Naruto não me pertence.

Minha segunda fic. Por favor, deixem review.


Oh, bare grace misery

Just a child without a fairytale am I

Dark, but so lovely

A little match girl freezing in the snow

Nightwish, "Bare Grace Misery"


A Árvore

Verão, quente e úmido…

Nuvens começando a cobrir o céu.

Uma floresta, muitas árvores.

Devemos encontrar um pergaminho escondido nesta área, em no máximo duas horas.

Treino básico.

Em vinte minutos eu cumpro o objetivo.

Estava debaixo das raízes de uma árvore cujo tronco se inclinava em direção oposta as outras.

O truque é prestar atenção nesses detalhes que se destacam.

Nunca está escondido no lugar mais óbvio. Aí qualquer idiota acharia.

Também não está nas localidades mais complicadas. Seria difícil para os aliados acharem.

Além disso, muitos idiotas tendem a pensar no mais complicado primeiro.

É por isso que ele gastou todo o tempo dele revirando as pedras do riacho.

Ela tentou um pouco melhor. Ocos de árvores, pedras grandes. Só que ainda assim havia muitas dessas.

Entrego o pergaminho para o sensei.

Mais uma vez eu recebo a aprovação dele.

Infelizmente, eu tenho de ouvir reclamações...

"Sensei, só ele que ganha nesses treinos. Você não tá roubando pra ele ganhar!"

"Ei, sabe que como sensei, eu tenho de ser imparcial."

"É! Então como só ele consegue fazer isso tão rápido?"

Voz feminina.

"Não é ele que é rápido. Você que é lerdo."

"Lerdo por quê?"

"Porque no último treino, que era pra cada um procurar o seu, você levou 5 horas pra achar. E isso só porque a gente ficou gritando "tá quente, tá frio"."

Foi tedioso aquele dia.

"Ah, não enche. Como se você tivesse PEITO para ser tão metida."

"Repete, se você é homem."

"Não entendeu? Tábua, chata, metida, tronco, despeitada..."

"Ei, parem com isso vocês dois..."

Briga.

É sempre assim.


Meia hora depois estamos acompanhando o sensei...

Ele quer nos mostrar alguma coisa.

"Você vai ver só. Eu não vou perder de você. Vou ficar muito mais forte e vou quebrar a sua cara."

Se eu responder qualquer coisa ele vai continuar a falar. Por isso fico calado.

"É só para isso, que você quer ficar forte Jiraiya?"

"Bem não é só pra isso não, Sarutobi-sensei. Também é pra me tornar um grande ninja..."

"Hum..."

"... e assim eu vô poder pegar muita mulher". Ele termina quase babando.

Toma uma moca na cabeça.

"Tarado!"

"Ora Tsunade, não o reprima por causa disso."

"Ah sensei. Você também é um tarado?"

"Er, veja, não é bem assim, uhm. Olha só... chegamos! Ufa."

Estamos cobertos por uma grande sombra.

Diante de mim, há uma grande árvore.

Seu tronco se ergue a uma altura maior que todas as outras árvores da floresta.

São tantas folhas, que não dá para ver o céu através delas.

Certamente, não é um ser humilde.

"Quantas flores..."

"É só isso que você queria mostrar?"

"Só? Você ainda acha pouco, Jiraiya?"

"Hã?"

"Você sabe quantos anos ela tem?"

É claro que ele não sabe.

"Mais de 1000 anos..."

Bem, eu também não sabia...

"Caramba sensei! Mil anos! Como ela conseguiu? Ela deve ser muito forte."

"Agora, ela é. Mas no começo ela era só um brotinho. E muito antes disso não havia nem mesmo uma semente."

Prestamos atenção.

"Mas então a mãe dela gerou uma semente. Essa semente se abrigou na terra, e cresceu sendo alimentada pelo sol e pela chuva até se tornar o que é hoje."

"Se nada tivesse tomado conta dela, ela não seria o que é hoje."

"E hoje ela é o lar de pássaros e insetos que se alimentam de seus frutos e flores."

"Eu fui ensinado e protegido. E agora ensino e protejo vocês, que são preciosos para mim, para que façam o mesmo para aqueles que são e serão preciosos para vocês."

A princesa e o idiota ouvem atentamente.

Eu me esforço para prestar atenção.

Eu entendo o que ele fala mas...

Tem alguma coisa faltando.

Então algo prende minha atenção.

Um ninho, com filhotes de pardais piando desesperadamente.

Pais fracos.

Uma forma deslizando sinuosamente pelos galhos.

Fareja, sente, percebe.

Chega perto do ninho.

Se prepara.

O canto da minha boca se ergue involutariamente.

Zunido.

Shuriken.

A serpente fica presa no galho por um segundo.

Cai ao chão.

Se debate, com a shuriken presa a ela. Sangra.

Um pé a esmaga.

Morre.

"Não vai machucar mais nenhum filhotinho."

Tsunade-hime sorri para o sensei que sorri de volta.

Eu olho.


Depois de Jiraiya voltar para a casa dele, Tsunade e eu caminhamos juntos.

O orfanato e o palácio do Hokage ficam na mesma direção.

Pergunto:

"Por que, você a matou?"

"Hã?"

"A cobra..."

"Ora Maru, ela ia comer os filhotes."

"E daí?"

"Eu não podia deixar ela fazer isso..."

"Mas se ela não o fizer, morre de fome. Não pode viver de frutas e flores."

"Ah qualé Maru? Era só uma cobra!"

"A vida de um pássaro é mais importante que a de uma cobra?"

"Gosto mais de pássaros. Cobras são horríveis."

Olho para ela.

"É. Elas são muito burras. Quem mandou elas terem escolhido nascer como cobras?"

Ela para e eu continuo andando. Tomo a rua que leva para o orfanato.

Sorrio. Ela vai ficar um bom tempo pensando nisso.

Uma brisa suave sopra.


Noite, todos dormem.

Eu não.

Ando pelos corredores evitando vigias.

Ainda faltam 5 meses para eu fazer aniversário e assim poder ter minha própria casa.

Vai ser bom ter mais privacidade.

A liberdade vai ser a mesma, afinal nunca tive problemas para sair do orfanato quando eu quisesse.

A segurança é bem precária... E néscia...

Afinal o que um inimigo iria querer com um orfanato?

Um monte de crianças sem ninguém.

Não servem nem de reféns.

Além disso são poucos de nós que querem ser ninjas.

Chega a ser decepcionante a facilidade...

Carrego meu guarda chuva até a janela.

Com um henge no jutsu, mudo as cores do meu cabelo e da minha roupa para brancos.

Sendo da mesma cor que a parede, desço despercibidamente por ela.

Mais um pouco e estou fora.

Não entendo qual é a dificuldade de escalar paredes. È só concentrar o chakra nos pés.

Não sei do que os genins reclamam, tanto.

Seria divertido humilhá-los com o conhecimento de que alguém do primário conseguiu.

Mas prefiro não mostrar os ases na minha manga.

Está quente ainda. O ar é úmido, está começando a chover.

Gosto do cheiro. Não de roupas molhadas. Tenho guarda-chuva. Problema resolvido.

Ando pela floresta.

O canto dos pássaros foi substituido pelo de rãs e insetos.

Está escuro.

Lua nova.

Reconfortante.

Chove mais.

Chego até a forte.

A observo.

Parece muito menos gentil agora.

O vento fica mais forte, os galhos se agitam.

Ela não se dobra.

Eu sorrio.

Ela enfrentou décadas de hostilidade, e não morreu.

Um monumento vivo a força e a persistência.

Talvez o objetivo da natureza tenha sido esse. Criar um ser forte e belo.

Que por sua vez criaria...

Clarão

Estrondo

Escuridão


Acordo

Sinto gosto de terra nos lábios

Sinto o frio das gotas de chuva

Sinto o calor do fogo

Abro meus olhos

A árvore rachada ao meio

Em chamas

Caída

Morta

A olho

Não acredito

Mil anos

Destruídos em menos de um segundo

Num capricho da natureza

Chamas, chuva

De longe

Ouço um pedido de socorro

Viro meu rosto

Uma poça de água fria

Pais deseperados

Filhotes com frio e fome

Impotentes

Eu olho

Eles piam

Eu olho

Eles piam

Eu olho

Eles piam mais

Se debatem

Eu olho

Eles piam

Eu olho

Eles se calam

Eu olho

Fecham os olhos

Tremem

Eu olho

Eles param

Os pais ficam um por um tempo

Percebem

Vão embora

Eu também.


No dia seguinte.

Só há cinzas.

Os três se entristecem.

A menina chora ao ver o conteúdo de uma poça de lama.


Três meses.

Num treinamento.

Brotos crescem.

Os pais tiveram novos filhotes.

A natureza não se lembra mais.