Capítulo 7 – Fim de estação
– O que você foi fazer?
– Eu não cheguei perto do seu amigo, James.
– Ele foi parar na enfermaria!
– Não é culpa minha, já disse.
– Mas você podia ter dito aos seus amigos de Slytherin para irem devagar com Sirius! A cabeça dele ficou do tamanho da barriga do Hagrid.
– Dificilmente eu posso ser responsabilizado pelos atos cometidos por Avery e Rokwood. Ou Rosier, que mais provavelmente é o responsável pelo estado de seu amigo Black. Mas o fundamental mesmo é que eu não me importo. De qualquer modo, ele está na enfermaria sendo tratado nesse momento, não está?
– E se fosse comigo? Já imaginou se eles tivessem pregado essa peça em mim?
– Você realmente não faz idéia de como funciona uma mente de Slytherin. Como todos juram que eu lancei um feitiço ou lhe dei uma poção qualquer, eles não se meteriam com você sem me consultar antes. De qualquer forma, deve se lembrar de que nós nunca fomos amigos para começo de conversa, Potter.
James o encarou, a face rapidamente passando de irritação para decepção:
– Você... você me chamou de Potter... Como antes...
Severus o encarou, dando-se conta de que tinha revertido a tratá-lo pelo sobrenome, seu próprio submisso. Sua voz tinha perdido o tom ácido ao constatar isso:
– Isso pode significar que a época de acasalamento está chegando ao fim. Estamos revertendo ao estado natural de animosidade.
– De novo? – A decepção apenas se aprofundou. – Mas... eu esperava... quero dizer, eu achei que... bom, depois disso... Quem sabe... a gente podia...
– Esperava que fôssemos amigos? – Severus se esforçou para deixar o sarcasmo fora da voz. Sentou-se ao lado do seu submisso, que estava de cabeça baixa. – Eu lhe disse que não havia sentimentos envolvidos aqui, apenas biologia. Evans estará esperando você quando tudo terminar, eu tenho certeza que sim. Aí você poderá ter seu casamento, como sempre planejou. Isso é tão ruim assim?
– Eu não sei – James parecia realmente muito triste. – A gente até começou a discutir. Parece que tudo vai acabar mesmo. Você vai me deixar. Isso não é justo. A gente estava até se tratando de maneira decente.
– Concordo com você. Mas não se esqueça das pressões que temos. O que seu amigo Black diria se de repente cultivássemos uma amizade? Ou como isso repercutiria entre os meus amigos?
– Isso não é justo – James fez biquinho. – Você tá sendo tão legal comigo, e depois vamos voltar a nos odiar? Vai cada um pro seu canto?
– Pot– James – corrigiu-se Severus. – Não é bem assim. A natureza simplesmente vai seguir seu curso.
– Vou sentir sua falta, Severus – James chegou perto dele, aninhando-se em seus braços, encostando a cabeça em seu peito. – De seus braços. De seu corpo no meu. Nunca mais vou querer outro homem enquanto viver.
– Não acha que é uma promessa muito solene? Nós só temos 16 anos. Não sabemos o que virá pela frente.
– Oh, bem – James sorriu e ergueu o rosto, bem próximo de seu dominante. – Ao menos temos a garantia de que daqui a nove anos estaremos de volta nesta posição.
– Você é mesmo um Gryffindor, não é? Não sabe o que está acontecendo?
– Fala de Voldemort? Ele só tem conversa.
– Meu amigo Lucius Malfoy garante que ele tem bem mais do que isso. E quem estiver no caminho dele, será varrido. Em breve todos terão que tomar uma posição sobre isso.
– Acho que você está precipitando as coisas, e acho que Dumbledore vai dar um jeito nele. – Maroto, James sorriu, acariciando o peito de Severus. – Mas gostei de uma coisa que você disse.
– O quê?
– Tomar uma posição – falou sensualmente, ajeitando-se no colo de Severus, puxando-o contra si, sussurrando em seus ouvidos. – Essa, por exemplo, pode ser minha posição agora. Mas eu posso querer tomar outra posição. Posso querer ficar de quatro também. Ou ajoelhado, com minha boca a satisfazê-lo. O que você acha, Severus?
Os livros estavam certos, pensou Severus, sentindo seu corpo todo tilintar em vários níveis. Koboldines submissos realmente podiam ser muito sedutores. E a pessegada continuava a incitá-lo.
– Acho que para alguém que diz não ser gay, você gosta muito de sexo com outro homem.
– Não é "outro homem". É você, Severus – O olhar que James lhe lançou foi tão tórrido que o rapaz de Slytherin sentiu sua ereção ficar ainda mais rija de tanto tesão. – Só você me faz pensar nessas coisas. Que tal uma nova posição? Tipo assim, a parte interna do meu pé na sua nuca enquanto você entra em mim... Ai...
Severus piscou, a imagem mental se formando e ajudando ainda mais a expandir sua ereção. De repente, ele agarrou James, e, usando a força, inverteu as posições: James ficou embaixo e Severus em cima, o cabelo preto a formar uma cortina escura emoldurando-lhe o rosto, os olhos escuros brilhando de desejo.
– Quer mesmo experimentar, meu pêssego gigante?
James se espreguiçou languidamente, quase ronronando como um grande gato de pele alva e bem-esculpida, e miou:
– Por favor, Severus... Só você sabe cuidar de mim...
Pedindo assim, como Severus poderia negar?
Severus acariciou o corpo de James, que suspirou de prazer e sentiu seu corpo arder. Ele soltava suspiros e gemidos à medida que as mãos de Severus percorriam seu corpo, como se quisessem mapear cada curva, cada pedacinho de seu submisso. Afinal de contas, estava se aproximando a hora em que iriam se separar. Severus queria apreciar seu pêssego gigante até a última gota.
Ele se posicionou entre as pernas de James, observando-o detalhadamente. James era bem clarinho onde não estava corado pela atividade sexual, a pele firme e macia se tornando ainda mais convidativa – sim, uma pele de pêssego, pensou Severus, sorrindo diante do trocadilho. A ereção, plenamente visível graças às pernas abertas de James, estava firme, pronta, erguendo-se do ninho de cachos pretos no meio de suas pernas, e as duas esferas abaixo pareciam pesadas, carregadas de desejo. A pose, os sons, as cores: tudo em James estava convidando Severus a se afundar no prazer.
O rosto era ainda mais maravilhoso, cheio de desejo e algo que poderia ser até um pouco de afeição, misturado com uma confiança que Severus mal podia acreditar ser merecedor, um inimigo declarado de tantos anos recebendo este olhar cheio de confiança. Fazia Severus querer nunca mais se separar do cheiro de pêssego.
Severus posicionou seu pênis já lubrificado, fazendo James gemer e ronronar.
– Meu...
– Sim, Severus – disse James, impaciente, e Snape não pôde deixar de rir com sua reação.
Mas ele não foi cruel nem o torturou. Apenas deixou-se entrar lentamente, notando que seu pêssego não estava mais tão lubrificado como antes. Mas, aparentemente, a diminuição da lubrificação não impediu James de desfrutar as sensações maravilhosas de ser possuído, pois seu rosto era uma declaração de prazer. Severus gentilmente ergueu-lhe as pernas como ele tinha sugerido: apoiando os pés nos ombros enquanto era recebido naquele lugar apertado e quente. Os braços de James se levantaram, e Severus inclinou-se para frente, fazendo James quase se dobrar em dois para que seu dominante alcançasse o inebriante aroma de pêssegos.
Seus ouvidos captavam apenas os deliciosos sons, evocando-lhe doçura e desejo, e ele começou a mover os quadris, inebriado, num movimento instintivo e ritmado. Os sons aumentaram de intensidade e volume, e eram sons de pele se encontrando, de gemidos que emergiam como cânticos de deleite mútuo, de respirações aceleradas. Severus serpenteou uma mão entre os corpos e começou a acariciar-lhe a ereção, enquanto ele ainda tinha algum controle motor.
Mas aparentemente controle motor era o que James menos tinha, pois durou bem menos tempo do que ele previa, até que um grito inarticulado surgiu em meio a espasmos fortes e um jorro de sêmen quente cobriu-lhe a mão. Embora Severus estivesse indo rápido para o mesmo precipício, ele fez questão de manter os olhos abertos para ver todas as nuances das expressões no rosto de James enquanto ele alcançava o seu clímax, e mais ainda quando Severus o escaldou com sua própria semente. Os dois praticamente emendaram dois orgasmos juntos e desabaram, exaustos de prazer, querendo aspirar cada molécula de oxigênio do quarto.
Por alguns minutos, nada aconteceu além da respiração conjunta dos dois começar a ficar mais espaçada. James estava aninhado no peito de Severus, e parecia que os dois iam tirar uma pestaninha, até que o silêncio do quarto foi quebrado por um sussurro bem baixinho:
– Eu acho que amo você.
Aquelas palavras que mal se podia ouvir imediatamente apagaram qualquer vestígio de sono em Severus. Ele não se mexeu, mas teve que respirar uma, depois duas vezes, para dizer, em tom sereno e calmo:
– Isso é precisamente a última coisa que você deve sentir. Você logo vai descobrir-se odiando a mim tanto quanto antes. Acredite, tudo vai voltar ao normal.
– Ainda acho injusto.
Ignorando o último comentário de James, Severus acrescentou:
– Aliás, eu recomendo que você inicie uma agressão contra mim na primeira oportunidade possível. Sabe, para se "vingar" do "feitiço" que eu pus em você.
– Severus, não! – James parecia horrorizado, escandalizado. – Eu jamais poderia fazer uma coisa dessas com você.
– Eu insisto. Acho até que você deveria ter feito isso antes, mas é claro que seu atual estado não lhe permite. Mas lembre-se de minhas palavras: um ataque perverso contra minha pessoa deve partir de você. Só assim Black ficará tranqüilo e convencido de que você voltou ao normal. E que desculpa você tem dado a ele?
– Eu disse a ele que estou dormindo com uma pessoa de outra casa. Espero que ele não tenha contado para Lily. Ela ficaria arrasada.
– Ela veio falar comigo – confessou Severus. – Por que não fala com ela?
– Eu não tenho nada para dizer a ela. Eu... fico confuso com ela por perto. E ela veio falar com você? O que ela queria?
Severus olhou para ele, constatando:
– Você está com ciúmes.
– Eu... Eu... – James se avermelhou. – Eu... só queria saber o que ela disse pra você.
– Pode ficar tranqüilo, Potter. Eu não vou aproveitar seu atual estado para roubar sua namorada.
– Não foi isso que eu pensei! – ele protestou. – Eu pensei que... Bom, eu fiquei com medo de que ela estivesse se engraçando para você, e que você... você... estivesse interessado.
Os olhos de Severus não tinham como ficar mais arregalados. James estava com ciúmes dele!...
– Pot– James, Lily e eu já fomos amigos, você sabe disso. Ela estava preocupada com você. Veio me perguntar se eu tinha feito alguma coisa para você mudar tanto tão de repente.
– E o que você disse?
– A verdade, claro. Que eu não tinha posto qualquer feitiço em você, ou poção. Olhe, ela parecia bem chateada. É bom você falar com ela assim que puder.
– Droga, Severus. Você está me dispensando?
– Claro que não. Só estou preparando você para o inevitável. Nós vamos nos separar.
– Mas talvez não tenha que ser assim. Talvez possamos ser amigos depois que tudo isso passar.
– Já sabe o que eu penso sobre isso.
– Eu sei, mas promete que vai pensar sobre isso? Que não vai descartar totalmente essa possibilidade? Por favor, Severus, promete?
Ele olhou seu pêssego gigante, os olhos grandes suplicantes o amolecendo completamente. Com um sorrisinho cínico, Severus Snape fez o inédito: cedeu a um pedido de James Potter.
– Está bem, está bem. Eu prometo. Mas não posso prometer que isso vá funcionar.
– Eu sei. Mas se nós tentarmos de verdade, quem saberá dizer o que vai acontecer?
Severus sorriu diante do otimismo típico de Gryffindors inconseqüentes. Mas ele podia até ter um fundo de razão.
Ninguém podia dizer o que iria acontecer.
