INCOMPLETE - INCOMPLETO
Empty spaces fill me up with holes
(Espaços vazios me enchem de buracos)
Distant faces with no place left to go
(Faces distantes sem um lugar para deixar partir)
Hermione Granger estava parada diante da janela do apartamento, o olhar perdido na Londres noturna. Haviam luzes por todas as partes, mas tudo estava silencioso.
Fazia quase um mês daquele encontro com Snape e com a estranha aurora, mas havia algo em Marie Sands que fazia com que Hermione não conseguisse parar de pensar nela como uma garota de olhar perdido e medo de errar. Sands parecera tão forte nas palavras, na postura, até no olhar. Mas era como se Mione pudesse ouvir as batidas do coração dela e concluir o que ela pensava.
- Mi?- chamou a voz de Rony- Você está bem?
- Estou só pensando.
- Posso saber no que?- ele abraçou-a por trás, beijando-a nos cabelos.
- Nada muito importante...
- Aham...- agora ele já corria os lábios pelo pescoço dela...
- Hey, pare com isso!- ela disse, fingindo ofendida.
- Não está gostando?
Ela teve que rir e virou-se para Rony, beijando-o com ardor. Ela finalmente afastou-o e disse:
- Estou preocupada.
- Eu sei. Quer conversar?
- Quero.
Sentaram-se no sofá, ela encolhida no colo dele como uma criança pequena. Fechou os olhos, enquanto ele penteava seus cabelos, e começou a falar:
- Estou preocupada com o Harry... ele não parece bem... Será que aconteceu algo que ele não nos contou? Algo que tenha a ver com o Snape, ou com aquela Sands...
- Não sei, Mi... também acho que ele está estranho.
- Fiquei assustada aquele dia, a forma como ele começou a bater no Snape, a forma como ele parecia dominado, meio que... sei lá... descontrolado.
- Acho que ele estava mesmo, Mi. Ele perdeu tudo e todos. Vamos falar sério...
Mione então simplesmente começou a chorar, abraçando Rony com força, como se tivesse cinco anos e houvesse acabado de ter um pesadelo.
Without you within me I can't find no rest
(Sem você dentro de mim e não posso encontrar descanso)
Where I'm going is anybody's guess
(Onde estou indo? Sera que alguém pode adivinhar?)
Harry Potter estava em seu quarto ainda. Segurava na mão o jornal daquele dia – "Marie Sands vence mais uma". Ele riu amargo. Era a quinta missão que a jovem aurora executava com precisão, vencendo o Lord.
Enquanto eles lutavam, ele estava ali, nas sombras, como se não fosse ninguém. Ninguém mais falava dele, não perguntavam, não comentavam. Era como se ele nunca houvesse existido.
E ele ria porque sabia que, se ele fracassasse, todas aquelas missões e mortes seriam em vão. Porque só ele podia impedir o Lord. Só ele podia vencê-lo.
Harry não sabia o que estava acontecendo com ele. Sentia cada vez mais um peso sobre os ombros, um cansaço, e ao mesmo tempo um dever e medo de prosseguir. Tinha medo do que encontraria, do que poderia acontecer. E o pensamento sobre o que faria se tudo acabasse bem e ele sobrevivesse era assustador.
A sensação de que não havia nada lá fora para ele era terrível. Era como se não fizesse diferença, como se não fosse necessário. O rapaz deitado na cama fechou os olhos com força, lembrando-se de um tempo longínquo, quando Hogwarts era linda, perfeita e idílica e as maiores aventuras que podia ter era tirar uma Pedra Filosofal do Espelho.
Chegou a rir da lembrança. Uma risada amarga e sem vida.
"O que Gina diria se me visse assim?", e logo veio a resposta, "provavelmente me daria um beijo e diria 'deixa disso, Harry... vamos aproveitar...". Um sorriso irônico e debochado. "Ela achava que o mundo era perfeito. Ela agia como se lá fora não houvesse uma Guerra, como se o que acontecia aqui não importava. E ao mesmo tempo dizia coisas tão incríveis como agir, e sempre agia tão bem..."
Não conseguiu mais pensar nela. Gina Weasley estava morta e nada mudaria isso. Merecia apenas vingança.
O brilho cego de ódio e vingança voltando aos olhos, ele pensou... "vou me vingar por todos... vou fazê-los pagar por todas as vidas que tiraram..."
I've tried to go on like I never knew you
(Eu tentei continuar como se eu nunca tivesse te conhecido)
I'm awake but my world is half asleep
(Estou acordado mas metade do meu mundo está adormecido)
Harry continuava lá, algumas horas depois. Sozinho e acordado. Levantou-se e foi até a mesinha cabeceira. Tirou de uma gaveta uma caixa de jóias e abriu-a, ficando por um longo tempo encarando os horcruxes que havia destruído.Não pareciam em nada com um pedaço da alma de Voldemort. Pareciam apenas objetos antigos de valor. Nada mais do que isso.
Sem conseguir mais ficar naquelas quatro paredes, ele levantou-se, pegou um sobretudo grosso e saiu apressado. Rony e Mione conversavam no sofá e nem o viram. Apenas saiu do apartamento, uma touca cobrindo os cabelos e a cicatriz. Ninguém poderia reconhecê-lo ali, naquele momento.
Parou num bar e pediu uma dose dupla de whyski. Sentado sozinho numa mesa, ele tomou mais outra dose, e outra, até que perdeu a conta. Já não pensava direito, e tudo o que queria era beber mais.
Não queria pensar na ruiva, não queria pensar nela. Havia tentado continuar sem falar nela, sem pensar nela, sem sonhar com ela, mas sentia que nunca havia conseguido. Continuar sem ela era como continuar sem seu próprio corpo, sem seu próprio coração.
E foi só naquele momento, bêbado como um porco, que Harry Potter percebeu que não podia continuar sem ela. Era doloroso demais, era irreal demais. Não percebeu que estava chorando, que dizia coisas incompreensíveis.
Só soube que o atendente do bar de repente gritou:
- Rápido! Se escondam!
O homem bêbado olhou para a porta e viu três bruxos de capa negra entrarem. E foi como se ele não estivesse mais alcoolizado. Ergueu-se já puxando uma longa varinha e viu que um dos homens ria.
- Guarde isso homem.- disse ele- É inútil.
- Você que pensa, querido...
Só quando ouviu uma risada feminina ele percebeu como soara gay. Teve que rir também e disse:
- Ah, é você, Bellatrix!- disse ele, e sua voz estava enrolada.
Por mais bêbado que estivesse, Harry ainda sabia que não podia ser visto. Por isso, no instante seguinte, baixou a cabeça, e era um homem loiro, sem cicatriz, de feições latinas e nariz grande.
- E você, quem é?- disse ela, com desdén.
- Eu sou seu pior pesadelo, amor...
Os Comensais caíram na risada, e Harry riu junto.
- Vamos lá!- chamou ele- É pra hoje ou pra ontem?
E rindo mais alto.
- Ou para o século que vem?
Houve um lampejo verde e Harry saltou para o lado de braços erguido, de forma ridícula, mas desviando-se do feitiço. Bellatrix riu.
- Você está bêbado. Como pretende duelar assim?
- Exatamente isso!- disse ele, e riu.
Houve um minuto de hesitação, e então Harry começou a lançar feitiços, se saindo bem demais para quem com certeza não conseguiria fazer um 4 com as pernas.
I pray for this heart to be unbroken
(Eu rezo para que este coração se cure)
But without you all I'm going to be is incomplete
(Mas sem você tudo que eu conseguirei ser é incompleto)
Houve ainda um bom tempo de duelo, no qual Harry detonou dois dos Comensais, antes de Bellatrix atingir o rapaz, que voou para trás. Ele bateu no ar contra a parede, caindo ate o chão e ficando lá, todo doído, sentindo o mundo rodar e a bebida toda remexer-se no estômago.
Já estava erguido de um salto, por mais que estivesse doído, quando ouviu uma voz:
- Bellatrix...
Ele conhecia aquela voz. Era ela! Era sua ruiva. Sua ruiva não estava morta. Era a mesma voz que ria das besteiras que ele falava, que dizia que entendia a mania que Harry tinha de salvar o mundo, a mesma voz que mentira, que contara piada, que pedira conselho, que dera conselho.
Talvez fosse apenas efeito do álcool, mas Harry sabia que ela não estava morta, que era ela ali... ele ficou num estado de hesitação e aéreo até que sentiu uma mão segurá-lo pelo ombro e a voz falar:
Você… está bem?
Harry não abriu os olhos, não olhou para quem o segurava. O jeito que a mão o segurava, o toque daqueles dedos, a pressão que cada um dava... tudo lembrava ela, o cheiro, o toque, a voz, o tom de preocupação... era totalmente ela, da unha do dedão do pé até o último fio de cabelo. Cada centímetro daquele corpo era ela, e unicamente dela...
É você, Gina?
Voices tell me I should carry on
(Vozes me dizem que eu devo continuar)
But I am swimming in an ocean all alone
(Mas eu estou nadando num oceano sozinho)
Marie Sands derrubou Bellatriz no chão e virou-se para o bruxo bêbado. Ele parecia extremamente bêbado, e tinha uma cara de sonhador que até deu a Marie vontade de rir. Mas ainda tinha que prender os comensais. Era melhor mandá-lo embora e terminar de fazer seu trabalho.
Segurou-o pelo braço, puxando-o para cima.
- Você... está bem?
Ela ficou olhando-o sem entender o porque do silêncio. Será que fora algum feitiço, alguma maldição? Estava começando a ficar com pânico quando ouviu-o:
- É você, Gina?
Ela ficou lá parada, e sentiu seus dedos soltarem o braço dele. Os olhos já cheios de lágrimas, meio sem entender, observaram o homem voltar-se para ela. Nunca vira aquele rosto antes, mas aquela voz...
- Harry?
O rosto dele surgiu encarando-a, e logo ela estava chorando abertamente.
- Sands?- disse Harry, porém, a voz estranhamente seca...
Mas Marie já não sabia mais se ela era Marie ou Gina. Podia dizer que não era Gina, podia fazê-lo sofrer como ele fizera com ela, podia simplesmente agir como se nunca o tivesse visto. Porém, nunca soube explicar porque fez aquilo, simplesmente disse:
- Gina Weasley está morta, Harry Potter... você matou-a quando abandonou-a!- e aí já era uma desabafo, uma vontade incontrolável de feri-lo, por mais irracional que fosse- Eu matei-a, entendeu? Fui eu!
Harry olhou-a sem entender.
- O que você está dizendo? Eu não matei Gina! Eu a amava!
- Então porque abandonou-a? porque deixou-a sozinha? Porque?
- Era mais seguro! Era melhor! Eu não queria expô-la ao perigo!
- Pois é. Agora ela está morta, Harry!
- Como você sabe? Porque disse que a matou? O que quer dizer com isso?
Marie ficou apenas olhando-o.
- Desculpe, Potter, mas eu tenho mais o que fazer.
- Porque não contou a ninguém que me viu?- disse ele- Eu mostrei quem era para você! O que você ganhou com isso?
- Um pouco de esperança, talvez.
- Esperança do que?
- De não estar lutando em vão. Como acha que me sinto?
Sem dar a ele chance de responder, voltou-se para os três comensais. Porém, assim que o fez, foi atingida com força por um feitiço que a fez voar para trás, batendo contra a parede.
Viu Harry voltar-se para Bellatrix, que riu alto:
- Então é você, meu bebê?
Baby, my baby
(Querida, minha querida)
It's written on your face
(Está escrito em sua face)
Um feitiço rápido, um desviar de corpo, uma risada. Bellatrix até ficou com medo quando Harry atingiu seu companheiro. Mas riu. Era a única coisa que faria. Ficou um pouquinho mais nervosa quando o outro voou. Estava sozinha pela segunda vez na noite.
- Estamos agora sozinhos, Bellatrix. Você matou Sirius, agora eu te mato. Ninguém para contar ao Lord que me viu...
- Você não faria isso. Você não é como nós...- disse ela, rindo.
- Como você sabe?
- Você era o queridinho de Dumbledore. Você não usará as mesmas armas que eu.
- Não tenha tanta certeza, Bellatrix!
E o duelo recomeçou. Marie queria sair dali, mas estava sem movimentos. Havia sido atingida e não podia levantar-se para ajudar Harry. E se ele morresse, e ele se ficasse muito ferido? Ela tentou levantar-se, mas estava presa contra a parede, exatamente como Harry estava quando Dumbledore fora assassinado.
O duelo estava feroz. Eles desviavam-se de feitiços, jogavam-se contra cadeiras, pulavam, davam cambalhotas, desviando-se, protegendo-se atrás das mesas. Às vezes eram atingidos. Ele já estava com o rosto salpicado de sangue e Bellatriz tinha um corte feio no braço. Mais alguns cortes, mais sangue, mas feitiços.
Marie Sands rezava baixinho para que aquilo acabasse. Mas ao mesmo tempo estava com medo. Nunca vira Harry agir daquela forma, com o olhar tão sedento de vingança, com aquela ferocidade. E então começou a chorar ainda mais, porque viu que ele realmente iria matá-la. Bellatrix pareceu entender e estava desesperada também. Descontrolada.
Marie viu quando ela hesitou demais e foi atingida, voando para trás. Bateu contra o armário de bebidas, cortando-se e caindo no chão imóvel. Viu Harry aproximar-se dela:
- Diga adeus, Bellatrix...
Marie teve que fechar os olhos, mas pode perceber o clarão verde, e então o silêncio. Não queria mais abrir os olhos. Podia ter sido Harry, podia ter sido ele o morto... ele podia não ter tido coragem de matar Bellatrix.
Ela já chorava copiosamente agora. Foi quando sentiu uma mão sobre seu rosto. Reconheceu aquele toque no mesmo instante. A forma como ele corria os dedos de unhas roídas pelo seu queixo, e depois desceu até o pescoço.
- Está tudo bem, Sands, não precisa ficar assim...
- Por favor... me solte...
Harry estalou o dedo e ela sentiu que podia mexer-se novamente. Abriu os olhos devagar. A primeira coisa que viu foi os olhos muito verdes de Harry olhando para os seus. Aquele olhar que conhecia tão bem, que adorava, que amava com todas as suas forças...
- Você matou-a?- perguntou, a voz trêmula.
- Sim, matei-a.
Mais lágrimas.
- Um assassino, Harry... foi nisso que você se tornou, não é?
- Você também disse que matou a Gina.
- Talvez tenha matado.- e então a raiva novamente.- Vá embora, eu sou a aurora aqui.
- Não parece, Sands.
- São só lágrimas, Potter.
- Tem certeza?
- Cale a boca.
- Quem é você, Sands, diga a verdade.
- Sou Marie Sands.- disse ela, encarando-o de forma que nunca se achara capaz de fazer.- Sou Marie Sands, aurora do Ministério. E você, quem é?
- Sou Harry Potter, você pode ver em minha face.
- O que posso ver é uma cicatriz e um olho verde incrível. Nada mais do que isso, Potter. Você mudou demais.
- Você não me conhecia antes.
- Eu não- disse ela- Mas Gina conhecia.
You still wonder if we made a big mistake
(Você ainda imagina se cometemos um grande erro)
- Onde você quer chegar?- disse ele, segurando o braço dela com força.
- A lugar nenhum, Potter. Saia do meu caminho.
- NÃO VOU SAIR!- berrou ele, sacudindo-a com violência.
- Então vou te fazer sair?
Marie Sands riu alto.
- Suma daqui. Os aurores vão chegar. Não podem te ver! Você tem que continuar sua busca.
- O que sabe sobre sua busca?
- Alguma coisa.
- Como sabe?
- Há coisas que não posso te responder.
- Porque está agindo desta forma?
- Porque não acho que você deva saber a verdade.
- Que verdade há para eu saber?
- Na hora certa você saberá, Potter.
Ele riu alto.
- Na hora certa? Pelo amor de Deus, Sands, eu já tenho dezoito anos, o que mais você quer?
- Quero que saia da minha frente.
- Ótimo! Porque é o que eu vou fazer!
I've tried to go on like I never knew you
(Eu tentei continuar como se nunca tivesse te conhecido)
I'm awake but my world is half asleep
(Estou acordado mas metado do meu munda está adormecido)
Porém, eles continuaram ali parados, apenas se olhando. Foi quando ouviram passos. Harry olhou-a e disse:
- Me espere aqui. Precisamos conversar...
E, sem esperar resposta, transformou-se novamente num rapaz loiro estranho, que saiu mancando pela porta dos fundos do bar. Marie viu-se sozinha, com Bellatrix morta no chão, e mais dois Comensais desacordados. Estava prestes a explodir em lágrimas quando Moody surgiu:
- O que houve? O que houve? Marie, como foi? Marie? Marie?
ELa finalmente saiu de seu torpor e disse:
- Quando cheguei aqui o ataque já havia começado... Havia um homem loiro de feições estranhas duelando contra os três. Nem imagino quem é... e então ele foi atingido e eu comecei a duelar com os três. Nocauteei esses dois, e então ela me atingiu- Marie não sabia porque, mas estava difícil de falar, porque chorava compulsivamente, descontrolada- E aí o cara loiro recomeçou o duelo, e de repente ela estava morta...
Marie não queria chorar, não queria demonstrar fraqueza, mas de repente não conseguia parar de chorar. Moody nem olhou para ela, ali atirada ao chão, contra a parede, sangrando sem perceber, machucada e dolorida, apenas foi analisando vestígios, corpos, fazendo anotações.
Foi quase cinco horas depois, quando vários obliviatores e bruxos do departamento de catástrofes já haviam ido embora, que Moody voltou a se aproximar dela.
- Você está bem, Sands?
- Estou sim...- disse ela, mentindo descaradamente.
- Você não precisa se culpar porque não foi você a pegá-la, sabe disso...
- Tudo bem, sério...
- Se é assim, eu vou indo. Chegue amanhã depois do meio-dia.
- Pode deixar...
Ela viu-o se afastando e levantou-se também. Sentia-se estranhamente tonta e muito aérea. Estava saindo quando ouviu passos:
- Marie?
Ela voltou-se, encarando novamente Harry Potter.
I pray for this heart to be unbroken
(Eu rezo para que este coração se cure)
But without you all I'm going to be is incomplete
(Mas sem você tudo o que conseguirei ser é incompleto)
Quando o viu apenas sentiu-se mais sozinha, mais triste, mais assustada. Ele aproximou-se dela, de um jeito estranhamente familiar, e sussurrou:
- Você não parece muito bem…
- Porque você não pode simplesmente me deixar em paz?- sussurrou ela, as lágrimas marejando os olhos- Porque você não pode me deixar em paz!
- você mesmo disse que não me conhecia.
Marie riu.
- E não te conheço, Potter. Não te conheço mais. Achei que te conhecesse...- e então ela não era mais Marie, era apenas Gina, a adolescente infeliz e sem vida abandonada em Hogwarts- Mas parece que você mudou demais. Você mata, você só quer saber de vingança... eu achei que te conhecesse, enquanto ficávamos lá em Hogwarts, falando besteiras, rindo com a Mi e com meu irmão... mas então...- ela soluçou, a mão nos rostos- Mas então você quer dar mais uma de herói, quer salvar o mundo mais uma vez... mas você me matou... não restou nada de Gina Weasley, ta legal?
Ela olhou-o de forma como a desafiá-lo, como se quisesse provar a verdade. E era difícil olhá-lo daquele jeito, só olhava porque ele a fizera sofrer. E no olho verde dele só havia carinho. Carinho e um brilho estranho, incrivelmente doce e pacífico.
- É você, Gina?- ela ouviu-o- Por trás dessa aparência é você mesmo?
- Não, Harry... não é mais a Gina que você conheceu. É uma sombra, é uma pontinha do que você conhecia. Ela é o resultado de tudo que aconteceu nos últimos meses.
Harry apenas olhou-a.
- Eu... tenho que ir- sussurrou ela.
- Me deixe ver seu rosto, Gina... me deixe olhar para você novamente...
- Para que, Harry? Isso não mudará nada entre nós. Me ver novamente não vai mudar nada.
- Você está dizendo que não gosta mais de mim?
Aquilo doeu. Doeu muito mais do que ela achava que doeria. Marie olhou-o por um longo tempo.
- Vamos, diga, Gina, você não sente mais nada por mim, é isso?
I don't mean to drag it on, but I can't seem to let you go
(Não é que eu queira arrastar isso, mas parece que eu não consigo te deixar partir)
Queria correr para ele e beijá-lo, e ao mesmo tempo queria afastá-lo para bem longe, queria não vê-lo, não ter que encarar novamente aqueles olhos verdes que tanto gostava. Tudo que queria era poder voltar a ser feliz, poder esquecer que um dia fora Marie Sands, e ficar com Harry para sempre. Porém, quando olhou-o, naquele momento, a noite terrivelmente escura lá fora, algo a fez dizer:
- Não sei mais, Harry.- sussurrou ela- Não foi você que disse que era melhor assim?
- Mas e se eu tiver errado?- sussurrou ele de volta.
- Já é tarde demais, Harry. Você já fez sua escolha, já está seguindo seu caminho, e eu estou fazendo o mesmo.
- Você desistiu de nós, então?
- Você desistiu primeiro.
- Eu? Eu queria te proteger!
- Você falou como se fosse uma atitude nobre, mas a única coisa que você fez foi me ferir, e sabe disso!
- Não era minha intenção!
- Então você devia ter pensando antes de falar, droga!- gritou ela, deixando de encará-lo.
- Porque você não pode simplesmente fingir que está tudo bem?
- Porque não está tudo bem!
Eles se olharam. Marie não chorava mais. Sentia-se sem forças nem para dar um passo. Por isso, num murmúrio, pediu:
- Só me deixei ir, Harry... me deixe continuar... eu não posso parar agora...
Ele riu alto. Como se ela tivesse contado uma piada muitíssima engraçada.
- Não pode parar o que? De fugir de mim? De ser a melhor aurora? Do que, Gina? O que você tem? Me diga!
E Marie sentiu vontade de esbofeteá-lo com todas as suas forças. Porém, apenas limpou uma lágrima e disse:
- Qual é o seu problema, garoto? O mundo não vai parar enquanto você busca os horcruxes. Você é um fracassado. É um garoto que se acha especial porque tem uma maldita cicatriz na testa!- e então veio aquele monte de palavras feias, que ela não queria dizer, mas não tinha como evitar- Você quer ter atitudes heróicas, quer ser importante, mas no fundo se esconde com medo de não conseguir ser tão bom quanto tem que ser! Porque não lutar no meio de todos? Porque privar a todos de um raiozinho de esperança? Você é tão ruim quanto ele, Harry. Você está usando as mesmas armas que ele! Ódio, desejo de vingança, raiva... isso não vai mudar o que aconteceu, Harry! Lembra o que Dumbledore dizia, sobre o amor de sua mãe?
Houve um silêncio incômodo. Marie riu alto:
- Não vou mais perder minhas preciosas horas de sono com você, Potter... E quer saber? Me esqueça. Esqueça que um dia foi meu colega, que eu te conheci, que fomos amigos, namorados, que vivemos momentos mágicos... oh, esqueça sim! Esqueça que um dia você esteve com uma garota fantástica, e que abriu mãe dela por um heroísmo ridículo e desnecessário. Esqueça tudo o que viveu, esqueça tudo isso! Porque é exatamente isso que vou fazer. Esquecer que um dia fui apaixonada pelo Menino que Sobreviveu, que um dia estive com ele, que um dia fomos felizes juntos, que um dia ele me abandonou porque tinha de salvar o mundo... vou me esquecer de tudo, entendeu? Estou cansada de sofrer...
Ela então saiu caminhando, mancando com a perna esquerda, o mais rápido que podia, para poder chorar em paz.
- Você tem certeza, Gina?
Ele não obteve resposta.
- Então ta.- disse ele- Vá logo. Cuide-se.- e então...- Eu vou estar sempre com você, em pensamento. E se algum dia conseguir me esquecer... me diga como.
Ela fez que não ouviu. Simplesmente seguiu caminhando. Já não haviam lágrimas, apenas um vazio no peito. Apenas uma vontade de se atirar sob o primeiro caminhão que aparecesse em sua frente. Não precisava nem ser caminhão, na verdade. Um carro já estava bom.
Sentia uma dor excruciante no corpo, mas não pararia de caminhar. Suas pernas estavam fraquejando, e sentia-se tonta, prestes a desabar, mas não iria cair. E então, quanto mais chorava, mais se sentia doendo, e mais tinha vontade de se atirar na frente de um carro, de acabar com aquele sofrimento, com aquela dor, com aquela solidão e tristeza...
E então, ela sentiu o mundo todo despencar e caiu no chão, perdendo os sentidos.
Harry saiu do bar alguns minutos depois, segurando as lágrimas, sentindo todos os motivos que tinha para continuar vivo escorrendo entre os dedos de sua mão. Estava caminhando quando a viu, caída no chão, inconsciente.
Primeiro hesitou: "vou deixá-la aí, sozinha...". Mas então no instante seguinte estava agachado ao lado dela, vendo seu pulso, e pensando no que fazer. Largá-lo no primeiro hospital que visse? Levá-la até o Ministério? Até o apartamento de Lupin? O de Tonks?
E foi então que surgiu a idéia. Levantou-a nos braços e decidiu levá-la para o seu apartamento. Sem hesitar, saiu carregando-a pela rua. Ficou preocupado ao constatar como ela parecia magra. Talvez não estivesse se alimentando direito. Com um pensamento fixo, ele aparatou.
I don't wanna make you face this world alone
(Eu não quero fazer você enfrentar esse mundo sozinha)
I wanna let you go (alone)
(Eu queria deixar você ir – sozinha- )
Mione olhava o sol nascer e dizia:
- Estou preocupada, Rony, ele sumiu.
- Daqui a pouco ele aparece, Mi, fique calma...
Não se passaram cinco minutos quando a campainha tocou.
- Deve ser ele!
Ela correu para abrir a porta e levou um susto. Segurando uma garota morena, totalmente suja, toda ensangüentada e inconsciente, estava Harry.
- O que houve?- era Rony.
- Quem é ela?- era Mione.
- Saí para arejar e acabei parando no lugar errado na hora errada. Houve um ataque. Ela é Marie Sands, a aurora.
Silêncio.
- Deixem-me entrar, ela está péssima.
E foi estranho para Harry colocar Marie ali, sabendo que ela era Gina, que ela tinha "aberto" mão dele, que era como se nunca houvessem se conhecido antes. Ela foi deitada sobre o sofá e Harry olhou-a por um longo tempo. Rony e Mione haviam trocado um olhar cúmplice, e agora Mione aproximou-se dela:
- Ela parece muito mal, Harry. Como espera que cuidemos dela?
- Nós já cuidamos de nós mesmos depois dos ataques.- olhou para ela novamente- Vamos precisar de ataduras, aquele livro que você tem, Mi, e... vejamos... ingredientes para poções revigorantes, contra febre, contra resfriado e...
Mione, porém, pôs a mão sobre o ombro de Harry:
- Você não devia ter trazido ela aqui, Harry.
- O que queria que eu tivesse feito?
- Eu não sei.
- Você está estranha, Mi. O que houve?
- Você está estranho, Harry.- rebateu ela, num sussurro.
- Estou com alguns problemas, é só isso.
Mione não respondeu nada.
Havia um clima estranho no ar e trabalharam em silêncio por algumas horas. A aurora estava realmente mal, e quando já era quase meio dia Mione anunciou:
- Acho melhor leva-la para o St. Mungus, Harry. Ela está realmente mal. Ela perdeu muito sangue, está queimando em febre...
Harry não disse nada. Levantou-se e disse:
- Vou tomar um banho, trocar de roupa e levá-la lá.
- Quer que eu vá junto?
- Eu posso fazer isso sozinho.
Harry foi para o banho, sem deixar que os outros vissem que ele também estava gravemente ferido. Ficou lá, a água escorrendo pelo rosto, pensando. Agora tinha que encontrar Snape. Havia algo que lhe dizia que não poderia contar com ninguém dali para frente.
Algo em seu coração lhe dizia que a partir dali eram suas escolham, eram seus passos, eram os caminhos que escolhesse que determinariam o que aconteceria. A partir daquele momento, Mione e Rony não podiam mais ajudá-lo.
Sentiu lágrimas arderem em seus olhos. Com raiva, sentindo o corpo todo doendo ainda, ele saiu do banho. Pôs uma roupa limpa e foi até a sala. Já tinha tomado uma decisão.
- Tem certeza que não quer que um de nós vá junto?
- Tenho, Rony.
E então olhou-o. o amigo baixou a cabeça antes que Harry pudesse falar e Mione olhou pela janela.
- Eu tenho que seguir sozinho... vocês sempre estiveram aqui para me ajudar, sempre fizeram a diferença em todos os momentos difíceis que enfrentei, mas agora é minha hora... Não quero arriscar vocês.
- Por que?- sussurrou Mione.- O que fizemos de errado?
- Nada, Mi.- disse ele, e ela tinha os olhos cheios de lágrimas.
- Então é mais uma dessas atitudes heróicas que você vai tomar pelos outros, não é? Você acha que estaremos mais seguros longe de você, que podemos ajudar mais como aurores ou na Ordem...
- A Ordem nem existe mais, Mione.
Silêncio.
- O que houve?
- Apenas Tonks, Lupin, Quim, Moody e McGonaggal continuam encontrando-se para ler relatórios e tomar decisões. Não há mais Ordem. Quando Dumbledore se foi já ficou difícil, e então quando souberam que eu "desapareci", tocaram tudo para o alto.
Rony socou com força a parede.
- Por que não quer mais a gente, Harry? Qual é o problema?
Houve um minuto de silêncio. Harry olhou-os:
- Eu estou perdendo o controle. Há um desejo de vingança que me domina, que não me deixa raciocinar direito. Às vezes não consigo controlar o que faço. É só o desejo de me vingar, e só...
- Não estou...- começou Rony, mas Mione interrompeu-o com um olhar.
- Ontem à noite matei Bellatrix Lestrange...
Nenhum dos dois conseguiu dizer nada. Não haviam lágrimas escorrendo pelo rosto de Mione, e Rony parecia um pouco assustado, mas nada foi dito. Harry desviou o olhar dos amigos:
- Não sei se é mais seguro comigo ou lá fora. Só sei que a estrada que eu vou seguir daqui para a frente deve ser solitária. Apenas eu e meus monstros... Existem muitas coisas lá fora esperando por vocês... Mas não há nada esperando por mim. Quero que vocês tenham a chance de serem felizes... sei lá... não quero que nada aconteça a vocês enquanto estiverem comigo.
Mione agora soluçava, abraçada a Rony.
- Eu não te entendo, Harry...- disse Rony- Estivemos ao seu lado desde que tínhamos onze anos de idade e não sabíamos nada sobre nada... porque afastar todos de perto de você? Porque seguir sozinho se pode ter alguém ao teu lado te dando força?
- Porque esse é o meu destino!
- Não é o teu destino sofrer sozinho, ter que lutar sozinho!
Harry virou-se para eles:
- É o que diz aquela maldita profecia! Eu e o Lord!
- Isso não quer dizer que você tem que ficar sozinho, droga!
Harry olhou-os sério.
- Eu não sei, ta legal? Só não quero me sentir culpado se alguma coisa acontecer!
Mione finalmente ergueu a voz:
- Não quero saber, Harry. Eu e o Rony vamos ficar com você, até o final, até que ele tenha morrido, ou que nós dois morramos, ou se você morrer nós vamos acabar com isso por ele!
- Mione...
- Não, Harry.- disse ela- Nós somos seus amigos. Não nos importamos de morrer. Vamos contigo até o inferno, se for preciso. Você sabe disso. Nós já não demos provas suficientes?
- Mas...
- Se nós tivéssemos que pagar as dívidas que temos com você por ter salvo nossas vidas...
- Ficaríamos aqui falando até o ano que vem!- completou Rony.
Harry teve que rir, e então Mione abraçou-o com força, soluçando e dizendo com a voz estranhamente esganiçada:
- Não nos peça mais nada assim, Harry, por favor.
I've tried to go on like I never knew you
(Eu tentei continuar como se nunca tivesse te conhecido)
I'm awake but my world is half asleep
(Estou acordado mas metade do meu mundo está adormecido)
Vinte minutos depois, um homem muito velho tinha deixado a melhor aurora da atualidade, Marie Sands, no St. Mungus. Disse que a encontrou caída no meio da rua e logo a trouxe ali. Antes que novas perguntas fossem feitas, ele havia desaparecido.
Quase trÊs dias depois, a morena acordou. A primeira coisa que Marie viu foi Tonks ao seu lado, conversando com Moody.
- Ela acordou!- sussurrou Moody.
Os dois voltaram-se para ela e pela porta surgiu também Remo.
- Marie?
- Você está bem?
Moody não falara nada. Gina fez que sim com a cabeça, mas sentiu tudo rodar.
- Mais ou menos...
- Viu, Moody!- disse Tonks, e parecia brava.
- O que houve?
Tonks aproximou-se dela.
- Estou xingando o Moody porque ele a deixou sozinha totalmente machucada...
- Não precisa- sussurrou Marie, fechando os olhos. Estava muito cansada.- Quando vou poder sair daqui?
- Quando estiver bem.
- Vai demorar muito?
- Não sabemos ainda.
Marie ficou em silêncio, olhando para o teto. Ainda não conseguia tirar Harry do pensamento. Sonhara com ele o tempo inteiro. E então aquela discussão ridícula.
Sentiu os olhos começando a se enxerem de lágrimas, enquanto pensava em todas as coisas idiotas que havia dito para ele. Como fora idiota, imatura, dizendo as coisas só de birra... porque simplesmente não mostrara para ele a antiga Gina e se tocara nos braços dele?
- Gina, você está bem?- era Tonks.
Marie soube que não havia mais ninguém ali pelo nome que Tonks a chamara. Abriu a boca para contar. Para dizer cada centímetro do que estava sentido. Mas então fechou-a novamente. Aquilo só pertencia a ela. Só ela devia sofrer. Ela estava sozinha. Não havia ninguém para segurar sua mão.
- Sim, Tonks. Eu estou bem.
A mulher de cabelos rosa pink olhou-a mais atentamente. Parecia que ia dizer algo mais, que tinha algo importante para lhe aconselhar ou contar. Mas então, Tonks apenas suspirou longa e profundamente e disse:
- Se você não quer falar, Marie, tudo bem... mas saiba que não está sozinha...
- Estou sim, Tonks- disse Marie- Nunca estive tão sozinha em minha vida.
- Foi você que escolheu esse caminho.
- Não disse que não fui.
- Mas está se queixando.
- Talvez. A gente sempre acha que vai ser um pouco diferente.
- E não foi, não é?
Marie sorriu.
- Foi diferente sim, Tonks... eu poderia ter tomado outras decisões, mas estou aqui. Agora me deixe sozinha. Minha cabeça vai explodir...
Tonks deixou o quarto e Marie ficou sozinha. Pouco depois, porém, a porta abriu-se e Moody entrou.
- Você vai querer continuar, Marie?
- É claro que vou. Ser aurora é a única coisa que me resta...
Moody observou-a por um tempo, e finalmente perguntou:
- Quem matou a Black? Marie? Quem matou-a?
Gina não disse nada por algum tempo. Finalmente, sussurrou:
- Esses são meus negócios, Moody. Extra Ministério.
- O que quer dizer com isso?
- Que, se depender de mim, ninguém nunca saberá de nada.
- E o que você ganha com isso?
Marie Sands sorriu.
- Não espero ganhar nada em troca de lealdade, Moody.
E quando o Ministro da Magia ouviu aquele discurso uma hora mais tarde, achou que ele soou estranhamente parecido com as palavras do Potter. Mas o maldito garoto estava morto. O maldito garoto e toda e qualquer esperança de vencerem aquela guerra.
I pray for this heart to be unbroken
(Eu rezo para que este coração se cure)
But without you all I'm going to be is incomplete
(Mas sem você tudo o que conseguirei ser é incompleto)
Marie saiu do hospital três dias depois, e foi direto para o Quartel General dos Aurores. Não queria ficar sozinha em casa, pensando em todas as desgraças, pensando em todos seus problemas.
Quando se sentou em sua mesa, pegou uma xícara de café e ficou apenas olhando para uma pilha de relatórios. Abriu o que havia mais em cima e começou a ler.
Em seu apartamento, Harry olhava pela janela. Rony e Mione haviam saído. A maa estava pronta ali ao lado, e uma carta escrita. Era só se levantar e ir embora. Leu novamente aquele bilhete:
Encontre-me hoje à meia noite em frente ao Parlamento. Muito importante. Half-Blood Prince.
Finalmente, Harry levantou-se. Pôs a mochila sobre os ombros e pegou a sacola com a mão esquerda. Sem olhar duas vezes para trás, simplesmente deixou o apartamento, vestido como um brilhante executivo trouxa (sim, terno e gravata).
Caminhou por duas quadras e finalmente chamou um táxi. O motorista olhou-o e perguntou:
- Para onde, senhor?
- Para algum hotel, por favor... bem longe daqui...
- Sim senhor!
O táxi começou a rodar e Harry viu-se perdido em pensamentos. Rapidamente, as idéias foram se tornando fixas. Tinha que se encontrar com Snape. Depois, se ele ainda não houvesse destruído o quarto horcruxe, teria que destruí-lo. Depois do quarto horcruxe, tinha de se encontrar com Gina uma última vez. Não queria correr o risco de morrer sem vê-la novamente, sem pedir desculpas, sem sentir aquele corpo contra o seu, aquela boca na sua... Ele paroude pensar e pensou no último passo. Encontrar Voldemort. A batalha final. Parecia impossível que já estivessem aí.
E quando pensava que podia morrer tentando, ele perguntava-se se havia valido a pena. Se ele havia feito alguma coisa valer a pena. E a resposta era sempre negativa. Era sempre como se houvesse deixado muita coisa para o lado, como se tivesse faltando muita coisa dentro de si.
Antes que terminasse os pensamentos, o táxi parou diante de um hotel de luxo. Harry tinha muito dinheiro. Mandara Tonks esvaziar o cofre antes de "desaparecer", e agora podia ficar lá por muito tempo. Quanto tempo fosse necessário.
Ele foi até o recepcionista e registrou-se como James Evans.
Subiu até uma suíte de luxo e tocou-se na cama. Adormeceu sem ao menos trocar de roupa.
Mione e Rony entraram no apartamento de mãos dadas, rindo. Um anel cintilante brilhava no dedo dela. Tanto ou mais que os olhos castanhos.
- Harry!- chamou ela- Harry!
Mas não teve resposta. Foi até o quarto dele e viu-o vazio.
- Onde será que ele...
Mas Rony já vira a carta. Já havia lido as primeiras linhas. Então virou-se para Mione:
- Ele foi embora, Mi. Ele resolveu continuar sem nós.
Mione não chorou. Aproximou-se dele e, sem lágrimas, leu a carta:
Ron e Mi
Sei que vocês devem estar me achando um grande estúpido pelo que fiz, mas peço que me perdoem. Vocês já fizeram demais por mim. Com certeza não estaria onde estou agora se não fosse por vocês. Vou ficar bem. Tenho coisas para fazer sozinho agora. Vocês sabem disso. Espero que sim.
Mione desviou o olhar e encontrou o de Rony. Não haviam palavras. Ela apenas voltou-se novamente para acabar de ler:
Só tenho um último desejo. Quero que vocês sejam felizes. Vocês dois, mais do que ningué, merecem a chance de poder ser feliz, de sorrir o tempo inteiro, de terem filhos, netos, bisnetos, e construírem uma família incrível.
Rony riu, enquanto Mione corava ferozmente.
Espero sinceramente que fiquem bem. O apartamento de Sirius é de vocês. Para começar uma vida nova. Saiam daí e digam que estavam presos, mas não comigo. Inventem uma história e não incluam meu nome... digam que não me vêm desde que deixamos Hogwarts. É melhor assim. Agora é o meu caminho, são os meus passos.
Só pensem em mim de vez enquando. Façam um pensamento positivo.
Pela última vez, não se culpem. Vocês têm uma vida inteira pela frente. Eu não tenho nada.
H.P.
P.S.: Vocês foram incríveis.
Mione tocou-se sobre Rony, sem lágrimas, sem soluços, apenas abraçando-o com toda a força que tinha.
- Vai ficar tudo bem, Mione.
- Espero que sim, Rony...
Ela apoiou a cabeça no ombro dele e sussurrou:
- Só queria que ele também tivesse a chance de ser feliz.
- Cada um tem seu destino, Mione.
- O dele foi cruel demais.
Silêncio. Lá fora, o sol se punha como uma grande bola de fogo no horizonte. Mione olhava para Londres, na hora do rush, e desejava que ainda houvessem muitos por de sóis pela frente. Para ela, para Rony, para o filho em sua barriga e para Harry.
Bejaum pra todos que comentaram...
Carol Malfoy Potter (bom... por enquanto não há mais idéias sádicas, mas embreve devo me inspirar heheheh...), Lisi Black (olhos da Marie azul... sei lah kem se inganou heehhehe... um pouko sobre a ordem tah aí... os horcruxes eu tbm naum sei... hohoho, aí jah teve H/G, T/L vai te no proximu maybe huahsuah, e sobre o snape eu inda num mi dicidi aushauh...), Mah Potter (eh... tipo, foi uma idéia loka, mas inda naum decidi se o snape vai ser traidor ou não. ker dizer... ele podia ter mentido again neh... mas sei lá...). Maria Weasley (eh... o Harry eh mto tapado mesmo... mas ele é legal às vezes. e tipo, ele achava q a gina tava morta, naum conseguia ligar os fiozinhos, pq a marie era a melhro saber, e ele naum esperava isso da Gina... mas sei lá... aí tu jah viu o q aconteceu neh... hohhoho... q acho?), Maika (Se aquele outro jah foi triste, quero ver oq ue você dirá desse! ateh eu fikei meio depre de tudo isso... o que acha da Gnia agora né? que trste hehehe...), Wo Ai Ni (hehehe... q bom q gosto! espero q tenha gostado desse encontro H/G tbm!), Cristina Melx (serahq so falta um mesmo? tomara q sm auhsuahsua...)
Please, deixem review, não custa nada! um monte de gente le e poka gente comentah... mas thudu beim! não deixem de dizer oq ue acharam hehehe... satisfaçam essa humilda autora...
O que acharam em? vão querer me matar? espero que não...
Bjossssss
Comenteeeeeeem!
XD ;)
