Chocolate
Porque diabos ele tinha feito isso? Por quê? Por quê?
Porque tinha que ter aquela compulsão quase doentia sempre que sentia o cheiro de doces? Porque roubara aquele chocolate? Bem ele! Um guardião tão tranqüilo e educado! Tão cortês e controlado!
Se ele se arrependia?
Não. Mas... Bem, talvez estivesse decepcionado consigo mesmo.
Mas, agora... Porque ele tinha a sensação de algo estava para acontecer? Algo... ruim?
ooo§Lado de fora do hotel§oooUma pequena figura amarela com binóculos que deveriam ter o dobro do seu tamanho espiava entre as folhas. Era o momento... Eriol e Nakuru tinham saído, e Spinel estava sozinho, lendo, como se não fosse o maníaco-ladrão-de-chocolates que Kero sabia que era.
"É agora!" Falou, e pegou um dos muitos pacotes de mashmallow que tinha trazido, rasgando-o e pegando um dos macios doces brancos. Arremessou-o com força pela janela.
Como era de se esperar, ouviu o estrondo de alguma coisa grande de madeira caindo, seguido do grito de prazer de Suppi. Kero deu um meio-sorriso "Se você gosta tanto assim de doces..."
O pequeno bichinho amarelo começou a bombardear a janela com mashmellows, e a cada um, ouvia coisas quebrando ou caindo no chão.
ooo§Lado de dentro do hotel§ooo
Eu não sei como começou. Nem quando. De fato, não lembro de muita coisa, mas, num momento, eu estava calmamente lendo Guerra e Paz, como o mais civilizado dos humanos... no seguinte... pulava e gritava como um animal, tentando pegar doces macios que voavam para dentro.
A parte racional de meu cérebro gritava 'não!' mas a outra, a maior, só queria continuar... e derrubar tudo que estivesse na frente. O primeiro alvo foi a escrivaninha onde eu estava deitado antes – ela caiu, espalhou todos os livros pelo chão e – oh! – me fez perder a página do livro que lia! Na hora não me importei... de fato, nada mais importava.
Em determinado momento, achei que um dos pequenos doces cairia no ralo da pia. Eu não podia permitir... Não IA permitir! Assumi minha forma maior e bati as grandes asas para lá o mais depressa possível, derrubando tudo que permanecia em pé na sala.
Então, de repente, o bombardeio cessou. Não havia mais doces. Não havia mais aquele desejo incontrolável de mais. Só havia... Eu, uma enorme pantera negra, no meio da sala completamente destruída – com direito a sofás rasgados, estantes caídas, tapetes embolorados – e o meu livro, meu precioso livro, jogado no chão, amassado.
Minha página! Eu não tinha decorado a parte em que parara! Não... não... NÃÃÃO!
Assumi minha forma menor e voei para lá, lágrimas torrenciais caindo incessantemente pelo rosto, e acariciei sua capa maltratada... Porque? Porque alguém faria isso?
Ou mais importante... Quem? Quem seria a alma desgarrada que decidira me perturbar daquela maneira? A resposta passou em frente aos meus olhos, num flash, assim que a pergunta se formou: Kerberus. Fora Nakuru e Eriol, ninguém mais sabia da minha quase cômica (ok, muito cômica) obsessão por doces.
Tudo isso por uma barra de chocolate? Pensei, com desespero. Por uma barra de chocolate, ele me fez... perder a página! Certo que era um bom chocolate... Hmm... aliás, um chocolate realmente bom... Devia ter custado caro...
Sacudi a cabeça, afastando esse pensamento. Não era hora! Meu livro! Os doces! O estado da sala! E quando Nakuru e Eriol voltassem?
... E quando Nakuru e Eriol voltassem? Gelei com o pensamento E bem aí, foi quando ouvi... o ranger da porta abrindo...
ooo§Lado de fora do hotel§ooo
"Suppi! O que aconteceu aqui!"
"Spinel! Você destruiu toda a casa?"
Kero sorriu de lado ao ouvir os gritos... Estava vingado.
OOOooo§oooOOO
Fim!
Ministério da saúda adverte: não tire chocolate de autoras e Keros inocentes... podem se arrepender! O.O
Espero que tenham gostado
