SINOPSE: O amor saiyajin é algo interessante... Quando um saiyajin escolhe uma paixão, eles estarão unidos pelo resto da vida. Trunks e Pan descobrem isto na data menos apropriada – extremamente perto de seu casamento com Marron e Uub.
PREDESTINADOS
História por Nanna
CAPÍTULO 2 – MÁS NOTÍCIAS
Pan acordou na manhã seguinte com o sol banhando seu corpo. Ela ficou surpresa e atordoada ao ver-se nua, mas aos poucos os eventos da noite anterior voltaram à sua mente. Ela aninhou-se ao corpo forte e quente de Trunks, enquanto relembrava a fantástica noite de amor que ele lhe proporcionara.
Trunks revelara-se o amante perfeito: ao saber que ela ainda era virgem, ele foi delicado e carinhoso, sempre se assegurando de que ela não estava sentindo nenhuma dor. E Pan não sentira realmente dor nenhuma. Ao contrário: ela nunca se sentira tão bem antes. Uma mão correu por seu pescoço, parando assustada quando seus dedos roçaram numa cicatriz bem sobre sua veia jugular.
"Essa aí é a minha marca em você", a voz de Trunks veio áspera de sono. Ele aconchegou-a contra seu corpo, virando-se um pouco e mostrando uma marca parecida no mesmo lugar em seu pescoço. "E essa aqui é a sua marca em mim. Nenhum saiyajin que honre o sangue que tem vai tocar em você... A não ser eu, claro".
"Quer dizer que todos os saiyajins vão saber que você me mordeu?"
"Vão", confirmou ele, não entendendo o olhar de vergonha que se apossou do rosto dela.
"Inclusive o meu pai? E o Vegeta?"
Ele riu, um riso rouco, que fez seu peito vibrar. "Meu pai com certeza vai saber, sendo sangue puro. Já o seu... Eu não sei. É possível que ele saiba. Mas meu pai com certeza não vai deixar que eu me case com a Marron, tendo marcado você".
"Por que isso?"
"Meu pai é bastante fiel a certos ritos do Planeta Vegeta. Esse é um deles. Quando dois saiyajins se marcam, são considerados casados".
"Oh, minha nossa!" Alarmou-se a jovem. "Não, Trunks! Essa cicatriz tem que sumir!"
Ele franziu a testa. "Por quê? Achei que você não queria casar com o Uub".
"E não quero, mas não é justo que o Uub saiba que dormi com você – que perdi a minha virgindade com você – ainda sendo noiva dele".
Ele ponderou as palavras dela. "É, não seria justo. Não se preocupe, coloque uma camisa de gola alta, um cachecol, algo do tipo. E rompa com o Uub o mais rápido possível. Porque eu vou desfazer o meu noivado com a Marron hoje".
Ela sorriu e o beijou, mas, antes que o clima esquentasse, o celular dele tocou. Trunks rosnou de irritação e levantou-se, não dando a mínima para o fato de estar completamente nu. Pan, contudo, aproveitou para observá-lo, os músculos flexionando e alongando, a pele bronzeada brilhando à luz suave do sol. Ele encontrou as calças e a cueca no meio da sala e enfiou a mão no bolso, produzindo um pequeno comunicador.
"O que foi?" Resmungou ele, furioso por ter sido interrompido.
"Trunks, onde diabos você se enfiou?" Bra quis saber, obviamente furiosa.
"Tou num hotel. Se eu ficasse na casa mais um minuto, ia explodir todos os malditos robôs. Por quê?"
"A antipática da sua noivinha está aqui", disse Bra, erguendo as mãos e mostrando um monte de trapos brancos. "Armando um barraco porque o vestido ainda não está pronto".
"E você me liga agora pra me dizer isso?" Ele revoltou-se ainda mais.
"Não. Liguei porque ela disse que tem uma coisa urgente para te contar", disse a moça dando de ombros e jogando os trapos no chão. "Eu não vou costurar esse vestido de novo! Se ele está apertado, a culpa é dela, que engordou!"
"Já estou indo", resmungou Trunks, furioso, e desligou o comunicador antes que Bra pudesse dizer mais alguma coisa. Voltou para o quarto, onde encontrou Pan saindo do chuveiro, envolvida numa felpuda toalha branca.
"Quem era?"
"A Bra", disse ele, jogando a cueca e as calças na cama, enquanto se vestia. Ela abriu o guarda-roupa e tirou uma calcinha, um jeans e uma blusa regata branca. Vestiu-se enquanto ele procurava por um barbeador. "A Marron ta lá em casa, tendo um ataque porque rasgou o vestido de cima a baixo. E a Bra se recusa a costurá-lo".
"A Marron diz que não, mas engordou sim um pouquinho", disse ela, desdenhosa. Prendeu os cabelos molhados num rabo de cavalo frouxo. "Não tenho barbeador novo. Vai ter que fazer a barba em casa. Se bem que..." Ela deu um sorriso sapeca e correu um dedo pelo queixo dele, coberto por uma leve penugem. "... Você fica muito sexy assim".
Ele a beijou rapidamente, mas afastou-se. "Não me provoque, senão não sairemos daqui nunca".
"E qual o problema? A geladeira está cheia, a conta de telefone paga e você tem um cartão de crédito com você. Podemos ligar para um disk-entrega e pedir comida quando a que tenho aqui acabar".
Ele riu e a beijou mais uma vez. "Isso é uma delícia, mas temos o que fazer antes de podermos nos enterrar aqui e viver só com essas coisas que você mencionou".
Ela se afastou fazendo bico. "Estraga-prazeres".
"Você não estava me dizendo isso ontem à noite", ele ronronou contra a pele dela, fazendo-a arrepiar-se. Puxou-a para a sacada. "Venha, temos que ir".
Ela sorriu, um sorriso lânguido e feminino, e alçou vôo de mãos dadas com ele.
Depois de longas duas horas (durante as quais paravam para trocar beijos e abraços, protegidos pela generosa camada de nuvens), o casal pousou na macia grama verde diante do prédio imponente da Corporação Cápsula, e entrou pela porta traseira. Vegeta treinava na câmara de gravidade e foi testemunha de um último beijo entre seu filho e Pan.
Mortos de fome, os dois foram direto à cozinha, evitando a sala, onde provavelmente estaria Marron com suas crises de histeria. Estavam sentados na mesa, servindo-se de generosas fatias de um delicioso bolo assado por um dos robôs, quando Bra invadiu a cozinha como um furacão.
"Sabia que você tinha chegado. Oi, Pan", sibilou ela, apenas acenando para a amiga, seus olhos nunca deixando o irmão. "A sua noivinha está me levando à loucura. Vá falar com ela antes que fique viúvo sem se casar".
"Tá, tá", disse ele, se levantando e dando um beijo no rosto de Pan. Murmurou algo no ouvido dela, ao que ela respondeu:
"Eu também. Boa sorte".
Diante de tal demonstração de intimidade, Bra estreitou os olhos, observando a amiga. Pan parecia resplandecer, e seus olhos carregavam um brilho especial, que deixava-a ainda mais bonita. "O que aconteceu com você?" Quis saber a caçula de Vegeta.
Pan pôde sentir o rosto esquentar, mas fingiu não entender o que a amiga queria dizer. "Nada, Bra. Por que pergunta?"
"Você está diferente..." E, fazendo as contas, ela soube. "Ah, por Dendê! Você e ele?" Disse apontando por onde Trunks tinha saído.
Pan suspirou. Bra conhecia-a bem demais, e isso às vezes não lhe era vantajoso. Mas, conformada, disse, "Se conversarmos sobre isso aqui, alguém pode ouvir. Vamos para o seu quarto".
A garota sorriu, levantando-se de um pulo. Aleluia! Finalmente vamos nos livrar da insuportável da Marron! As duas jovens chegaram no quarto de Bra e, enquanto esta se jogava na cama, Pan esticava-se no sofá. "Desembuche!" Exigiu a garota de cabelos azuis. A morena sorriu.
"Lembra que ontem à noite você me encontrou chorando no quarto onde estava provando o meu vestido de noiva?"
"Lembro. O que tem isso?"
"Foi antes disso que tudo começou..."
Trunks não queria fazer isso. Dar de cara com uma Marron histérica por causa do vestido de noiva era demais para ele. Mas, ao fechar os olhos e lembrar-se de como se sentia vivo, amado e compreendido ao lado de Pan, ele soube que precisava fazê-lo. Por ela, e por ele mesmo.
A loira perambulava de um lado para o outro no tapete da sala, e Trunks anunciou sua presença ao dizer, "Você vai fazer um rombo no tapete persa da minha avó".
A moça virou-se, com susto nas feições, que relaxaram de alívio ao reconhecê-lo. "Trunkie!" Esganiçou-se ela, e ele estremeceu por causa da voz dela e do apelido, que ele odiava. "Tenho uma coisa a lhe contar!"
"Eu também, Marron", disse o homem de cabelos cor de lavanda, sentando-se no sofá. Marron jogou-se ao lado dele, seus cabelos loiros presos num coque impecável, e aninhou-se contra o corpo forte e masculino. Mas ele desvencilhou-se e levantou-se. Não conseguia ficar perto dela.
"O que foi, Trunkie?" Perguntou a noiva, fazendo bico.
"Nada", ele respirou fundo. "Marron, não posso mais me casar".
Os olhos azuis se arregalaram de espanto. "O quê? Mas isso é ótimo!"
Ele assombrou-se com a reação dela. "Ótimo? Por que diz isso?"
Ela encolheu os ombros. "Não posso mesmo me casar junto com a Pan. A Bra fez o meu vestido em tamanho menor do que eu normalmente uso. E agora se recusa a aumentá-lo". Ela fez bico outra vez. Trunks ficou exasperado. Ela não entendera. Loira burra!
Apoiado! A voz de Pan soou musical em sua mente, e ele sorriu. Eu te amo.
Eu também te amo, pensou ele, e voltou-se para Marron. "Seu vestido é de seda, não é?"
"É. Por quê?"
"A Bra não pode aumentar o vestido, porque a seda já tá marcada com a costura anterior", explicou ele, como se ela fosse uma criança doente. "Mas eu não quis dizer no sentido de adiar o casamento", falou, e respirou fundo. "Eu não quero me casar, e quero romper o noivado". Ele disse enquanto fechava o elo telepático com Pan. Não queria que ela ouvisse a reação histérica de Marron.
O queixo da loira desabou, enquanto os incrédulos olhos azuis se encheram de lágrimas. "O quê!"
"Você me ouviu, Marron. Não vai ter mais casamento. Nem noivado. Eu quero terminar".
"Trunkie, você não pode fazer isso comigo!" Exaltou-se ela. "Não pode!"
"Por que não, Marron? Eu sou maior de idade. Além disso, casamento se desfaz até dentro da igreja".
"É, mas não quando se tem uma criança envolvida!" Ela 'deixou escapar', e cobriu a boca com as mãos. Ele estreitou os olhos.
"Criança? Marron, nós não temos filhos".
Ela desabou no sofá. "Mas vamos ter. Trunks, eu estou grávida".
Foi como um soco no estômago de Trunks, dado por Vegeta quando supersaiyajin fase quatro. Trunks desabou no sofá oposto ao qual estava Marron. "Grávida?" Repetiu ele, sem entender. Agradeceu a Dendê pela boa estrela que lhe dera a idéia de fechar o elo telepático com Pan. Ela não merecia ouvir isso assim.
"É. Trunkie, nós vamos ter um filho".
Ele não conseguia reagir. Não conseguia se mover. Não conseguia pensar. Todos os sonhos e planos que tinha com Pan... Escoando ralo abaixo, porque Marron estava grávida.
"Marron, eu não posso me casar com você", ele disse honestamente. "Não te amo. Você seria infeliz ao meu lado".
"Mas eu também não posso ser deixada pra lá!" Reagiu a chorosa loira. "Meus pais não vão aceitar nunca que eu seja mãe solteira, Trunks. Dendê sabe o que farão se descobrirem que estou grávida antes de me casar".
Ele levantou-se. Sua cabeça girava, e ele sentia-se enjoado. Queria vomitar. Queria chorar. Queria Pan.
"Trunkie... Não vamos cancelar o casamento. Eu dou um jeito, compro um novo vestido. Pense nessa criança", ela tentou fazer com que ele tocasse sua barriga, mas ele retraiu-se. "Ele ou ela não pode nascer e crescer sem pai".
"Vá embora, Marron", disse ele, virando-se de costas para ela. Marron tentou tocar-lhe o ombro. Ele deu um forte tapa na mão dela, e virou-se, e ela deu um gritinho de terror quando viu-o transformar-se em supersaiyajin. "VÁ EMBORA!" Explodiu, a fúria saindo por todos os poros, seu ki subindo a níveis inimagináveis.
A loira agarrou a bolsa e fugiu porta afora. Vegeta, Gohan e Goten invadiram a casa, procurando pela fonte daquele poderoso ki. Do quarto, Bra deu um grito de pânico. Todos escalaram a escada e invadiram o quarto da jovem.
Gohan ficou branco quando viu a filha, desmaiada, pálida como um fantasma. "PAN!" Gritou correndo para junto dela. "Bra, o que houve?"
"Não sei", respondeu a trêmula jovem, apoiando-se bambamente no abraço forte de Goten. "Estávamos conversando... Sobre o casamento... Quando ela sentiu-se mal e desmaiou".
Trunks recuou, horrorizado. Estaria o elo deles tão intenso a ponto de Pan reagir a seus sentimentos? Ela emitia uma suave aura dourada, e seus cabelos estavam aloirados.
Vegeta aproximou-se e afastou um pouco a gola da camiseta da jovem. Quando seus olhos bateram na cicatriz no pescoço de Pan, ele saiu e agarrou o filho pelo braço, arrastando-o para fora da casa. Os três saiyajins entreolharam-se, confusos, e voltaram sua atenção para a jovem desmaiada.
Antes que pudesse dizer uma palavra, Trunks sentiu o ar lhe faltar. Vegeta havia acertado um forte soco em seu estômago. "Idiota!" Rosnou o rei saiyajin. "Como pode ser tão desligado? O elo de vocês ainda está frágil, ela não pode experimentar emoções fortes!"
"Eu não sabia!" Ofegou Trunks.
Trunks… A voz de Pan soou fraca em sua mente.
Oi, meu anjo.
Onde você está?
Conversando com o meu pai. Está melhor?
Estou... Mas que emoção forte foi aquela que eu senti?
Foi minha, Panny. Precisamos conversar...
A Bra já sabe da gente.
Ele ficou pálido. Ela já sabe?
Já... Ela ainda parecia fraca. Ela adivinhou...
Oh, Dendê...
Mas ela prometeu ficar calada até rompermos com Marron e Uub.
Oh. Pan, dê um jeito de ficar sozinha. Precisamos conversar.
O riso dela soou em sua mente, musical e divertido, apesar de fraco. Não estou gostando disso, mas enfim... Te amo.
Também te amo. Não esqueça disso, nunca. Ele sentiu o desespero crescer dentro de si.
Pouco provável, ela disse, e fechou o elo entre eles. Trunks virou-se para o pai, que o observava atentamente. "Era a Pan", disse. "Preciso ir lá falar com ela".
"Vá", retrucou o pai, voltando para a câmara de gravidade. Seu único filho apaixonado pela neta de Kakarotto...
Enfim, pensou ele, o elo telepático com Bulma firmemente fechado. Melhor uma saiyajin do que aquela loirinha burra. O filho do rei dos saiyajins casado com aquela loira estúpida e fútil? Inimaginável! Inaceitável!
Pan estava sozinha quando Trunks chegou no quarto de Bra. Gohan e Goten tinham ido embora a pedido da jovem, que dissera ter desmaiado porque não comia nada desde a antevéspera. Gohan não saiu antes de dar uma bela bronca na filha, alertando que dietas malucas iriam minar-lhe a saúde.
Ele sentou-se ao lado dela, tentando não chorar. Pan ergueu-lhe os olhos, brilhantes de amor, e sorriu. Inclinou-se para frente e o beijou com ternura. "E aí, gatão? Livre, leve e não tão solto?" Perguntou, um traço de divertimento na voz.
"Pan, eu te amo".
"Eu também te amo", disse ela, sorrindo. "Acho que deixamos isso claro ontem à noite, não deixamos?" E seus dedos roçaram a superfície áspera da cicatriz que ele tinha deixado nela.
"Não, eu te amo de verdade. Como nunca amei ninguém na vida. Nem nunca vou amar".
A seriedade e a urgência na voz dele alarmaram Pan. "Trunks, o que aconteceu? Você está me assustando".
"Só quero que você saiba que eu te amo".
"Eu já sei disso!" Exclamou ela. "Eu também te amo. Agora, pode parar de agir como se estivéssemos num velório. Nós somos jovens, bonitos, não tão solteiros e nos amamos. Por que você está agindo como se estivesse lamentando alguma coisa?"
"Porque eu estou", ele disse tão baixinho que ela quase não ouviu.
"O que houve, meu amor?" Ela perguntou, entrelaçando seus dedos aos dele. Trunks sentiu uma raiva surda contra si mesmo. Sem perceber que seu elo com ela estava aberto, o rapaz só foi tomar consciência desse fato quando Pan apertou-lhe as mãos, e perguntou com voz fraca, "Trunks, o que aconteceu? Você está sofrendo, eu sinto. Por quê?"
"Você não vai me perdoar nunca", ele disse baixinho, e libertou a mão, levantando-se da cama. "Não posso terminar com a Marron".
Os olhos castanhos brilhavam de mágoa. Pan fitou-o aturdida, como se não entendesse o que ele queria dizer. "Não pode? Por quê? Fui... Fui eu?"
"NÃO!" Ele gritou e tomou-a nos braços. "Não foi você. Você foi maravilhosa, sexy... A melhor que eu já tive". Ela sentiu-o beijar sua cabeça. "Não foi por culpa sua, meu amor... Foi culpa minha".
"Não entendi".
Ele respirou fundo. E disse as cinco palavras que destruíram o coração de ambos. "Marron terá um filho meu".
Ela desvencilhou-se dele. Mágoa, dor, choque e desapontamento. Trunks sentiu uma funda angústia, e não soube se aquele sentimento era dele ou dela. "O quê?" Ela perguntou baixinho. Os olhos castanhos estavam grudados nos dele, as lágrimas marejando-os.
"Eu vou ser pai", ele disse, amargura na voz. Ela desviou o rosto, e fitou a parede por um longo tempo. Quando voltou a encará-lo, uma máscara de frieza cobria as feições que antes transbordavam de amor.
"Parabéns", disse ela, antes de desaparecer por teletransporte.
"Pan!" Gritou ele, desesperado. Levantou-se e deu um soco na parede, com tanta força que abriu um buraco. "Maldita seja, Marron!"
Pan foi para o único lugar onde se sentia segura e amada. A casa de Chichi continuava impecável como sempre, e a velha senhora estava sozinha, uma vez que Goten estava provavelmente na Corporação Cápsula fazendo companhia a Bra.
Pan encontrou a avó sentada na sala, bordando. Chichi ouviu os soluços delicados e, ao erguer os olhos e ver a neta soluçante como uma criança, nada falou. Apenas deixou o bordado de lado, e Pan atirou-se em seu colo, as lágrimas molhando as roupas da avó.
Enquanto acariciava os cabelos da neta, Chichi notou a cicatriz recente no pescoço de Pan. Franziu a testa, enquanto seus dedos acariciavam distraidamente sua própria cicatriz, mais fraca agora, quase imperceptível, depois de anos de viuvez. Somente um saiyajin teria forças para marcar a pele de outro saiyajin com tanta intensidade.
Chichi começou a refletir. O único saiyajin disponível e não relacionado a sangue com Pan era Trunks. Chichi não era tola, já percebera os olhares lânguidos do rapaz para sua neta, e os de seu filho para cima de Bra. Ela só especulava como aquela marca tinha sido feita. Pan estava noiva e ia se casar com Uub. Trunks também estava noivo, ia se casar com Marron. Os dois casais já moravam juntos, as cerimônias apenas oficializariam uma situação. E Chichi sabia por experiência própria que, para causar uma cicatriz tão profunda como aquela, seria necessária uma longa noite de amor.
Mas a viúva de Goku não podia perguntar nada. Algo havia acontecido, algo sério, que aniquilara a sua única neta. Pan não chorava com facilidade, era dura na queda. Nem mesmo quando Goku desaparecera, ela chorara. Algo seriíssimo devia ter acontecido para arrasar Pan ao ponto das lágrimas.
Mais tarde, quando a moça se acalmou, Chichi sentiu-se capaz de saciar sua curiosidade. "Pan?"
"O que foi, vovó?"
"Posso lhe perguntar quando Trunks lhe fez essa cicatriz?"
A moça arregalou os olhos de espanto. Chichi riu com gosto. "Pan, minha linda, você está falando com a esposa de um saiyajin. Eu também tenho uma cicatriz", e ela afastou a gola chinesa da roupa para mostrar uma cicatriz que estava quase desaparecida. "E não sou boba. Há muito tempo sei que você é apaixonada por esse rapaz".
"Ontem", respondeu a corada moça. "Ontem à noite".
"Oh", fez Chichi. Acariciou os cabelos da neta. "Mas você devia estar feliz, Pan!" Chichi não entendia o motivo do choro da neta. "Ele te ama!".
"Ele me ama..." As lágrimas encheram de novo aqueles lindos olhos castanhos. "... Mas é Marron que vai ter um filho dele".
"O quê?" Reagiu Chichi. A avó ficou ainda mais confusa. "Mas não é possível!"
"Claro que é possível, vovó!" Retrucou a jovem. "Tanto é possível que Marron está grávida".
"Não, não é possível, Pan", insistiu Chichi. "Os saiyajins só engravidam as mulheres que carregam esta marca", e seus dedos roçaram rápidos pela cicatriz no pescoço da neta.
Pan franziu o rosto, confusa. "Mas Marron vai ter um filho dele! Eu sei! Ele me contou". E um riso amargo escapou por seus lábios. "Vai ver o sangue terráqueo da Bulma falou mais forte nele que o saiyajin".
"Mas, se fosse assim, o mesmo teria acontecido com Gohan".
A moça franziu o rosto. "O que quer dizer?"
Chichi corou, embaraçada. "Você não acha que seu pai era virgem quando se casou, acha?"
Pan fez uma careta. "Eca, vovó! Não quero saber disso!"
"Mas é verdade. Seu pai teve um namorinho rápido aos 16 anos. Foi com essa moça que ele perdeu a virgindade. E ela não engravidou. Se fosse assim, se o sangue terráqueo falasse mais alto nos saiyajins mestiços, então essa jovem também teria ficado grávida do seu pai", explicou Chichi.
A moça fez uma careta. "Vovó, eu preferia não ter sabido disso".
"Pan, você não está entendendo o que eu quero dizer", Chichi retrucou pacientemente. "Os homens saiyajins não saem engravidando mulheres a torto e a direito".
"Vovó, o Tico e o Teco não estão se entendendo", respondeu a moça, um pouco irritada. "Fale claro!"
"Essa criança que a Marron espera – se é que ela está mesmo esperando um filho – não pode ser do Trunks. A única mulher que será capaz de conceber um bebê dele será aquela que carrega essa marca", os dedos da idosa senhora correram pela cicatriz no pescoço da neta.
Os olhos de Pan se arregalaram enquanto ela entendia o que a avó queria dizer. Por segurança, Chichi finalizou, "Em outras palavras, a única que poderá engravidar de Trunks é você".
