Doença, saudade, Morte.

Dedico este capitulo a:

- À Marisa e à Daniela. Elas sabem o porquê. - A CACL. Ela também sabe o porquê. - À morte...Ela é que me inspirou a fazer este capitulo. Eu sei pelo o que eles passam...Eu própria já me tentei matar... Essa é a minha ideia do que eu veria depois de me matar...Espero que gostem. Desculpem pelo tamanho minúsculo do capitulo.

~*~*~*~*~*~~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Por Merlin! Está a arder em febre, srta McKinley! Parece que será o Natal dos Doentes. - Madame Samovar tirava a mão, repentinamente, da testa da rapariga de cabelos curtos, com madeixas roxas. Estavam quatro pessoas à sua volta. Diana, ruiva e de olhos esmeralda, Carol de cabelos castanhos claros e olhos azuis escuro, como safiras e dois rapazes. Elijah Smith e Zacharias Lourence, amigos de Mariza e das outras.

Madame Samovar obrigou-a a deitar-se numa cama enquanto ela iria buscar a poção para a curar. Chegou, tirou-lhe a roupa, o que provocou um ligeiro rubor em Mariza e nos rapazes, já que ela ficou apenas com roupa interior por uns momentos.

Quando a Madame se retirou, deixando os outros quatro a cuidar de Mariza, esta começava a respirar descompasadamente e com extrema dificuldade em conseguir manter o ar dentro do peito.

- MADAM SAMOVAR!!! MADAM!!!! - gritou Carol, dirigindo-se à senhora vestida de branco.

- O que...? OH! POR MERLIN!!! RÁPIDO!!! TRAGAM-ME A POÇÃO VERMELHA DAQUELA PRATELEIRA!!!!

- MAS SÃO TODAS VERMELHAS!!! - disse Carol, olhando para as poções da prateleira indicada por Madame Samovar.

- A TERCEIRA A CONTAR DA ESQUERDA! - disse para Carol, mas sem olhar para ela. Os seus olhos estavam fixos em Mariza e depois olhou para Diana e disse :

- TU!!! QUE ANDAS PARA AÍ A FAZER?!

Mas Diana não ouviu, Diana não olhou... Diana pensava "e se...E se..." Malditos Speed. Puseram-na neste estado e nem têm o pingo de vergonha para aparecerem. Estão na mira de Diana e das outras Ravenclaw Speed's. Tomem cuidado"

* Flashback *

- Diana!!! Diana!!! - Diana ouviu a voz de Mariza McKinley chamando-a. Virou-se, procurando a origem do som e viu-a correr na sua direcção, acenado freneticamente.

- O que se passa Mariza? - perguntou, olhando para a rapariga com as mãos nos joelhos.

- É....É que...Que...Que queria....Queria saber o que querias para o Natal... - disse no meio de uma respiração irregular.

- Não é preciso me dares nada...

- Então queres o livro de feitiços. Tudo bem.

Diana olhou admirada para a amiga e ela disse, rindo: - Quando dizes que não queres nada é porque queres uma coisa cara. Mas não tem problema. Eu posso tentar comprar um em saldos.

- Tu é que sabes, tá.

- Então fica o livro de feitiços...- disse apontando com a ponta da pena para Diana. Escreveu e juntou-se a Diana quando sentiu uma coisa a fazer- lhe força nas costas e que pingava.

- SPEED'S!!! - disse, virando-se e vendo os Gémeos metendo-se para dentro dum corredor. Diana olhou para as costas de Mariza e viu um trapo molhado preto.

- Mariza... - disse começando a esticar o braço, para lhe tocar no ombro.

- Vocês vão ver!!! - disse ela, começando a correr e enfiando-se no mesmo corredor onde Jonh e Joshua se haviam metido pouco antes. Diana suspirou derrotada e continuou o seu caminho.

* Flashback*

Graças a esse balão de água e terem obrigado Mariza a ir para os campo, molhada e com uns graus negativos, os Speed's eram os responsáveis por terem adoecido Mariza com uma pneumonia e bronquite. E agora, graças a isso ela estava ali, ardendo de febre, por culpa deles e eles a brincarem e a criarem confusões nos corredores, antes tranquilos de Hogwarts.

~*~

Thomas acordou com o bater da luz do sol nos seus olhos. Abriu-os e viu que estava na sua cama. Ele lembrava-se de ter falado com Clara na noite anterior. Teria ela trazido-o para a sua cama?

Virou-se na cama e viu que a sua irmã ainda dormia tranquila, de barriga para cima, um braço mais levantado que o outro e também com a cabeça virada. Sorriu e levantou-se, tentando fazer o mínimo barulho possível.

Foi para a cozinha e encontrou um papel que dizia

" Thomas e Danna

Eu tive que ir para o Hospital. Deixei uma tigela com cereais para cada um. Estão em cima da bancada. Se quiserem aquecer o leite, pegam nas taças, abrem a porta do microondas no botão maior. Rodam a roleta até aparecer 1:00 e depois carregam no botão onde diz 400. Depois disto tudo carregam no Start. Quando começar a apitar, quer dizer que acabou. Carregas novamente no botão maior e tiras a tigela. É só comer.

Se quiserem pão, está na terceira porta de cima, a contar da direita. As facas estão na mesma posição, só que numa gaveta e em baixo. A manteiga está no frigorifico, essa grande coisa branca ao pé da bancada. Lá também está o leite e mais coisas para porem no pão.

Clara"

Thomas havia seguido as normas à risca, mas as coisas não correram bem. Primeiro aqueceu demais o leite, e depois partiu a tigela, fazendo com que o conteúdo desta se espalhasse a sua volta.

- Mer**...Reparo. - disse apontado a sua varinha para a tigela partida que se reconstruiu.

- Thomas...? - disse uma Danna muito sonolenta, aparecendo na ombreira da porta, esfregando os olhos.

- Bom Dia. Parti a tigela. Nada de problemático. - disse, tentando encontrar outra tigela nos armários.

- Na primeira. - disse Danna, sentando-se e começando a comer.

- Não te faz impressão?- perguntou Thomas sem olhar para Danna.

- Não. Eu gosto mais de leite frio do que do leite quente.

- Nisso saís à mãe...

- Esquece. Prefiro o leite quente ao frio.

~*~

Ele e ela subiam os pisos pelo elevador até chegarem ao nono. Com um "pim" o elevador abriu a porta e eles saíram. Viraram à esquerda e entraram no quarto 505 e lá passaram o dia.

Mary não estava mal de saúde, tirando talvez a broncopneumonia e o reumatismo. Danna e Thomas não saiam da beira da cama e quando eram obrigados a isso eram tirados de lá no meio de lágrimas e gritos. Uma vez, um enfermeiro agarrara em Danna pela cintura, elevara-a do chão e começara a tira-lá do quarto. Danna gritava e chamava pelo nome de Mary, no meio de lágrimas. Então mordeu o enfermeiro e correu para o leito de Mary, que lhe pôs a mão e cima da cabeça e fez-lhe uma pequena festa. O enfermeiro fartou- se e agarrou nos pulsos de Danna e arrastou-a até fora do quarto, com Thomas atrás de si. Impassível, sem expressão nenhuma no rosto.

Mary sentia que chegara a hora... Mas ela não queria. Sentia. Não queria. Descansar. Viver. Cego. Visual. Mary perguntava-se qual seria a sensação de morrer.

Sentia-se repousada? Aliviada por tudo acabar? Feliz? E Thomas e Danna? A sensação de morrer seria que tudo acabara, certo? Clinicamente o coração deixava de bater, o cérebro de funcionar, os membros de se mexerem.

Mary acreditava numa vida após a morte. Que morrer seria o mesmo que nascer. Quer iria viver num sitio feliz, sem guerra, sem fome, sem saudade. Veria Draco. O seu querido vizinho... O que lhe dera os netos que nunca tivera... E eles? Como ficariam? Aí ela pensou... " A morte é nascer...Nascer para uma vida melhor... Um dia estaremos todos juntos...".

Então, a sorrir, Mary Farm fechou os olhos para nunca mais os abrir.

~*~

- Oh não... - disse Cho, tremendo a carta ao ritmo das suas mãos. Estava no dormitório para pegar numas coisas para a aula quando viu uma coruja pequena a chegar e a esticar-lhe a pata.

A carta vinha endereçada para :

" Dormitório Ravenclaw Feminino 1º Ano, Hogwarts. Primeiras duas janelas no primeiro piso, à esquerda das estufas."

A carta era de Danna e parecia que chorara enquanto escrevera. A letra estava tremida e a carta molhada. Danna escrevera:

" Queridas amigas

Ela morreu. Ela morreu...Morreu...Sabem o que é morrer? Ela acreditava que era nascer. NASCER?!?!?! Nascer para quê?! Para um mundo melhor?! Uma forma de nos safarmos da tristeza, angústia, saudade? Se for assim, também morrerei. Morrerei pela tristeza que sinto agora, a angústia que sinto em relação a vocês, saudades que sinto de meu pai. Saudades vossas, do tempo em que era feliz como uma família. Mãe, pai e irmão. Todos nós, felizes...

A Cho sabe qual é a dor de perder uma pessoa amada, imagino? Nunca conheceu a mãe, não é verdade?

O funeral é amanhã.

O convite está dado. Apareçam se quiserem...

Danna Malfoy"

~*~

Thomas chorava silenciosamente, sem soluços, quase sem lágrimas. Vestira-se do seu tradicional preto enquanto a irmã se vestira de azul escuro. Thomas proibira-a de vesti-la de preto, tal como Mary escrevera no seu testamento. " Nunca, mas nunca, se vistam de preto, por mim, ouviram?!" dissera ela. Thomas estava tão habituado a vestir-se de preto que nem considerava a ordem dirigida a ele e sim a Danna.

Apetecia-lhe gritar. Gritar de Dor. A Dor guardada todo este tempo. A dor que a morte provocava. Se gritasse, haveria mal? Claro que haveria, sempre haveria mal. Estava num funeral. Funeral da única pessoa que se importava o suficiente com ele para o fazer esquecer um pouco a própria mágoa e tentar recompensar, retribuir...

Estava de mãos dadas à frente do peito, quando sentiu Danna indo contra ele. Ele foi um pouco para trás devido à força com que ela fora contra si, mas para seu próprio espanto, ele viu-se a levantar os braços e abraçar a irmã. Essa sim chorava como uma mulher que vê o marido ir para a guerra.

Seria a mesma sensação? Sensação de medo?

~*~

A marcha fúnebre começara a tocar. Danna sentira-se a fraquejar quando o caixão passou por ela. As suas amigas estavam um pouco mais atrás, por sinal de respeito para com a amiga. Tinha sido muito difícil conseguir arranjar a permissão, mas graças aos gritos da Srª. Potter, as partidas do Sr. McKinley e a boa diplomacia do Sr. Black, a Directora havia conseguido convencer o Professor Snape. Não que fosse necessária a sua opinião, mas ele opunha-se veemente a deixar os alunos saírem, mesmo que se tratasse de assuntos familiares ou ainda com os seus amigos. Danna agarrou-se a Thomas e este se agarra a ela. Quando começaram a por o caixão dentro da cova, Danna largou-se do irmão e correra para perto do caixão, onde começara a gritar:

- PORQUÊ?! PORQUÊ ME DEIXASTE?! PORQUÊ NOS DEIXASTE?! HEIN?! JÁ NÃO CHEGAVA TER SIDO O MEU PAI E AGORA TU PARTES?! A MINHA MÃE DEIXOU-ME, O MEU PAI DEIXOU-ME E AGORA TU?! ESTUPIDA MARY!!! ÉS ESTUPIDA!!! ESTUPIDA!!! - gritou mais alto. - ODEIO-TE!!! ODEIO-TE POR TERES MORRIDO!!! ODEIO-TE!!! ODEIO- TE!!! ODEIO-TE!!! ODEIO-TE!!!

Danna ainda gritou uma última vez odeio-te antes de lhe tirarem o caixão da frente e porem o depositarem na cova e preenchendo-o com terra.

Assim acabara o funeral de Mary Farm. A lápide havia sido colocada e as flores também. O padre benzeu o caixão e partiu, com os coveiros atrás de si. Apenas ficaram Danna, Thomas, Diana, Carol, Cho e Mariza. Thomas e Danna tinham pedido dinheiro emprestado aos Potter's, contrariando completamente o orgulho Malfoy, mas Thomas jurara pagar, nem que morresse a tentar. Harry tinha dito que não era grave. Que não precisaria pagar... Mas Thomas não. Insistira tanto que Harry, derrotado, concordou que o jovem lhe pagasse quando tivesse o dinheiro para isso.

Começara a chover e Danna continuava de joelhos, à beira onde antes estava a cova do caixão de madeira clara, envernizada que serviria como ultima morada a Mary.

Thomas aproximou-se dela, com os cabelos molhados. Ajoelhou-se, caiu no chão e começou a bater com o punho fechado no chão. Gotas de água saltavam quando batia no chão, indo cair na lama. Thomas agora chorava alto. Gritava. Gritava não. Berrava. Tinha a oportunidade de soltar toda a dor sentida dentro de si naquele grito.

Ele batia e abanava a cabeça, como quem não quer admitir alguma coisa. Berrava.

Danna estava calada. Ajoelhada, molhada, suja, ferida, abandonada. Sentia os pingos a caírem-lhe pela cara, deixando-os correr livremente pela sua cara, como as lágrimas que ela não deitava. Água lava. Danna esperava que a água da chuva lhe levasse a sujidade. Levantou a cabeça, deixando o seu cabelo cair para trás. Abriu os olhos e gritou. Gritou tão alto que o berro competiu com o do irmão. Assim o grito de Thomas e o grito dela se uniu num só.

- PORQUÊ?!