Capitulo XI – Ínicio das Férias. Despedidas.
Nada. Outra vez o nada. Não havia nada, não via nada, não escutava nada. A única coisa que havia era negro. Ele nem sabia onde tinha os pés... Mas ele não estava a cair, por isso em algum sitio ele os tinha.
De repente, ele começou a ver um nevoeiro. O frio tomou conta de si. O frio. Ele sentia o frio da solidão, do gelo. Era como se mil tiros tivessem sido tirados contra o seu corpo.
Um homem de aparência austera apareceu na sua frente. Usava uma manta preta, com a gola dura que chegava a tapar-lhe as orelhas. Tinha barba, mas não tão comprida do que Dumbledore. Aliás, era muito mais pequena. Apresentava uns olhinhos pequenos e brilhantes. Tinha o cabelo para trás, preso num rabo de cavalo, umas rugas apareciam nos cantos da boca e debaixo dos olhos.
A sua voz soou no minimamente feliz, quando disse :
- Ora se não é o meu neto... – disse dando um sorriso, claramente falso.
- Cala-te. – disse, sibilando.
- Tu sabes o que tens a fazer, certo?
- Sei...
- Espero bem que não te esqueças disto...
Abrira os olhos. Estava feliz. Tinha sonhado com a sua mãe. Era incrível a igualdade que partilhavam. Os mesmos cabelos lisos e pretos, os mesmos olhos, a mesma boca, a mesma personalidade pelo que diziam.
Cho levantou-se e espreguiçou-se longamente. Esse era o seu enorme habito. Estava sorrindo. Espreguiçar-se para si, não era uma coisa que se faz para desprender os músculos depois de acordar, mas sim uma forma que ela via de enfrentar o dia logo pela manhã, como se dissesse, com aquele movimento " Estou a importar-me tanto com os problemas como me preocupo com os Slytherin".
- Tenho que ter cuidado com isso... Se eu digo isso alto, a Danna mata-te. – disse, sorrindo, ainda com os braços esticados. Mas depois, os braços pesaram-lhe, e ela baixou-os à medida que o sorriso acabava... Baixou-se e levantou os lençóis das camas, olhando para os lados.
Os seus olhos pousaram numa caixinha de madeira escura e pegou-a, puxando-a para fora da cama. Pegou nela com as duas mãos, levantou-se e soprou para ela, para tirar o imenso pó. Na sua tampa uns desenhos ou caracteres estranhos, em relevo. A sua fechadura tinha a forma de duas asas e era dourada. Sentou-se na cama, ainda com a caixa nas suas mãos. Passou os dedos pela fechadura e depois de brilhar, ela abriu-se com um estalido. No interior da caixa estavam inúmeros papéis, entre os quais cartas, fotografias, simples papéis onde se tinham escrito recados. Pegou no primeiro pedaço de papel e viu que seria uma carta de sua mãe para o pai, durante o tempo de guerra...
Os recados escritos em guardanapos como " Comprar rosas para a Cho", "Encontro com a Cho", de certeza escritos por seus pai, estavam perdidos no meio de fotografias. Ia passando e vendo as fotos. Fotos de seus pais e de seu irmão em bebé.
Então...
Uma foto, velha, gasta...
A sua mãe...
A sua mãe, com o pincel na mão, o cavalete com um quadro meio pintado... Era ela. O berço dela, antes de nascer... Sim, já que Cho apresentava uma barriga enorme... E estranho, o bebé do quadro era tal como ela... E estava com um sorriso feliz...
Flashback
- Porquê a mãe pintava tanto pai?
- Porque, segundo as palavras dela era única forma que ela tinha de se soltar da angustia...
Flashback
Imagina que estava no 5º andar, na 10º janela a contar da esquerda, na Ala Oeste. O que verias? O lago, a Floresta Proibida, provavelmente. Bom, centralize-se no lago, à beira, do lado esquerdo. O que verias aí? Bom, um vulto preto, contrastando com o loiro que se via.
Danna estava sentada junto do lago, vendo a lula gigante. Olhando o por do Sol, Danna pensava em Mary, sua avó querida, Draco, seu pai, e Thomas, seu irmão.
Lembrava-se de quando tinha recebido o seu primeiro ursinho de pelúcia...
Flashback
- O que é ixto Mawy? – uma Danna de 5 anos, loira, com olhos azuis, olhava o embrulho vermelho, rodando-o por nas suas mãos. Mary sorriu e respondeu para Danna para que ela o abrisse.
Abriu o embrulho, pelo meio de olhares de Mary e de Thomas e gritou. Um ursinho de pelúcia, com umas pequenas asas... O ursinho era castanho claro, enquanto as asas eram amarelas, mas muito claras.
Flashback
Era Natal e como de costume, Mary cantava para eles, antes de dormirem... Era muito complicado lembrar-se disto. Apenas pequenos flashes, mas lembrava-se e isso bastava.
Dancing Bears,
Painted wings,
Things I almost remember,
And a song someone sings,
Once upon a December
- Dada... - Danna de apenas um ano tentava dar os seus primeiros passos. Sentia-se gloriosa! O papá estava sorrindo para ela, de braços abertos com Thomas nas suas costas, também rindo.
– Ah... – disse, caindo, mas segura nos braços do pai. Draco usava uma camisola de lá preta o que contrastava com os cabelos loiros. A camisola era muito grosa portanto Danna acabou por ficar muito mais quente do que estava. Thomas saira detrás do pai e começou a bater palmas.
Danna olhava para o pai e Draco sorria para ela. Acabou por encostar a cabeça ao peito do pai, que a abraçava e sorria. Abriu os olhos e olhou para o quadro que estava pendurado na parede : cavalos brancos, castanhos, pretos em posição de combate, digamos assim, e com elfas dançando entre eles... Apesar dos cavalos parecerem assustadores as elfas pareciam muito felizes por estar a dançar com eles. Não se lembrava muito bem de quem o pintara, mas era muito bonito.
Someone holds me,
Safe and warm,
Horses prance through a silver storm,
Figures dancing gracefully,
Across my memory....
- Ah… Esquece isso… - disse Danna, abanando a cabeça, em sinal de negação. Tinha sido há tempo demais... Deveria esquecer aquilo e seguir em frente... É... À frente é que é o caminho, costumava dizer.
Amor. Carinho. Essas palavras não diziam nada para Thomas. Quer dizer... Ele sentia carinho por Mary, mas ela morrera, certo? E pela sua irmã... Ele não sentia nada a não ser desprezo... Voltara a essa face, antes dava-se mais com a irmã por Mary, mas apesar de não a chamar de assassina, ele sabia que era isso que ela era. Uma assassina que matara o pai.
Já estava tão longe a data em que Draco morrera. Incrível, não era? Ele estava mesmo igual ao pai, e sentia-se feliz a isso. Era loiro, como ele, tinha os olhos azuis, como ele e era Slytherin, como ele. Ao seja, resumindo, Thomas queria ser o pai.
- Uma coisa que eu não entendo é isso... A morte... As pessoas que eu mais gosto morrerão também? Será que a Diana, as outras e o Thomas morrerão?
Nesses pensamentos, se ela tivesse olhando para baixo, veria um brilho, pouco intenso, mas um brilho. O brilho vinha do colar em forma de lágrima que ela recebera do sonho com o pai... A sua própria lágrima... Desde a morte de Mary ela não derramava uma única lágrima. E prometera que nunca mais nada que se parecesse com uma lágrima saíria dos seus olhos.
Far away,
Long ago,
Glowing dim as an ember Things my heart used to know Once upon a December
Flashback
- THOMAS!!! – Pansy(sim, Pansy)gritava enquanto fazia o almoço para ela, Draco e Thomas. - Que é mamã? – disse, aparecendo na cozinha.
- Olha filhote, a mãe precisa de um favor teu, está bem?
- Claro! Dix! – disse Thomas, agora com dois anos. Danna tinha acabado de nascer.
- Promete que aconteça o que acontecer vais ser bom para a tua irmã. Prometes?
- Claro! - Obrigada filho… - disse Pansy,abraçando Thomas.
Flahback
- Hunf... Promessa de merda... Foi uma promessa, mas foi feita à minha mãe e a minha irmã matou o meu pai. Não devo nada a ninguém. – disse Thomas, sentando-se na sua cama de cobertores verdes e tirando debaixo da almofada uma revista muito amassada em que aparecia um cavalo, com o seu cavaleiro saltando sobre um obstáculo. Thomas adorava cavalos. Não sabia porquê, mas amava.
Someone holds me Safe and warm,
Horses prance through a silver storm,
Figures dancing gracefully Across my memory.....
- Aleluia! Chegámos no Natal! Não aguentava mais estas última semanas! Exame atrás de exame! Aleluia!!!! Três vezes aleluia! – William deitava-se na cama, como se fosse um morto, de braços abertos.
- A quem o dizes! Mas porque te estás a preocupar?! Tiveste umas notas muito boas, como sempre. Ao contrário de mim, que levarei dos meus pais quando a virem! – James acrescentava, entrando no quarto com Henry, Peter e Arthur atrás de si.
- Oh claro! Prepara-te! Parece que levarás tantas! Até estou com pena! – disse Arthur, fingindo cara tristonha e preocupada, mas que logo provocou risos a todos.
- Olha quem fala! Tu quase tiveste as piores notas do ano! Só os Speed's e a McKinley te superaram! – disse Peter, sentando-se na cama. Começou a despir o uniforme e foi pegar o seu pijama azul e com ursinhos, de flanela.
- Por Merlin! O que é isso?! – disse Henry e William olhou para o pijama fazendo um esforço horrivel para não rir. Normalmente Peter era o último a vestir o pijama e quando o apanhavam a vesti-lo ele vestia um azul escuro, bastante simples.
- Pijama que a minha avó que mo deu.. – disse ele, levemente irritado.
- Oh! Foi a vovó foi?! Que lindinho! Pede-lhe para comprar um para mim! – disse James, rindo.
Todos os outros riram com James e Peter ficou bastante irritado, mas logo começou a rir também. Não poderia negar que era meio cómico o pijama, mas tinha sido a sua avó a compra-lo e ele prometera que o usaria.
- Tens a certeza que não queres vir? – Diana dizia para Danna. Estava na hora de voltar para casa, para o Natal, e Diana, Carol, Mariza e Cho iriam para casa, deixando como a única Ravenclaw do 1º ano presente no Castelo, Danna.
- Ah! Não te preocupes com ela! – disse Mariza. – A garota vai passa-lo no meio das cobras...Ssssss. – acrescentou, entrando para dentro do Expresso.
- Ah ah ah! Vou passa-lo com o meu irmão, tá!?
- Que te voltou a ignorar faz dias... – disse Carol, entrando e ficando atrás de Mariza.
Danna iria responder, mas o apito do comboio apitou, e a ultima que tinha que entrar, ao seja, Cho, entrava, despedindo-se de Danna com votos de um Feliz Natal e que mandaria o presente dela. Todas concordaram com Cho, e assim, acenando às únicas amigas que tivera até agora, ferozmente, Danna preparava-se mentalmente para aquele que prometia ser o pior Natal da sua vida...
Realmente, aquele fora o pior Natal. Os outros tinham sido maus, imaginem este então. Os presentes só chegaram dia 26 e ter ido passar o Dia de Natal com o irmão foi péssima ideia. O irmão passara-o todo o dia fechado no quarto e os Slytherin eram completamente estranhos para ela.
No dia 27 ela estava a ir para a biblioteca, vindo da casa-de-banho da Murta. Tinham-se conhecido graças a um episódio dum susto que ela lhe pregara, que Danna gritou tanto, que todos pensaram que era outro Troll dentro do castelo.
- Desculpa! – disse, sentindo-se bater em qualquer coisa e cair. Ouviu um barulho de livros a cair.
- Au! Tudo bem... – Danna olhou para a pessoa e viu-a no meio de livros e com um na cabeça. Tinha o cabelo castanho, como os olhos e reparou que usava o distintivo de Prefeito dos Gryffindor. – E tu? Estás bem? - Si...Sim... – disse Danna corando e olhando para baixo.
- Deste uma grande queda... Não te magoaste? – disse o rapaz, dando a mão a Danna, ajudando-a a levantar-se.
- Não, obrigada. Posso ajudar-te a pegar os livros? – disse Danna, pegando em alguns livros, o quais ela reparou serem todos de Transfiguração.
- Obrigado. Como te chamas? Reparei que és Ravenclaw...
- É verdade... Chamo-me Danna Malfoy e estou no 1º ano.
- Ah! Então deves conhecer a prima da Weasley...Aquela, parva, estupida, que não me larga...
- Estás a falar da Catarina? Sim, conheço a prima dela, a Diana. Somos muito amigas! – Danna sorriu, estranhando que ele não tivesse feito comentário acerca do seu nome.
- Eu sou o Fernando Nunne, dos Gryffindor. Sou prefeito lá...
- Então tu deves ser aquele que tirou nota máxima em todos os exames! Já ouvi falar de ti!
- Mãe? Pai?! OURIÇO!!!!!!!
- O que é minorca? – James e Diana encontravam-se em King's Cross, esperando Ginny e Harry. Mas destes, nem sinal. Todos os seus colegas já tinham ido para suas casas.
William tinha sido o primeiro a abandonar os colegas. Os seus pais, Mr Oxford e Mrs. Oxford eram muito parecidos com o filho. O pai tinha um cabelo curto e num tom azulado enquanto a mãe tinha os cabelos loiros e os olhos da cor do filho. Eram bastante altos e pelo que James sabia, o pai era Auror e a mãe trabalhava como modelo no mundo Muggle...
Peter tinha sido levado por um dos gémeos... Na verdade, digamos gémea. Parece que era uma rapariga e um rapaz. A irmã, que se chamava Julianna Jones, era tal e qual o irmão. Cabelo castanho e grandes olhos verdes. Era um pouco baixinha, mas dentro do considerado normal. James ouvira algo sobre como tinha corrido as coisas, mas deveria ser apenas Hogwarts, certo?
Henry saíra com a avó. Uma mulher magra, baixa e de cabelo preto e olhos castanhos. Vestia-se completamente de preto. Na verdade, a única coisa que não tinha de preto era o cabelo, que era completamente grisalho! Parecia daquelas avós más dos Contos de Fadas.
Pela parte de Diana tinham-se ido todos. Cho fora buscada pelo pai, Roger Davies, que continuava um bonitão e acabou por atrair os olhares de Julianna Jones, já que quando ele chegara, fora de encontrão contra a ela, tanta a pressa que tinha de rever os filhos.
Por Mariza esperava uma verdadeira comitiva! Pai, mãe, avó, avô e os dois irmãos mais novos. Mr e Mrs McKinley eram meio extravagantes e tinham, especialmente o pai, uma cara muito marota.
- Adeus! – disse Mariza, acenando para Diana e James, sendo depois puxada pelos seus dois irmãos, que pareciam estar muito felizes por reverem a irmã mais nova. Eles chamavam-se Jean e Mathieu. Nomes franceses,reparou Diana. Depois perguntaria porquê...
Carol. Essa ainda continuava à espera que alguém a viesse buscar, consultado o seu relógio de segundo a segundo. Então chegou. Um homem alto, loiro e de olhos castanhos. Tinha os cabelos um pouco compridos e apesar de atados, dava para notar que era encaracolados. Cumprimentou polidamente a filha, levando-a para o carro. Quando via Carol a sorrir para o pai, Diana ouviu:
- DIANA!!! JAMES!!!! – Era o grito do pai, Harry, a chamá-los para junto de si. Vestia uma camisola de gola alta, branca com uma risca larga, preta, junto do peito e umas jeans normalissímas.
- Pai!!! – Diana gritou, correndo para abraçar o pai. James ficou um pouco mais atrás, mas sorrindo para o pai. Harry afastou-se, olhando para Diana, e de seguida, para James, sorrindo.
- Como foram as coisas em Hogwarts? – perguntou Harry, à porta de casa. Uma vivenda, em estilo vitoriano, nos arredores, mas mesmo arredores de Londres.
- Ah! Foram muito boas, mas muito boas mesmo!!! – disse James, abrindo a porta. Finalmente em casa. Veria a sua mãe, o seu quarto, o jardim... Tudo o que precisava para viver feliz estava naquela casa.
- Vocês não se mataram? Então as coisas correram mesmo bem! – ouviu-se uma voz doce, do fundo do corredor. Todos olharam para lá e a figura de Ginny, vestindo um vestido comprido, azul, com a barriga saliente mostrava que os gémeos estavam de boa saúde. Estava com os cabelos ruivos presos em um rabo-de-cavalo e abriu os braços para abraçar os seus dois filhos.
James e Diana correram em direcção, praticamente deitando-a abaixo. O complicado foi conseguir abraçar Ginny decentemente, graças à já referida, saliente barriga.
- Que barrigona, hein mãe?
- É para veres o que eu sofri com vocês...Além de que o Remus e o Sirius são muito sossegados...Vocês estavam sempre a dar pontapés um ao outro... – respondeu Ginny, sorrindo para os seus dois filhos.
