Amélie estava contente: sempre foi independente demais e gostava demais de espaço, o que estava lhe faltando na Terra. A proposta de sair da Terra foi bem-vinda, e Vênus lhe pareceu exatamente o que queria.
Amélie continuava cuidando dos animais recém-chegado da Terra. Alguns animais mais ariscos, como os hipogrifos e os amassos, estavam tendo problemas com a adaptação para o novo ambiente de Ishtar. Amélie mantinha cuidados constantes com eles.
Foi quando Sylvester se aproximou, enquanto ela cuidava do problema de sono de um hipogrifo:
– Amélie?
– Sr. Longbottom...
– Por favor, me chame apenas de Sylvester.
Amélie se voltou para ele. Amélie tinha uma aparência bela como a da avó, mas a simplicidade e rusticidade de seu avô. Amélie era morena, com cabelos longos e crespos, amarrados em um coque severo. Seus grandes olhos negros pareciam com duas grandes opalas. Se vestia de maneira simples: uma camisa de cor verde escura, e um colete e calças da mesma cor, botas de couro de dragão rabo-córneo húngaro. A varinha na cintura e o arco com flechas nas costas, e uma estranha inclusão para um bruxo: uma Tomahawk 64, metralhadora de assalto de alto calibre. Apesar dessa aparência durona, a beleza de Amélie era incrível, mesmo que fosse rústica.
– Pois não...
– Chegou a carga de Deimos. Gostaria que você descarregasse o cargueiro que está chegando. Tem uma vassoura Nimbus Zairius com adaptação para descarga de cargueiros trouxas.
– Claro.
Amélie pegou a vassoura e foi até o cargueiro...
Agatha observou o cargueiro. Por algum motivo, ele parecia-lhe familiar. Sentia um arrepio em seu pescoço de observar o cargueiro, que tinha desenhada uma grande cobra verde-e-sable. Muitas coisas haviam acontecido, mas foi quando o caminhoneiro espacial desceu que Agatha percebeu como o destino parecia irônico: Agatha reconhecia aquele cabelo loiro águado em qualquer lugar.
Agatha suspirou de chateação. Andraas Malfoy era a última pessoa que ela espera ver em todos os rincões do Universo. Mas aparentemente, acabava com um problema que Agatha tinha. Então, Agatha resolveu guardar seu orgulho e desgosto com o caminhoneiro que chegara no armário e desaparatar para receber o "tolo Malfoy".
Amélie encontrou o caminhoneiro e o reconheceu:
– Malfoy?
– Sou eu mesmo! Algum problema, Maxime? – disse Andraas.
– Não... Quero dizer... Desculpe, mas pensei que você...
– Tinha ficado em Wiltshire? Aquele cú-do-judas bombardeado por meteoros, quando podia viajar o Universo Inteiro? Não, Amélie...
Andraas ouviu o barulho sutil de alguém aparatando:
– Ora, ora... O Universo é pequeno, mesmo!
Agatha havia aparecido ao seu lado:
– Weasley... – disse Andraas, frio.
– Bem, vejo que ao menos chegou a tempo para a abertura da Escola. Trouxe a carga pedida, Malfoy?
– Se quiser conferir, Weasley, Amélie está descendo a carga. – disse Andraas com um tom de irritação na voz. Se havia uma coisa que o deixava louco é quando o acusavam de roubo de carga.
– Ótimo. – disse Agatha, tentando esboçar um sorriso – Esperava que cumprisse, ao menos uma vez na vida os compromisso que lhe fizeram.
Nesse momento, Luccas e seus filhos desciam do cargueiro. Agatha reparara nos envelopes.
– Quem são esses? – disse Agatha, surpresa.
– São uns trouxas a quem dei uma carona. – disse Andraas, sorridente – Apesar que os garotos vão te interessar, Weasley.
Agatha foi até Luccas e seus filhos, que estavam meio apreensivos. Nunca tinham visto uma mulher tão bela e tão misteriosa quanto Agatha, vestida em roupas tão estranhas.
– Olá! Meu nome é Agatha Weasley. Vocês devem ter vindo de Deimos.
– Como sabe disso? – disse Luccas, instintivamente colocando a mão no coldre da Jericho 931. Pelas roupas, Luccas teve consciência de que estava diante de uma bruxa, e não deixaria ela fazer mal aos seus filhos se ela tentasse. Eles eram o que lhe restava, e se ela tentasse algo contra eles, ele poderia morrer, mas a levaria consigo.
Agatha deu um sorriso condescendente que de alguma forma "amaciou" Luccas.
– Não se preocupe. Não tem porque sacar sua arma. Seus filhos se chamam Helen e Richard Evergreen, não?
– Sim. E eu sou Luccas. Mas como...
– Eles são bruxos, não? – disse Agatha de maneira franca.
Luccas não sabia o que dizer... Apenas meneou com a cabeça afirmativamente, estranhando aquela jovem (porque Agatha era bem jovem, tendo na pior das hipóteses por volta da mesma idade dele mesmo, 29 anos).
– Não se preocupe. Eu fazia uma idéia de que chegariam. Eu sou a Diretora da Escola de Artes Mágicas Alvo Dumbledore. E vocês já devem saber que foram escolhidos como alunos de nossa escola.
– Sim... Mas... – ia dizendo Helen, mas Richard a cortou.
– Não temos nenhum dos materiais pedidos! Recebemos a carta quando chegamos aqui e tudo o mais.
– Além disso, – completou Andraas – eles só têm Woolongs, não possuindo sequer um Nuque.
– Nuque! – disseram os três Evergreen.
– Isso mesmo. Nuques são nossas moedas menos valiosas. 29 dessas moedas de bronze – Agatha sacou de dentro de uma bolsinha um nuque de bronze – perfazem um sicle de prata – disse, sacando o Sicle prateado – que, agrupados em 17, fazem um Galeão. – terminou Agatha, apresentando um Galeão dourado.
– Mas eles não têem com obter Galeões ou as coisas que precisam agora, Weasley! – disse Andraas – Daqui a três dias começam as aulas, não? Isso sem falar que, até onde eu sei, Vênus não tem um Beco Diagonal...
– Beco Diagonal? – perguntaram-se todos.
– É o nome dado aos locais aonde os bruxos podem comprar suas coisas de magia. – disse Andraas – Entendeu o problema, Weasley?
– Além disso, estou desempregado... – ia dizendo Luccas.
– Você quer dizer fugitivo! – cortou Andraas, depois ele levou suas mãos à boca, assustado ao entregar o segredo do amigo. Agatha sabia bem desse hábito detestável de Andraas: ocasionalmente ele falava a verdade, doesse a quem doesse. Mas Agatha somou dois mais dois e pensou que teria todos os problemas para a escola resolvidos.
– Malfoy, gostaria que você e Luccas trabalhassem para nós. – disse Agatha. Então ela se virou para Luccas e disse.
– Posso providenciar estudo e os materiais para seus filhos, assim como um salário de 14 Galeões semanais para você se você aceitar ser o zelador de nossa escola. Você apenas precisaria ser encantado para ver tudo o que é preciso.
– Catorze Galeões? E quanto dá isso em Woolongs? – perguntou Luccas.
– São cerca de 730 Woolongs. – disse Andraas, que tinha experiência na conversão de Galeões para Woolongs.
Luccas pensou: 730 Woolongs por semana não é tanto dinheiro assim, ainda mais que ele tinha cartões com mais de 20 milhões de Woolongs com ele. Mas também achou que era uma boa idéia ficar lá: a vingança contra Vicious ou quem quer que tenha aprontado com ele ficaria para mais tarde. "No momento, o que interessa é cuidar dos meus filhos", pensou Luccas.
– Aceito! – disse Luccas, sem pensar muito.
– Ótimo! Aguarde um pouco e iremos todos à escola. Mal... Andraas.
– Sim, Weasley. – disse Andraas, um pouco surpreendido de ver Agatha dizendo seu primeiro nome.
– Precisamos de um professor de Poções e Defesa Contra as Artes das Trevas. Eu sei que a gente não se dava bem, – disse Agatha, ao perceber a cara feita por Andraas – mas a verdade é que você sempre foi muito bom nessas matérias. O que você acha da idéia de lecionar essas matérias? Apesar que, para alguém cujo avô detestava trouxas, até que parece estar se dando bem na vida com os trouxas... – observou Agatha, descontraída, as roupas de Andraas. Por algum motivo, Andraas acabou entendendo isso como um elogio.
– Bem, Weasley... Acho que vai depender do salário.
– Estamos dispostos a pagar 300 Galeões mensais. Não sei se você ganha mais que isso entre os trouxas...
– Weasley, ou melhor, Srta. Weasley, acho que vocês estão realmente precisando de um professor. Aceito! Que material será usado? O mesmo de Hogwarts?
– Basicamente, mas se quiser adicionar mais algo...
– Nah, está tudo bem. Está muito em cima da hora para isso, suponho. – disse Andraas com um trejeito de sorriso nos lábios.
– E onde estão suas coisas...
– Estão no cargueiro. Tudo que tenho na vida está no cargueiro, desde que saí de Hogwarts.
– OK...
Agatha conseguira o que queria, Luccas também. E quanto a Andraas, a verdade é que ele estava de saco cheio de mofar entre os trouxas, e a oportunidade de trabalhar na Escola Dumbledore lhe caiu como uma luva.
