As Ondas
Estou entediado.
Não tive nenhuma dificuldade no exame para me tornar genin. Na verdade, era insultante a facilidade dos testes.
Eram tão simples que até mesmo, Jiraiya conseguiu passar.
As missões a que fomos encarregados até agora, são todas de categoria D. Levar cachorros para passear, arrancar ervas daninhas, catar lixo...
Pífias, inúteis e insignficantes...
Nada que teste e melhore minhas capacidades como ninja.
As sessões de treino com Sarutobi são os únicos momentos que servem de alguma coisa.
Mas não o suficiente.
A despeito de todo o meu progresso, ele se recusa a me ensinar jutsus mais avançados.
E o restante do meu time não consegue me acompanhar, portanto ele passa a maior parte do tempo sendo sensei deles...
Portanto, eu só alcanço o verdadeiro poder sozinho.
Os pergaminhos da biblioteca shinobi me têm sido muito úteis para este fim.
Pena que os mais interessantes sejam proibidos para genins. Me dá um pouco mais de trabalho para lê-los.
Vale a pena.
Tanto que, apesar de estarmos em treino, só espero a oportunidade de apreciar o novo exemplar que consegui.
Enquanto isso troco golpes com Tsunade.
Ela até que possui qualidades em taijutsu; porém é muito gentil quando luta comigo.
Seria mais proveitoso se ela sempre lutasse como se estivesse brigando com Jiraya.
Desse jeito eu nem tenho que me esforçar...
Fim de treino...
Voltando para minha casa para aprender mais...
Antes, devo cumprir uma obrigação diária...
Comprar um jornal.
Útil para saber como anda a política entre países...
Útil para saber quais poderes estão agindo...
Mas não tanto assim.
Ninjas não gostam de divulgar informação.
Então 95 por cento destas palavras são bobagens.
Um acidente, uma feira, uma celebridade sem importância, quadrinhos...
Mas as vezes, alguma jóia bem pequena e preciosa, não é notada.
E algumas são grandes demais para serem escondidas.
Há muitas pessoas em volta do jornaleiro.
"Que tragédia."
"Pobres coitados."
"E é um lugar tão pobre..."
Suspiro.
Apenas um outro desastre.
Compro o último que sobrou.
Hum...
Na verdade, um grande e valioso desastre.
Prevejo uma viagem...
"...essa é a missão de vocês."
É a nossa primeira missão fora do País do Fogo.
Jiraiya faz cara de idota. Deve estar fantasiando com mulheres "admirando" o "grande herói."
Tsunade tem uma expressão séria. Esse tipo de situação tem muito peso sobre ela.
Eu me indago sobre as chances de um tipo de missão como essa acontecer.
Ninjas vão a outros países para espionar, assassinar, guerrear, roubar...
Ou para política (traições), ou resgate (matar sequestradores).
Missões humanitárias?
Bem, parece que somos uma exceção...
"Ainda vai demorar muito?"
É a quinta vez que ele pergunta isso.
Mas, confesso, que também estou ansioso.
Essa névoa não nos deixa ver nada, a não ser a água em volta do barco.
Não dá para saber se o país das ondas está perto ou lon...
"Chegamos."
Palafitas, casas de madeira, pessoas pobres...
Não são nada para tsunamis.
Concluo isso ao ver o resultado do desastre de poucos dias atrás.
Lama, sujeira, escombros...
Cheiro de água e podridão.
Cadáveres de animais, corpos de pessoas...
Tudo misturado.
O de cabelos brancos não falou mais nada.
A princesa não para de chorar. E pelo hálito, eu tenho certeza que ela vomitou alguma hora.
Eu só penso no porquê da missão.
Resgatar e curar sobreviventes.
Outros países também enviaram equipes.
Vi ninjas da pedra e da nuvem. Velhos inimigos.
Mas aparentemente, foi forjada "uma trégua para atender os interesses da população local."
Quanta consideração.
Pena que quase todos os ninjas mandados para cá são genins. Poucos têm alguma experiência nesse tipo de trabalho.
Não querem deixar as suas vilas desprotegidas.
Traição, é claro.
E qual a prioridade dessas pessoas?
Menor.
Elas são menos importantes.
Isso tudo é apenas um comercial, para garantir futuros contratos.
Mantenho essa verdade comigo. Os outros dois nunca reagem bem quando eu falo nesse tipo de assunto.
Nem o Sarutobi-Sensei. Eu expressei o meu pensamento, e ele confirmou com uma cara brava e um aceno de cabeça.
O conselho da vila não gostou dele ter se voluntariado e saído da vila.
Heh.
"Essa área ainda não foi coberta; ao trabalho".
"Hai."
Escombros de casas.
Procurar por sobreviventes.
Fácil.
"Kuchiyose no Jutsu."
Invoco algumas serpentes.
E ordeno que entrem nas ruínas.
Corpo longo e sinuoso, entram facilmente em frestas.
Podem captar vibrações nos solos e a temperatura de seres vivos.
É por isso.
Uma volta e sibila.
"Um vivo".
Me indica a posição.
Eu chamo alguns colegas.
Em duas horas eles desenterram uma mulher...
Ela grita desesperadamente pelo filho.
Perto dali Jiraiya tira outra mulher dos escombros.
Ela está chorando.
Mas logo para, pois os (muitos) filhos e seu marido estão ali.
Enquanto isso a que eu resgatei continua desesperada.
Ouço um sibilar.
"Dois".
Peço a equipe para escavar.
De lá tiram um corpo pequeno e um grande
Ouço um grito ainda maior.
Ela se atira ao marido e ao único filho.
Eu observo.
Uma com muitos e nada perdeu.
Outra com poucos e tudo perdeu.
Quando eu penso nisso, me vem uma sensação.
Uma pressão no peito e no rosto, subindo quase incotrolável.
Minha boca se torce, meus olhos lacrimejam.
Resisto; resisto; resisto...
Consegui.
Um ninja não devedemonstrar emoções.
Estamos de volta.
Treinamos a noite toda.
Os primeiros raios de sol despontam.
Foi um treino leve.
Conversaram muito sobre a missão.
Eu só ouvi.
Voltando pra casa.
Passo na banca compro um jornal.
Ainda falam daquilo.
Mas tem algo.
"Nova tragédia nas ondas.
Louca mata filhos de vizinha por inveja...
...foi horrível...
...ela tem andado pertubada desde aquele dia...
...segundo ela, "foi justiça"...
...perdeu o marido e o filho..."
Eu fecho o jornal.
Paro.
Ela veio de novo.
Aquela sensação.
Está mais forte.
Incontrolável.
Entro num beco.
Não dá para resistir.
Kh...
Ku,ku,ku,ku...
Ku,ku,ku,ha,ha,ha,ha,ha,
Ha,ha,ha,HA,HA,HA,HA,HA...
"Ei cobra! É você?"
Jiraiya.
Paro.
"Cê tava rindo?"
"Não."
"Tava sim. Eu ouvi. E você não tava rindo. Tava é gargalhando"
"Hum..."
"Então,qual foi a piada?"
"Hã?"
"A piada. Se VOCÊ riu daquele jeito então ela deve ser muito engraçada."
"Ah, sim, ehr... Foi uma tirinha do jornal..."
"Ah! Cê lê quadrinhos também, não é. Vai então, mostra aí qual foi."
"Uhm... foi..."
Procuro pelos quadrinhos. Acho e aponto um ao acaso.
Ele lê.
"Isso... não é tão engraçado."
Que seja.
Ele me convida para almoçar com Tsunade.
Ele comenta.
"Cê tinha que ver. Orochimaru rindo que nem o diabo, por causa de uma piada que não tinha graça nenhuma"
Respondo.
"É. Tenho um senso de humor muito peculiar..."
Comentários:
Voltei a escrever.
Deixo aqui um elogio á aqueles que escrevem grandes fics. Pra mim é difícil pra caramba.
Espero que eu obtenha esse talento. Inspiração é fácil, transpirar que é difícil.
Por isso que eu admiro o Rock Lee e o Gai.
Espero terminar antes que o mangá acabe.
Por favor, reviews.
