- Achei que era fácil impedir que ninguém morresse.
- Isso é muito mais difícil do que pensamos... porque num duelo basta piscarmos os olhos ou vacilar por um milésimo de segundo para sermos mortos. É assim que é a guerra, Marie.
- Quando desci lá para baixo e vi aqueles trouxas morrendo eu me senti tão idiota, tão tola e inútil... Queria ter o poder de deixá-los viver...
- Você verá todo o tipo de coisa, Gina. Ser auror não é só lutar. É sofrer, é chorar, é conseguir olhar as pessoas morrerem e não entrar em parafuso. Você tem que erguer uma barreira ao seu redor, para que isso não te atinga...
- Nada vai me atingir, Tonks. Não restou nada no meu coração para ser atingido.
- Tem certeza?
- A única coisa que me restava eu não posso ter. Não vou deixar que algo que eu nunca tive destrua a única coisa que eu posso ter.
- E o que você pode ter?
- A chance de lutar. É a única coisa que me resta.
Tonks observou-a no resto do caminho em silêncio, as estrelas brilhando lá em cima. Uma noite linda. Linda até demais. "Remo deve estar me esperando", disse a si mesmo, "é ele que faz tudo ficar tão lindo...". Sorriu e continuou caminhando.
Marie Sands pensava em como tudo escorregava por entre seus dedos. Não iria voltar atrás em nada, não iria deixar de lutar, mas sentia que não lhe restavam motivos para continuar vivendo. Não havia nada esperando com ela. Não havia porque lutar.
Ufa! Consegui!
Hehehe
Esse capítulo saiu aos tropeços mas saiu... comecei ele umas quinze vezes, cada um de uma forma diferente...
Realmente foram esse monte de reviews que me inspiraram! Vou responder!
Mah Potter: hehehe... aí está a continuação! Espero que também goste deste capítulo... H/G vai ficar só nas lembranças e nos desejos por um tempo eu acho...
Michelle Granger: bom aí está a continuação... você prefere a Gina deprê ou lutando? Bom, eu não sei... essa que luta nem é a Gina né...
Cristina Melx: taí a continuação! Espero que também goste!
Carol Malfoy Potter: bom, acho que deu pra entender que o nosso trio parada dura também se disfarçou nesse aí... e os romances vão indo...
Maria Wealey: continuei... que bom que gostou! Fico feliz! O que achou desse capítulo?
Allie Fowl: espero que vc goste deste capítulo também!
Aback: não deixe de comentar esse novo capítulo!
Patty: brigado! Fico feliz que tenha gostado! Espero que continue gostando...
Alicia Spinnet: só espero que este esteja tão bom quanto o primeiro hehehe
Pati G W Black: hehehe… continuei sim! Você não vai precisar vir aqui em casa me cobrar... espero que goste deste capítulo também!
Wo Ai Ni: pois é... nem sei de onde me veio a idéia dela forjando a própria morte. Sei lá. Eu não faria isso. Mas vamos ver até onde a Gina vai com isso né. Sei lá... esse capítulo tem um pouquinho dela... o que achou?
Bom, vou agradecer mais uma vez as reviews... aliás, a música desse capítulo é "No Avalon", da Alanis Morissete, espero que tenham gostado também. Aliás... quem vocês preferem que eu dê enfoque no próximo capítulo?
Deixem reviews e me façam feliz! Quanto mais reviews mais rápido eu vou escrever hehehehe...
Bjinhus...
