DDT.1: PÁGINAS PERDIDAS

Capítulo 6

AUTORAS: Lady K & Towanda BR

DISCLAIMER: Todos os personagens da série Sir Arthur Conan Doyle's The lost world não são nossos (infelizmente), então não venham nos encher o saco.

COMMENTS:

Crys Richard: É uma honra ter vc lendo nossa fic! Ainda haverá mto suspense e muitas revelações, pois pretendemos pôr em prática a teoria do Challenger de que existe uma explicação para tudo.

Rosa: A Towanda vai me matar, mas terei q relatar: ela tah sendo incrível com as cenas R&M, me deu várias dicas, além de melhorar o texto rs... E obrigada por deixar review em todos os capítulos, vc é um amor!

Rafinha: Se prepara que tem mais R&M na veia hehehe

Jess: Se vc acha o Tom apressadinho, vai começar a ter grandes surpresas agora. Te recomendo ler os próximos capítulos com ar condicionado, pq a coisa vai esquentar! E sobre o Ned, por incrível q pareça, foi sugestão minha (Lady K) deixar dessa vez o Ned mais esperto, mas só pq ela me ajudou com as ceninhas R&M (é, a Towanda tbem gosta de R&M).

Cris: Hoje o final vai ser um pouco tristinho... qdo a Si me mostrou, fiquei xingando o Thomas, isso q ele fez é sacanagem! Vamos ver o q vc nos diz ;-)

Obrigada a todas vocês q deixaram review e quem não deixou, anda logo ou vai ter greve!


Capítulo 6

"Challenger, lembra quando Roxton lutou com o dragão?"

"Claro! Jamais esqueceria daquilo. Mas onde quer chegar, Malone?"

"Acha que pode fazer o truque com os espelhos de novo?"

Challenger estufou o peito ofendido.

"Que afronta, meu jovem! Sou perfeitamente capaz de faze-lo quantas vezes e onde quiser. E não é um truque, é ciência!"


"Venho de uma família que existe há centenas de anos e que tem uma missão muito específica." - começou Abigail – "Manter o equilíbrio do lugar onde nasci e para onde voltarei em breve."

"Amazônia." – Thomas prestava atenção ao que lhe era dito.

"Mais do que isso. É um lugar muito especial. É chamado platô. Um lugar de difícil acesso que poucos conhecem e, dentre esses poucos, a grande maioria ainda acredita ser uma lenda. Uma terra cercada por imensas formações rochosas onde vivem diversas civilizações e seres pré-históricos."

"Pré-históricos?"

"Eis um dos motivos pelos quais disse que não acreditaria."

"Desculpe. Por favor, continue."

"O platô é a fonte da vida. E do equilíbrio desta fonte depende o equilíbrio de todo o resto, incluindo tudo que esteja fora dele. Foi neste lugar que nasci e a linhagem a qual pertenço tem como função manter esse equilíbrio."

"A energia do platô é poderosa e para se chegar a esse poder é necessária uma chave que chamamos de trion. Somos as protetoras dessa chave."

"Somos? Quantas de vocês existem?" – interrompeu ele.

"A protetora do trion é minha avó. Quando ela se for, minha mãe assumirá a guarda da chave, depois serei eu e assim sucessivamente."

"Você não tem irmãos?"

"Tive. Ele morreu muito jovem."

"Sinto muito. Se ainda fosse vivo tornar-se-ia um protetor?"

"Por algum motivo que não entendemos, as mulheres da minha família são protetoras mais poderosas. Se estivesse vivo e eu não, ele assumiria após minha mãe. Existe um lugar, Avalon, que é o refúgio dos protetores. Lá ele permaneceria pelo resto da vida."

"Mas, e se alguma coisa acontecer a você? Quer dizer, se em algum momento a linhagem a qual você pertence terminar e o platô ficar sem um protetor? E de quem vocês protegem o platô?"

"O poder é cobiçado por outras linhagens cujo objetivo é justamente se apoderar da chave e é deles que protegemos o trion. Este só pode ser entregue a alguém por um protetor ou tomado caso o protetor esteja morto. Se em algum momento a família a qual pertenço se extinguir, caberá aqueles que estiverem em Avalon iniciar uma nova linhagem de protetores."

"Estou muito confuso."

"Imagino que sim."

"Por que você está aqui?"

"Como disse, o platô é um lugar de difícil acesso e que poucos conhecem. Mas não é inexpugnável. As pessoas são livres para ir e vir. Mas não é nada fácil encontrar as entradas e saídas. Muitas delas mudam de lugar com o passar do tempo e são poucos os que hoje as conhecem."

"Assim como alguns de meus ancestrais fizeram antes de mim, eu queria conhecer o mundo sobre o qual sempre li e imaginei. Este era o meu sonho e o presente que minha avó me deu, como atual protetora, foi permitir que eu o fizesse."

"Então, junto a um grupo de arqueólogos de passagem pelo platô, a quem lhes foi oferecido o caminho de volta (nenhum deles o conhecia e, sem mim, talvez nunca deixassem o mundo perdido) vim para cá. Minha avó designou avatares, que são guerreiros treinados para proteger nossa família e sob sua guarda fui conduzida ao mundo até que pudesse chegar ao porto onde peguei o navio para Londres. Bastou trazer pedras que vocês chamam de 'preciosas' para que se tornasse fácil conseguir documentos e tudo o mais que preciso para viver aqui."

O rapaz parecia hipnotizado.

"Thomas?" – chamou ela – "Thomas!"

"Desculpe."

"Você está bem?"

"Estou confuso. Muito, muito confuso."

"Preciso retornar em breve. Quando minha avó morrer, minha mãe será a nova protetora e terei que estar lá para assumir em seu lugar, caso lhe aconteça alguma coisa."

"Quantos anos vocês vivem? Quantos anos tem a sua avó?"

"Ela já é bem idosa. Exceto pela missão que nos é destinada, não existe nada de especial em minha família. Sou tão humana quanto você. Acredite, também já machuquei minhas mãos fazendo telas."

"Se você não retornar começarão uma nova linhagem?"

"Isso mesmo. Minha mãe o fará para garantir que haja alguém para substituí-la. Uma nova família entre as que vivem em Avalon será escolhida. Mas levará muito tempo até que essa nova linhagem se fortaleça. Minha avó é mais forte do que a mãe dela, minha mãe é mais forte que minha avó, eu sou mais forte que minha mãe e, se eu tiver uma filha, ela será mais forte do que eu."

"Então, se quiser você pode ficar?"

"Posso, mas nunca o faria."

"Nem por mim?"

"Você não entende. Ficar aqui colocaria este mundo em risco, incluindo você. Eu realmente preciso voltar... Quero que saiba que voltarei com alegria. Por mais que goste daqui, Avalon é minha casa e o platô, onde me sinto livre. Terei recordações e ensinamentos maravilhosos deste mundo, mas a única lembrança que me fará chorar de saudades será a sua."

Thomas não sabia o que dizer e Abigail percebeu que se parasse naquele momento, talvez não fosse capaz de falar tudo o que queria.

"Tudo foi acontecendo de uma forma tão natural que quando percebi, já era tarde. A ansiedade de encontrar você, nem que fosse só para passar a tarde na biblioteca estudando, mas sabendo que você estava ali tão perto." – Fez uma pausa – "Eu te amo, Thomas Layton. Mais do que tudo no mundo. Mas não posso ficar."

Ficaram quietos por um longo tempo, até que ele quebrou o silêncio.

"Estou tentando pensar, mas é tão difícil."

"Vá embora, Thomas. Será mais fácil para nós dois."

"Deixe-me ficar aqui esta noite, Abi. Eu durmo no chão da cozinha. Prometo não incomodar. Tenho muito que pensar a respeito de tudo isso, mas preciso saber que você está por perto. É só o que lhe peço."

A moça ponderou por alguns segundos.

"Está bem."

Abigail cobriu o chão com um cobertor e um lençol. Incluiu também o único travesseiro e a única colcha que dispunha no ateliê, e que ela mesma usava nas muitas vezes em que passava a noite no lugar. Felizmente, o aquecedor estava funcionando bem e a moça o ajustou para que ele não sentisse frio.

Mas nenhum dos dois conseguiu dormir nas horas seguintes. Thomas rolando de um lado para o outro, pensando a respeito de tudo o que tinha ouvido, enquanto Abigail procurou refúgio no bloco de papel pendurado no cavalete e no pedaço de carvão.


Já era noite no platô. A casa da árvore estava toda iluminada. Lembrando-se de quando a amiga lhe dissera que faria o mesmo quando todos partissem, Marguerite, carinhosamente, deixou uma lamparina acesa na janela, para quando Verônica voltasse. Por capricho do destino, nunca conseguiram sair do platô e, Verônica, a proprietária da casa, é que estava distante.

Ao mesmo tempo em que discutiam sobre o que lhes fazia falta da velha Londres, Roxton e Marguerite deleitavam-se ouvindo Mozart no gramofone. Descobriram ter muito mais afinidades do que achavam e realmente começavam a duvidar que nunca tivessem se visto: gostavam dos mesmos espetáculos, freqüentavam os mesmos restaurantes e até descobriram ter alguns amigos em comum.

Marguerite preparou um chá para ambos, enquanto Roxton desfrutava de um charuto.

Ao ser servido pela morena, agradeceu.

"Amanhã iremos sair de nossa rotina. Prepare suas coisas, Marguerite, teremos um passeio muito agradável!"

"Agradável para quem?" perguntou ansiosa. "Para mim não pode haver nada mais agradável do que ficar em casa, sem ter nada para fazer, bebendo um café ou uma taça de champagne, apesar de quente".

"Não seja desagradável!" O lord sorria generosamente. "Já está decidido: amanhã iremos pescar. Estou ansioso por saborear um delicioso salmão grelhado aos jovens alhos-porró e..."

"Para sua informação, não existem salmões na Amazônia, somente no Atlântico e no Pacífico, originários de rios e cursos d'água ligados ao mar, desde o Noroeste da Rússia até o cabo Finistère, na Europa, e sobre as costas americanas e canadenses. O máximo que vai conseguir é um lambari ensopado, que obviamente não será limpo por mim."

"Eu sei que não existem! Foi só força de expressão! O fato é que nós iremos comer peixe amanhã. Deixe de ser tão preguiçosa e se anime, não era você quem queria fugir da mesmice do platô?"

Apesar de estar levando na brincadeira, a herdeira sabia que Roxton estava mesmo empolgado com essa pescaria. "Está bem! Farei essa boa ação, quem sabe eu não tiro uma alma do purgatório fazendo uma penitência. Mas ficarei de olho em você, lord Roxton. Se me provocar, volto para casa e deixo você sozinho com os lambaris."


Por volta das cinco horas da manhã Thomas foi encontrar Abigail ainda desenhando. Observou o esboço.

"É o platô?"

"Sim."

"É lindo."

"É sim."

"Deixe-me ir com você."

"Thomas, não."

"É permitido, não é?"

"Sim, mas não posso pedir isso."

"Você não está me pedindo nada. Eu estou. Nos casamos, mudamos para lá. Construiremos uma vida nova. Juntos."

Rapidamente ele afastou o cavalete, ajoelhou-se em frente a ela notando seus olhos vermelhos.

"Por favor, não chore."

A jovem tentou recompor-se.

"O que eu mais temia aconteceu. Esperava que após nossa conversa você iria embora e nunca mais nos víssemos. Quando pediu para ficar mais um pouco, ainda assim eu tinha a certeza de que você iria ao amanhecer."

"O que você está me escondendo?... Preste atenção. Seja lá o que for me diga. Preciso saber de tudo... Vamos lá, Abi. Termine o que começou."

Ela fez uma pausa antes de prosseguir olhando diretamente para ele.

"Como acha que seria nossa vida até que voltássemos?"

"Vamos nos casar, preparar a viagem e assim que possível iríamos para o platô."

"Então, imagine se antes de nossa partida eu engravidasse. Sabe que a possibilidade é imensa."

"Os filhos das protetoras não podem nascer fora do platô?"

"Podem. O que importa é a linhagem."

"Então está resolvido. Ao chegar construiríamos nossa casa e já teríamos nossas crianças correndo para lá e para cá."

"Pare, Thomas..."

"... Será maravilhoso. Eu..."

"... Não podemos. Me escute. Tudo está indo rápido demais. Até ontem sequer tínhamos nos beijado e agora você já está planejando uma família."

"Desculpe. Eu me entusiasmei."

"Existem mais coisas envolvidas."

"Diga logo. E, por favor, seja direta."

"Se nos casarmos, não poderemos consumar nossa relação até estarmos próximos ao platô."

"O que está me dizendo? Você seria minha esposa."

"Escute bem. Em breve voltarei para casa. Grávida jamais conseguiria atravessar a selva. E mesmo que a criança nascesse aqui, jamais sobreviveria a esta viagem."

"Os tais avatares não te levariam de volta em segurança?"

"Os avatares dariam sua vida por uma protetora, mas são tão mortais e falíveis quanto todos nós."

"Podemos conseguir. Nós a protegeremos."

"Não vou arriscar a vida de uma criança. Em nenhuma hipótese eu correrei esse risco."

"Existem formas de evitarmos."

"Então me diga uma." – ela estava angustiada – "Só preciso de uma que seja 100 segura."

"Meu Deus, Abi. Eu te desejo tanto." – ele a beijou suavemente. Depois buscou-lhe mais uma vez os lábios com paixão.

"Eu te desejo mais do que tudo, Thomas. Não torne mais difícil do que já é."

Ele finalmente afastou-se.

"Essa é sua decisão final?"

"Por mais que odeie dizer, é minha decisão final."

"Desculpe, Abi. Eu não conseguiria ter uma esposa sem que ela fosse verdadeiramente minha mulher. Não quero te magoar, mas realmente não posso. Talvez seja a única coisa que não faria por você."

"Eu entendo. Você é um bom homem, Thomas."

De cabeça baixa ele levantou e lentamente vestiu o paletó.

"Posso lhe fazer uma pergunta muito pessoal?"

"O que quiser."

"Você já esteve com outro homem antes?"

Ela surpreendeu-se com a pergunta. Ergueu a cabeça e disse com voz firme.

"Sim. Já estive."

"Seu marido?"

"Nunca me casei."

"Você o amava?"

"Nossos caminhos se separaram quando decidi sair do platô."

"Você o amava?" – repetiu enfaticamente a pergunta.

"Cheguei a pensar que sim, até descobrir que amor era muito mais."

Ele a olhou profundamente.

"Você deitou com um homem que nem ao menos amava e não pode se deitar comigo?"

"Não simplifique as coisas."

"Quantas vezes? Uma? Duas?" - disse rispidamente. Ela devolveu no mesmo tom.

"Muitas. E não me envergonho de nada."

"E nem era seu marido."

"Não tente me impor uma moral que não é do meu mundo."

O rapaz abriu a porta e sequer virou-se para ela antes de dizer.

"Adeus, Abi."

CONTINUA!