Capítulo 11: A estrela e a rainha
Quando acordou naquele dia, Ginny não tinha muita certeza se queria se levantar. Estivera sonhando com algo tão bom... Não se lembrava exatamente o quê, mas o simples contato com o travesseiro já lhe despertava um sorriso de felicidade.
Entretanto, havia ainda muito que fazer. Faltava menos de uma semana para o Natal e a Toca estava em polvorosa com os preparativos para a ceia. Os irmãos mais velhos, Bill e Charlie estavam de volta depois de uma temporada fora da Inglaterra. Percy, viciado em trabalho, fora praticamente obrigado a tirar folga do Ministério depois de anos sendo o único funcionário a querer hora extra nos feriados. Os gêmeos, Fred e George, tinham trazido parte de suas experiências para testar em casa durante a semana e quase enlouquecer a mãe com suas invenções.
Por fim, ela e Ron tinham dado uma escapadela da Academia e trazido com eles Hermione, grande amiga e paixonite aguda de Ron, cujos pais tinham viajado a trabalho; e Harry.
Ginny sorriu ao pensar no moreno. Há três dias, antes de conhecer a mãe dele e de viajarem, Harry a tinha pedido em namoro. Fora um pedido um tanto estranho e até precipitado, mas nem assim ela titubeara em aceitar. Gostara dele desde que o tinha conhecido e agora...
Meneou a cabeça. Não fora tão precipitado assim. No Baile de Inverno, apesar de ligeiramente preocupado com Lyn, ele fora extremamente gentil e romântico. E, quando ele a acompanhara até seu dormitório, ela chegou a pensar que ele ia dizer alguma coisa. Mas Harry apenas se despediu com um sorriso e um beijo em suas mãos pequenas.
Levantou-se e, cantarolando uma canção, caminhou até o banheiro. Despiu-se e enfiou-se de uma vez só sob o chuveiro, acordando de uma vez só com a água gelada. Praguejou baixinho. Tomar banho gelado no inverno era o mesmo que pagar metade dos pecados que já cometera.
Uma hora depois ela estava na cozinha, ajudando a mãe a colocar a mesa. Molly também estava sorridente. O rádio na sala de jantar estava ligado, e a melodia doce de uma música natalina enchia a despensa enquanto ela procurava os cereais para o café.
- Acho que teremos mais visitas para o almoço... – Molly observou, enquanto mexia uma enorme terrina de molho.
- A senhora convidou alguém? – Ginny perguntou, enquanto se servia de leite.
- Arabella acordou de cabeça para baixo. Nunca falha.
Ginny sorriu, olhando para o canto que a mãe apontava. Uma aranha de jardim estava pendurada de cabeça para baixo em sua teia, muito quieta. Embora sempre fosse meticulosa com a limpeza, Molly nunca mexia naquela teia no canto de sua impecável cozinha. Poder-se-ia dizer que aquela aranha era o animal de estimação da matriarca dos Weasley. Molly sabia se ia chover ou fazer sol, se ia ter visitas ou se ia ganhar dinheiro só em observar a posição de Arabella.
E, em geral, ela sempre acertava...
- Bom dia! – Hermione cantarolou, entrando na cozinha e sentando-se ao lado de Ginny.
- Bom dia, Mione, querida. Dormiu bem? – Molly perguntou, sorrindo.
- Maravilhosamente, senhora Weasley. – ela respondeu, servindo-se de café.
- Os meninos já acordaram? – Ginny perguntou, dando uma mordida em seu sanduíche.
- Quando eu passei pelo quarto deles, ouvi o som de alguma coisa se quebrando. Imagino que um despertador novo seria um excelente presente de Natal para o Ron, não? – Mione respondeu, antes de se voltar para a comida.
Dali a pouco, Ron entrava na cozinha com a cara ainda amassada de sono, seguido por Harry, que parecia apenas um pouco melhor.
- Bom dia. – eles cumprimentaram, bem menos animados que Hermione.
- Bom dia, seus preguiçosos. O que andaram fazendo durante a noite para estarem nesse estado? – a moça perguntou, antes de despejar calda em suas panquecas.
Ron lançou a ele um olhar mal humorado.
- A culpa é toda sua.
- Minha? – o garfo de Mione parou a meio caminho do seu destino – O que foi que eu fiz?
Harry apenas deu uma risada abafada e piscou o olho para Ginny, que imediatamente corou, embora também sorrisse. Se bem conhecia aqueles dois, provavelmente eles tinham passado até tarde conversando, Harry tentando convencer Ron de uma coisa que estava óbvia para todos, menos para ele...
- Nada de discussões ao café! – Molly virou-se para eles, com as mãos na cintura – Artur e os meninos foram para a cidade, comprar algumas coisas. Vocês acabem aí e depois arranjem algum serviço lá fora que eu tenho muito o que fazer por aqui hoje.
- Arabella avisou a ela que hoje teremos visita. – Ginny sussurrou para o irmão ao receber dele um olhar curioso.
As duas garotas terminaram primeiro e ajudaram Molly a lavar os pratos. O sol já ia alto quando eles deixaram a Toca. Tão logo se viu longe dos olhos da sogra, Harry puxou Ginny para si, roubando-lhe um beijo, enquanto Hermione e Ron ficavam subitamente muito sem graças.
- Então, o que vamos fazer hoje? – Ron perguntou após alguns instantes, fazendo o amigo se separar da irmã.
- Que tal estudar um pouco para variar? - respondeu Hermione, que olhava para o céu para não ter que encarar os amigos.
Ron meneou a cabeça, enquanto Ginny e Harry trocavam olhares divertidos.
- Mione, você só pensa nisso? É Natal, pelo amor de Deus! Você não vai pegar naqueles malditos livros até voltarmos à Academia.
- E o que você sugere que a gente faça então? – ela perguntou, um tanto irritada, dando as costas a eles e começando a caminhar.
Ele sorriu de lado e abaixou-se, pegando um bocado de neve e moldando-a, até formar uma bolota. Em seguida, mirou na amiga e lançou. Hermione sentiu o impacto na nuca, e o choque térmico da neve escorregando para dentro do seu casaco.
- O que você pensa que está fazendo? – ela se virou, extremamente vermelha.
Ron deu de ombros, sorrindo. Mordendo os lábios, Mione abaixou-se também, formando desajeitadamente uma bola, para, em seguida, lançá-la contra o ruivo... Que se abaixou rapidamente.
Ginny e Harry se separaram novamente, os rostos cobertos de neve. Encararam-se por alguns instantes e, em seguida, estavam também recolhendo neve e jogando nos amigos.
Mione e Ron correram para se entrincheirar junto à cerca do jardim, enquanto Harry e Ginny os atacavam impiedosamente. Bolas de neve voavam para todos os lados, numa verdadeira guerra.
Nesse momento, o som de um motor cortou a brincadeira. Ron e Mione se levantaram, ensopados. Ginny percebeu o namorado estreitar os olhos e logo compreendeu o que estava acontecendo. Um cadillac escuro tinha acabado de estacionar e uma moça de longos cabelos negros pulou do carro, ao mesmo tempo em que um garotinho saía pelo outro lado.
Lyncis. E, a julgar pela semelhança entre os dois, o garoto deveria ser Órion, irmão caçula dela.
- Mas o que essa maluca... – Harry resmungou, segurando-a pela mão e começando a se aproximar.
Ginny observou Hermione parar ao lado da outra moça e perguntar alguma coisa. Lyn respondeu com os olhos fixos em Harry, avançando para os dois amigos.
- O que você pensa que está fazendo, Lyn? Além de roubar meu carro, ainda fica passeando com ele para cima e para baixo sem carteira e leva o Órion para aprontar junto? – Harry perguntou, soltando a mão de Ginny e medindo a amiga de cima para baixo.
Os olhos de Lyn se estreitaram, e ela parecia estar bem irritada. Tirou um envelope do casaco e estendeu-o para o moreno.
- É melhor você começar a rever suas prioridades, Harry. Quando acabar de ler isso, tenho certeza que vai agradecer por eu ter vindo dessa maneira.
Òrion segurou-se firmemente no assento do carro, fechando os olhos na tentativa de não enxergar as árvores e construções passarem rapidamente por eles, deixando-o zonzo. Lyn, ao seu lado, passou mais uma marcha, sorrindo ao sentir o vento forte no rosto.
- Você não pode ir mais devagar? – o menino balbuciou, controlando a vontade de vomitar.
- Se eu for mais devagar, é provável que algum carro da polícia rodoviária nos pare e eu tenha que apresentar documentos que eu não possuo. – ela respondeu, dando de ombros – Além disso, esse carro está no nome do Harry. O máximo que vai acontecer é ele receber uma multa e uma advertência.
Órion abriu uma brecha dos olhos e encarou a irmã, meneando a cabeça.
- Estou começando a cogitar a possibilidade de que teria sido melhor vir com o Davies.
- Se tivéssemos vindo com Davies, não teríamos como escapar de embarcar para a Suíça. Ele não apenas é grande demais, como é um dos melhores "funcionários" dos Valetes. – Lyn resmungou, tirando os óculos escuros e encarando o irmão – Papai e tio James não quiseram me ouvir. Quando eu jurei que sabia onde estavam mamma e tia Lils, eles acharam que eu estava apenas tentando chamar a atenção e descobrir alguma coisa através deles. Temos que dar um jeito de entrar no escritório deles e provar que eu estou certa.
- Eu sei disso. – Órion respondeu com um suspiro, afundando no assento – Mas ainda acho que você podia ir mais devagar.
Lyn pisou no freio e o carro parou bruscamente. Se estivesse sem o cinto, Órion tinha certeza que tinha saído voando naquele exato instante. A irmã o encarou sem expressão por alguns instantes, até debruçar-se sobre ele para alcançar o porta-luvas e tirar de lá um mapa.
- A partir daqui, vamos mais devagar. Essa estrada não é muito freqüentada e eu não sei exatamente onde fica a Toca. Trate de ser um bom co-piloto e encontre nosso destino aí. E lembre-se que, quanto mais tempo perdemos discutindo, mais tempo elas estarão correndo perigo.
Òrion observou a irmã e, com um suspiro, assentiu.
- Por hora, então, vai ser do seu jeito. Mas, quando voltarmos a Londres, antes de começar a sair no tapa, você vai ter que passar pelo meu depósito.
Ela arqueou a sobrancelha.
- Por que eu estou começando a me sentir o próprio James Bond com seu agente Q?
O garoto meneou a cabeça, sorrindo e Lyn voltou a manobrar o carro, entrando com uma estradinha um tanto mal cuidada, embora fosse sombreada por velhas e belas árvores carregadas de neve.
Ele se concentrou no mapa que a irmã lhe dera, de quando em quando dando instruções para ela sobre a antiga propriedade dos Weasley. Muito tempo atrás, todas aquelas terras pertenciam ao clã, mas agora somente o casarão onde eles residiam ainda estava na família.
Lyn sabia o suficiente sobre os Weasley para discordar inteiramente da visão preconceituosa de Draco Malfoy. Enquanto Draco os desprezava, ela os admirava. Nas duas primeiras guerras, muitos dos 'ruivos' – como eram chamados os membros da família dentro do exército – tinham se tornado heróis, sendo condecorados por diversos atos de bravura.
Com o fim dos combates, eles, que tinham sido tão esforçados em destruir, começaram a se esforçar em reconstruir as vidas de todos que estavam ao seu redor. Emprestaram dinheiro a fundo perdido, doaram bens valiosos para as pensões de militares que tinham se tornado inválidos, construíram escolas e hospitais...
Tinham feito tanto que acabaram indo à falência. A bem verdade, ainda conservavam os títulos aristocráticos, mas tinham sido praticamente esquecidos pela corte com o fim da guerra.
- Você tem que entrar na próxima bifurcação à esquerda. – Órion avisou, dobrando o mapa e puxando o cachecol para mais perto do pescoço.
Lyn assentiu, obedecendo ao irmão. Com alguma dificuldade, ela fez uma curva fechada, desacelerando o carro para que ele não derrapasse na neve. Tão logo deixaram a cobertura de árvores, depararam-se com a Toca.
Se tivessem conhecido aquele lugar vinte ou trinta anos antes, certamente Órion e Lyn teriam ficado espantados. A Toca era um casarão em estilo gótico, com direito a gárgulas e vitrais coloridos, representando os primeiros patriarcas da família. O bosque que circundava a propriedade muito tempo atrás, reforçara a atmosfera sombria, quase sobrenatural, que o lugar tinha.
Os gostos um tanto excêntricos de Artur Weasley e a praticidade de Molly, entretanto, tinham dado à Toca um aspecto mais pitoresco e acolhedor. Molly Weasley transformara o bosque num pomar que, na primavera, era seu orgulho. O jardim frontal era bem cuidado e, mesmo coberto de neve, ainda conservava parte de sua beleza.
Já a casa em si era cheia de anexos coloridos, que destoavam da pedra bruta e do mármore da construção original. Havia dois andares inteiros construídos de tal maneira que qualquer eventual visita se perguntaria como aquilo ainda mantinha o equilíbrio. Interessante é que havia uma certa harmonia naquele caos, algo nas linhas que passava uma idéia de continuidade, não de quebra com o passado.
Lyn acelerou ligeiramente, percebendo que havia algumas pessoas na entrada. Não levou muito tempo para reconhecer os amigos fazendo uma guerra de neve. Eles também logo a perceberam e pararam, olhando espantados para os recém-chegados.
Ela desligou o carro, pulando para fora do quarto e desamarrando o cabelo, que até ali estava preso em um rabo de cavalo. Órion abriu a porta, ainda cambaleante, feliz por ter os pés novamente em terra firme.
- Quando voltarmos, eu prefiro que o Harry vá dirigindo. – ele observou para a irmã em voz baixa, enquanto os anfitriões se aproximavam.
- Não enche, pirralho. – ela respondeu, abrindo o casaco e tirando as luvas.
Hermione foi a primeira a chegar junto deles.
- Lyn? O que está fazendo aqui? Nós pensamos que...
- Eu estou bem, Mione. – Lyn respondeu sem sequer olhar para a amiga. Avançou diretamente para Harry, que chegava de mãos dadas com Ginny.
- O que você pensa que está fazendo, Lyn? Além de roubar meu carro, ainda fica passeando com ele para cima e para baixo sem carteira e leva o Órion para aprontar junto? – Harry perguntou, soltando a mão de Ginny e medindo a amiga de cima para baixo.
Lyn estreitou os olhos. Pensara em explicar a situação para Harry antes de entregar a carta que James escrevera para ele, mas, pensando melhor, ele estava merecendo levar um susto. Tirou o envelope amassado do casaco e estendeu-o para o moreno.
- É melhor você começar a rever suas prioridades, Harry. – ela respondeu, um pouco mais gentil do que queria ser – Quando acabar de ler isso, tenho certeza que vai agradecer por eu ter vindo dessa maneira.
Harry observou a carta que Lyn acabara de lhe entregar e sentiu um aperto no peito. Observou a face séria da morena por alguns instantes, antes que quebrar o lacre para se deparar com a letra corrida do pai.
"Harry:
Nesses últimos anos, eu acreditei que afinal conquistara alguma paz. Que, a despeito do passado, estávamos todos seguros. E que nada - absolutamente nada - poderia acabar com a nossa felicidade.
Infelizmente, eu descobri que estava errado.
O ódio é um dos mais poderosos sentimentos humanos. A vingança, um de seus mais cruéis sentimentos. Arrependo-me profundamente por ter subestimado a ambos. Jamais poderia ter esquecido daqueles que se tornaram inimigos dos Valetes. Que se tornaram nossos inimigos.
Susan e sua mãe foram seqüestradas. Estou usando de todos os meios para reencontrá-las, mas acredito que seja melhor que você, Lyncis e Órion deixem a Inglaterra o mais rápido possível; pelo menos até que estejamos todos novamente em segurança.
Já conversei com os diretores da sua antiga escola na Suíça e eles reabriram as vagas de vocês. As passagens estão marcadas para semana que vem e vocês deverão ir para a costa sem passar por Londres.
Cuide-se, filho.
James Potter".
Harry reergueu a cabeça, encarando Lyn, que mantinha o olhar sério. Depois se virou para Órion, que lhe respondeu com um sorriso triste. Hermione, Ron e Ginny o observavam ansiosos.
- Como... Como isso aconteceu?
- Elas foram levadas quando estavam voltando da Academia. – Lyn respondeu – Lascelles era um traidor.
- O que aconteceu? – Hermione perguntou, aproximando-se de Lyn novamente.
A morena virou-se para o irmão, que tremia levemente.
- Podemos encontrar um lugar mais quente antes de começarmos essa conversa? E reservado também... Tem muita coisa ainda, muita coisa que essa carta não diz.
Harry voltou-se para a namorada, que assentiu.
- Vamos para a estufa lá atrás. Mamãe está ocupada com o almoço, ela nem vai perceber nada. – Ginny observou, logo se pondo a caminho.
Eles a seguiram em silêncio. Ginny abriu a porta da estufa, deixando que eles passassem por ela antes de fechá-la e observar se havia alguém lá fora. Lyn sentou-se no tablado onde as ferramentas de jardinagem de Molly estavam guardadas, esperando os outros se acomodarem.
Harry percebeu que ela estava ligeiramente perdida. Provavelmente não queria falar na frente de todos. Mas ele sabia que os amigos não os deixariam sozinhos, então ela teria que explicar para eles também. Voltou-se para Órion, que estava de braços cruzados, os olhos escuros mais sombrios do que o normal.
- O que aconteceu afinal? – ele perguntou, olhando para Órion. Naquela situação, ele sabia que seria mais fácil começar a arrancar a informação do garoto.
- Mamma e tia Lily foram seqüestradas há três dias, quando estavam voltando para Londres. Papa, tio James e tio Remus se encontraram lá em casa de noite, Irma escutou tudo e nos contou de manhã. Lyn tentou falar com eles, mas os três se trancaram em Palm Avenue...
- Meu pai telefonou ontem de noite, avisando que Davies estaria lá em casa hoje de manhã para viajarmos. Tio James mandou essa carta para você e as passagens de avião para voltarmos para a Suíça. – Lyn completou.
- Mas por que eles vão mandar vocês para Suíça? – Hermione perguntou – O Remus que você citou não é Remus Lupin? O chefe da Scotland Yard? Vocês não estariam mais seguros aqui enquanto eles investigam?
- Além disso, os seqüestradores devem estar atrás de um resgate. – Ron completou – Eles certamente vão libertá-las depois do resgate ser pago.
Harry observou os olhos de Lyn se enevoarem, ao mesmo tempo em que ela mordia os lábios. Não demorou a compreender o nervosismo da moça.
- Não haverá resgate. – Harry murmurou, fechando os olhos por breves instantes, antes de fixá-los novamente em Lyncis – Não é isso, Lyn?
Ela assentiu.
- Elas não foram seqüestradas por dinheiro. Eles fizeram isso para atingir nossos pais.
- Mas por que fariam isso? – Hermione voltou a perguntar.
Lyn meneou a cabeça.
- Eu ainda não tenho certeza... Mas sei que quem fez isso está ligado ao passado deles.
Harry não precisava ser adivinho para saber que Lyncis estava na verdade falando dos Valetes.
- Mas eles não sabem de nada? – ele perguntou, olhando novamente a carta em suas mãos – Só querem que a gente fuja e pronto?
- Eu não vou fugir. – Lyn respondeu entre dentes.
Harry encostou-se ao vidro da estufa e sentiu a mão de Ginny sobre seu ombro. Virou-se para ela, observando o porte quase majestoso da ruiva e recebendo um sorriso reconfortante em resposta. Em seguida, encarou Lyn, que tinha o semblante decidido, embora os olhos demonstrassem uma sombra que ele não conhecia. A sombra de uma noite sem estrelas.
- Davies provavelmente seguiu você até aqui. – ele murmurou – Daqui a pouco ele aparece e nos leva, nem que seja à força. Ele nunca vai desobedecer a uma ordem do meu pai.
- Eu não pretendo esperar que ele venha me apanhar. – ela respondeu num tom mal criado – Só vim devolver seu carro e entregar a carta.
- E você vai para onde? – Hermione perguntou, preocupada.
- Harry, a Lyn não está falando tudo. – Órion levantou-se do seu lugar.
- Pirralho, não se meta. – a morena o interrompeu, lançando-lhe um olhar atravessado.
- O que ela não falou, Órion? – Harry perguntou, ajoelhando-se até ficar no mesmo nível que o garoto.
- Órion!
- Ela sabe quem está com a mamma e a tia Lils. – ele respondeu, sem se importar com a irmã – E sabe onde elas estão também.
- Mas como...
- Ela conversou com um tal...
- É o suficiente, Órion. – Lyn o interrompeu, puxando-o para o lado dela.
Harry se levantou, encarando-a com atenção.
- O que está havendo, Lyn? O que você está pretendendo fazer? E com quem você andou conversando?
- Não interessa quem me contou ou deixou de contar. Eu tentei falar com eles, mas meu próprio pai mandou me tirarem à força de Palm Avenue. Eles não querem me escutar, acham que eu estou inventando tudo isso. Mas quem está com elas é um homem que seus pais conheceram quando foram para a Alemanha. Quando sua mãe voltou para Londres e te deixou com tio James. E eles estão na taverna. Na mesma taverna em que eles se encontravam quando eram mais novos.
Harry já tinha ouvido o suficiente das histórias dos pais por trás das portas para compreender o que Lyn estava lhe revelando. Mas, mesmo assim, aquilo era impossível.
- Você não pode estar falando sério... A guerra acabou, todos os nazistas foram presos e julgados em Nuremberg. Esse homem... Ele certamente está morto. Eu não consigo me lembrar o nome dele agora, mas se formos ver os registros...
- Tenente Klaus Wenticht da SS. – ela respondeu – Lúcio Malfoy. Severus Snape e Peter Pettigrew. São esses homens que estão com elas. Papa e tio James estão loucos no escritório tentando descobrir quem são eles e onde estão. Seria muito mais simples se eles pudessem simplesmente me ouvir. Mas eles não querem. O que você quer que eu faça?
Harry refletiu por alguns instantes, sentindo as mãos quentes de Ginny ainda sobre seus ombros.
- Me dê de uma vez as chaves do carro. – ele resmungou, abrindo a porta da estufa – Eles vão nos escutar agora.
N/A: Ainda não foi dessa vez que vocês souberam o que diabos aconteceu com Lily e Susan... estarão elas vivas? - risos sádicos - E o Draco? Bem, pelo menos a Lyn não levou nenhum tiro (até agora...).
Agora, aos agradecimentos... Eowin Symbelmine, Helena Black, Bia Black, Paty Felton, Andy Black, Moony Ju, Pekena, Juliana, Lisa Black, Luci Potter, Mar-Buffy, Bebely Black, Rach Black, Gaby-fdj-Black, Nany Potter, Lele Potter Black, carol Previtalli, Elyon Somniare, Gabriela Granger, Paula Dani, Mirtes, Ana, Jully, Belle Lolly e todos que, apesar da minha demora, continuam acompanhando a fic...
Dia 15, feriado, eu posto o terceiro capítulo de O Guia da Coleira. E, dia 18, depois da minha prova de comercial, o décimo segundo capítulo de NdJ. E, não, não é ainda nele que vocês saberão o que aconteceu com a Lily e a Susan. Mas vocês vão saber o que aconteceu com o Draco. Já é um avanço, não?
Beijos!
Silverghost.
Nota: A Silver não pôde atualizar, pois está com problemas no PC, então quem atualizou aqui hoje foi a Bebely Black. E não, eu não li todos os aruqivos que ela tem por aqui... Mas está sendo duro resistir x) Tá certo, eu sou uma boa sobrinha e não vou ler, mas me intrometi num capítulo de NdJ hahahaha... Honra né? Hehehe... Agora vou deixar vocês comentarem pra titia e deixarem de ler minha nota inútil. Bjus
