Capítulo VII – Crise De Grávido É Fogo
Abril estava passando, modorrento e chato. O começo da primavera, antes tão agradável, agora fazia Remus pensar que o ar estava palpável. Um espreguiço, e ele se levantou com as mãos nos quartos, para abrir a porta. A barriga estava enorme e esticada, e ele tinha a impressão de que ela podia cair a qualquer momento.
Deu uma olhada pelo canto do olho ao espelho de corpo inteiro que havia na porta do armário, e não gostava nada do que via. Sua coluna estava estranhamente curvada, fazendo aquela barriga medonha projetar-se ainda mais. Virou-se de frente para o espelho, e começou a se analisar. Nesses seis meses, Remus havia acumulado bastante gordura. Acostumado a poder contar todas as suas costelas, estranhou a camada macia - flácida, corrigiu-se - que agora o recobria. Mas o que mais o intrigava era a inchação que seu rosto, outrora esbelto e de feições finas, recebeu.
Suspirou em reprovação e abriu a porta, e deu de cara com um Sirius suado, sorridente, com uma maleta de ferramentas na mão, a camisa num dos ombros e a forma física mais perfeita que jamais tivera. Remus torceu o nariz numa invejinha saudável e deixou que ele entrasse em casa. Assim que fechou a porta, sentiu braços enlaçando seus quadris, e lábios roçando seu pescoço. Não merecia aquilo... Suspirou e tirou os braços de si, alegando não estar se sentindo bem, e foi até o quarto, deixando um Sirius muito confuso e preocupado sozinho.
Trancando a porta, sentou-se recostado a ela, cabeça apoiada nas mãos. Merda, essas lágrimas vinham com muita freqüência ultimamente. Era óbvio que Sirius já não o achava mais tão atraente -- raramente tinham algum contato mais íntimo agora. E se sentia um verdadeiro fardo com suas mudanças bruscas de humor. O fluxo de lágrimas se intensificou, sendo enfatizado pelos leves soluços.
Do outro lado da porta estava um Sirius angustiado, perguntando-se o que tinha feito de errado.
- Remus! Remus, o que houve!? Remus, pelo amor do Venerável Merlim, responde! - Sirius encostou o ouvido na madeira fria - Remus você está chorando! Me deixa entrar!!!
- Sirius, me deixa em paz! Vai embora daqui! - O lobisomem estava encostado atrás da porta, sentindo os tapas que Sirius dava na mesma ficarem mais fortes, joelhos flexionados e a mão enxugando inutilmente o rio de lágrimas que ele chorava. Tentou suspirar para parar os soluços, mas isso só fez com que eles se fortalecessem ainda mais.
- Remus, - ele passou a mão pelos cabelos. - ABRE-ESSA-PORTA!
- N-não acha que se eu quisesse abrí-la eu já teria o feito? - Conseguiu dizer por entre os soluços.
- REMUS JOHN LUPIN, EU QUERO SABER O QUE HÁ DE ERRADO, E EU QUERO SABER AGORA! - Sirius agora dava socos na porta, e a cada soco, Remus dava um soluço e uma estremecida.
- Não faça isso, eu estou atrás dela! - Remus devolveu um grito rouco e entrecortado. Sua barriga estava rígida de tão tensa agora, como se as pequenas tivessem captado o clima do momento.
- Não me obrigue a arrombar a porta...! - Um tom ameaçador substituiu os gritos irados na voz do animago. - VOCÊ SABE MUITO BEM QUE EU S" NÃO ENTRO AÍ PORQUE EU PREFIRO QUE VOCÊ ABRA ESSA PORTA, REMUS! ABRE!!! - Sirius esforçava-se para não socar mais a porta. - EU VOU ARROMBAR ESSA MERDA DESSA PORTA!
- Faz, faz isso! Faz isso que aí você mata suas filhas logo de uma vez!
Isso foi o suficiente para fazer Sirius pensar duas vezes e respirar fundo, tentando se acalmar. - Tá certo. Alorromorra. - Ele disse calmamente, abrindo a porta e fazendo Remus perder seu apoio, caindo com as mãos no rosto e praguejando ininteligivelmente. - Vai me dizer o que tá havendo agora?
- ...Por que você não usou o maldito feitiço antes? - Remus limpava as lágrimas que manchavam seu rosto com a gola da camiseta.
- E você acha que eu vou me lembrar de um 'maldito feitiço' enquanto tão preocupado contigo?
Não houve resposta. Suspirando, Sirius estendeu um braço para que Remus pudesse se levantar, e o apoiou enquanto o fazia. Logo que o lobisomem ficou de pé, afastou-se.
- Por que você não me conta o que tá acontecendo?
- Sirius... Eu não quero, ok?
- Me fala o que eu fiz!
- Nada, Sirius, nada... - Terminou a frase expirando, e não falou mais palavra.
Sirius também não insistiu.
- CINQÜENTA? - Foi o que boa parte dos membros da Ordem da Fênix exclamou, naquela reunião na sala de Dumbledore em Hogwarts.
- Exatamente, meus amigos, nós temos nas mãos nesta madrugada, uma das maiores chacinas promovidas por Voldemort nesses últimos anos. Mais de cinqüenta bruxos e de oitenta trouxas foram vitimados. Tropas de aurores, obliviadores e medibruxos do St. Mungus já foram enviadas para o local. A Ministra Millicent Bagnold estava lá e já foi mandada à Emergência de um hospital trouxa conveniado com o St. Mungus. - Dumbledore parecia cansado e mais velho que nunca naquela noite.
- Puta merda... - James suspirou e levou a mão à testa, silvando ao lembrar de que justamente aquela partezinha tinha sido acertada por uma frigideira quando disse a Lily que ela não podia vir. E, como o modo de persuasão da ruiva era extremamente convincente, ela estava lá a seu lado, sendo amparada por outros membros da Ordem. - Mas qual foi o motivo disso tudo?
- Não soube, Potter? - Kingsley Shacklebolt, que estava recostado a uma parede, manifestou-se. - Estava ocorrendo uma importantíssima conferência entre bruxos e trouxas, que iria provavelmente decidir os modos de interação entre os dois povos. Obviamente, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado não gostou nada da idéia.
- Estou preocupada com Alastor... - disse Andrômeda.
- Que houve com Moody? - Sirius se virou para a prima, as sobrancelhas franzidas quase dolorosamente.
- O velho está no St. Mungus... Teve que amputar uma das pernas, coitado. E tá com o rosto todo enfaixado. - Andrômeda passou a mão na testa, afastando os cabelos cacheados para atrás da orelha. Remus, que estava sentado do lado de Andrômeda, ficou pálido e apertou a garganta, como se fosse vomitar. Alice apertou a mão de Lily, os olhos fundos e grandes olheiras denunciavam que ela andava dormindo pouco, e a ausência de Frank naquela reunião também denunciava aquilo. Ninguém sabia onde ele estava há umas 3 semanas, e as pessoas já começavam a dá-lo como morto.
- Chamei vocês aqui para decidirmos quem fará a proteção pessoal da Ministra. Se ela morrer agora, nós não temos gente preparada para assumir o Ministério. Não há substituto para Millicent Bagnold! - Dumbledore agora apoiava os cotovelos na mesa, olhando perfurantemente para todos os presentes. - Voldemort foi muito inteligente ao atacar a cúpula do Ministério, se a Ministra fosse imediatamente morta, toda a Grã-Bretanha bruxa se desestabilizaria.
- Juntar tanta gente influente num só lugar foi muita burrice... - Sirius resmungou.
- Acreditavam que não haveria problema, pois pensavam que os Comensais e seu mestre não seriam tão ousados ao atacar um lugar cheio de bruxos tão poderosos. Acontece que eles estão realmente dispostos a tudo, e quanto mais o contingente ministerial diminui, mais o contingente de Voldemort cresce. Devo acrescentar que cresce numa velocidade assustadora. - Shacklebolt era incisivo e frio ao falar de toda aquela tragédia de uma forma tão racional.
- Mas professor Dumbledore... - Lily falou com a voz fraca e arrastada enquanto sentava-se numa poltrona de chintz, amparada por James e Peter, por causa da enorme barriga de quase sete meses de gravidez. - E o senhor? Porque não assume o Ministério, caso morra a Ministra? O senhor sabe, tanto quanto nós todos, que é o mais indicado para o cargo atualmente, mais até que a própria Ministra Bagnold.
- Minha querida Lily, eu prefiro proteger os alunos desta escola, que são frágeis o bastante para não suportarem sozinhos toda essa situação e coordenar a Ordem da Fênix. Desnecessário dizer que em uma guerra - Pausou para ver a reação dos outros membros. - sacrifícios devem ser feitos. Mais desnecessário ainda é dizer que não seria adequado de minha parte fazer meu papel nessa guerra apenas pelos bastidores. - Seus olhos brilharam com essa última afirmação, e boa parte da ordem assentiu com a cabeça. Do fundo da sala podiam ouvir-se murmúrios de 'grande, grande homem o Dumbledore' emitidos por Hagrid.
O silêncio era quase palpável naquela sala, e as rugas de preocupação na testa de Dumbledore eram fundas, o que só fazia aumentar a tensão dos presentes. Foi quando o diretor pigarreou e recomeçou:
- Como eu ia dizendo, eu preciso definir quem fará a guarda pessoal da Ministra, caso ela... - suspirou - ...saia viva do hospital. Preciso de alguém da Ordem, já que vocês são muitíssimo bem preparados.
Nesse momento, Sirius se levantou de seu assento, como se tivesse levado um choque na bunda, determinado. - Eu me voluntario pra isso! - disse, atraindo olhares para si. Logo depois, James fez o mesmo gesto.
- Eu vou junto com ele!
- VOCÊS CHEIRARAM P" DE FLU?!?!?! - Remus e Lily gritaram em uníssono, atraindo os olhares, ora fixados no cão, para si, arrependendo-se mais ainda quando Dumbledore deu um pequeno riso, obviamente divertido com a situação.
- Ora, e por que não? - pronunciou-se, sorrindo. - Black e Potter são dois dos mais qualificados aurores de nosso grupo, e são assim desde antes de se formarem. - pigarreou - Alguém mais se habilita para a tarefa? - silêncio ao que os outros membros trocavam olhares entre si. - Não? Oh, tudo bem. - virou-se para os dois animagos. - Tenho certeza de que vocês dois farão um trabalho exímio.
Os dois voltaram para casa. Aparentemente, os outros também sentiram o clima estranho que havia se instalado entre os dois, já que alguns deles inquiriam sobre o que havia acontecido. Mas a resposta que davam era sempre a mesma - nada, era só o clima da guerra que os havia abatido.
Ainda assim, Sirius não entendia o que havia de errado com Remus. De uma hora para outra o lobisomem passou a recusar sua presença, e se isolava. E assim foi feito logo após cruzarem a soleira da porta depois de terem descido do Noitebus. Remus deu boa noite e subiu para o quarto, fazendo o assunto morrer ali. Sirius suspirou e contorceu a boca em preocupação.
É, pelo jeito ia ter que dormir no sofá esta noite. Pendurando a jaqueta no suporte ao lado da porta, foi tomar um banho; logo deitou-se no móvel forrado com tartã verde, demorando um pouco até achar uma posição confortável, da qual ele se cansaria cinco minutos depois. Passou meia-hora revirando-se no sofá, inquieto, não só porque precisava falar com alguém sobre isso - não ousava chamar James por flu a essa hora -, mas principalmente porque estava tão frio sem Remus a seu lado.
Ouviu, do alto da escada, um resmungo baixo. Olhou para lá, não viu nada e virou-se pro lado. Ouviu de novo, dessa vez um pouco mais alto. Fingiu que não ouviu. Da terceira vez, o resmungo foi bem audível:
- Sirius, vem pra cama... - A voz de Lupin era sonolenta.
Sem falar palavra, Sirius obedeceu, tateando no escuro para não esbarrar nem tropeçar em nada. Guiou-se pelos olhos dourados e reluzentes de Remus, e, chegando próximo a ele, estendeu uma mão ao rosto do outro, apenas para tê-la interceptada por outra, que as moveu de modo que dedos se entrelaçassem. Vagarosamente, o animago conduziu ambos à cama, deitando-se atrás do outro - posição que eles adotaram quando a barriga de Remus tomou um volume respeitável - , beijando os ombros tensos à sua frente.
- Remus... - o animago chamou num tom quase infantil, depois de uns 10 minutos de deitado.
- Hm? O que foi, Sirius? - Remus tinha obviamente acabado de acordar de um pré-sono... Um cochilo.
- Aluado, o que está havendo com você? Eu estou realmente preocupado com você... - Sirius fazia cafuné no lobisomem enquanto falava. Não dava ponto sem nó, acreditava que acalmaria-o assim.
- Sirius, discussão de relacionamento em plena madrugada não dá né? A gente pode discutir isso amanhã? - Remus afundou-se mais ainda nos cobertores, deixando só a cabeça a mostra.
- Remus, responde, por favor...Eu não tô dormindo direito há dias por causa disso...!
Remus virou-se para Sirius, tomando cuidado com a barriga e disse:
- Não... Não é nada...Volte a dormir, sim?
- Se não é nada, por que você anda tão... Distante?
- Distante?
- M-hmm.
Silêncio.
- Sirius...
- Hm?
- Por que você me ama?
- O que te faz perguntar uma coisa dessas?!
- Responde.
Sirius pigarreou, suspirou e abraçou Remus, respondendo-lhe ao pé do ouvido:
- Eu te amo pelo que você é, pelo o que você é capaz de fazer; pelo seu jeito de ser assim tão comedido; pelo jeito que você sorri quando ouve alguma besteira minha; pelo jeito que você me atura desde que nos conhecemos; por tudo que você atravessou comigo de um jeito tão forte; pelo jeito que seus olhos brilham quando alguma noticia boa nos é entregue... - Abraçou mais forte, tomando cuidado com a barriga e suspirou - Mas eu também te amo não só pelo que você é, mas pelo o que eu sou quando estou com você. Eu te amo porque você é capaz de me entender de um jeito absurdamente certo. Te amo porque você transpassou minhas fraquezas e me fez ficar mais forte. Tirou de mim toda a capacidade de amar que ninguém nunca havia tirado...
- Você não disse... - foi um sussurro, quase inaudível.
- O quê?
- Você não disse que me achava bonito...
- Remus --
- Também, não tiro a sua razão... - Remus nem prestou atenção aos protestos do outro. - Eu estou inchado, e deformado, e mal-tratado...
- Remus, eu-não-acredito-no-que-acabei-de-ouvir! - Sirius largou de Remus, virando-se de barriga pra cima, levando as mãos ao rosto, incrédulo.
- O que, estraguei sua declaração ensaiada? - o lobisomem agarrou os lençóis, e não encarou o outro.
- Ai cacete... - resmungou - Não! Eu não ACREDITO que eu passei DIAS sem dormir pensando no que eu poderia ter feito de errado pra você, e tudo que você tem, é uma briga estúpida com todos os espelhos da face da terra! - Ele gesticulava pro teto.
- Tá vendo? TÁ VENDO? Tudo o que eu digo agora é motivo de indignação pra você, Sirius! Admite logo que eu sou um estorvo pra você, admite!
- Eu só posso ter jogado Veritasserum no vinho do Barão de Munchausen pra merecer isso... - Sirius levantou-se da cama.
- Não sai! Não sai daqui...
- ...Dá pra se decidir? - pôs uma mão na cintura.
- Diga-me se eu te irrito.
Sirius suspirou. - Ok. Remus, você não me irrita. Mas pelas barbas de Godric, você est me irritando! Entende a diferença? Mas eu suporto tudo isso. Por quê? Porque eu te amo! O que mais pode importar?!
- Como você pode amar uma pessoa tão feia assim? Olha! Pés inchados, uma barriga monstruosa, que a cada lua cheia ganha novas e novas cicatrizes, portador de olheiras maiores que as do filho da Rainha -- - Remus foi interrompido por um grito.
- Remus, ca-ra-lho, você não está feio!
- Claro que eu não estou feio, eu sempre fui feio! Com centenas de cicatrizes, e cabelos brancos desde minha puberdade... Você deve ter estado deveras cego quando se apaixonou por mim, e o amor só te cegou ainda mais... Aliás... - estreitou os olhos, não mais aquele âmbar gentil, mas um amarelo que reluzia com uma emoção indistingüível. - As emoções fortes sempre te cegaram, não? Como na vez em que você mandou o Severus para --
- PELO-AMOR-DE-MERLIN, REMUS! Não vá desenterrar esse assunto!
- Desenterro sim, porque durante ANOS eu soube que você era um homem de rompantes, e durante ANOS eu não consigo entender, simplesmente não CONCEBO como é que você está comigo sendo fiel!! SE É QUE VOCÊ É MESMO FIEL, NÃO É MESMO??!!
- COMO VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE DUVIDAR DE MIM?!?!? DEPOIS DE TUDO QUE A GENTE PASSOU E AINDA PASSA JUNTOS!
- VOCÊ SEMPRE FOI UM GRANDE GALINHA, SIRIUS! PELO AMOR DE DEUS, VOCÊ PENSA QUE EU NÃO SEI QUE DURANTE ESSES MALDITOS MESES EM QUE A MINHA BARRIGA TOMOU ESSE TAMANHO ABSURDO VOCÊ - Remus respirou fundo, apertou os olhos e pôs as mãos nos quartos - TEM PROCURADO CAMA EM OUTROS LUGA -- AI! - Remus soltou um grito, mais de surpresa do que de dor, quando Sirius o prendeu à parede, mãos apertadas em seus pulsos.
- JAMAIS, eu repito, JAMAIS diga isso novamente! - Sirius disse, um sussurro ríspido entre dentes cerrados, mas folgou seu aperto quando viu que Remus tinha seus olhos cintilando com as lágrimas acumulando-se em seus olhos. As lágrimas finalmente caíram, num fluxo contínuo, e o lobisomem cobriu o rosto com as mãos. Aquilo cortava o coração do animago. - ...Desculpa...
- Não... N -- AAI! - suas palavras no início estavam abafadas pelas mãos, mas seu grito saiu claro, pois ele as levou até o ventre, como que tentando segurá-lo. - S-Sirius, e-eu acho que... A bolsa rompeu...!
- Mas ainda faltam mais de dois meses!
- Siriuuus!!
- Ai Venerável Merlin, olha só que merda que eu fiz! - Sirius ficara pálido e suava frio enquanto puxava Remus com toda delicadeza para a lareira. - Fique calmo ok? - Ele não tinha a menor moral para falar em calma naquele momento, e pôs Remus na lareira, dando a ele um punhado de pó de flu. - Vai que eu já tô indo!
- Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos! - E sumiu dentro das chamas esverdeadas.
- Afinal, o que aconteceu pra causar isso? - Dr. Carpenter limpava a lente de seus óculos com uma ponta do jaleco impecavelmente branco, focando um olhar severo em Sirius, que de repente pareceu ser o centro das atenções no momento.
- Nós... meio que... tivmsmmbrg. - o cão falou a última sentença num tom quase inaudível. Lily o observava com uma expressão rígida, mas não podia negar que sentia pena ao vê-lo de ombros encolhidos, cabeça baixa e cabelo a esconder os olhos - conhecida postura de Sirius quando ele se sentia culpado.
- Perdão? - o médico recolocou os óculos de aro de prata.
- Nós tivemos uma briga. - Sirius ergueu sutilmente o olhar; olhos vítreos com as lágrimas que ele impedia que caíssem.
- Almofadinhas... - Lily começou num tom estranhamente doce - Você, meu querido amiguinho... BEBEU FLUIDO DE FREIO!????
- Lily, não judia do Almofadinhas... - James interferiu - Não tá vendo que ele tá perturbado, coitado?
- Obrigado James... - Sirius estava falando baixinho, como criança que quebra o bibelô da mãe.
- Mas ele SABE que o Remus está incrivelmente frágil!!! - o tom de voz de Lily fez Sirius estremecer, e James pôs um braço em torno de seus ombros.
- Felizmente, não houve nada que afetasse a gravidez do Sr. Lupin. Entretanto, devo ressaltar que o senhor - virou-se para Sirius - devia ter tido um cuidado muito maior, considerando a situação em que o Sr. Lupin se encontra. - Sirius tão somente assentiu com a cabeça. - Não é só porque ele é um homem que está menos suscetível aos males da gravidez. Bom, - e ajeitava os óculos quadrados na ponte do nariz - se me dão licença, eu tenho mais uma cliente pra atender daqui a meia-hora. Boa noite para os senhores. - finalizou e afastou-se dos três, sendo escoltado por uma medibruxa para sair de lá.
- Mas me conta, como exatamente vocês brigaram? - James não tirara seu braço dos ombros do outro, e inquiria com um tom curioso.
- Bom... - o cão erguera seu rosto e olhava para as janelas do local, estreitando os olhos. - Ele... Ele já estava agindo meio estranho... Meio que recusando a minha presença... Mas quando foi hoje à noite, ele não me evitou, até... Pediu pra que eu ficasse junto dele. Aí, conversamos, até que algo que eu disse fez ele dar chilique... E deu nisso.
- E o que você disse pra ele se irritar? - os cantos da boca do cervo tremiam à repreensão de um sorriso.
- ...É que ele pediu pra que eu dissesse por que eu o amo... E eu enumerei todas as coisas possíveis, James! Mas não, ele tinha que cismar que eu não disse que ele era bonito! - e assoprou pra longe uma mecha do seu cabelo que havia caído na frente de seu rosto. Tomou um susto quando do nada James começou a gargalhar muito alto a seu lado. - Dá pra contar a piada?!
Demorou uns bons cinco minutos até que James tivesse reconquistado sobriedade suficiente pra formar frases coerentes. - Cara...! - mais gargalhadas. - É que... que... Hahah... O Remus tá agindo... - risos - Agindo... IGUALZINHO À LILY!!!!! - No que ele acabou de falar isso, atirou-se ao chão e começou a rolar, agarrando seu próprio abdômen que já doía de tanto rir.
- Jimmy... Jimmy... - Lily estava escarlate de vergonha - JAMES POTTER! SAIA JÁ DO CHÃO! - Ela o cutucou com a ponta da sandália - Isso não tem a menor graça... - ela fez bico - Eu... Eu entendo perfeitamente o que o Remus está sentindo, sabia?
- Claro! Vocês estão NA MESMA fase da gravidez, é "BVIO que você entende ele, Lily! - James simplesmente não parava de rir.
- Pontas... - Chamou Sirius - Como eu faço para que ele melhore, hein?
- Deixa que eu falo com ele! - Lily levantou as mãos, como quem diz 'tenho tudo sob controle!' e foi abrindo a porta do quarto muito devagar.
- Das duas uma, meu amigo almofadado... - James, ainda rindo, levantou-se com a ajuda do outro animago - Ou a Lily dá um jeito na crise do Remus... - passou um braço em volta do amigo - ...ou eu e você passaremos a dormir na soleira de nossas portas, ao relento! - James deu uma gargalhada aguda, rindo da própria piada.
- Você pode pelo menos coicear a porta até ela abrir... - Sirius bufou e deu um sorrisinho amargoso, e James riu mais uma vez.
Os dois animagos, que sentaram-se num banco encostado na parede, ergueram os olhares quando ouviram a porta do quarto de Remus abrir-se, e dele sair Lily, segurando os quartos. Palavra alguma foi trocada; a ruiva apenas olhou para Sirius, deu um pequeno sorriso e apontou para dentro do quarto com a cabeça, indicando para que ele entrasse. O cão concordou com a cabeça, levantando-se e murmurando um breve 'obrigado' para ela, que lhe deu tapinhas no braço quando cruzaram-se no caminho para a porta.
That boy took my love away.
He'll regret it someday,
But this boy wants you back again
Sirius entrou no quarto, pé-ante-pé, como se fosse um paladino entrando na caverna de um grande dragão dourado. O lugar estava na penumbra, só a fraca luz de um abajur regulável de luz alaranjada cobria o ar de uma atmosfera mais tensa para Sirius. Remus estava recostado em alguns travesseiros, de avental de hospital, as olheiras costumeiras, e um tanto quanto abatido. O clima um tanto quanto uterino do quarto fez com que os dois não trocassem palavra alguma até que Sirius se aproximasse. Percebendo a curiosidade de Sirius sobre o abajur, Remus começou, com a voz um tanto quanto vacilante:
- Cromoterapia...A medibruxa disse que a luz alaranjada vai me acalmar, e essa calma, acalmará também as meninas... - suspirou.
- ...Remus, eu -- - O lobisomem o cortou com um meneio da cabeça.
That boy isn't good for you.
Though he may want you too,
This boy wants you back again.
- Não, não precisa se desculpar... Eu que tinha que estar pedindo desculpas aqui... - seus olhos, que se fixavam em alguma dobra aleatória de seu avental, viraram para Sirius. - Me perdoa?
- Sabe, eu não devia ter... - ele apertava as mãos - empurrado você, e aquilo tudo... Eu fiquei nervoso, esqueci que você tá assim, tão frágil... - Sirius fazia uma força descomunal pra não deixar que seu rosto se convertesse numa careta de choro.
Oh, and this boy
Would be happy
Just to love you,
But oh, my, that boy
Won't be happy
'Til he's seen you cry.
- E eu não devia ter gritado... Não devia ter te acusado... Brigado por nada. Eu não sei o que tem me dado... Não sei, eu estou me sentindo estranho, diferente, feio, disforme. Nunca pensei que fosse me importar com coisas desse tipo! - Remus, por sua vez, deixava as lágrimas rolarem livremente por suas faces descoloridas. Procurou a mão de Sirius sem olhar para onde ela estava, mirando apenas os olhos cinzentos do outro. - Eu preciso mesmo descansar, eu ainda não estou bem. Está tudo sob controle, mas eu ainda me sinto dolorido e enjoado.
This boy wouldn't mind the pain;
Would always feel the same
If this boy gets you back again.
- Dorme... Dorme que eu fico aqui... - Sirius beijou a mão de Remus, que não disse mais nada, apenas beijou-lhe a mão de volta e acomodou-se na maca pra dormir.
This boy
[[Considerações]]
Tenebra PORRADAAAAAAAAAAAAA!!!
Keshi SANGUEEEEEEEEE!!!
Sirius: CAAAAAAAAAAAAAAAARNIFICINA!!!!
Os três em pose sentai: RATINHOOOOOOOOOOOOOOOO!!!! /o/
Remus -suspira- ...Eu não faço esse doce todo... TT''
Keshi -pula no colo de Remmy- NEGUE que ficou fofo, lobisomem ingrato!
Tenebra -abraça Remmy pelos ombros- Vocês até ganharam uma música tema! E dos Beatles, olha que lindo!
Sirius: E além do mais, você é virginiano cúspide com Libra, Re. Cedo ou tarde você ia fazer um doce daqueles!
As duas: -embasbacadas, olhando pra Siri-
Tenebra VOCÊ SABE MAIS ASTROLOGIA DO QUE EU! O.O''''''
Sirius: Esperava o que, sua coió? Olha a família que eu nasci, cara! Você não deveria se surpreender!!! Eu adoro astrologia! -eyes shining-
Remus Gosta tanto que lê o horóscopo de três jornais diferentes, todo santo dia!
Keshi O que é cúspide? -misunderstood cat face-
Tenebra, que em algum ponto da conversa se grudou na perna de Siri em modo SD: Cúspide é quando se nasce naquele dia de transição dos signos, saca? -sorri feito demente quando Siri confirma-
Keshi Aaaaaaaah sim... -sendo embalada por Remmy-
Remus Essa história de gravidez tá me deixando com uns instintos estranhos, né?
Sirius: Você tá com uma moleca que tem o tamanho de uma criança de 4 anos superdesenvolvida no colo, o que você queria? -risos-
Tenebra E não vai ser muito diferente disso daqui a pouco... -risada maquiavélica/blackish-
Sirius: Essas suas risadas me deixam com MUITO medo, sabia?
Remus Também, do jeito que lembra a sua mãe...
Keshi -mostra ao Sirius uma foto da Tenebra vestida de Sra. Black-
Sirius: É... Considerando que uma de nossas filhas vá nascer parecida com você, Tenebra, se a mamãe abstrair o fato de que ela é filha de, como ela diz, uma relação hedonista, ela talvez goste da neta...
Remus MINHAS FILHAS não vão PISAR em Grimmauld Place n12!
Keshi -dorme, sendo embalada por Remus, e falando coisas durante o sono-
Sirius: O que a japinha tá falando?
Remus Algo como "não esqueçam do disclaimer..."
-- pausa para o disclaimer rosa, glam e purpurinado de Keshi e Tenebra --
Harry Potter e todos os seus personagens pertencem a J.K Rowling, Bloomsburg, Warner, Rocco etc, etc, etc.
Fic escrita SEM FINS LUCRATIVOS. De fã, para fã.
É proibida a cópia não autorizada dessa fic. É uma fic, mas ainda assim é NOSSA. u.u
Educação não custa nada, é só chegar, perguntar e dar os nossos merecidos créditos, afinal N"S queimamos nossos Ticos e Tecos pensando nessa fic.
Noctis Relictus®
-- volta ao chat --
Tenebra -apóia cada braço num ombro de cada um- J repararam que a gente nunca mais falou com nossos leitores?
Sirius: E como a japusca dormiu, eu hoje posso bater um papinho -joga os cabelos pra trás, fazendo 'heh'- com as minhas queridas fãs leitoras...
Keshi -murmura- Avisa... ZZZZZ pra Mel Morgan Weasley... ...nham ...que o morceguinho só vende nos EUA, como brinde da Burger King... -balbucia coisas incompreensíveis- e isso já faz teeeeeeeempo... nham nham...
Sirius: ...EEEEEI!!! Japaraguaia estraga-prazeres do --
Remus -CAHAM-
Sirius: ...tá, do GATO, satisfeito?
Remus Muito.
Keshi -se ajeita no colo de Lupin- E diz pra Ameria que eu... ...nyun... desculpo ela....
Sirius: Era tudo que eu queria, uma alter-ego da minha filha... SONÂMBULA!
Tenebra Um adendinho pra Dona Terezinha... Princesas góticas? Agradeça ao papai -abraça Siri- e à futura babá! /o/
Remus Babá? Jurava que seria influência da Tonks...
Sirius: Tonks, usando tons monocromáticos? HAH, tô pra ver esse dia...
Keshi Uhuhuhuhuhhuhhuh -rindo, dormindo- diz pra Angel que ela é um anjinho fofo... hihihihihihihhih
Sirius: Acorda essa malucaê!!!
Remus -fazendo carinho nos cabelinhos ralos da japaraguaia- Aaaah, ela tá tão... CAHAM...
Tenebra Espero mesmo que você esteja disposto a carregar a japa até o flat... Ela não vai acordar tão cedo...
Sirius: ...vamos inserir mensagens subliminares durante o sono dela?
Tenebra JÁ É! /o/
Remus -levantando com a japa nos braços e suspirando- Nem pensem nisso... tenho medo do que vocês podem induzí-la a fazer...
Siri e Tennie: Quem, nós? -carinhas de santos-
Remus Éeeee, vocês dooooois! Humpf... Afinal de contas, eu vou ter uma filhota com a personalidade dessa menina, então ela precisa ser bem comportada, fofa, meiga, estudiosa, bem educada... Uma lady!
Tenebra -engasga desesperadamente-
Remus Você sabe de alguma coisa que eu não sei?
Tenebra Não... -roll eyes- Foi um mosquito que eu engoli...
Sirius: Aham... -pega a japa no colo- Vambora... Você ainda tem que descansar, ouviu?
Remus Claro... Mas duvido que eu vá descansar com suas filhas fazendo do meu útero-próstata uma boate!!
Sirius: Como assim?
Remus Elas andam mexendo muito ultimamente...
Tenebra -risada maquiavélica/blackish-
Siri e Remmy: PÁRA COM ISSO!!! XX''''
-- end of chat --
