DDT.1: PÁGINAS PERDIDAS

SPOILERS: Vários episódios de todas as temporadas, especialmente HOTS e, claro, minha fic "Depois da tempestade" (DDT), já que esta aqui é uma continuação.

COMMENTS: Para todos que gostaram de "Depois da tempestade", aí vai a continuação. Esta será a fic n° 1 da 4ª temporada by Lady K. Espero q gostem e deixem muitas reviews!!!


Capítulo 1

Marguerite acordou com os sons vindos da cozinha: uma torneira sendo ligada, despejando água em alguma panela e, depois, uma colher raspando o fundo do recipiente. E aquele perfume inconfundível: café.

Levantou-se, vestiu seu roupão rapidamente, para ver quem fazia o café, como se aquilo fosse uma visão prestes a se desfazer no ar a qualquer instante. Caminhou a passos largos, mas silenciosos, encontrando quem ela já esperava que fosse: Ned fazendo sua bebida preferida.

"Agora é quando você deixa a carta e vai embora?" perguntou sorrindo, mas sem ter certeza se ele realmente não pretendia fugir novamente.

Ned sorriu, enquanto experimentava o café com uma xícara, observando o líquido no bule absorvendo o açúcar, ainda no fogo. "Eu nunca deveria ter ido embora naquele dia... quero dizer, por um lado, eu precisava daqueles momentos comigo mesmo e agora posso dizer que amadureci muito nesses meses. Claro, eu não tinha como saber que iriam acontecer tantas coisas aqui e se soubesse, não teria partido. Por isso prefiro pensar que recebemos uma chance de consertar algumas coisas, mudar de atitude."

"Mudar de atitude?" a herdeira perguntou sorridente e franzindo a testa, como quando queria provocar, só que desta vez a provocação era amigável. Antes que ela pudesse perguntar algo, o jornalista se antecipou.

"Mudar de atitude com Verônica, é isso mesmo, Marguerite. E acho que você deveria fazer o mesmo!" ele disse, servindo a ela uma xícara de café e sentando-se à mesa para acompanhá-la, fazendo-lhe sinal para brindarem e piscando todo sorridente.

Marguerite, óbvio, começou a se fazer de embaraçada e de quem não estava entendendo. "Ned! Se por acaso você está falando do Roxton..."

"Será que ouvi o meu santo nome ser pronunciado em vão? O que os dois tanto cochicham?" era Roxton que acabara de chegar.

"Não sabia que você tinha o hábito de ouvir as conversas alheias, lord Roxton!" Marguerite, tentando reverter a conversa, se fez de surpresa.

Ele parou atrás da cadeira dela, colocou as mãos no encosto e disse perto de sua orelha: "Só as conversas que me interessam, minha cara..."

Ned os observava sorrindo. Estava claro que as coisas haviam melhorado muito entre os dois desde que os vira pela última vez e agora lamentava-se por ter partido. Se tivesse ficado, talvez ele e Verônica estivessem em uma situação como a de seus amigos, ou até melhor. Mas quem poderia saber? Para ficar e continuar com a mesma atitude, não iria adiantar nada.

Agora tudo o que queria era saber o que Verônica havia feito nos últimos meses e, principalmente, descobrir seu paradeiro. Challenger havia dito que a moça nunca disse exatamente onde ficava aldeia que a abrigou e nem quem eram exatamente, mas eram amigos e cuidaram de Verônica. Isso era tudo.

Não demorou para Challenger juntar-se ao grupo. Parecia abatido depois de todos os estranhos acontecimentos e Ned se perguntava se não seria pela confusão e perigo a que ele, sem intenção, havia exposto não apenas seus amigos e o plateau, mas toda a humanidade. E ainda havia Finn, a tal garota do futuro a qual ainda não tivera tempo suficiente para escrever algo em seu diário. E pensando bem, seria fascinante!

Sentia-se muito mais à vontade com Marguerite que com Roxton ou Challenger e se ela continuasse de bom humor, seria quem responderia suas perguntas sobre Verônica e talvez até arriscasse pedir alguns conselhos, dentro do que permitem as regras de boas maneiras rs...


Verônica sentia-se confusa e insegura à bordo do balão, indo rumo a um aglomerado de nuvens relampejantes onde já se notava uma forte tempestade. Havia salvado o plateau? Parecia que sim, mas sabia que passaria pelo mesmo pesadelo naquele balão. Pelo menos, agora já sabia o que a esperava.

Apertou junto a si a sacola onde estava o diário de seus pais e constatou o mesmo de antes: o balão estava muito danificado e a válvula de controle de gás estava emperrada, o que faria com que o gás fosse liberado muito lentamente, tardando sua descida e levando-a para cada vez mais longe.

Não tardou muito para que ela se visse envolta pela tempestade violenta e extremamente gelada. Verônica batia o queixo tamanho era o frio que sentia; seus dedos, que ela sentia como se estivessem congelados, estavam fortemente agarrados às cordas, endurecidos já pela baixa temperatura. O vento era forte e a jovem sabia que se não se segurasse bem, poderia cair, já que o balão não era mais seguro, avariado como estava.

Verônica permaneceu por cerca de uma hora, andando em círculos no meio da tempestade, até que sua inconveniente condução foi expulsa para o que parecia ser um outro mundo: o céu limpo, sem nenhuma nuvem, e o sol tão forte a ponto de irritar a pele de Verônica.

O balão continuava perdendo altitude, mas ainda não o suficiente para que ela pudesse pular e tudo que lhe restava era continuar nele, segurando-se como pudesse. Tudo de novo. Mas agora já sabia o que a esperava, apenas se perguntando se realmente era para estar segura quanto a seu destino, se realmente conhecer o futuro lhe desse alguma vantagem.

Já começava a escurecer quando o balão finalmente perdeu altitude, enroscando-se em uma árvore. A jovem da selva não teve dúvidas e saltou imediatamente, sem largar por um minuto da bolsa onde estava o diário de seus pais.

Sentia-se tonta, com dor de cabeça, enjoada e sua pele ardia como se tivesse sido raspada. Não era para menos: havia passado quase a tarde toda exposta ao sol, logo após ter estado em uma temperatura baixíssima e toda molhada. O choque térmico aliado à insolação poderia ser fatal a Verônica se não recebesse ajuda logo.

E agora tinha medo. E se as pessoas que a salvaram antes, por algum motivo, não estivessem ali? Se ela tinha a opção de mudar seu destino por já conhecê-lo, eles também não a teriam? Começou a andar, lembrando-se que antes, fez o mesmo, até cair esgotada, desmaiar e depois já estava a salvo na tribo dos Kadiwéus. Acreditava e queria acreditar que, se fizesse tudo como se lembrava que fez da última vez, seria igual novamente.

Andando cambaleante, confusa e febril, já não tinha a menor idéia para onde ia ou de onde vinha. Só sabia que estava muito longe de casa.

Um galho rompendo-se e folhas se agitando a alertaram de que alguém se aproximava.

"Graças a Deus, são eles" pensou. Porém, estava enganada: estava sendo observada por olhos famintos de carne e sangue – um grupo de três raptors a cercava e preparava-se para atacar a presa fácil em que havia se transformado.

CONTINUA!!!