Capítulo IV – Verdade?
No outro dia cedo, Gina apareceu para o café com uma aparência bem melhor e ligeiramente animada.
- Tá feliz assim por quê? - perguntou Rony, embolando as palavras, com a boca cheia de torrada e ovos mexidos com bacon.
Gina deu com os ombros.
- Não tô feliz... Só não tô desanimada.
- E por quê estaria desanimada? - perguntou Rony.
Gina o encarou.
- É um interrogatório ou o quê? Porque se for um interrogatório, me avise. Num tô a fim de perder tempo com isso.
Rony voltou a comer. Hermione encarou Gina e a ruiva desviou os olhos, de cabeça baixa. Harry lia o Profeta Diário.
- Veja só isso! - disse Harry, entregando o jornal na mão de Hermione. Ela passou os olhos depressa pela matéria e foi empalidecendo cada vez mais.
Gina e Rony esticaram o pescoço para ver. Uma grande caveira com uma cobra no lugar da língua se movia levemente sobre uma casa. Uma casa que não era nada estranha para nenhum deles.
- Acho que eu conheço esse lugar... - disse Rony, baixo e devagar, como se tentasse lembrar de alguma coisa.
- Claro que conhece! - exclamou Hermione, que começou a ler a matéria - "Nesta noite, houve um ataque de Comensais da Morte de Você-Sabe-Quem a uma casa no meio de um vilarejo trouxa. A casa do endereço Largo Grimmauld número 12 estava vazia exceto por duas mulheres e um elfo doméstico. O elfo doméstico se negou a dizer se Você-Sabe-Quem estivera ou não no local, mas teve o prazer de contar à imprensa de primeira mão o que houve com as mulheres. Uma das duas mulheres foi morta, outra foi seqüestrada. Ninfadora Tonks, auror do Ministério foi assassinada por um feitiço..." - Hermione começou a chorar, jogando o jornal no meio da mesa e se debruçando na mesma. Harry a abraçou, enquanto Gina olhava de esguelha para o jornal sobre a mesa, com um olhar que dizia com todas as letras que ela queria ler o resto, mas temia o que leria. Rony estava de queixo caído.
Em poucos minutos, um burburinho enorme tomou conta do Salão Principal. Parecia que todos já tinham lido a matéria, e cada vez mais rostos se viravam em direção a Rony e Gina. Achando muito estranho, Gina pegou o jornal e continuou lendo. "... assassinada por um feitiço maligno e Molly Weasley foi levada pelos Comensais". Gina deixou escapar um lamento antes de começar a chorar. Então, Rony pegou o jornal e continuou.
- "O elfo doméstico chamado por Monstro disse: 'Os homens só queriam levar a ruiva gorda. A outra pentelha tentou impedir e acabou morta. Bem-feito às duas. '".
Dumbledore se levantou.
- Srta. Weasley! Sr. Weasley - bradou, e em seguida fez um gesto - Sr. Potter, Srta. Granger. Venham.
Os quatro se levantaram. Dumbledore andou até uma porta que ficava por trás da mesa dos professores, onde Harry e os outros campeões do Torneio Tribruxo foram assim que foram escolhidos pelo Cálice. Abriu a porta para que eles pudessem entrar, entrou em seguida e fechou a porta.
Andou até uns sofás que estavam ali e fez sinal para se sentarem. Assim fizeram.
- Lamento muito. Ninguém lamenta mais do que eu. Sabemos que os Comensais estavam interessados apenas em Molly. Portanto, isso nos faz concluir que talvez, apenas talvez, lembrem-se, vocês dois - e apontou para Rony e Gina - estejam correndo perigo. Claro que não aqui em Hogwarts. Mas devo pedir que não vão mais ao vilarejo de Hogsmeade e saiam do castelo apenas se muito necessário, não queremos correr riscos. Quanto à mãe de vocês, o resto da Ordem da Fênix já está em operação de resgate, e é possível que esteja conosco em breve. Quanto à senhorita Tonks... - e parou ali. Respirou profundamente. - Não podemos fazer mais nada.
Hermione começou a chorar novamente. Gina estava petrificada, porém as lágrimas escorriam. Rony estava segurando a cabeça com as mãos e Harry não sabia a quem dar apoio. Segurou a mão de Hermione, deu umas palmadas nas costas de Rony e lançou um olhar de solidariedade para Gina antes de encarar Dumbledore.
- O que foi, Harry?
- O que querem com a Sra. Weasley?
Rony levantou a cabeça.
Dumbledore respirou fundo e pareceu muito cansado.
- Prefiro não falar sobre isso agora, Harry. Não seria adequado para o momento. Conversamos mais tarde. Quero que fiquem na escola, não saiam tentando procurar Molly Weasley, a Ordem já está fazendo isso e com uma estratégia. Conheço os três muito bem e sei que iriam querer mais do que tudo a ajudar e tentar resolver isso, mas peço a vocês que não interfiram no trabalho da Ordem da Fênix. Qualquer interferência pode por toda a estratégia deles a perder. Quero que continuem com sua vida normal, evitando sair do castelo o máximo possível. É para o seu próprio bem, mais tarde irão entender. Agora, podem ir.
Rony se levantou, puxou Gina pela mão e foi andando até a porta. Harry se levantou também e esticou sua mão para Hermione. Ela a segurou e deixou o garoto conduzi-la até a saída. Estava muito abalada e com os olhos inchados. Mas não ganhava de Gina, que não falara nada desde quando leram o artigo do Profeta Diário e agora estava completamente branca. Ao cruzarem o Salão, todas as cabeças se viraram para eles.
- Ainda querem tomar café? Acho que o clima não está muito bom. Ainda estão com fome? - sussurrou Harry para os outros, que fizeram que não. E decidiram que voltariam para o Salão Comunal. Mas algo os impediu.
Draco Malfoy chegou até eles no meio do Saguão, ao pé da escada, andando devagar e sem arrastar os pés, como geralmente fazia. Gina começou a respirar freneticamente e olhou para Hermione, que a lhe confortou com um olhar "finge-que-não-tá-vendo-ele".
- Se você veio até aqui para encher nossos ouvidos com bobagens, melhor nem abrir a boca - exclamou Rony, apontando a varinha para Draco.
O louro afastou alguns passos e parecia verdadeiramente assustado e surpreso.
- Calma, calma, Weasley - exclamou ele, com sinceridade - Não vim aborrecer ninguém!
- Some daqui, Malfoy - disse Harry.
- Eu vim dizer que lamento muito, e dar meus pêsam... - começou Draco, antes de Gina dizer:
-Vai embora, Malfoy. - ela disse isso com uma voz cansada e com os olhos fechados.
- Gina, pensa no que eu te disse. Pensa no que fiz. Por favor... É verdade! Eu juro.
Gina engoliu a seco, evitando o máximo que podia para não olhar para os amigos.
- Vai embora, Malfoy. - repetiu, entredentes.
Draco olhou para ela e se afastou sem mais nenhuma palavra.
Droga, pensou Gina. Tudo estava dando tão errado. Sua mãe... e ainda tinha essa história do Draco. Verdade? O que era verdade? Será que não havia plano algum? Não era possível. Ela estava muito curiosa, queria saber o que ele queria. E a ida à Hogsmeade seria no dia seguinte. Então, se lembrou que não teria visitas ao povoado para ela.
- Gina, o que foi aquilo? - exclamou Rony, furioso.
- Não foi nada. - disse a ruiva, olhando para o chão. - Esquece, Rony. O Malfoy está só tentando irritar a gente, não está vendo?
Rony olhou para Gina, que percebeu que Harry procurava o olhar de Hermione com um pouco de confusão. Hermione retribuiu o mesmo olhar de confusão, porém, cheio de significação também.
- Vamos subir? - sugeriu Hermione. E os quatro voltaram à costumeira rotina de férias no Salão Comunal.
