NA: Eventos antes de My Funny Valentine
Victoria Terpsichore estava saindo do Portal em Vênus. Uma carga estranha que ela tinha que carregar, que era alguns baús para deixar em Ishtar, em Vênus. "Mas não tem nada naquele lugar! Niente! Nem uma alma viva!", pensava VT, ou, como era conhecida entre os caminhoneiros espaciais, a "Rainha Heavy Metal".
– Zeros, prepare-se que vamos descer em um planeta, portanto teremos gravidade novamente.
O gato ao lado de VT miou e flutuou para o banco do passageiro, vazio.
VT não costumava gostar de cowboys, até aquele maluco inconseqüente chamado Spike Spiegel e sua companheira extremamente bela Faye Valentine livrarem a sua cara (com a deles, lógico) nas Minas de Linus. Porém, preferia a vida sossegada que tinha como caminhoneira do que a vida que levava com seu antigo esposo, o famoso cowboy Ural Terpsichore.
Ela localizou as coordenadas estranhas que lhe tinham sido passadas, e estranhou: pelo que a própria VT conhecia de Vênus, Ishtar era um verdadeiro cu-do-judas que ninguém costumava habitar. Mas ela viu um belo castelo, embora ainda em construção. Podia ver uma antena de satélite e algumas estufas. Mais distante havia o que parecia ser uma pequena vila, mas que parecia... VT não tinha outro termo para aquilo... medieval demais para o que ela conhecia. Apenas alguns parques temáticos em alguns asteróides, como o asteróide de Guayaquil, possuiam aquele tipo de visual, quase como se o tempo tivesse parado no século 19...
– Esquisito... – disse VT. Mas VT estava acostumada com as bizarrices de certos locais do Universo. Como caminhoneira espacial, já tinha transportado basicamente de tudo.
O cargueiro, com suas laterais pintadas igual a uma guitarra metal, começou a descer, recebendo as indicações visuais de algo que parecia... e aí sim VT ficou espantada... uma pessoa enorme, maior do que duas pessoas típicas, com seios do tamanho de bolas de capotão e mãos grandes como tampas de latões de lixo. VT se concentrou na tarefa de descer o cargueiro, tentando apagar a imagem da mulher gigante de sua mente.
O indicador de naves de Sylvester bipou:
– Alguém está chegando...
– Nave da Dragão Vermelho? – perguntou Luccas.
– Não. – disse Andraas – É um cargueiro espacial... E pelo número do registro...
– O que?
– É a Rainha Heavy Metal!
– A mulher que os ajudou a ver se tinha alguém na sua cola?
– Essa mesma. Vou para os gramados.
Faltava apenas uma semana para o Natal, mas os gramados da Escola Dumbledore estavam com neve até a altura dos joelhos de todos. Amélie estava orientando a descida da nave. Andraas correu até ao Expresso Dumbledore, o antigo cargueiro dele e pegou um comunicador portátil.
– Rainha Heavy Metal, aqui é o Lorde da Magia...
VT continuava a manobrar, quando ouviu o seu comunicador:
– Rainha Heavy Metal, aqui é o Lorde da Magia...
– Desculpa, chapa, mas...
– Eu estou vendo sua nave!
– Ahn...
VT observou um cara no chão... Nunca VT viu um cara com roupas tão estranhas: vestia um capotão de frio preto, com muitas fivelas prendendo a capa, calças de couro preto e botas quase na altura do joelho. Mas o mais estranho do cara era o chapéu: enviesado, pontudo, com uma aba plana.
VT podia observar que ele segurava um comunicador portátil. Então, aquele cara... era realmente o Lorde da Magia!
– Eu 'tou vendo um cara com as roupas mais loucas que poderia ver alguém usar...
– Sou eu, Rainha. O Lorde da Magia.
Aquelas roupas eram estranhas demais para qualquer pessoa normal usar, então... Haviam apenas duas explicações: ou ele, o Lorde da Magia, era louco, ou...
As "lendas das ruas" eram verdadeiras quanto aos bruxos.
– Você é um bruxo, Lorde?
– Desça aqui e eu falarei tudo o que quiser! Confie em mim!
VT ficou em dúvida. Sabia, pelas "lendas das ruas", das coisas que o bruxo típico podia fazer. Mas havia algo na voz do Lorde da Magia que a tranquilizava, que lhe dava segurança de que ele não tinha segundas intenções com ela.
VT continuou a descida. Amélie estava preparada para descarregar as coisas de Luccas e seus filhos.
– Então foi isso que aconteceu... – disse VT, saboreando uma xícara de chocolate quente.
– Isso, Rainha Heavy Metal, ou devo dizer... – ia dizendo Andraas, tomando seu café, quando foi cortado por Agatha.
– Victoria Terpsichore.
Todos que estavam na sala de Andraas naquele momento se demonstraram surpresos, mas Andraas, VT, e Luccas ficaram assustados.
– Então, – disse VT, sorrindo e se recompondo, sacando um grande maço de notas de 1000 Woolongs e o mostrando para Agatha – descobriu meu pequeno segredinho. Então acho que isso aqui é seu.
Agatha mostrou a mão aberta espalmada e fez um sinal negativo com a cabeça:
– Não seria justo eu ganhar esse dinheiro, principalmente porque usei Legilimência contra você. Apenas não achei justo que você soubesse nossos nomes e não tivéssemos tantas informações sobre você.
– E o que vem a ser... – ia perguntando VT.
– Legilimência. – disse Andraas – A habilidade mágica de sondar as mentes dos outros.
– Ler as mentes?
– Não. Sondá-las. A mente é mais sutil do que apenas leitura.
– Sinto que tenha lhe parecido ruim isso, VT, – disse Agatha – mas achei que seria mais interessante se todos nós estivéssemos em igualdade de condições.
– Sem dúvida. – disse VT, pensando um pouco – Não se preocupe. Você está certa. E isso é passado. Meu marido está em férias permanentes no paraíso, como você deve saber.
– Sim. O famoso caçador de recompensas Ural Terpsichore.
– Ural Terspichore? – disse Luccas. – Quando era jovem eu...
– Escapou dele, nah? – disse VT – Lembro bem desses cabelos. Mas Ural não o levou a sério, creia-me. Se tivesse levado, ele teria o pego. Ele me disse que você não valia tanto a pena naquela época. Queria deixar você crescer para ou você sair daquela vida ou então pelo menos para que sua recompensa valesse o esforço.
VT continuou a tomar o chocolate quente e disse:
– Então, foi por isso que Annie me procurou?
– Conhece Annie?
– De certa forma, sim. Foi ela quem me procurou para trazer suas coisas até aqui, Luccas. Disse que você estava encrencado com a Dragão Vermelho. Com o que obtive de informação dela, mais o fato de que Andraas me deu seu apelido de caminhoneiro espacial...
– Não muito sutil, diga-se de passagem. – disse Sylvester.
– Muitos caminhoneiros duvidam da história de que existem realmente bruxos.
– Mon Dieu! – disse Eloise – Non acrreditan na ecsistêncie de brruxes?
– Acho que Andraas pode dizer isso com mais autoridade que eu.
– Eles não acreditavam. – disse Andraas, conclusivo.
– Bem, voltando ao assunto principal: uma vez que Andraas me deu seu apelido de comunicação, me lembrei de uma conversa que tivemos e então foi apenas uma questão de somar dois e dois.
VT sorriu, e voltou-se a Luccas:
– O que quer que você tenha feito, comprou encrenca feia. Logo com o Dragão Vermelho? O que eles querem?
– São um pequeno conjunto de Pedras da Lua. No meio das minhas coisas tem um mapa.
– Estranho... Essas pedras não são tão valiosas assim... Caem o tempo todo na Terra.
– Não exatamente... – disse Luccas.
– Bem, tou percebendo que tem mais na jogada e, pelo jeito, quanto menos eu souber, melhor para mim.
– Claro. – disse Luccas, entregando um cartão anônimo de Woolongs – O que tiver aí é seu, se nos prometer manter o bico calado... Deve pagar seus custos, seu serviço e seu silêncio.
– Além disso, o vilarejo ao lado, Merlin's Lair, está sendo fundado agora. – completou Agatha – Ainda precisarão de coisas da Terra e de outros planetas, tanto bruxas quanto trouxas. Pode ser um negócio bem lucrativo.
VT analisava os créditos:
– 10 milhões de Woolongs. Por Deus! – disse VT, sorrindo – Estão querendo realmente comprar o meu silêncio! Bem, eu não preciso desse dinheiro todo, mas posso fazer bom uso dele. E quanto ao serviço... – disse VT – Ficaria satisfeita.
– Ótimo. Os anciões do vilarejo vão ficar satisfeitos, e Sylvester poderá criar uma doca especializada onde você possa descer seu cargueiro sem problemas.
– Com certeza. – disse Sylvester.
– Bem, você poderá passar essa noite conosco aqui, VT. – disse Agatha, sorridente – Acho que foi um dia bem difícil o seu.
– Agradeço muito.
– O mapa que você queria 'tá aí? – disse Andraas
– Está... Ao menos aparentemente. – disse Luccas, abrindo o forro interno de um capotão trouxa dele que tinha acabado de tirar de uma caixa, espalhando roupas por todos os lados.
Luccas pegou o papel dobrado e o mostrou para Andraas. Havia apenas alguns números.
– Coordenadas para o Sistema MONO.
– Incrível! – disse Andraas, sorrindo de orelha a orelha – Se Vicious tivesse o pego, com certeza teríamos encrencas. Havia outros mapas?
– Mapas falsos... Se Vicious for atrás deles, terá uma bela surpresa.
– Crucio! – gritou a voz grossa no escuro. Ryuichi gritou de tanta dor, dor como ele nunca julgou ser possível sentir antes.
– Agora, trouxa... Diga-me. – disse uma outra voz no escuro, muito feminina e letal. – Luccas está vivo ou não? Imperio!
Ryuichi estava a beira da loucura e não tinha forças para resistir mais. O Feitiço de Memória fora rompido, mas a um alto preço: ele estava um destroço de pessoa. Com a voz fraca, quase de além-túmulo, ele começou a falar:
– Luccas Evergreen está em Ishtar, em Vênus. Se associou a bruxos. Vive em um grande castelo aonde também mora muitos outros bruxos, a maioria crianças.
– Como são esses bruxos aos quais Luccas se associou? – disse a voz.
– Um tal Malfoy... Um tal Sylvester... Uma tal Agatha... Uma moça monstruosa... Uma moça extremamente bela... Um cara com cara de louco...
– Descreva-os. – disse a voz de Vicious.
Ryuichi, sem poder resistir à Maldição do Comando, falou tudo o que sabia sobre os bruxos de Ishtar:
– Andraas Malfoy... Sylvester Longbottom... Agatha Weasley... – disse a voz mais grossa nas sombras. – Amélie Maxime... Eloise Delacour... Julius Potter...
– Quem são esses? – disse Vicious.
– Bruxos tolos, para resumir para você, Vicious. – disse a voz feminina, saindo ds sombras.
– E por que você não capturou Luccas, Ryuichi?
– Minha nave foi derrubada por Luccas. Antes que tivesse qualquer chance de fazer qualquer coisa, fui nocauteado. Não lembro de mais nada.
O homem saiu das sombras, observou com força Ryuichi e disse:
– Deram-lhe Veritaserum, uma poderosa Poção da Verdade, para que ele contasse o que sabia, em seguida usaram realmente um Feitiço de Memória. Bem, seja como for, ele não tem mais nenhuma utilidade. Romper Feitiços de Memória com a Cruciatus costuma causar danos irreversíveis à mente do alvo. Ele não terá mais nenhuma utilidade para nós. De qualquer modo, acho que concordamos que ele não deveria sair daqui, não?
Vicious sabia o que isso queria dizer... E não se importou:
– Façam como quiser.
– Avada Kedavra!
Uma luz verde, e Ryuichi Hanayama estava morto, sem sequer ter tido tempo para se arrepender de ter obedecido tanto Vicious.
– De qualquer modo, ainda não temos as Pedras da Lua. – disse Ananova.
– Os mapas foram enganosos. – disse Pitr, esmigalhando os pedaços falsos de Pedra da Lua, na verdade vidro decorado.
– Luccas e Mao devem ter sido mais espertos do que imaginávamos. Vamos ter que tomar alguma atitude para convencê-lo a entregar o mapa ou as Pedras. – disse Vicious
– E acho que a informação de Ryuichi vai servir muito bem... – disse Ananova, pensando bem.
