Heloisa saltou do onibus, prestando atenção ao redor. O ar estava um pouco quente demais, e o fato dela estar usando uma jaqueta jeans não ajudava em nada para refrescar. Severus a tinha proibido terminantemente de usar os braços nus, e embora ela costumasse o enfrentar, nesse aspecto ela ia curvar-se perante a vontade dele. POR ENQUANTO.
Ele não gostava que ela tivesse amigas trouxas, mas era um quesito que estava totalmente fora de cogitação ela deixar essas amizades. Especialmente por morar no mundo trouxa boa parte do ano.
E por pegar exames finais todos os anos, por ir na Inglaterra, quando o professor Severus estava de férias no colégio.
Sandra e Gabriella já estavam na lanchonete, quando ela chegou. Haviam se conhecido pela Internet, em um bate-papo, depois quando Heloisa e a mãe foram no verão, para Londres, tornaram a amizade virtual em real. Elas eram exatamente como na conversa pelo computador, ou seja, barulhentas e alegres. Não que heloisa não fosse assim, mas convivendo com os mal-humores de Henry e de Severus, era quase difícil continuar assim.
De cabelos e olhos negros e pele clara, que conforme o tempo que ficasse no sol, ficava com o tom de camarão. Não abrira mais o caderno, que fazia de diário, e anotações importantes. Copiara nele a maldição esquecida, e o contra feitiço, e isso nem que Severus usasse a Imperus nela, ou a forçasse a beber Veritassum, ele iria descobrir.
Sentou-se e logo começaram a colocar as novidades em dia. Elas não se espantavam mais com os sumiços de Heloisa, já que certa vez ela se sentira tão mal que tiveram que levá-la para um hospital. Então, bastava para ela dizer "hospital", que elas paravam de fazer perguntas.
Heloisa depois que saía do hospital, não tinha controle sobre seu apetite. Prova disso era que já tinha comido dois sorvetes enquanto conversavam. Tinha deixado o diário na mesa, e não se lembrava que em uma anterior, comentara que tinha algumas fotos de um ator que as três eram fãs. Pegando o diário, Sandra caiu na gargalhada.
Lois, que é isso? - Sandra mostrou o diario. Heloisa, que encarava Gabriella, ao voltar o seu rosto para Sandra ficou pálida.
Sandra, por favor...
Hermione J'taime? - Sandra ergueu a sobrancelha.
Até parece que... Eu não conheço nenhuma... - por fim ela pareceu ter entendido. - Deixa eu ver. - ao contrário do que esperava, Sandra só lhe mostrou o diário aberto. Henry desenhara um coração, e escrevera aquelas palavras. E na outra folha... o rosto de uma garota, feito com muito esmero: olhos castanhos, cabelos da mesma cor, cacheados e muito bagunçados. Heloisa sabia que as amigas estavam apenas vendo um monte de rabiscos (era a vantagem de ser bruxa), e o coração. Se bem conhecia Henry Samuel, ele devia estar quase chegando ali... querendo de volta o seu caderno... com o segredo que nem Cassandra conseguira descobrir.
- Eu posso ser uma menina malvada, ou bem boazinha... - quando Sandra dava aqueles sorrisos, Heloisa só tinha certeza de uma coisa: ELA ia ficar extraordinária na foto...
- Qual a sua versão boazinha? Sandra, me devolve esse caderno, por favor... Henry vai me matar, se descobrir que você abriu o caderno.
- Minha versão boazinha está lhe dizendo que Henry se quiser de volta esse caderno, vai ter me beijar.
- Nem se você estiver morta ele vai te beijar. E você sabe muito bem porque.
- Está bem. Vamos esquecer por um momento que ele é seu namorado...
- Não vamos esquecer nada. E então? - Henry tinha lhe obrigado a falar essa mentira deslavada, para que Sandra e Gabriella, que tinham um abismo por ele, ficassem bem longe dele.
- Bom, então minha parte malvada... - ela sempre tinha duas partes. E geralmente a malvada, ou seja, aquela que metia-se em confusão, ganhava. - está me dizendo que você vai ter que fazer uma coisinha...
- Ai... - Gabriella gemeu. Conhecia Sandra desde a pré-escola, e a sua tendência a fazer os outros ficarem com problemas. - não quero nem escutar.
- Gaby, olha pelo lado positivo disso. A Heloisa vai se safar de ter pego o caderninho do namorado...
- Mas ele não vai se safar de levar uns bons tapas. Ele nunca me desenhou tão bem...
- Se isso é desenhar bem, nem quero imaginar como vai ser se ele só rabiscar. - Sandra desdenhou do desenho dele.
- Vai desenhar o seu rosto. - Heloisa por um momento pensou em deixar escapar essas palavras, mas resolveu deixar para lá. Não valia a pena ter uma discussão por conta dos desenhos de Henry. - Tá mas o que essa cabeça está planejando?
- Está vendo aquele trio, daquela mesa? - Heloisa deu uma olhada para a direita. Não fazia muito tempo, duas garotas, falando muito alto e em português, haviam provocado e por fim havim saído. Pelo visto, a garota não gostava muito delas, mas elas pareciam nem se importar nem um pouco com isso.
- O ruivo, a cachopa de abelhas e o moreno. Daí? - Heloisa tinha uma vaga ideia do que Sandra estava imaginando.
- Daí? Gabi, você não se interessou pelo ruivo?
- Não. Foi pelo moreno. - Gabriella tentou salvar Heloisa, mas sandra não deu a menor atenção.
- Que seja. Já que a nossa Gabriella se interessou por um garoto, que é muito bonito pelo que posso perceber...
- Intelectuais não fazem o meu gênero. - Heloisa resmungou.
- Que nada... Até os noventa anos você supera.
- Você é tão otimista... mas fim das contas, o que tenho que fazer?
- Bom, o que você tem que fazer é o seguinte... – quando Sandra terminou de falar, as duas estavam com a cara no chão.
- Isso é muito...
- Maligno!
- Sonserina disfarçada de trouxa! – Heloisa xingou em português. Ás vezes, ela misturava os dois mundos. Quando as duas a olharam espantadas, ela já tinha se recuperado da raiva. – Está legal. Eu vou fazer isso. Mas se Henry ficar sabendo, vai ser o último dia da sua vida na terra, está entendida? – arrumou duas mechas do cabelo.
Respirou fundo, e se aproximou dos garotos. A garota de cabelos cacheados havia ido ao banheiro, e heloisa respirou fundo. Ou era agora, ou seria obrigada a usar magia para retirar o diário... e isso estava totalmente fora de cogitação.
Sentou-se sem pedir licença, e antes que a questionassem, começou a falar.
- Desculpem por sentar assim, sem pedir licença, mas é que ambos poderiam me ajudar? - ela fez uma careta. Pedir ajuda não era o seu forte. Odiava fazer isso. Só em casos extremos. E considerando que era a SUA pele que corria perigo... O moreno logo concordou.
- Claro, o que é?
O ruivo pareceu se surpreender, com a rápida concordância do moreno. Se Gaby não tivesse dito que era o moreno, até que ela concordaria de bom grado cumprir o desafio de Sandra... Deu um sorriso aliviado.
- Bom, antes de mais nada, obrigada. Meu nome é Heloisa Samantha, e hoje, sem querer, eu peguei o diário do meu irmão... O pior, é que só percebi isso, quando já tinha chegado aqui, e quando aquelas loucas o pegaram e começaram a ler.
- O seu irmão por acaso é fadinha? – o ruivo recebeu um olhar frio. Henry não era fadinha, de maneira alguma! Ele era apenas apaixonado, por uma grifinória...
- E começaram a tirar sarro da minha cara, já que lá tem o nome de uma garota, rodeado por um coração flechado. E o meu irmão não é fadinha, ele é apenas romântico e atencioso.
- E você quer que nós a ajudemos a pegar o diário de volta?
- Sim e não.
- Sim e não? Desculpe, não deu para entender.
- Bem, elas me fizeram um desafio: se eu conseguisse seu telefone e fizesse mais uma coisa, me devolveriam o diário.
- Estou começando a ter medo disso – o moreno tinha senso de humor...
- Você não precisa ter medo. Ao contrário dele - Heloísa afastou o cabelo negro, que chegava quase na cintura, do rosto. - O desafio é beijá-lo - havia uma certa malícia nos olhos negros, que fez o moreno sorrir.
- Bem, Rony, está nas suas mãos - o ruivo olhou para ele, sem entender. Quando o moreno recomeçou a falar, percebeu que a garota fazia força para não rir da situação deles. - Se você quiser ajudar essa garota, vai ter que beijá-la, e eu simplesmente vou dar o meu número de telefone.
O ruivo revirou os olhos.
- Como eu posso ajudar? Beijando uma garota, que embora com um corpo fenomenal não me atrai nem um pouquinho?
Heloisa mostrou a língua para Rony, que ficou vermelho.
- Depois é o meu irmão que é fadinha! – ela se virou para Harry. – Pelo visto você vai ter que tomar essa decisão.
- Ei, estão falando de mim! – Rony protestou. Heloísa o olhou como se dissesse "retardado!". Mais um pouco, o ruivo ia lebar uns bons tapas se continuasse lhe irritando daquela maneira... O moreno tossiu, tentando disfarçar a risada, mas não obteve sucesso, recebendo um olhar divertido de Heloisa, e um olhar atravessado do ruivo.
- Bom, eu não sei o que dizer, então...
- Que tal mandar essa garota ir ver o crepúsculo?
- Retardado ao quadrado. – Heloísa deixou escapar, em um murmúrio. Rony e ela encaram-se, furiosos.
- Como você pretende me obrigar a beijá-la?
- Se eu pudesse, lhe daria um bom soco na cara, alguns chutes e esqueceria da sua existência corpórea. Mas, como não posso... o que você sugere? – ela virou-se para o moreno, que balançou os ombros.
- Se conseguir vencer o desafio, eu te ajudo a... – Harry ficou de boca aberta, quando a garota praticamente saltou sobre a mesa, pegou o rosto de Rony e tascou-lhe um beijo, que fez Rony piscar os olhos.
- Ei, isso é...
- Um beijo. – Rony gelou ao escutar a voz da cachopa de abelhas. Heloisa a olhou, reconhecendo nela a garota que Henry desenhara e saltou no instante seguinte.
- Bem, a minha parte eu já fiz. Pode me dizer o seu nome agora?
- Harry Potter e o meu número é... – Heloisa ficou com um olhar abobado. AQUELE era Harry Potter? Severus a esganaria se SONHASSE que ela PENSOU em beija-lo. Acordou com a pergunta seguinte que ele fez. – escutou o que eu disse?
- Ah, sim. Desculpe. É que quando a minha pele corre perigo, meu instinto de sobrevivência grita por comida... Bom, tchau. Boas aulas! – acenando, ela voltou para a mesa, onde Gaby e Sandra estavam rindo. – o diário agora mesmo. – ela estendeu a mão e Gabriella intimou Sandra a devolver. Heloísa ficou meio distraída, e observava com discrição a mesa deles. Dali a pouco eles saíram, e Heloisa mergulhou nos pensamentos.
Se Harry Potter estava andando livremente, sem nenhum membro da Ordem em cima dele, o vigiando, era sinal que o ataque a Tupã tinha sido mais sério que os jornais diziam. Até ali, Heloisa não conseguira entender o porque do Lord ter desistido de Severus. Ele escolhera alguns, e no último momento, dera a ordem para que Snape ficasse na Inglaterra, juntamente com um tal de Alexander, Bellatrix e o rato do Rabicho. Muitos estudantes brasileiros haviam morrido, alguns estavam sendo transferidos para Hogwarts a partir do próximo mês.
Heloisa quis ser um mosquito, para descobrir o motivo real do Lord ter atacado a escola. Severus lhe falara alguma coisa sobre um amuleto de Salazar Slytherin, mas Heloisa não acreditava muito nessa hipótese. Era mais certo que o tal amuleto devia estar em Hogwarts, e não do outro lado do oceano, aliás, como ele havia ido parar lá, era uma pergunta que Heloisa se fazia sem ter resposta.
Mas se esse tal amuleto fosse realmente importante... Por que o Lord só se interessara nele agora?
Nota da Autora:
MEA CULPA! Sou totalmente distraída, Ly Anne Black! A partir do próximo, eu te garanto que voce vai entender mais... Essa estória, é uma fic paralela a outra fic, "as primas Granger" que já está lá na frente... É que não tinha como eu fazer a explicacao a partir daqui... ainda. Mas do proximo... Não passa! PS: que achou dos personagens?
