SINOPSE: O amor saiyajin é algo interessante... Quando um saiyajin escolhe uma paixão, eles estarão unidos pelo resto da vida. Trunks e Pan descobrem isto na data menos apropriada – extremamente perto de seu casamento com Marron e Uub.
PREDESTINADOS
História por Nanna
CAPÍTULO 4 – ENTRE FUTURO E PRESENTE...
A primeira percepção a invadir a mente enevoada de sono de Trunks foi a de maciez.
Ele estava sobre algo muito macio e fofo, envolto num casulo quente e confortável. Aos poucos, junto com a consciência, voltavam as lembranças...
Pan vestida de noiva, o receio e o amor expressos em seus olhos...
O momento de puro desespero que viveram, juntos, na limusine...
O selinho, antes da batida fatal...
Esticou o braço, buscando, procurando por ela. Mas seus dedos roçaram um espaço frio no colchão, ao lado dele. Abriu os olhos e sentou-se, absorvendo o local onde se encontrava.
Um imenso quarto de casal. As paredes eram pintadas de azul claro, com detalhes brancos. Uma imensa janela envidraçada deixava entrar a luz do sol na suíte. Os móveis eram brancos. Havia uma mesinha diante da cama, com uma imensa televisão e um aparelho de DVD em cima dela. Embaixo, vários DVD, livros e CDs.
Trunks olhou para o lado. Uma escrivaninha ali estava, com um laptop, desligado, sobre ela. Papéis, canetas, mais livros, calculadoras... Materiais de escritório, enfim, cercavam o eletroeletrônico.
O saiyajin se ergueu e saiu da cama. Olhou ao redor, onde estivera deitado. Era uma cama imensa, de madeira, pintada de branco. Sobre a cama, um dossel de filó branco dava um ar de romantismo e antiguidade ao quarto. O móvel não tinha cabeceira, sendo esta substituída por uma pintura em branco, com as letras 'T' e 'P' no meio de um coração. Uma imensa colcha de tricô branco estava estendida sobre lençóis azuis. E vários travesseiros acumulavam-se rentes à parede.
Os pés descalços andaram por um macio carpete de lã branca. Trunks notou que vestia calças de moletom azul e uma camiseta de algodão branca. Seus cabelos estavam soltos. O smoking preto, especialmente comprado por Bulma para a ocasião, estava empilhado num canto. O rapaz aproximou-se e o esticou. Viu os rasgos causados pelo vidro, e estremeceu.
Sua mãe não iria gostar disso.
Sua audição apurada então capturou os sons de uma voz suave, delicada e feminina falando. A voz de Pan. Ele reconheceria essa voz em qualquer lugar, mesmo se fosse cego. O homem fechou os olhos e concentrou-se, tentando sentir o ki da mulher que amava.
Pan estava no quarto ao lado. Trunks notou com surpresa que o ki dela estava consideravelmente maior, comparado com a vez que a sentira, na noite que passara ao lado dela. O rapaz saiu do quarto e entrou na suíte vizinha.
Trunks entrou no quarto. Era um quarto de criança. As paredes cobertas de papel de parede em tom de rosa antigo, com estampas de bonequinhas de porcelana, denunciavam que ali quem dormia era uma menininha.
Embora as paredes fossem cor de rosa, a mobília era clean, branca. Havia uma cadeira de balanço perto da janela – onde foram instaladas persianas cor de rosa – e uma cômoda na parede perto do banheiro. Prateleiras guardavam organizadamente bonecas de porcelana japonesa e ursinhos de pelúcia.
Pan estava distraída, curvada sobre um pequeno berço, e, para alertá-la de sua presença, Trunks ergueu um pouco seu ki. A moça, pega de surpresa, virou-se, o coração disparado. Sorriu hesitante para ele. Ele sentiu que algo estava diferente com ela, e foi então que viu.
Ao pôr os olhos na criança, Trunks sufocou um grito. A menina tinha longos cabelos azuis e olhos também azuis. Sua pele era alva e delicada, e ela sorria.
Uma miniatura de Bulma... Com o sorriso de Trunks.
A menininha então se virou, viu Trunks, abriu um largo sorriso, pulou da cama e correu para ele. "PAPAI!"
Trunks parecia que ia desmaiar. Papai? Trunks sentiu-se tonto, confuso, assustado. O que aquela menina estaria fazendo ali? Seria uma filha sua, mesmo, com uma das incontáveis namoradas que tivera desde os 14 anos?
Pan viu essa miríade de emoções no rosto dele – e ouviu o turbilhão de pensamentos (dele) na mente (dela). Não querendo magoar aquela criança adorável (sua filha! Ela ia ter uma menina!), a moça brecou a pequena e a tomou em seus braços. "Yule, não. Papai está cansado", disse carinhosamente para a pequena.
Ela estava carregando um bebê que se transformaria naquela linda menina. Pan acordara duas horas antes, arrancada de seu sono por um ki muito forte... E dera de cara com aquela linda menina, uma versão de Bulma em miniatura, com o sorriso de derreter corações de Trunks e a personalidade forte de Pan. Yule Blouse Briefs tinha quatro anos e três meses e, fazendo as contas, Pan concluíra que aquela menina era seu bebê.
Filha sua e de Trunks.
A pequena fez uma cara séria que assustou Trunks, pela semelhança com a expressão usual de Vegeta. Mas então abriu um sorriso carinhoso e compreensivo. "Ele é meu outro papai, né, mamãe?"
"É, pequena", Pan retrucou, com uma serenidade que fez Trunks estreitar os olhos para ela. Ela deu de ombros e sorriu. A menina imitou-a, passando os bracinhos fortes pelas pernas de Trunks e sorrindo para ele.
"Eu amo você mesmo assim, papai", retrucou ela, antes de ir saltitante para fora do quarto. Trunks voltou-se para Pan, sua expressão declarando que ele queria explicações, e as queria agora.
A moça suspirou. Como podia explicar a ele que o acidente os tinha atirado cinco anos no futuro e que aquela menina encantadora era a filha deles – filha que, por sinal, crescia dentro dela? Mas Pan conhecia Trunks bem o suficiente para saber que, até que suas curiosidades não fossem satisfeitas, ele não a deixaria em paz.
Mas, antes que pudesse abrir a boca, houve um grito. Um grito de dor. Um grito de dor de criança.
Antes que Trunks pudesse piscar, Pan já estava porta afora, correndo. Seu sangue corria gelado por suas veias – e se algo tivesse acontecido à sua menina? Ela não suportaria. Conhecia aquela criança há três horas apenas, mas já a amava tanto... Talvez por está-la esperando.
A pequena Yule estava chorando na escada, cercada por cacos. Um olhar mais atento disse à Pan (uma guerreira saiyajin com uma dose extra de hormônios desequilibrados e, para completar, um forte instinto maternal) que a menina estava ilesa, sem nenhum ferimento. Mas a menina chorava desconsolada.
Por isso, cuidadosa, Pan retirou a pequena do meio dos estilhaços e flutuou por sobre os degraus com ela. Yule chorava, as lágrimas saindo dos olhos azuis e correndo pelas faces rechonchudas.
"O que foi, minha filha?" Ela perguntou com doçura. "Por que o choro?"
"Minha boneca, mamãe!" Soluçou a garotinha. "Minha boneca quebrou!"
"Ah, Yule..." Ela apoiou a cabeça da menina contra o seio. "Mamãe compra outra... Mas pare de chorar, por favor?"
A menina ergueu os olhos para Pan. "Eu te amo, mamãe".
Pan sentiu o coração derreter. "Eu também te amo". Trunks sentiu os olhos arderem de lágrimas. Era um momento magnífico... Entre Pan e a futura filha deles. Depois de Yule sair, saltitando, Trunks ergueu-se novamente... e tomou Pan nos braços.
Ela deixou-se ficar ali, sentindo-se calma, segura e protegida... Como não se sentia desde que acordara para um mundo virado de ponta-cabeça. Ela mesma cinco anos mais velha, casada com Trunks, mãe de uma filha...
"Onde diabo estamos?" Trunks partiu o gostoso silêncio entre eles.
"Cinco anos no futuro", respondeu Pan baixinho.
"Cinco anos?" Ele repetiu, sentindo a cabeça dela mover para cima e para baixo sob seu queixo. "E quantos anos tem a menina?"
"Yule tem quatro. Faz cinco em nove meses".
"E por que ela nos chamou de papai e mamãe?"
Pan enrijeceu e afastou-se. "Não sei", mentiu. Não queria contar a ele que eles iam ter um filho... Por mais tentador que aquele futuro pudesse ser. Ainda havia o mistério da verdadeira paternidade do herdeiro de Marron, e, enquanto Pan não tivesse certeza que o bebê não era de Trunks, não poderia revelar a ele que iam ser pais.
No presente, os amigos e familiares de Trunks e Pan preocupavam-se. Há mais de meia hora que Trunks havia saído de casa para pegar a garota na casa de Chichi, e ainda não retornara. Havia um brilho nos olhos de Goku, um brilho de quem sabia das coisas. O esposo de Chichi encontrou o olhar de Vegeta por sobre a cabeça de Bulma e, imperceptivelmente, o rei dos saiyajins acenou.
Bulma levantou-se de um pulo quando o telefone tocou. A milionária agarrou-se ao marido, enquanto Bra atendia ao telefone. "Alô? Sim, aqui é da Corporação Cápsula... Aqui é Bra Vegeta Briefs falando... Sim, conheço ambos..." Um grande choque coloriu o rosto muito pálido da princesa saiyajin. "Oh, Dendê! ... Quando? Tudo bem... Já estamos indo para aí".
Ao desligar, Bra virou-se para Goten e atirou-se em seus braços, chorando desesperadamente. Bulma correu para o lado de sua caçula.
"Bra! Bra, quem era no telefone?"
A garota ergueu os olhos, exibindo as faces manchadas de lágrimas e de máscara de cílios preta. "Era do... do... hospital".
As mulheres empalideceram. Gohan estava com os olhos marejados de lágrimas. Ele, Goku e Vegeta estreitaram seus abraços em Videl, Chichi e Bulma. Goten também apertou Bra. Ela tremia loucamente, e estava gelada.
"Do... h-hospital?" Gaguejou Bulma, pálida.
"É-é... A P-Pan e o T-Trunks so-sofreram um a-acidente", disse ela, chorando ainda mais.
Chichi desabou contra Goku, falando coisas desconexas em língua saiyajin antiga, para a surpresa de Vegeta. O choque do rei dos saiyajins aumentou quando Kakarotto respondeu no mesmo dialeto.
Videl desmoronou, chorando como uma criança, o rosto escondido no pescoço de Gohan. O cientista tinha lágrimas rolando fartamente por seu rosto pálido, uma expressão de absoluto desespero silencioso em suas feições jovens.
Bulma, parecendo além do ponto do pranto, ergueu-se, majestosa e fraca. "Em que hospital eles estão?"
"Saint Clarence", respondeu Bra, a voz embargada. Bulma pegou uma bolsa e saiu. Como um furacão, todos os outros saíram atrás dela – Goku, Goten e Gohan saíram carregando Chichi, Bra e Videl nos braços, por estarem as três abaladas demais para caminhar.
Ao ver, pela janela, aquele cortejo saindo do prédio, Marron desceu as escadas correndo. Uub saiu atrás dela, e Madame Sakura deixou escapar um suspiro de alívio.
"Mas que mulher chata!" Resmungou a cabeleireira em voz alta enquanto guardava seus apetrechos.
"ESPEREM!" Gritou a loira com voz esganiçada. Uub parou-a e tomou-a nos braços, erguendo-a no ar. Marron deu um gritinho assustado. "UUB! O que está fazendo?"
"Todos estão voando para algum lugar", apontou o moreno. "Vamos segui-los. Eu a tomei no colo porque você não voa".
"Oh", fez a loira, e agarrou-se no pescoço dele, apavorada.
Tinha medo de altura.
No futuro, Trunks e Pan observavam Yule vendo televisão. O programa preferido da menina, isso era evidente, era apresentado por um dinossauro roxo berrante, ajudado por umas quatro crianças e dois dinossaurinhos: um macho, amarelo, e uma fêmea, verde.
A garotinha cantava suavemente, acompanhando a cantoria dos bichos na tela. Sentados num sofá atrás dela, Trunks e Pan, agarrados, tentavam imaginar como seria sua vida em família. Estava um silêncio gostoso entre eles, interrompido apenas pelo cantarolar suave da pequena menina no tapete e pelas baboseiras ditas pelo dinossauro roxo na televisão.
Uma porta abriu-se e fechou-se, e Yule animou-se imediatamente. Duas vozes – uma masculina, e outra feminina – soaram do saguão de entrada.
"Yule!" Disse o homem.
"Estamos em casa!" Acrescentou a mulher.
A garotinha deu uma risada e saiu correndo. Preocupados, Trunks e Pan saíram correndo atrás dela... E Trunks ficou congelado, outra vez.
Brincando, beijando e abraçando Yule, sob os gritos animados de 'mamãe' e 'papai' da garotinha, estavam... Pan e ele mesmo.
Uma Pan obviamente mais velha, mas ainda linda. Seus cabelos ainda eram longos, ainda mais longos que os da Pan que estava ao lado dele. E ela estava grávida, de pelo menos uns sete meses.
O outro Trunks, por sua vez, fazia Pan babar. Era alto, bonito e forte como o Trunks de pé ao lado dela, e obviamente chocado com a cena que se desenrolava diante deles. Mas havia algo nele... Uma força, uma determinação... que não havia no Trunks cinco anos mais moço que estava ao lado dela.
Os recém-chegados ergueram os olhos – Yule confortavelmente instalada nos braços de seu pai – e a Pan grávida de sete meses fez uma careta, aproximando-se de sua versão mais jovem. "Eu fui mesmo assim tão nova?" Perguntou em voz alta. A Pan mais moça sorriu, enquanto o Trunks mais velho fez o mesmo.
"Foi", disseram em uníssono, trocando um sorriso. A Pan mais velha então virou-se para Trunks e riu gostosamente.
"Em boca fechada não entra mosca, querido", disse, passando por eles e indo para a cozinha. O Trunks mais velho e a Pan mais nova seguiram-na, Panny puxando seu eleito para que ele se movesse.
"De que ano vocês vieram?" Perguntou a Pan casada, para início de conversa. Seu marido conversava em voz baixa com Yule, a menininha ouvindo encantada algo que o pai contava.
Pan acomodou-se numa cadeira, tentando imaginar-se com um barrigão como o da outra. "2005", respondeu a garota. Os casados entreolharam-se e voltaram seu olhar para a filha, sentada angelicalmente numa banqueta.
"2005?" Trunks quis confirmação. A Pan mais moça, que não era idiota, abaixou os olhos e confirmou. A outra Pan levantou-se e puxou a mais nova com ela, Yule em seus braços. O Trunks mais velho sentou-se diante do outro Trunks.
"Temos que conversar".
O Trunks de 37 anos concordou.
A legião de saiyajins e terráqueos tomou o hospital de assalto ao chegarem, para o choque de médicos, enfermeiras, pacientes e visitantes. Sendo quem estavam mais calmos, Goku e Vegeta deixaram Chichi e Bulma sob os cuidados competentes de Gohan e Goten, e foram até a recepção.
"Ligaram para nossa casa dizendo que minha neta e o filho dele estão internados aqui", Goku perguntou educadamente, apenas um toque de angústia na voz profunda. "Son Pan e Trunks Briefs".
"Oh!" Fez a enfermeira por trás do balcão. "Sim, é claro". Folheou um grosso caderno em couro preto. Parou em uma certa folha e correu a unha pelas linhas. "Aqui estão!" Fez ela, satisfeita. "Estão num quarto particular, a srta. Son e o sr. Briefs. O médico responsável por eles é o Dr. Takuo Asato".
"Qual andar?" Inquiriu Goku. Vegeta bufou ao lado dele.
"Décimo sétimo", respondeu a enfermeira. Goku acenou com a cabeça. Quando viu o marido de volta, Chichi apoiou-se nele. Dava graças silenciosas a Dendê por ter Goku a seu lado em horas tão difíceis. Não sabia o que seria dela se estivesse sozinha.
Os dois saiyajins levaram seus familiares até o elevador. Marron, que não entendia o que estavam fazendo ali – e tinha uma pequena crise de pânico, uma vez que seu obstetra atendia naquele hospital e sabia que Uub era o pai da criança -, seguia-os, atraindo olhares. Que estranho era uma noiva pronta para o casamento andando por um hospital!
Chegaram ao décimo sétimo andar, e Bulma, Chichi, Videl, Bra e Marron se horrorizaram ao ver que ali era a ala da UTI. Gohan empalideceu, mas manteve-se firme, para apoiar Videl. Bra, cujas lágrimas haviam serenado, sentiu os olhos marejarem de novo. E Bulma apoiou-se em Vegeta, sentindo o ar lhe faltar.
"Bulma?" Veio uma voz de homem por trás do grupo. Todos viraram-se, e a milionária sentiu um forte alívio ao ver o médico de sua família.
"Takuo, onde eles estão?" Perguntou, incisiva. O médico tomou a liderança e levou-os até um quarto discreto e privativo.
Deitados em duas camas, vestidos em roupas esterilizadas, pálidos como a morte, mas vivos, estavam Trunks e Pan. Um feio corte marcava a pele alva da jovem, na altura do queixo. Ele estava bem, exceto por um longo corte que ia do pescoço ao braço.
Uub, Videl, Chichi e Gohan correram para o lado de Pan, tomando-lhe as mãos e falando-lhe baixinho. Bulma correu para Trunks, arrastando Vegeta atrás de si, Marron atrás dos dois, pálida e trêmula. Bra e Goten dividiram-se entre ambos, preocupados com os dois.
"Qual o estado deles, doutor?" Goku perguntou ao médico.
"Eles estão bem. A não ser pelo corte no braço de Trunks e no rosto de Pan – os quais não vão deixar cicatrizes – eles estão prontos para outra. O casamento, contudo, terá de ser adiado. O vestido de Pan e o smoking de Trunks estão arruinados".
"Isso não importa. Eles estão bem", disse Videl, obviamente aliviada.
"O bebê de Pan também está ótimo. Segundo o que estudei, o trauma deveria ter feito com que ela abortasse, estando em começo de gestação. Mas é um bebezinho forte, segurou-se lá dentro", completou Takuo.
Todos congelaram e viraram para ele. Depois, voltaram-se para Uub. O rosto dele estava confuso. Mas, antes que o jovem moreno pudesse reagir, Gohan tinha transformado-se em mystic e esmurrado-o no rosto.
"Maldito!" Gritava o cientista, enlouquecido de fúria. Foi uma luta danada para tirá-lo de cima do pobre e atordoado Uub, e somente Goku – quando supersaiyajin fase três – e Vegeta conseguiram arrancá-lo de lá. Até mesmo Goten parecia indócil, com vontade de dar uns bons tabefes na cara do moreno.
As duas Pan sentaram-se no quarto do casal, Yule entre elas, brincando de boneca. A mais nova entretinha a criança, e a mãe da menina fitava-a, absorta.
"Você já está grávida, não está?" Disse a Pan mais velha. "Eu sei porque você estava vestida de noiva quando a encontramos".
"Sofremos um acidente quando ele estava me levando para a casa dele, para a cerimônia do casamento".
A outra acenou. "Eu suspeitei". Houve uma pausa. "Ele já sabe?"
"Não. Eu não contei".
"Por quê?" Espantou-se a outra Pan.
"Ele é noivo de outra, ora bolas! E eu estou noiva do Uub".
"Besteira!" Disparou a Pan mais velha. Yule deu risadinhas e imitou a mãe, divertindo a ambas. "Você está casada com Trunks".
"Eu sei".
"E você ainda vai prosseguir com os planos de se casar com o Uub?"
"Vou!" A moça levantou-se de um pulo e começou a perambular de um lado para o outro no amplo quarto. "Esqueceu que Marron está grávida dele também?"
A pequena ergueu os olhos azuis para sua verdadeira mãe e perguntou:
"Tia Marron vai ter neném também, mamãe? Além da Lara?"
A Pan de pé parou, congelada pelas palavras de sua futura filha.
"Ele vai ter uma menina também? Com ela?"
A Pan na cama fitou-a, tranqüila e composta. "A Lara não é filha dele".
"Como?" Reagiu a outra Pan.
A Pan mais velha suspirou e disse, "É uma longa história".
"Eu tenho tempo", devolveu a mais moça.
"Eu cheguei a me casar com Uub", revelou a outra Pan. "Eu sabia que estava grávida da Yule, mas me acovardei quando fiquei sabendo que a Marron também estava esperando a Lara".
"Sei como é", disse a menina Pan.
"Na noite de núpcias, contei a Uub que ia ter um filho de Trunks. Uub estava bêbado, e ficou enlouquecido. Ele me espancou".
Os dois pares de olhos castanhos se encontraram. Os da Pan de 23 anos estavam cheios de um choque mudo. Os da Pan de 28 anos guardavam um segredo indizível.
"Tentei acalmá-lo, sabia que não podia me exaltar porque podia fazer mal ao bebê", continuou. "Mas ele estava ensandecido, e depois de me espancar quis me estuprar".
"Minha Nossa!" A Pan mais nova desabou na cama, sentindo uma forte náusea assaltá-la.
"Ele não conseguiu", a outra Pan disse apressadamente, vendo a palidez da outra. "Comecei a gritar pelo Trunks, por nosso elo telepático. Ele invadiu o quarto, deu uma surra em Uub e me tirou de lá".
"E a Marron?"
"Ela ficou enfurecida por Trunks sair correndo da própria noite de núpcias. Acho que ela ainda nutria esperanças de seu casamento com ele ser longo e feliz. Não sei", a moça deu de ombros. "Ela nunca me contou. Na verdade, minha relação com ela é estremecida. Ela nunca aceitou que Trunks tenha entrado com o pedido de anulação depois que descobriu que eu estava grávida..."
A Pan solteira estava estupefata. Quantas coisas ainda iriam acontecer com ela, até que ela pudesse encontrar a paz e a felicidade! Casaria-se com um homem a quem não amava, que a espancaria e tentaria estuprá-la na noite de núpcias...
"Isso não precisa acontecer com você, sabe?" A outra Pan interferiu. "É só ser honesta consigo mesma... Admitir que não ama Uub e assumir que está grávida de Trunks... Sua história pode ser diferente da minha... Mais feliz".
"Você não é feliz?" Perguntou a garota.
"Eu sou muito feliz. Estou casada com o homem que eu amo, temos uma linda filha juntos e ainda vou ter gêmeos. Mas é difícil... Ninguém sabe que Uub tentou me estuprar. E às vezes, ele me olha... Sinto calafrios só de pensar".
Marron correu para junto de Uub, verificando os hematomas arroxeados que os socos de Gohan haviam deixado. Lágrimas marejavam os belos olhos da jovem, que corria um dedo pelo rosto de Uub, delicadamente. Videl, Goku, Chichi e Bra davam seu melhor para acalmar Gohan e Goten, que pareciam prontos para matar o infeliz Uub.
Vegeta então fez algo que ninguém esperava. Aproximou-se da futura nora e perguntou, "Pode nos contar a verdade?"
A moça congelou.
