WON'T YOU KISS ME?

CAPÍTULO 04 – AISHITERU

O shinigami virou a cabeça, mordendo os lábios. Era virgem. E aquele não era o amante que sempre sonhara para sua primeira vez. Será que...

E a porta foi escancarada, batendo no outro lado...

TSUZUKI!

Ao ouvir a voz, Muraki, que tinha parado na expectativa, apenas sorriu com o canto da boca e disse, sem se virar:

Não tenha ciúmes, meu pequeno. Assim que eu terminar aqui, ainda terei um tempo para cuidar de você também.

Mas mal acabou de pronunciar "também" sentiu ser imobilizado e algo começava a ergue-lo no ar, enquanto uma voz fria lhe dizia:

Isso somente se eu não cuidar de você primeiro. (1) Hisoka, veja se Tsuzuki está bem.

Ora, ora, ora... – gemeu Muraki, meio estrangulado – Quantos cavaleiros de armadura vieram salvar a donzelinha indefesa... Mas este cavaleiro tem um defeito em sua lança... – e se esforçando pra livrar um braço, virou-se no abraço da sombra e alcançando seu sapato no chão, acertou no abajur de Tsuzuki, quebrando a lâmpada. – Sem luz, sem sombra, Mestre das Sombras.

Hisoka já tinha chegado perto de Tsuzuki, que puxava o lençol para se cobrir, e hesitava em abraça-lo. "Medo das emoções dele ou das minhas?" o jovem se perguntou pela segunda vez naquela noite.

Muraki não deveria ter provocado Tatsumi. Em segundos, ele continuou prisioneiro, dessa vez por braços fortes, que o arremessaram para fora do quarto e o secretário do JuohCho seguiu-o, cada vez mais furioso:

Não preciso de mais nada além dos punhos pra acabar com você, criatura abjeta, como se fosse um inseto a ser esmagado.

Huh, como estamos nervosos hoje... Tudo isso só porque eu ameacei passar na sua frente e fazer aquilo que você não tem coragem?

CALE-SE! Muraki, não me provoque...

A verdade é dura de ouvir, Tatsumi-kun? Diz pra mim, olhando para os meus olhos, que você não quer tanto quanto eu deitar em cima daquele corpo alvo e ouvir aquela boca carnuda gemer gostoso, enquanto olha dentro daqueles olhos ametistas e os vê escurecendo de prazer?

O primeiro soco o atingiu de raspão no queixo, mas a seqüência do movimento pegou direto no peito, tirando seu fôlego. Mas não tirou sua vontade de provocar.

É o melhor que você pode fazer, Tatsumi-kun? A raiva está te cegando, Mestre das Sombras.

Talvez hoje você converse diretamente com o Sr. Enma Daioh sobre suas faltas, Muraki.

Ele é uma criatura ocupadíssima, Tatsumi-san. Não atende sem hora marcada. – desviou do novo soco. – E eu também estou sem tempo livre na minha agenda. Estou dando preferência a esportes radicais hoje...

Você não pode se desviar para sempre, Muraki-kun!

Verdade. Então ta na hora de atacar, pra se defender melhor... – E aproveitando-se de uma brecha, pulou nos braços de Tatsumi, imobilizando-o com os seus, enquanto esfregava o corpo nu no dele, que estava de moletom e lambia-o no queixo, fazendo uma trilha em direção à boca.

Mu... Muraki!

O melhor ataque é o de surpresa – o médico deu uma risadinha sacana. – Além do que, você está sob o efeito ainda da visão magnífica do corpo nu de Tsuzuki. Talvez eu não seja o melhor substituto, você também não o é, mas poderíamos nos entender bem por aqui, não?

Tatsumi queria negar que fosse verdade, mas a lembrança do corpo nu de Tsuzuki mexia muito com sua imaginação. Muraki aproveitava esses segundos de indecisão para avançar mais e mais na tentativa de sedução ao shinigami. Foi quando Watari apareceu e deu um grito:

MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Foi o que bastou. A sanidade voltou ao cérebro enevoado de Tatsumi e ele teve um arrepio de nojo. Aquela criatura tentava conspurcar o que não lhe pertencia, como havia já feito com Tsuzuki anteriormente. Então, invocando as sombras, livrou-se do abraço atrevido. Pensou seriamente em se livrar de Muraki pra sempre, mas se lembrou que uma pessoa sofreria. "Sim, e ele vai gostar de cuidar dessa serpente por um tempo. Vai fazer bem aos dois." E se concentrando, passou a diminuir o espaço que continha o outro, mais um pouquinho, um pouquinho, até que uns dois estalos se fez ouvir, depois outro, Muraki começou a gemer dentro do casulo escuro que foi diminuindo, diminuindo até sumir.

Watari chegou perto de Tatsumi e segurando o companheiro pelos ombros, passou a cabeça para a frente dele, para encara-lo.

Tudo bem, eu tenho que perguntar... Você não o matou, certo?

Não.

Então você o mandou para algum lugar?

Sim, mandei...

Vai me contar pra onde?

Yukata, sua cota de perguntas hoje já estourou. Como será que estão Tsuzuki e Hisoka?

Tsuzuki estava enrolado no lençol, ainda, encostado na cabeceira da cama, tendo Hisoka adormecido com a cabeça em suas pernas. Quando viu os shinigamis entrarem, ficou rubro, mas não se mexeu. Disse baixinho:

Logo que vocês saíram, ele suspirou e desmaiou. Eu fiquei sem saber o que fazer...

Claro que ele desmaiou. Além de empata, ele é um adolescente com os hormônios em ebulição. Como você acha que ele se sentiu, ao entrar nesse quarto com essa eletricidade no ar? Com licença – Watari tirou o garoto do colo de Tsuzuki. – Vou leva-lo para o quarto dele, um pouco de descanso e ele ficará bem. Depois vocês me contam o que REALMENTE aconteceu aqui... – piscou, sorrindo.

Tsuzuki ficou vermelho, mas Tatsumi foi bem rápido no gatilho:

Claro. Assim que você nos contar porque VOCÊ demorou tanto.

Foi a vez do loiro ficar da cor do tomate maduro. Sorrindo desajeitadamente, ele fugiu com Hisoka nos braços.

Anandamaya chegava hoje, certo?

Sim... Você está bem?

Estou, eu... eu sinto muito ter me desesperado, envolvido vocês... Eu só dou trabalho, não é mesmo, Tatsumi-san? Como o Muraki mesmo disse, pareço uma donzela indefesa, sempre precisando de cavaleiros de armadura pra me salvar...

Não me importo em ser seu cavaleiro de armadura brilhante sempre que você precisar, Zuki... Espero que sempre você conte comigo...

Eu adoraria... – sussurrou o outro, mais envergonhado ainda.

Então... você vai me chamar sempre que você precisar?

Se não for te incomodar muito, sim, vou...

Porque me incomodaria?

Porque você é uma pessoa importante, ocupada, você é um shinigami poderoso, confiante, capaz de controlar as sombras, a si próprio... E eu, que que eu sou? Um desesperado, incapaz de se defender das próprias trevas internas, um náufrago das emoções... Eu...

Tatsumi colocou dois dedos sobre os lábios de Tsuzuki, interrompendo o fluxo de auto-depreciação:

Você também é um shinigami poderoso. Talvez um pouco sensível demais. Seu maior defeito é justamente não saber enxergar suas qualidades. Mas você possui algo que ninguém mais tem...

Huh, e eu posso saber o que?

Meu apreço... – Tatsumi se socou por essa saída pela tangente, ainda mais porque um certo brilho que estava começando a se acender no olhar violeta se apagou rapidamente. Era agora ou nunca. – Meu afeto... – Ergueu o queixo do outro para que os olhos ametistas e azuis se encontrassem - ... meu amor...

Demorou alguns segundos para a decodificação dos dados ser completada. Quando "a ficha caiu" , Asato Tsuzuki achou que havia morrido novamente mas dessa vez tinha ido direto para o paraíso. Se jogou nos braços de Tatsumi, apertando-o muito. O abraço foi correspondido e um primeiro beijo, sem pressa foi trocado...

N/A: nhaaa, não arranquem os cabelos, não... Mas o capítulo tava ficando grande demais, e eu precisava de um tempo para que o próximo fique de acordo... (1) Isso é o chavão do chavão, mas eu a-do-ro quando os mocinhos dizem isso... Os vilões ficam furiosos... eheheheh... Calma, Elfa e Hecate, eu não matei o Muraki, ele ainda vai sair por cima (literalmente) dessa. Vocês devem estar perguntando quem será Anandamaya e que papel ela representa na vida de Yukata Watari... Surpresa... Para os fãs de Hisoka, desculpem, mas ele é menor de idade e eu realmente prefiro o Tatsumi. Não exagerei no desmaio, porque no episódio daquela "princesinha" no navio, a carga de emoções foi tanta que ele caiu no chão... Ofereço para Andréia Meiouh, que esta semana me presenteou com um ótimo lime de YNM além me ajudar (conjuntamente com a Sandrinha Albatou) a gerar e parir outro personagem original... Sei que eu não seria metade do que eu sou sem minhas Insanas ao meu lado. Domo arigato, queridas. 07/05/05.