Star Trek: Degeneration

No capítulo anterior...

A Comandante Kira Nerys e seu grupo são capturados numa emboscada. Tom Paris recorre ao auxílio do Embaixador Worf. Enquanto um cruzador Jem'Hadar intercepta uma estranha nave em forma de cubo. O Quadrante Alfa nunca passou por um perigo tão extremo.

Episódio I – Presságios – Parte IV

Data Estelar: 58218.5

Quadrante Gama – Órbita de Kurill Prime – Nebulosa Omarion

O Cruzador de Batalha Jem'Hadar se posiciona diante do Cubo Borg e dispara uma rajada polarizada. Os danos resultantes são imprecisos. O Cubo não se detém e aciona seus armamentos para atingir a pequena nave inimiga que desvia com agilidade.

Uma seqüência de rajadas atinge o Cubo em alvos aleatórios. O Cruzador afasta-se para ganhar posição e desviar de novos revezes. Em seguida, volta para o ataque. Um dos pontos alvejados aparenta ser uma área relevante atraindo a nova seqüência de rajadas do Cruzador. Todas atingem o mesmo ponto reduzindo a velocidade do Cubo.

Depois de uma manobra evasiva para o alto, o Cruzador volta a apontar para o Cubo e disparar suas rajadas alvejando com sucesso o mesmo ponto fraco. A nave Borg repentinamente muda sua trajetória surpreendendo os soldados Jem'Hadar com uma rajada que avaria os escudos da pequena nave.

Novamente, o Cubo muda de direção e desvia de outra seqüência de disparos. Seu contra-ataque é mais eficaz inutilizando um dos naceles de dobra do Cruzador, deixando a pequena nave à deriva. Incapaz de manobrar com eficácia, o Cruzador recebe uma rajada certeira na ponte de comando e perde a capacidade de disparo. O Cubo interrompe o ataque e lentamente aproxima-se da nave inimiga indefesa.

A ponte de comando foi atingida seriamente destruindo painéis, sistemas de controle e parte do teto resultando em várias baixas. O imediato Piler'kara levanta-se escorado ao painel de comunicações e afasta o corpo inerte de Yak'Ramah. O Oficial Koder'Rax não desgruda os olhos das imagens holográficas a sua frente.

- Senhor, o intruso parou de atacar. Será que pretendem se render?

O imediato Piler'kara fica de pé com dificuldade, indiferente aos próprios ferimentos e analisa a manobra cuidadosa do Cubo.

- Duvido muito. Eles estão se posicionando para dar a rajada definitiva. Rápido, enviar pedido de reforços para a frota Jem'Hadar, informar sobre os intrusos Borg com o máximo de informações táticas possíveis.

- Sim, Senhor Imediato. Preparar transmissão.

A imagem mostra o Cubo ficar bem próximo de seu oponente. Um dos sensores aciona um alarme de luzes incessantes e ruídos extremos assustando Koder'Rax.

- Intrusos, Senhor Imediato. Eles vieram a bordo. O que vamos fazer agora?

- Só resta uma coisa a fazer... Vitória é vida!

Com apenas um nacele funcionando, o Cruzador de Batalha usa toda a sua potência para afastar-se do Cubo. Apesar das dificuldades de manobra, a pequena nave consegue desviar das rajadas inimigas e num loop inesperado retoma o ataque, embora suas armas não demonstrem sinais de recuperação. A própria nave é usada como arma atirando-se no ponto do Cubo Borg avariado. Uma grande explosão desintegra o Cruzador de Batalha e o fogo espalha-se em todas as direções. Em meio às chamas, o Cubo Borg retoma seu caminho. A área atingida, seriamente danificada, inicia o processo de regeneração.

Data Estelar: 58218.7

Quadrante Alfa – Planeta Terra – Bar Blue Moon, São Francisco, EUA.

Tom Paris entra no bar a contragosto. Desde que sua filha Miral nasceu, ele se prometeu permanecer afastado de bebidas, farras e bares. Mas a situação serve como atenuante para a quebra de promessa.

O bar, espalhado por corredores apertados, lota com facilidade. Todas as mesas estão ocupadas e muitos clientes transitam dificultando a passagem dos garçons. O balcão desaparece por trás de tanta gente gritando seus pedidos.

Paris avança sem pressa. Seus pensamentos o levam a outro lugar, distante dali no tempo e no espaço. Numa nave solitária cruzando o Quadrante Delta anos atrás. Por mais que fosse surpreendido constantemente, quando ele era piloto da Voyager tinha maior controle sobre sua vida e sempre encontrava uma maneira de solucionar os problemas. Ou ele, ou seus fieis amigos encontravam uma saída. Não é o caso agora. Ele não tem a menor idéia do que fazer. Sua mente conturbada nem consegue raciocinar.

Sentindo alguém tocar em seu ombro, Tom Paris depara-se com um estranho. Um negro de barba fechada, careca e sorriso acolhedor. Seus olhos são estranhos, totalmente brancos. Logo, Paris percebe que são artificiais. O estranho inicia a conversa.

- O senhor é Tom Paris? Worf me deu sua descrição.

- Ah, sim! Sou, sim. O senhor deve ser o amigo do Embaixador.

- Isso mesmo. Primeiro Imediato Geordi La Forge da nave USS Challenger.

- La Forge... Um amigo meu me falou do senhor. Seu nome é Harry Kim.

- Estranho. Nunca fomos apresentados. Não conheço nenhum Harry Kim.

- Desculpe. Acho que ele se enganou de nome ou fui eu que me enganei. Ultimamente, não me recordo das coisas direito.

- Eu compreendo. Na sua situação, eu ficaria do mesmo jeito. É um prazer em conhecê-lo, senhor Paris. Deseja tomar alguma coisa?

- Não, obrigado. Gostaria muito de saber se o senhor poderá me ajudar.

- Pode ficar tranqüilo. A minha nave parte amanhã para uma missão na Zona Neutra. Acertei tudo com o Capitão Richardmon. Ele concordou em deixá-lo na fronteira do território Klingon. Desejo boa sorte em sua busca.

- Fico muito grato, Senhor Imediato. Nem sei como agradecer.

- Pode me chamar de La Forge.

- Obrigado, La Forge. Pode me chamar de Tom. Você sabia que eu fui piloto da Voyager. Nos perdemos no Quadrante Delta e já nos deparamos com 15 Cubos Borg.

- Caramba! Quando ouço falar nesse nome, ainda tenho arrepios.

Data Estelar: 58218.9

Quadrante Alfa – Sistema Lazon - Território Cardassiano

Thomas Riker aponta sua arma para um soldado Cardassiano, puxando-o para junto de si pela gola da farda. O novo capitão do Cargueiro olha para todos ao redor.

- Estão todos prontos? Então, abrir canal de comunicação com o líder da frota.

- Vai se arrepender por isso, prisioneiro 7815. Quando o tribunal...

Riker acerta a arma em represália na cabeça do soldado que urra de dor.

- Seu tribunal imundo não terá o desprazer da minha presença.

Granberr Molar, um velho bajoriano raquítico, recebe um sinal no painel de comunicações. Depois de acionar alguns controles, volta-se para seu amigo Riker.

- Eles responderam, Capitão.

- Ótimo! Ponha na tela.

Um rosto familiar surge surpreendendo Kira Neris e seus amigos Balik Meron e Rune Perath, mergulhando a Comandante bajoriana em sentimentos conflitantes.

- Seu irmão mais famoso não teria orgulho em vê-lo agora, Sr. Riker.

- Não se atreva a falar de meu irmão, Legado Garak. Nem se trouxesse toda a frota de naves de Cardassia, você teria condições de me capturar de volta. Seus soldados são todos meus reféns. Inclusive Gul Polev. O covarde está desmaiado aqui atrás. Quero ver o Cargueiro escoltado em segurança até o Território Klingon. Vou dar um minuto para você pensar. A cada minuto sem resposta, mato um refém. Se disser mais alguma piadinha, mato um refém. Se tentar alguma estupidez, mato todos eles. Entendeu bem? Espero que aceite logo meus termos.

- Minha cara, Neris. Não esperava encontrá-la junto de uns tipos como esses. É bom ter mais cuidado ao escolher suas amizades. Sr. Riker, eu te acho divertido. Considerando a quantidade de reféns em seu poder, ao matar um por minuto, o senhor não terá mais como negociar em 18 minutos. Para mim, basta aguardar e o senhor ficará sem opções a não ser se entregar pacificamente. Precisa estudar mais sobre estratégia...

Kira avança em direção a Thomas Riker na ânsia de impedir seu próximo movimento como se sentisse as intenções dele, mas ela estava distante. Riker dispara seu phaser no rosto do soldado sem deixar de encarar a imagem de Garak a sua frente. O corpo do soldado desaba no chão, enquanto Kira inclina-se para socorrê-lo. Rune Perath corre para ajudá-la a cuidar do soldado. Um gesto de Riker o detém.

Com um sorriso malicioso, Garak assiste a cena dramática.

- Entenda uma coisa, Sr. Riker. O senhor está nos fazendo um favor. Se vocês se entregassem agora, os soldados que vocês fizeram de refém seriam levados a Cardassia Prime para responder à Corte Marcial. Todos seriam condenados à morte. O senhor apenas está abreviando nosso trabalho e melhorando a situação deles.

- Como assim? Eu matei um soldado Cardassiano. Como isso foi melhor para ele?

- Quando o senhor o matou, também o transformou num herói. A família dele receberá as honras do Governo, ao invés da vergonhosa sentença da Corte Marcial. Os reféns mortos são registrados como heróis.

Riker baixa sua cabeça confuso. Depois, encara Garak enojado.

- Vocês são doentes! Dão nojo!

- Eheheheheh! Portanto, Sr. Riker. O senhor não está em condições de fazer exigências. Ao matar os reféns o senhor estará nos fazendo um favor. Seu cargueiro velho não tem condições de fugir e está totalmente cercado pela Frota Cardassiana. Minhas naves podem atirar a qualquer momento e aguardam apenas minha ordem. Não há sinal de qualquer outra nave nas imediações para ajudá-lo. Por fim, meu governo ficará muito feliz em saber como eu resolvi o seu problema, seja com sua morte ou não.

Kira observa Garak incrédula. Não consegue aceitar como o poder o transformou. Ele deve ter problemas obscuros do passado com sua raça, mas nunca foi indiferente à morte de um companheiro Cardassiano. Muito menos, reagiu antes com sarcasmo. Tem outra coisa errada. Ele sabia da Defiant e da capacidade de camuflagem. Será que ele destruiu a nave? Goian, Collin, Gamound e outros estão mortos?. Um medo a invade.

O desespero embaralha os pensamentos de Thomas Riker. Ele olha para várias direções em busca de uma solução. Os reféns não servem como elemento de chantagem. Garak não se importa com a vida deles, muito menos o governo de sua raça. Riker precisaria de algo importante para os Cardassianos ou para Garak.

- Sr. Riker, se precisar matar outro refém, eu sugiro que se livre de Gul Pulev. Esse inútil será o principal responsabilizado por essa bagunça se escapar com vida.

Gul Pulev desperta de seu estado de letargia com as palavras de Garak e fica apavorado quando vê o líder dos rebeldes armar seu phaser ameaçadoramente. Thomas gira seu corpo e aponta a arma para a cabeça de Kira Nerys, puxando-a pelos cabelos.

- Mas eu sei o quanto você quer ver sua amiga bem e com vida, Legado Garak.

Próximo à entrada da ponte de comando, Daniel Sullivan reage revoltado com seu ídolo, agarra um dos prisioneiros por trás, tomando seu phaser e o apontando para Riker.

- Largue a Comandante Kira, Riker. Como pode ameaçar a vida de um dos seus?

- Estou tentando arranjar uma saída para nós. Você tem alguma solução melhor?

Daniel está disposto a atirar.

- Desculpe-me envolvê-la nisso, amiga.

- Baixe a arma, Daniel. Não complique ainda mais a nossa situação. Garanto que você não está mais arrependida do que eu.

- Legado Garak! Estou esperando sua resposta.

- Muito engenhoso de sua parte, Senhor Riker. Mas você ainda não entendeu a gravidade de sua situação e a pressão que sofro por sua causa. É claro que não é nada pessoal, minha adorável amiga Kira.

Garak volta-se para seus subordinados dando indicações e ordens.

- Pronto! Vamos ver se entende meu recado, Senhor Riker. Agora!

O Destróier Cardassiano Kilmera acerta uma rajada na nave Cargueira a sua frente, sacudindo-a violentamente após a explosão dos propulsores. Na ponte de comando, vários tripulantes se desequilibram. Kira aproveita o descuido de Riker, toma seu Phaser e o aponta para a cabeça dele. Riker a observa assustado.

- Kira! Pense bem no que você vai fazer...

- Cale a boca! Informe a situação da nave!

Depois que Riker acena para seu amigo Granberr, ele responde a Kira.

- Três setores de carga e o setor de engenharia foram atingidos. Propulsores avariados seriamente. Capacidade navegacional zero.

Garak aproveita a tensão dos tripulantes.

- Minha amiga Kira, vejo que assumiu uma posição a sua altura. A mobilidade social nessa nave é muito dinâmica. A nave não pode mais seguir para canto nenhum, a não ser rebocada. Vocês não podem oferecer nada para negociar. Entretanto, serei generoso com você, minha cara. Rendam-se todos e sigam as minhas instruções ou destruirei a nave. Kira, você tem um minuto para responder. Nave Kilmera desliga.

A imagem de Garak desaparece da tela. Os tripulantes da ponte de comando trocam olhares assustados e Kira volta a ser o centro das atenções.

- Satisfeito, Riker! Sua estratégia de negociação gerou ótimos resultados.

Data Estelar: 58219.1

Quadrante Gama – Órbita de Kurill III – Nebulosa Omarion

O Cubo Borg aproxima-se do Planeta Kurill III recepcionado por três Cruzadores de Batalha Jem'Hadar. Indiferente a ameaça, o Cubo altera o curso para interceptar seus inimigos de frente. Com a primeira nave ao alcance, a nave Borg dispara uma seqüência de rajadas. As três naves se dispersam e revidam o ataque com seus raios polarizados.

O Cubo dispara três torpedos em várias direções antecipando as manobras evasivas de um dos Cruzadores. O terceiro torpedo atinge o Cruzador avariando seu escudo, danificando parte do casco e reduzindo sua velocidade. Novas rajadas sucessivas atingem o Cruzador alvejado até a sua completa destruição.

Os dois Cruzadores restantes posicionam-se a cada lado do Cubo alternando ataques sucessivos enquanto desviam dos torpedos e rajadas Borg com novas manobras evasivas. Ao perceberem um ponto fraco no Cubo, concentram o ataque para o mesmo local. Uma rajada certeira elimina o escudo de uma das naves Jem'Hadar. Outro torpedo destrói seu nascele de dobra. Sem alternativa, a nave guerreira se lança contra o ponto fraco do Cubo, resultando numa grande explosão.

Sem esperar o resultado, o Cruzador restante segue a mesma trajetória de colisão transferindo toda a energia para os escudos frontais. Outra explosão ainda mais violenta gera uma reação em cadeia provocando o colapso do Cubo Borg. Cercado por ondas de explosão e descargas elétricas descontroladas, o Cubo finalmente é destruído.

Segundos antes da destruição, uma Esfera Borg é projetada do Cubo e avança em direção ao centro do sistema planetário. Seu destino: Kurill Prime.

A seguir...

A conclusão do Episódio I