A garota chamada Maria havia voltado da aula. Ela tinha cabelos pretos e longos,
que iam até a cintura. Ela era branca, quase pálida, tinha olhos castanhos, e não
era muito alta, o que fazia suas amigas caçoarem dela. No caminho para casa tinha a impressão
de que alguem a seguia, mas viu que não havia ninguém realmente. Ela morava com uma família adotiva,
não sabia de onde realmente vinha, a única coisa que tinha desde criança era um colar com um
anel barato pendurado. Não se importava que as garotas dissessem que era um adorno feio, pois
era a única coisa que ela podia dizer que era realmente dela, e não pararia de usar. Maria
sofria muito, a madrasta era fria com ela, e o padrasto sentia atração por ela. Isso estava
ficando insuportável, ela estava pensando em fugir de casa, mas para onde iria? Para onde
uma garota de 14 anos iria, nesse mundo tão grande? Por causa de todas essas preocupações
havia adquirido uma expressão triste no olhar e no jeito, e era difícil de se enxergar um sorriso
na sua face.
A garota chegou em casa.
-Por que demorou tanto? - perguntou a madrasta
-Eu vim na mesma velocidade de sempre - respondeu a garota
-Ótimo. Agora vá para o seu quarto.
A garota foi para o quarto e ficou pensando. Como seria se ela tivesse pais de verdade?
Como seria a vida que levariam? Ela pegou um livro e ficou a ler.
-Ei, ela mora ali. Vamos ir lá agora? - disse Nash, que havia ido ao colégio onde ela estudava
e estava seguindo a garota.
-Claro que não, seu esclerosado (o quê!)! Não tá vendo que é de dia ainda? Realmente, cérebro
nunca foi seu forte... - caçoou Lúcifer.
-Garotos, garotos.
-Sim, Carminha.
-Ei, Gabriel, você está tão quieto.
-Não ligue, Carmen, ele é assim mesmo. Acho que puxou o nosso pai.-A propósito, você viu a garota? Até que não é de se jogar fora, heim Gabe?-Você não fala não!
-Não há o que falar.
-Realmente, você não ganhou o titulo de "o mais frio do pedaço" à toa.
-Deixa o cara em paz, Nash.-Não tem nenhum hotel onde podemos esperar? Ainda é de manhã, e eu não quero passar o dia
sem tomar um banho.
-Ah, é mesmo, que tolice a minha... (Banho? Banho! Uhuuuu!)
Já era de noite, e os garotos estavam discutindo como realizar a missão.
-Eu sou o cara pra isso! Eu entro arrombando a porta, soco todo mundo, e levo a guria
de brinde!
-Ah, tá, e onde fica o "sigilo" ?
-Ah, é mesmo - disse Nash coçando o nariz.
-Eu acho que o melhor indicado é Gabriel. Ele é um cara silencioso, ágil e responsável.
-Estou de acordo. E você, Gabriel?
-Por mim, tanto faz.
-Ótimo! Vamos combinar os detalhes!
-Enquanto vocês combinam, vou tomar meu banho!
-E então, Lúcifer? Quais são os detalhes?
-hehehe, err, bem... (droga, por que ela tinha que tomar banho justo agora?)
Maria ainda estava lendo. Adorava ler, com os livros ela ia para outros mundos, mundos de
sonho, de felicidade. Mal colocou o livro em cima da cama para tomar banho e ouviu a voz do
padrasto do outro lado da porta.
-Maria, abre a porta, sou eu.
A garota abriu a porta. O padrasto havia entrado, e parecia completamente normal.
-A sua madrasta saiu um pouco, vou ficar com você para que não fiques sózinha.
O padrasto então fechou a porta.
-O que há? Parece triste.
A garota confiava pouco no padrasto, mas achava que se o homem sentisse pena dela, podia deixa-la
morar em outro lugar talvez.
-Que barra, heim garota? Mas nem pense em ir embora! Você não vai sair daqui! Nunca! Agora
vamos nos divertir um pouco.
O padrasto avançou pra cima da garota, e começou a agarra-la. Ela ficou com tanto medo que não
conseguia se mexer, e começou a chorar. Súbito, ouviu um som de pancada e as mãos do homem
ficaram moles. Ele caiu no chão, e ela recuou assustada. Iluminado pela luz que vinha da janela
estava um rapaz alto, de cabelos pretos, com metade do rosto coberto por cabelo, não permitindo
que se visse o seu olho direito. Ele tinha uma expressão triste, quase vazia. Ela não pensou em
mais nada. Correu e abraçou o seu salvador, que não deu sinal de ter ficado surpreso, pois a
abraçou também. Ela sentiu como se já conhecesse o rapaz, perguntou qual era o nome dele.
-Gabriel.-disse ele, e deu um leve golpe no pescoço, que a fez desmaiar.
Continua.
