EXCUSES ( DESCULPAS )

Why no one will help me

(Por que ninguém irá me ajudar?)

I am too dumb I am too smart

(Eu sou muito estúpida, eu sou muito esperta)

Marie Sands foi a primeira aurora a chegar no Quartel General dos aurores na manhã seguinte. Na verdade, o sol nem havia nascido ainda quando ela entrou lá dentro. Encontrou Quim sentado diante da mesa, lendo alguns relatórios.

- Ué, madrugou hoje!

- Digamos que estava sem sono- sorriu adoravelmente e perguntou- O que você tem aí?

- Alguns relatórios. Estamos investigando o que realmente aconteceu ano passado em Hogwarts...

- O que houve lá?

- Um ataque. Senta aí...- ela sentou-se ao lado dele, observando uma pasta que devia conter no mínimo quinhentas folhas dalitografadas a mão- Naquela noite, o Potter e o Dumbledore saíram. Tinham algo muito importante a fazer em outro lugar. Até agora ninguém sabe de nada.

- E aí? O que aconteceu?

- Snape era um traidor. Ele informou Você-sabe-quem que Dumbledore e Potter estavam fora, e os Comensais invadiram a escola. Alguns aurores e bruxos que estava no lugar uniram-se a um grupo de estudantes que "liderou" a batalha. Houve confronto, muita destruição. Potter e Dumbledore estavam de volta algum tempo depois. Não sabemos exatamente o que aconteceu, ou quem matou quem. Só se sabe que Dumbledore foi morto pelos Comensais, que fugiram imediatamente.

- Porque simplesmente não perguntam para ele?

- Ele se recusou a falar. O próprio Ministro foi falar com ele. Potter foi bem claro.

- O que ele disse?

- Que aqueles eram seus negócios. Que não interessava a mais ninguém onde ele estivera com Dumbledore. O Ministro ficou furioso, é claro, e Potter apenas olhou-o e disse que era um homem de Dumbledore e que era no ex-diretor que estava sua liberdade.

- É um bom garoto, não é?

- Sim, ele é. Tem algo nele, uma determinação, uma força oculta, algo muito poderoso e que no entanto não é perceptível por trás de toda aquela aparência de órfão perdido.

- Ele apenas cresceu, Quim.

- É, talvez seja apenas isso.

Marie pegou a folha e começou a ler atentamente. Quim levantou-se e voltou algum tempo depois com uma xícara de café fumegante. Ela aceitou e agradeceu com um sorriso, para logo perguntar:

- Alguma novidade?


They'll not understand me

(Eles não me entenderão)

I am lonely

(Eu estou sozinha)

Tonks chegou ao Quartel General tropeçando num tapete e voando porta adrento, derrubando Moddy que levava uma pilha gigantesca de papéis, que voaram em todas as direções.

- Ah, meu Merlin! Estou pior ainda hoje! Me desculpa, Moddy!

Ela levantou-se mal-humorado, enquanto Tonks entendia-lhe um dos olhos que voara longe da colisão. Em volta da mesa de reuniões, Marie, Quim e outros doze aurores riam. Tonks corou levemente e riu também, acenando para eles:

- Bom dia, pessoal.

- Começou com o pé direito hoje, hein!

- Logo com o Moddy!- comentou outro.

- Pois é, queria algo diferente do que o Quim hoje.

Todos os aurores riram e Marie percebeu que apesar do trabalho que tinham eles eram muito engraçados. Riu junto e Tonks sentou-se numa das cadeiras, quase derrubando-a.

- Tem certeza de que está tudo bem?- perguntou Quim.

- É claro que está. Sou assim por natureza.

Eles riram novamente e Moddy interrompeu-os:

- A cena foi realmente muito engraçado- Quim tossiu para disfarça um novo acesso de risos- Mas temos que começar a reunião.

- O que temos de novo por aí, Olho Tonto?- perguntou Tonks, animada, como uma criança que pergunta aos pais o que ganharia no Natal.

They'll hate me

(Eles me odiarão)

And there is not enough time

(E não há tempo suficiente)

Enquanto Moddy falava sobre como teriam de descobrir o que Potter e Dumbledore haviam ido fazer, Marie perguntava-se se contava ou não. Os sentimentos confundiam-se dentro dela, que achava que poderia explodir a qualquer momento. Talvez fosse isso que aconteceria. Por isso Marie apenas fingiu que nunca conhecera Harry Potter.

- E então, Marie, alguma idéia fantástica?

- Vamos começar do princípio. Quais são as suspeitas?

- Voldemort.

- Algo sobre ele ser o Escolhido, talvez.- sugeriu Tonks.

- Estamos chegando perto.- riu Gina, como se aquilo fosse um jogo de adivinho- O que mais temos de pistas e suspeitas?

- Parece que ele havia recebido aulas particulares de Dumbledore.

- Então temos quase a certeza de que tem a ver com Voldemort. Agora a pergunta é: o que pode ser...

Moddy olhou-a:

- Você faz tudo parecer tão óbvio.

- E tudo é óbvio, Moddy.- retrucou ela.- Eles devem ter ido a algum lugar.

- Rosmerta disse que viu-os indo ao Cabeça do Javali, mas eles não foram lá.

- Então vamos pensar. Como eles podem ter ido? Acredito que se foram para longe, não iriam de vassoura, ou demorariam mais. E poderiam ser visto. Flu exigiria lareiras, e isso implicaria testemunhas. O que nos resta?

- Chaves de portais e apartação.

- Dumbledore não usa chaves de portais- disse Quim imediatamente- Ele odeia-as.

- Então só nos resta aparatação. Temos registros da magia utilizada naquela noite em Hogsmeade, não temos?

Marie sorriu para eles. E foi então que pensou... e se Harry sobrevivesse? E se ele não estivesse realmente morto, só escondido, e sobrevivesse? Ela foi tomada por sentimento de pânico tão porfundo que Quim perguntou:

- Marie, você está bem?

- Eu... vou pegar um copo d'água.

Todos observaram-na levantar-se, e Quim e Moddy trocaram um olhar interrogativo. Marie só conseguia pensar se Harry a perdoaria por estar fugindo daquele jeito. Mas ser Gina Weasley só significava dor e sofrimento. Nada além daquilo.


It's too hard to help me

(É tão difícil me ajudar?)

And god wants me to work

(E Deus quer que eu trabalhe)

No resting no lazy

(Sem descanço, sem preguiça)

Marie Sands deitou-se naquele dia muito depois da meia noite. Tonks havia ficado para o turno noturno, e Remo estava no Ministério também. Por isso ela fez o jantar sozinha e sentou-se para mordiscá-lo perdida em pensamentos. Terminou de jantar e foi até o banheiro, onde tomou um banho longo e reconfortante, e ao sair do chuveiro deixou-se olhar muito tempo no espelho.

Era estranho ver-se com outras feições. Ser linda, de parar o trânsito, a ponto de conquistar o homem que quisesse. Mas tudo o que Gina queria era Harry. E quando pensou aquilo riu, porque Gina Weasley estava morta.

Caiu na cama, os olhos azuis vivos muito abertos, pensando no que a levara a tomar aquela decisão. E descobriu, desesperada, que não haviam motivos. Talvez fosse mais fácil simplesmente desistir de tudo. Reaparecer como Gina e deixar que Marie morresse. Mas então voltaria a sofrer, a chorar, a esperar sentada enquanto Harry lutava lá fora. A esperar por algo que talvez nunca chegasse.

Aquilo não era justo. Aquilo não era nem de longe o que ela conhecia como justiça. Nem só para ela, mas para todos. Ninguém merecia aquela guerra, aquelas mortes, àqueles ataques repentinos onde nunca instante você está vivo o no outro é só um corpo caído.

Marie fechou os olhos e deixou-se divagar por um mundo de sonhos onde era feliz com Harry. Onde eles caminhavam juntos à beira do lago em Hogwarts, de mãos dadas, rindo de coisas idiotas. A morena sentiu os olhos arderem pelas lágrimas, mas não iria chorar.

Harry devia estar lá em algum lugar, escondido, talvez em busca de um novo horcrux. Talvez já tivesse conseguido mais algum. Talvez tivesse conhecido outra pessoa. Alguém que realmente valia o risco de ser morta só para estar com ela. Alguém melhor que Gina. Mas não houve lágrimas. Apenas um aperto no peito e o desejo de houvesse alguém ali apenas para abraçá-la, para apoiá-la naquela loucura.

E então desejou poder ter novamente onze anos, ter vergonha de gostar de Harry, enfiar o cotovelo no pote de manteiga, ficar vermelha cada vez que ele olhava para ela... ou senão estar novamente no quinto ano e vencer o jogo de quadribol, para logo depois ele surgir e beijá-la como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

Mas ali, naquele apartamento vazio, era como se aquilo fizesse parte de outra vida, como se houvesse acontecido em outro século. E então, depois de todo aquele depressionismo, ela adormeceu.

These excuses how they served me so well

(Essas desculpas, como elas tem me servido bem)

They've kept me safe

(Elas tem me mantido segura)

They've kept me stoic

(Elas tem me mantido presa)

They've kept me locked in my own cell

(Elas tem me mantido trancada em minha própria cela)

Marie Sands chegou novamente muito cedo no Quartel General de Aurores no dia seguinte. Tão cedo que Tonks ainda estava lá, sentada numa cadeira, tomando café desesperadamente, com olheiras horríveis.

- Você já está aqui?

- Não conseguia mais dormir.

- Você parece estranha. Está tudo bem?

- Aham.

Tonks olhou-a de uma forma estranhamente maternal. Mas Marie só riu e disse:

- Alguma novidade?

- Nada de muito interessante.

- Sei...

Então, tão baixo que Marie mal pôde ouvir...

- Você não vai dizer nada, não é?

- Não... Nem que Voldemort me peça, eu não direi.

- A ninguém? Nem mesmo se encontrar Harry?

Marie primeiro não disse nada. Abriu a boca para logo fechá-la, como se não soubesse o que dizer. Finalmente sorriu e disse:

- Harry Potter? Não posso garantir nada em relação a ele, Tonks, e você sabe disso.

Tonks concordou com a cabeça e voltou ao seu café, parecendo que iria cair dormindo a qualquer segundo.

- Você parece mal, Tonks. Vá para casa e eu cubro seu turno.

- Tem certeza de que dá conta?

- É claro que tenho! Vá logo!

Tonks levantou-se e sorriu.

- Você consegue chegar em casa acordada?

- Não vou arriscar. Vou pedir uma chave de portal lá embaixo. Tome cuidado aí. Não faça nenhuma besteira, Marie.

- Pode deixar comigo, Tonks. Vá logo.

I'm too far from home

(Eu estou tão longe de casa)

It takes far too much energy

(E isso gasta muita energia)

Enquanto estava ali sentada, Marie bebericava o café, sem pensar em nada, apenas batendo o pé no chão ao ritmo de uma música trouxa que Mione gostava de cantar.

- O que temos aqui? Marie Sands!

- Bom dia pra você!- disse a morena, rindo, para o auror que entrou ali, John Hoff, um alemão realmente bom mas que quase nunca havia visto e nunca havia conversado.

- Certo, estou acordado desde onde e não está sendo um bom dia. Cadê a Tonks?

- Estou no lugar dela. Ela parecia prestes a desmaiar de sono.

- Típico dela...

Os dois riram.

- Certo. Estamos com algo não muito importante, mas alguém tem que ir verificar. Parece que houve um incidente perto do shopping trouxa. Quer ir ou posso ir eu? É que perdi o show no metrô dormindo e gostaria de recuperar...

Marie riu.

- Vá lá. Precisa que eu faça algo a mais por aqui?

- Apenas verifique os monitores. Qualquer agitação anormal de magia, aperte o botão vermelho.

- Mais alguma coisa?

Ele olhou-a por um momento antes de perguntar:

- Quer almoçar comigo?

Ela riu.

- Quando, John?

- Hoje mesmo, se eu voltar a tempo!

- Certo, eu vou.- ela sorriu e ele acenou.

- Tome cuidado, Marie.

- Você também.

Ela foi para a frente dos aparelhos, imaginando como analisá-los. Certamente eles deviam aprender como fazer coisas como aquela funcionar na escola de aurores, mas Gina nem era uma bruxa formada.

Foi quando vozes discutindo surgiram e ela empurrou a cadeira de rodinhas para trás, observando os dois aurores que entraram naquele momento, e um deles tocou sobre a mesa uma pilha de papéis.

- Pare de agir como um idiota, Dan!

- Pare você, George, você não é invencível, está bem?

- Hey? Brigas às seis da matina só se for bem longe daqui. De preferência em um lugar onde eu não escute nada...

Os dois olharam para ela e tiveram que rir de sua expressão de desolada. Dan, que era um dos aurores mais novos, sorriu para ela e disse:

- Desculpa, Marie, não sabia que você estava aqui.

- Agora sabe!

George riu e disse:

- Estamos com um problema, Marie, venha dar uma olhada nisso.

- O que foi?

Ela levantou-se e observou a parte da página onde George apontava com o dedo cuja unha estava roída.

- O que foi?

And I cannot afford to

(E eu não posso deixar isso acontecer)

No one will ever see me

(Ninguém me verá mais)

Foram interrompidos naquele momento por um apito dos aparelhos. Marie correu até lá, tocando-se sobre a cadeira e analisando-os sem entender nada. Porém, foi muito fácil ver o que estava acontecendo. Era perto do shopping. John fora para lá. Devia estar em perigo.

- O que houve aí, Marie?

- Um ataque. É na…- ela deu o endereço- Precisam de vocês lá. Eu cuido de tudo aqui.

- Mas...

- Vão logo!- pediu ela.

E, pela primeira vez, ela não queria lutar. Queria apenas ficar ali, não arriscar a própria vida, não ver os outros quase morrerem. Foi quando Moddy, Quim e outros três aurores que, ela sabia, haviam sido transferidos da América naquele mesmo dia, entraram ali.

- Bom dia, Tonks. Espero que não me derrube hoje.

- Não é a Tonks- disse Marie- Sou eu.

- Ah, é você. Algo novo?

- Um ataque num shopping trouxa. John, George e Dan estão lá.

- É grande?

Gina não imaginava se era grande ou não.

- Venha dar uma olhada nisso!- sugeriu, tentando disfarçar sua ignorância diante dos aparelhos.

Moddy aproximou-se com os outros aurores. Assim que ele olhou para a tela do aparelho, seus olhos se arregalaram:

- Oh meu Deus! É horrível! Vamos logo!

Marie levantou-se sem pensar.

- Você fica aí, Marie. Acione os outros aurores. Queremos paramédicos e obliviatores no local. Você coordena a missão.

- Eu... o que?

- É tudo seu. Só vamos lutar.

Moddy saiu, seguido pelos três americanos. Quim virou-se para Marie:

- Vá em frente, Marie. Ele nunca deixou nada nas mãos dos outros quando podia fazer tudo sozinho.

- Isso é algo bom?

- Ta brincando?

Ele saiu rindo e ela ficou ali imóvel por algum tempo, antes de começar a escrever apressadamente vários memorandos.

Enviar obliviatores para...

Enviar paramédicos para...

Todas as unidades de aluno disponíveis para...

Depois de alguns minutos todos já estavam voando, e Gina ficou olhando mais um pouco para a tela. Foi quando viu outro monitor, mais à esquerda, semi-escondido. Aproximou-se de lá e leu o que dizia num bilhetinho:

Cuidado, em manutenção

Ela viu que haviam vários saquinhos com coisas penduradas, do tipo anéis, prendedores de cabelo, brincos, e até pedaços de cabelo, cada um com uma etiqueta e uma sigla. Ela observou novamente a tela e viu algumas palavras escritas em lápis: procurados, sob a própria máquina.

Observou com mais atenção. Era um mapa mundial. Um globo que girava. Não havia nada ali. Marie já podia imaginar. Era um localizador que só agia se magia fosse utilizada. Mione falara que o Ministério estava trabalhando nessas coisas. Foi quando viu um ponto.

Pôs o dedo sobre o ponto e sentiu aquele lugar aumentar várias vezes. Podia já ler em que ruas o pontinho estava caminhando. A sigla sobre o ponto laranja (isso deve ser coisa da Tonks, pensou), dizia: SPS. Ela procurou apressada pelo saquinho com aquela sigla.

Não foi difícil encontrá-lo. Era um livro. Um livro encapado com as letras descascadas dizendo: Hogwarts – Chamada. Marie ofegou. Só podia ser ele. O traidor. O culpado por tudo aquilo. Sentiu lágrimas arderem em seus olhos e levantou-se. Sem pensar no que estava fazendo, simplesmente partiu.

Não importava-se com mais nada. Sabia apenas que precisava pegá-lo. Não se importava com mais nada. Foi até a seção de chaves de portais e disse:

- Eu preciso de um agora, para perto de King Kross.

- Mas...

- Vou pegar um dos grandes, sério...

Ela agarrou a chave de portal e desapareceu. Quando "caiu" lá, Snape ainda estava lá. Sabia que era ele sem nem olhá-lo de frente. Foi então que riu:

- Que prazer, Snape, encontrá-lo aqui!

O bruxou virou-se. Tinha o rosto sangrando e não parecia muito bem.

- Você não parece muito bem. Houve algum problema?

- Quem é você?- perguntou ele.

- Você anda desinformado. Sou Marie Sands. Nova aurora. Vim da França.

- Mais uma idiotinha.

Marie Sands sorriu e bateu com a varinha na palma da mão esquerda. Não sabia como podia estar se controlando. Aquele cara havia matado Dumbledore. Aquele cara era um traidor.

- Eu? Talvez. Idiota em ter confiado em você, Professor Snape. Mas não se preocupe. Em breve irão descobrir quem matou Dumbledore. Falta pouco...

- Não há como provar nada!

- Há sim, Snape!

Ele moveu a varinha e atacou-a. a partir daí foi uma confusão de feitiços voando para tudo quando é lado. Marie nem sabia de onde conhecia tantos feitiços, só soube que os lançava com tal seriedade que Snape estava com sérios problemas para se defender. Foi praticamente sem querer que Snape foi atingido e voou para trás, ficando imóvel no chão, olhando-a aproximar-se cuidadosamente dele.

Foi naquele momento que Marie ouviu uma voz que conhecia bem demais.

- Fiquem onde estão!

Marie não se virou para olhar. Estava preocupada demais olhando para Snape, que parecia realmente muito mal.

- Você é um idiota, Snape- disse ela- Você foi um completo e total idiota, não é?

- E se fui? O que você tem a ver com isso?- cuspiu ele, com ódio- Eu nem te conheço!

Foi quando três pessoas aproximaram-se. Marie olhou atentamente para cada um deles, mas não se pareciam em nada com Harry, Mione e Rony. A mulher era bem mais baixinha e tinha cabelos morenos com mexas exageradas rosa pink, e os dois homens eram loiros, um liso e o outro encaracolado. As feições eram diferentes. A única coisa que parecia era a voz.

Marie, que segurava a varinha do bruxo, tocou-a para um dos rapazes, que estava na frente, e disse:

- Ele é todo de vocês.

- Quem é você?- perguntou a garota.

- Marie Sands. Sou aurora. E vocês?

Silêncio. Um dos loiros xingava Snape... Marie podia entreouvir as palavras: "traidor estúpido! Você matou-o! Eu vi! Eu vi! Eu estava lá, seu cretino, seu falso, seu..."

As lágrimas vieram aos olhos de Marie, que sorriu para a mulher estranha à sua frente.

- Não vai levá-lo?

- Ainda não é a hora dele.

- Você... está bem?

- Estou ótima.

- Parece machucada.

Mas Marie não sentiu nada. Seus olhos viam um dos loiros socando com força o rosto do homem, com raiva, enquanto gritava. Foi quando Marie disse:

- Menos, Harry Potter. O cara pode ter sido idiota, mas isso não vai trazer Dumbledore de volta.

Marie saiu caminhando e o rapaz afastou-se do bruxo caído, correndo até ela. Marie começou a correr também. Não queria que ele a visse chorando. Não queria ter de olhar para aquele rosto estranho. Mas os dedos dele seguraram seu braço e puxaram-na firmemente:

- Quem é você? Porque me chamou de Harry Potter?

- Porque ele foi o único que viu Dumbledore morrer. Você foi quem viu Snape matá-lo. Ou não? Havia mais alguém lá, Harry?

O rapaz loiro ficou alguns minutos apenas olhando-a.

- Quem é você? Como sabe isso?

- Sou Marie Sands, e você nunca me viu na vida.

- Então como sabe sobre isso?

- Sei muitas coisas que você nem imagina, Harry.

Então, lentamente, as feições dele foram mudando, até que ele estava moreno, de óculos, olhos azuis, a cicatriz na testa. Ele viu como os olhos dela brilhavam e como as lágrimas pareciam prestes a cair, mas não disse nada.

- De onde você me conhece, Sands, diga logo!

Ele sacudiu-a e Marie fechou os olhos. Ele tinha o direito de saber. Marie sabia que ele não morrera. Ele também tinha o direito de saber.

These excuses how they served me so well

(Essas desculpas, como elas tem me servido bem)

They've kept me safe

(Elas têm me mantido segura)

Gina encarava aqueles olhos verdes e sentia as lágrimas acumulando-se cada vez mais nos olhos. Não conseguia se mexer. De repente, faltava-lhe coragem para mostrar a ele o que fizera consigo mesmo.

Seria tão mais fácil continuar apenas admirando-os, apenas perdida naquele olho verde que tanto gostava.

Foi só naquele momento, olhando-o, que Marie percebeu o quanto ele havia mudado. Havia em seus olhos apenas um brilho "maníaco" e obssessivo, algo que ela nunca vira antes, e até sentiu medo. Ele não sorria. Havia crescido quase quinze centímetros, o que significava que estava bem mais alto que ela. A diferença era tanta que ela mantinha o queixo erguido.

- Diga, garota! Quem é você? Da onde me conhece? Como sabia que era eu?

- Eu simplesmente sei, Harry- sussurrou ela- Eu venho estado com você em pensamento por todo esse tempo... eu... eu...- ela ficou muda.

Foi quando veio uma exclamação seguido de um grito. Marie apenas olhou por sobre o ombro de Harry e sussurrou:

- Vá ajudar o Rony e a Mione, Harry... não os deixe sozinhos...

O rapaz olhou para trás.

- Nós ainda não terminamos, Sands!- ele segurou-a com mais força no braço.

- Você está me machucando!

- Qual é o seu problema, hein?

- Não te interessa, Harry. Dessa vez não é da sua conta...

Ela baixou a cabeça enquanto as lágrimas iam escorrendo por sua face. Harry olhou-a e parecia não estar entendendo nada.

- Vá logo, Harry. Saiba que estarei sempre contigo.

- Eu nem sei quem você é.

- Vá logo, droga! São seus amigos! São as pessoas que estão ao seu lado nessa guerra!

O rapaz saiu correndo em direção aos amigos. A mulher estava insconsciente no chão e o outro rapaz lutava. Harry, agora já transformado novamente no rapaz loiro esquisito, ainda olhou uma última vez para trás, em busca da estranha moça francesa, antes de assumir seu lugar na luta.

They've kept me stoic

(Elas tem me mantido presa)

They've kept me locked in my own cell

(Elas tem me mantido trancada em minha própria cela)

Marie chegou meia hora depois no quartel general dos aurores. Já havia chorado toda uma cota anual e não queria mais. Sentia-se acabada e doída em cada centímetro do seu corpo. Tudo o que queria era uma cama, um travesseiro, um chocolate e solidão. Era a única coisa que lhe restava.

Porém, assim que entrou lá, Quim agarrou-lhe o braço. Quando encarou-a, parecia um caminhão havia passado sobre ela.

- O que você fez?

- É uma longa história, Quim, mas estou bem.

- Tem certeza? Parece péssima!

- As aparências enganam, Quim. Quem parece péssimo na verdade é você. O que houve?

- Estamos levando a pior no shopping. Vim buscar reforço.

- Eu vou junto.

- Você coordena tudo daqui, Sands. Ouviu as ordens de Moddy. É para chamar todas as unidades de emergência, ta legal? Você coordena tudo daqui. É só pegar os monitores. Você já deve ter feito isso milhões de vezes antes. Vá em frente. Tudo sob seu comando. Em outras palavras, divirta-se. É tudo seu.

- Isso não é tão engraçado quanto você diz. Nem tão fácil.

- Não sei. O Moddy nunca deixou ninguém tentar antes.

Marie observou-o se afastar e foi para a frente dos monitores. "Ótimo", pensou consigo mesma, "estou encalhada aqui, sem nem imaginar o que fazer, tendo que coordenar a distância cinqüenta aurores, e conseguir outros tantos. Porque não posso simplesmente lutar?"

Olhou desolada para aquilo. E foi então que começou a pensar como uma aurora pensaria. Em pouco tempo estava se entendo com as máquinas, apertando botões e cometendo alguns erros.

These excuses how they're so familiar

(Essas desculpas, como elas são familiars)

They've kept me blocked

(Elas tem me mantido bloqueada)

Cinco minutos depois, haviam vários membros do Ministério, de diversos setores, em sua frente. Olharam para a garota e um perguntou:

- Onde esta Moddy?

- Lutando. Essa missão é minha.

- Sua? Moddy sempre se encarregava de todas as missões.

- Pois isso mudou.- disse ela- E agora eu sou a líder.

E, olhando-os firmemente, começou a distribuir ordens. Logo todos estavam correndo para cumpri-las. Quando finalmente estava sozinha outra vez, tocou-se sobre a cadeira e voltou a analisar os aparelhos.

They've kept me small

(Elas tem me mantido pequena)

They've kept me safe in my own shell

(Elas têm me mantido segura na minha própria concha)

Foi muitas horas depois, correndo de um lado para o outro, gritando com obliviatores retardatários e aurores que voltavam feridos e não davam relatórios completos. Estava exausta e a única coisa que deseja era um longo banho e uma cama bem quentinha.

Lá fora chovia torrencialmente, e as ruas em pouco tempo estariam inundadas e intransitáveis. Pensava como estaria àquele momento no shopping. O local fora isolado dos trouxas depois de muito tempo, mas tudo em volta estava um caos. Gina queria ir lá, mas tinha que coordenar tudo. Equipes de resgate, ligar para policias trouxas acalmando-os, e até gritar com o Ministro, que parecia exigir que ela fosse lutar.

- Eu já disse que sou a LÍDER DA MISSÃO!- berrou ela, furiosa.

O homem olhou-a e fez um aceno com a cabeça. Foi quando ela disse:

- Por favor, deixe-me trabalhar, você está agindo como um idiota.

- Eu sou o Ministro, garota, você me deve respeito.

- Oh, cale a boca, por favor... e, pela última vez, saía do meu caminho!

O homem com juba de leão estava quase saindo quando disse:

- Como é seu nome mesmo?

- Marie Sands.

- Você é das boas, Lady Sands.

- Se não fosse não estaria onde estou, Ministro.- e saiu caminhando sem olhá-lo novamente.

Bringing this into the light

(Trazendo-as para a luz)

Shakes their foundation

(Abala suas fundações)

And it clears my side

(E isso clareia minha visão)

Tonks estava ainda duelando quando começou a chover. Em pouco tempo estava totalmente encharcada e espirrando loucamente. O shopping estava em chamas e havia um esquadrão lá dentro, lutando para evitar a destruição total do local, enquanto o esquadrão anti-chamas lutava contra o incêndio.

Ela só desejava que tudo acabasse o mais rápido possível. Moddy lutava perto dela, atento como sempre, bem sério e compenetrado. Tonks estava começando a ficar com fome. Deu-se conta que não via Remo há quase três dias e deu vontade de chorar. Milhares de pensamentos começaram a passar por sua mente, e por mais que ela tentasse se manter atenta, começava a divagar sobre coisas "nada a ver".

Só queria que aquilo acabasse logo, que a guerra acabasse logo. E foi assim, perdida em pensamentos, viajando na maionese, que ela foi atingida e voou para trás. Suas costas bateram num pilar semi destruído e ela caiu no chão, sentido-se quebrada até o último fio de cabelo.

Ela havia deixado a varinha escapar, por isso, com um último sopro de força que lhe havia restado, ela rolou para o lado, indo rastejando para trás do pilar. Ficou lá sentada por algum tempo, meio sonolenta. E então, lentamente seus olhos foram se fechando e ela caiu num mundo de esquecimento.

Now my imagination

(Agora minha imaginação)

Is the only thing that limits

(É a única coisa que limita)

The bar that is raised to the heights

(O obstáculo que elas elevam á altura)

Marie Sands recebeu a notícia da vitória completa e total quase quarenta e oito horas depois do início do ataque. Já haviam acabado com os Comensais oito horas antes, mas ainda fora preciso falar com os trouxas, apagar os incêndios, desmemoriar, contar mortos, mandar os três comensais que haviam sido presos e ainda estavam vivos para Azkaban, resolver problemas com o St Mungus e os aurores em estado crítico, além de três aurores mortos e que ela tivera de comunicar a família e tomar providências, resolver alguns problemas com o shopping, enfim, quase oito horas de stress completo.

Quando acabou, estava preste a explodir em lágrimas de tão exausta que estava. Não tinha forças para nada e só queria ir para casa. Tudo havia sido um inferno tão horrível que ela não sabia o que era pior – estar ali lutando ou ter estado sozinha em Hogwarts.

Estava de pé, olhando pela janela, quase dormindo, quando ouviu um "téc-téc" conhecido. Virou-se a tempo de ver Moddy entrando pela sala.

- Bom dia, Sands.- disse ele.

- Bom dia, Olho Tonto.

Ele aproximou-se dela.

- Você parece cansada.

- Impressão sua...- disse ela, logo depois bocejando.

Moddy riu.

- Vá para casa. Volte amanhã de manhã.

- Ainda tenho que resolver algumas coisas, Moddy.

- Então vá assim que acabar.

- É claro que irei, Moddy.


No one can have it all see

(Você não pode ter tudo o que vê)

I have to they want me to

(Eu quero ter, eles querem que eu tenha)

And I can't let them down

(E eu não posso decepcioná-los)

I'll never be happy

(Eu nunca serei feliz)

Marie Sands saiu do Ministério três horas depois. Tinha olheiras profundas e já estava num estado de semi-consciência. Havia ido ver Tonks no hospital, já quase boa, e agora só queria um banho quente e uma cama.

Chegouao apartamento e viu tudo silencioso. Foi só então que percebeu como estava com fome. Foi até o armário e pegou um pedaço de bolo e café, comendo calmamente, olhando para o nada, sentindo todo o corpo formigando.

Quando terminou, foi até o banheiro e ligou o chuveiro. Tirou lentamente as roupas e entrou dentro do boxe. Deixou que a água pelando de quente escorresse por seu corpo, como se assim todo o horror das últimas horas escorresse pelo ralo junto.

Lentamente, as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto. Mal as percebia, pelo jato de água que molhava-a inteira. Mas aquelas lágrimas eram geladas e frias, e pareciam congelar no rosto, como se nunca mais fossem sair de lá.

Podia ver ainda o rosto de Harry em sua frente. Era só fechar os olhos. Era só se lembrar. Os olhos verdes, aquela cicatriz que tanto conhecia, aquelas feições, aqueles óculos. Conhecia cada centímetro do rosto dO Escolhido.

Marie fechou o chuveiro e enrolou-se num chambre, indo caminhando até o sofá. Pôs uma calcinha e uma camiseta qualquer e, sem conseguir pensar em mais nada, caiu no sofá, já profundamente adormecida.

These excuses how they served me so well

(Essas desculpas, como elas tem me servido bem)

They've kept me safe

(Elas tem me mantido segura)

They've kept me stoic

(Elas tem me mantido presa)

Remo Lupin sentou ao lado de Tonks, que estava ainda adormecida em sua cama no St. Mungus. Ela já parecia melhor. Foi naquele momento que ele viu-a piscar os olhos e mexer-se. Quando virou o rosto, seus olhos caíram sobre Remo parado lá, apenas observando-a:

- Remo? Você está bem?

- Eu que tenho que perguntar isso!- disse ele, levantando-se e segurando a mão dela- Estava preocupado com você... Me deu um susto daqueles né!

- Já estou melhor, Remo... só um pouco cansada...

- Você está aí dormindo há quase um dia e meio, então não reclame!

Ela riu e sussurrou:

- Eu merecia...

Os dois riram desta vez, e Remo fez um carinho desajeitado nela, passando a mão pelos cabelos desgranhados.

- Quando vou poder ir para casa?

- Hoje ou amanhã.

- Como nos saímos no ataque ao shopping.

- Levamos a melhor. A Marie foi incrível.

- Ela duela bem, não é?

- Ela foi a líder, Tonks. Ela coordenou tudo dentro do Ministério. Até o Ministro está impressionado com ela. Estão falando que ela é uma candidata forte a desbancar Moddy a qualquer momento. Ela conseguiu prender mais comensais do que ele em vinte missões nos últimos meses.

- Jura? Quantos ela pegou.

- Três.- e os dois riram.

They've kept me locked in my own cell

(Elas tem me mantido trancada em minha própria cela)

These excuses how they're so familiar

(Essas desculpas, como elas são familiars)

They've kept me blocked

(Elas tem me mantido bloqueada)

They've kept me small

(Elas tem me mantido pequena)

They've kept me safe in my own shell

(Elas têm me mantido segura na minha própria concha)

Marie Sands acordou com o sol nascendo no dia seguinte. Espreguiçou-se, sentindo-se renovada, e foi até o banheiro. Penteou os cabelos cuidadosamente, prendendo-os numa trança cuidadosamente desajeitada, e vestiu suas melhores roupas. Tomou um café reforçado (nem imagino quando vou ter tempo de comer novamente).

Logo depois pegou sua bolsa, pondo dentro dela, estrategicamente, uma nova muda de roupa e alguma comida. Logo depois saiu do apartamento de Tonks em direção ao Ministério.

Chegou lá e encontrou tudo numa calmaria incrível. A sala dos aurores estava silenciosa e vazia. Ela sentou diante dos computadores, olhando a calmaria que apresentavam. Foi naquele momento que Quim entrou na sala.

- Já por aqui, Marie?

- Pois é...

- Chegou a ler o jornal?

- Deveria?

- Tem algo que você devia ver. É interessante.

Marie Sands pegou o jornal. Havia duas grandes manchetes. Viu bem grande Ataque em Shopping trouxa acaba bem e uma foto do local destruído. Abaixo, igualmente grande, uma foto de Marie caminhando, sem olhar para a máquica, parecendo extremamente bonita, preocupada e perigosa. A manchete dizia: Marie Sands, páreo duro para Aquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear.

Marie ergueu uma sobrancelha, encarando Quim, que disse:

- Onde você está?

- Estou com a Tonks.

- Vá para um lugar seguro, Marie, onde ninguém saiba e onde O Cara não possa te achar.

- Você acha que eu corro tanto perigo assim?

- Você ganhou do cara, Marie. Você simplesmente detonou o ataque deles, e sabe que vai ser assim. Se o cara ainda tiver o mínimo de bom senso, vai querer te matar assim que tiver oportunidade.

- Bom. Acredito que ele não terá oportunidade. Mas vou seguir teus conselhos, Quim.

- Faça isso mesmo, Marie. Tenha cuidado. Não confie em ninguém que não mereça confiança.

- Posso confiar em você?

- Você sabe que sim.

Ela sorriu e Moddy entrou naquele momento, já dando ordens e distribuindo tarefas. Ela e Quim trocaram um olhar e riram, para logo depois começarem a cumprir seus deveres.

Aí ta mais um capítulo... também demorou a sair. Mas não tanto hehehehe... é que andei meio sem tempo. Espero que gostem!

Obrigado a todos que leram e não deixaram reviews e a todos que leram e deixaram reviews: Alicia Spinet (realmente, a Mione deixando a comida queimar foi muito engraçado de escrever... é tipo que o ponto fraco dela, sei lá, porque ela não é perfeita, hehehe), Aback, Cristina Melx, Tássia Evans (vou te adicionar no MSN, não se preocupe, você parece precisar conversar aushausha, eu tbm fiko imaginando muito, o tempo inteiro, como eu me sentiria na situação, mas nem sempre consigo descrever tudo, mas sempre tempo né), Carol Malfoy Potter (nem imagino ainda quantos capítulos vai ter, depende até onde vai minha criativade hehehe.), Giovana Castro (porque a Ginba não pode tomar nenhuma decisão errada? Ela é humana e todos erram! Yes, eu vou ser mal com ela auhsuasa) e Letícia.Weasley! brigadão por comentarem

O que vocês acharam do encontro H/G? Fico idiota, precipitado, legal, emocionante ou o que? e vcs acham q ele tinha q descobrir q a Marie é a Gina? Eu to c umas ideias loucas mas ainda naum sei se vou fazer isso... hehehe... quero saber o que vocês acharam!

E não se esqueçam de deixar review, não custa nada! mesmo q não tenha gostado, posta ai!

Beijinhos!

XD