N/A: Mais uma vez demorou. Desculpa. Mas com a aproximação das provas de vestibular, meu tempo diminui cada vez mais. Contudo, cumpro minha promessa e não abandono a fic. Quero agradecer a Pat, Miri, Mione G. Potter RJ, miaka, aNiTa JOyCe BeLiCe, Srta. Wheezy e Bianca B. Malfoy pelas reviews. E é claro, agradecimentos a minha beta Julie.

Esse capítulo écompletamente Draco e depende de fatos relatados no capítulo "Corpo, mente e alma" de Sete Dias. Espero que gostem. A Ginny só aparece no próximo.

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Capítulo 4

Parecia que o tempo tinha voado desde o momento em que Delilah saíra de sua sala até o final do expediente. Draco esperou pela jovem em frente à fonte, sentindo como se os seres ali representados ao mesmo tempo reprovassem sua atitude e o avisassem sobre algo.

Ele sentia como se houvesse alguma informação faltando ali. Sabia que uma lembrança estava a ponto de ser desperta, mas não conseguia precisar o que era.

Delilah... Era ela. Já ouvira esse nome antes. Teria o lido nos relatórios que recebia e revisava todos os dias? Seriam os efeitos da noite do baile de Halloween cujos detalhes do início estavam envoltos por névoa em sua mente?

Antes que ele pudesse chegar a uma conclusão, Delilah colocou a mão em seu ombro. Virou-se para ela e se proibiu de lançar outro olhar à fonte naquele final de tarde.

Durante o chá, Draco dava a Delilah apenas metade de sua atenção. Dispersava-se facilmente, ocupando-se unicamente em balançar a cabeça em concordância ou murmurar em resposta. Algumas vezes grunhia uma palavra ou outra. Sua xícara e biscoitos permaneciam intocados.

Por acidente, se propusera a levá-la para casa. Não tinha escutado a pergunta e concordara sem querer. Foram, a pé, até uma rua deserta. Quando chegaram à porta, Draco descobriu onde ouvira o nome Delilah antes.

"Obliviate." falou ela calmamente, segurando a varinha discretamente, esta oculta pelas vestes. "Estupefaça."

Mais uma vez, Draco acordou ofegante. Mas dessa vez sabia que, o que tivera, não era apenas um sonho: era uma lembrança. Tinha quebrado um feitiço de memória. A vontade de sair dali provavelmente tinha derrubado as barreiras. Isso junto as palavras de Delilah na manhã anterior.

Tentara a todo custo se manter acordado uma vez que fora deixado sozinho. Depois de largar a maravilhosa perspectiva de ser irmã da ex-noiva do loiro, Delilah partiu para o trabalho sem mais uma palavra. Queria ficar alerta, porém um feitiço por parte da bruxa certamente corrigira esse desejo, ainda mais estando Draco sem sua varinha. Desarmado, amarrado e confuso. Era a situação em que ele se encontrava.

Não sabia quanto tempo permanecera desacordado. Poderiam ser dias, mas no momento a única preocupação de Draco era recuperar qualquer informação sobre a caçula dos Travers que existisse em sua memória. Por que as pessoas não se contentavam com um único filho? Uma criança é mais do que suficiente para contribuir com a perpetuação da espécie. De fato, pessoas como "Travers-Pai" não deveriam procriar.

Ele sabia que Delilah era a mais nova. Era dama de honra do casamento, que seria realizado nas férias de verão para que ela pudesse comparecer. Não podia ter se esquecido dela. "Conheça seus inimigos!" era um conselho que sempre considerara o mais válido. Achava que tinha a situação sob controle, mas havia cometido um erro amador.

Por um outro lado, podia contar nos dedos as vezes em que se viram. Ela, como a irmã, estudara em Durmstrang e não em Hogwarts, e Draco sempre teve o bom senso de participar o mínimo indispensável das reuniões familiares de sua noiva. E, caso ela fosse uma Comensal, algo de que não tinha certeza, ele não mantinha grandes laços no círculo a não ser os necessários para continuar respirando. Nunca dera a Delilah a devida atenção. Não havia motivos na época. Ela era apenas mais uma na sala, provavelmente muito nova para despertar seu interesse. De fato, nem sua idade sabia. Devia ser recém-formada. Ignorava-a. Simples assim. Mas talvez sua postura não fosse tão prudente quanto costumava acreditar.

Olhou para a janela. As pesadas cortinas faziam com que fosse impossível diferenciar dia e noite. A iluminação do quarto era proveniente dos castiçais com grossas velas espalhadas pelo local, o que causava sombras bruxuleantes sobre os móveis de mogno maciço e sobre as cortinas roxas, quase negras, que adornavam a cama de pilares a qual estava amarrado. Draco ficou a observar uma das velas esperando que a cera escorresse. Era um hábito que tinha em casa quando mais novo, mas assim como na antiga Mansão Malfoy, a cera jamais escorria. A espera era infinita e frustrante.

Ao longe, ainda com a maior parte de sua concentração na vela, Draco pôde ouvir a chave virar na fechadura. Quando a informação foi assimilada, viu Delilah à porta. Deveria explodir de raiva, mas, ao invés disso, apenas voltou seu olhar para um ponto um pouco à esquerda de seus joelhos e fixou-o ali sem emitir um único som.

"Boa tarde para você também." disse ela, deixando os sapatos ao lado da cômoda e indo sentar-se ao pé da cama. Esperou por algum tipo de resposta, mas o loiro permaneceu estático. Deu de ombros e continuou: "Sabe, precisamos fazer uma ficha médica sua. Dou-lhe uma simples poção do sono e você dorme por quatro dias! Isso é inaceitável. Achei que tivesse o induzido a um coma. Muito desagradável, percebe?" perguntou, como se ele fosse uma criança mal-criada.

Draco ainda não a encarava: seus olhos permaneciam vidrados no mesmo ponto. Apesar disso, sentiu sua respiração se acelerar discretamente conforme a fala de Delilah corria em sua mente. Quatro dias... Isso sem contar com o tempo em que estivera ali antes da poção do sono. Era a terceira vez que abria os olhos naquele quarto e sabe-se lá quanto tempo permaneceu desacordado nas outras vezes. Será que alguém o tinha dado como perdido? O Ministério, talvez. Por outro lado, eles deveriam pensar que sendo um Malfoy ele havia simplesmente se enchido daquele emprego medíocre que envolvia trouxas.

"Fiz sopa." continuou ela, apesar da pessoa a sua frente demonstrar tanta atenção ao que ela dizia quanto ao relógio na parede. "Bem, mandei ser feita. Você vai poder comê-la sozinho, ao contrário do que vem acontecendo com todos os feitiços que tive que usar para fazê-lo engolir enquanto dormia. Os elfos domésticos, que já o odiavam por sua mera existência, agora o detestam com ainda maior intensidade, tendo sido incumbidos de mantê-lo limpo e sem cheiro de carne em decomposição. Tive que ordenar que não o matassem de nenhuma forma. Dados os castigos que os vi se autoinflingirem, acredito que estão tendo dificuldade em cumprir essa ordem."

Um elfo doméstico entrou no quarto e Draco pôde comprovar o que Delilah dizia: ele tinha um olho tão grotescamente inchado que era impossível enxergar-lhe o globo ocular; ambas as mãos estavam enfaixadas e os braços apresentavam queimaduras. A criatura, que não emitia um único som mesmo ao andar, trazia consigo uma gigante caneca a qual flutuou no ar até se nivelar com os lábios de Draco, de forma que ele pudesse beber a sopa apesar das mãos amarradas.

Ele não queria beber. Quem sabia o que havia sido colocado ali dentro? Mas greve de fome não era uma opção: a caneca forçou-se em seus lábios e, inexplicavelmente sem o controle de sua glote, Draco ingeriu todo o seu conteúdo. O gosto era horrível, mas não parecia veneno.

"Bom menino." disse Delilah, afagando-o na cabeça enquanto ele observava o elfo levar a caneca vazia embora. "Não vai olhar para mim? Preciso ficar ruiva para chamar sua atenção?"

Um arrepio percorreu a espinha de Draco. Ginny... Será que ela sabia que ele não ia mais ao trabalho? Estaria preocupada? Provavelmente não. Se tivesse bom senso, teria o apagado de sua mente no momento em que ele deixou seu apartamento após o baile de Halloween. Então algo lhe ocorreu: teria Delilah percebido algo devido à forma brusca com a qual se despedira dela para falar com Ginny do lado de fora da festa? Só assim ela saberia que, mencionando uma ruiva, o atingiria. Estava ficando cada vez mais difícil não levantar os olhos para morena e afundá-la em perguntas.

"Ginevra é o nome dela, certo? Foi patético. Murmurava isso enquanto dormia. Esperava mais de você. É isso que você quer pôr no lugar da minha irmã? Nem mesmo os efeitos de Azkaban fazem com que essa pobre criatura chegue aos pés de Helah." disse ela, revirando os olhos, mas rapidamente voltando-os para Draco para ver sua reação. "Ela foi procurá-lo no Ministério."

Aquilo era a gota d'água. O bruxo havia chegado ao limite do autocontrole. Ao ouvir que Ginny tinha ido procurá-lo, quase quebrou o pescoço levantando a cabeça para olhar para Delilah.O custo de sua atitude foi o sorriso de satisfação que surgiu no rosto dela.

"Quer saber o que ela disse?" perguntou a bruxa, levantando uma das sobrancelhas. Limpou garganta e com sua voz mais fina disse: "Oh! Meu Draquito me abandonou! Não tenho mais motivos para viver!" então ela voltou a sua voz normal: "Aí ela pegou um abridor de cartas e enfiou na garganta. Uma morte nada limpa. Foi preciso litros de poção para tirar aquela quantidade de sangue que espirrou na parede."

Draco avançou para ela com tamanha ferocidade que sentiu as cordas cravarem em seus pulsos. Seu objetivo, não atingido, era enforcar Delilah com as próprias mãos.

"Por que você não me mata e termina essa vingancinha infantil?" indagou ele, sentindo um filete de sangue escorrer pela palma de sua mão.

"Ah, Draco querido," começou ela, sentando-se ao lado dele, passando a mão em seu rosto e estancando o sangramento em seus pulsos com um toque de sua varinha. "Qual seria a graça disso? A morte não é uma solução para minha irmã, que sofre em Azkaban. Não seria justo que você tivesse essa saída. Pelo menos não tão cedo. Ainda nem o ouvi gritar..."

Sob o gélido e assassino olhar de Draco, Delilah aproximou lentamente seu rosto do dele até ser capaz de tocar-lhe os lábios com os seus. Ele não resistiu a esse avanço. Nem ao menos piscou. Sabia que era exatamente o tipo de reação que ela esperava e Draco não queria dar, mais uma vez a ela, a satisfação de lê-lo como um livro.

"Crucio." Delilah mantinha-se muito próxima ainda, mas a uma distância em que ele não poderia acertá-la caso se debatesse. Draco se controlou o quanto pôde, mas a dor era tão grande que ele mal agüentou cinco segundos antes de soltar um grito gutural.

"Assim está melhor.'" disse ela, parando o feitiço. "Obrigada pela noite agradável." Ela se levantou e deixou o quarto, lançando a Draco um último olhar unido a um sorriso insolente antes de fechar a porta.

Assim que conseguiu controlar sua raiva e a vontade incontrolável (e inalcançável) de se socar apesar de toda dor gerada pela maldição Cruciatus, o loiro reorganizou seus pensamentos e os levou até Ginny. Ele não acreditou na parte em que ela cometia suicídio. Ou no mínimo preferia não acreditar. Caso Delilah não tivesse relato isso como um dos fatos, ele acreditaria em tudo o mais. Agora, duvidava que ela tivesse até ido procurá-lo.

Ele se amaldiçoou baixinho por ter chamado por Ginevra. Era, como Delilah havia colocado, patético. Não a via há um mês. Apesar disso, não podia deixar de se preocupar no que poderia ter causado a ela. Sua seqüestradora deveria ter ótimas fontes. Isso, ou blefava muito bem. De qualquer forma, agora tinha certeza de qual era o ponto fraco de Draco.

"Preciso de um plano. Manter a compostura." pensou ele. Enquanto o loiro não reagiu às provocações de Delilah, ela não podia se divertir. Tinha que manter essa postura dali para frente.

Com essa meta traçada, e já sabendo quais palavras esperar da bruxa que o matinha cativo, Draco começou a se sentir sonolento. Outra poção do sono. Provavelmente mais leve para que ele não dormisse por dias novamente. E talvez... Se Delilah soubesse que ele falava durante o sono, algo que poderia ter sido constatado na primeira noite que ele passou ali, nada a impedia de usar isso contra ele. Semi-consciente, ele poderia contar qualquer coisa.

Veritaserum. O mais poderoso dos soros da verdade. Todas as características de água pura, talvez um pouco mais encorpado. A diferença estava nos efeitos colaterais. Mas um bruxo experiente poderia resistir. Esperava, agora que sabia da verdade, que conseguisse se conter. Tinha que fazer isso. Mas sua mente se esvaziava. Estava sendo vencido pelo sono.

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Escuridão. Um flash de vermelho. Escuridão novamente. O tempo todo. Minutos, horas, dias, meses, anos, séculos. Escuridão e um vermelho avistado de relance. Estavam brincando com a sua mente. Ele quase podia sentir o cheiro dos cabelos que parecia imaginar e não ver de fato. Escuridão. Ruivo. Sem parar. Para toda a eternidade.

Mais uma vez Draco acordou suando. Aquilo estava virando uma rotina desagradável. Olhou para si e reparou que usava vestes azul-marinho que não reconhecia. Teriam se passado dias novamente? As cortinas permaneciam fechadas fazendo com que continuasse a ser impossível determinar a hora. Mas ele não iria se desesperar. A qualquer momento Delilah iria entrar e esclarecer essas dúvidas menores. Essas e a grande pergunta: teria ele ficado calado dessa vez?

Draco começou a buscar a melhor maneira de abordar o assunto: impedir-se de pensar em Ginevra por completo ou pensar nela até exaurir todas as lembrança? Escolheu a segunda, até porque não podia se forçar à primeira.

Lembrou-se da primeira vez que ficara trancado sem ter controle da hora que sairia. Tinha sido muito mais agradável. Depois dos dois primeiros dias pelo menos. Só muito tempo depois que vieram a descobrir que haviam virado o ano juntos. A surrealidade da situação que se encontravam, um Malfoy e uma Weasley, acabou impedindo-os de acompanharem o calendário. Sabiam quantos dias faltavam para se livrarem um do outro, mas não perceberam a meia-noite que mudou o ano.

Era estranho pensar na evolução das coisas. O destino tinha métodos incomuns de se fazer concreto. Na verdade, Draco não acreditava em predestinação, mas era mais simples culpá-lo pelo rumo que sua vida tomava. Sete dias, sua perdição.

"Sonhando acordado?" perguntou Delilah.

Draco nem sequer a ouvira entrar. A porta não rangeu dessa vez. Ele a encarou. A morena usava vestes negras de seda e tinha os cabelos curtos presos para trás. Ela pegou uma cadeira e sentou-se perto da cabeceira da cama.

"Gosta de suas vestes? Herança de papai. Fiz alguns pequenos ajustes para lhe servirem melhor. Você só dormiu por 36 horas dessa vez." ela cruzou as pernas e Draco pôde notar a fenda lateral que deu lugar a um alvor em meio à escuridão da seda. Ela tentava provocá-lo, mas ele ainda tinha parte de seus pensamentos em Ginevra que não conseguia sufocar em sua mente.

Ele tentava lê-la. Dada a dureza de suas feições, ela não tinha nada dessa vez. Draco acreditava ter conseguido manter-se quieto e, agora, Delilah aparecera para buscar a informação que não tivera enquanto ele dormia. Ele sabia ter a vantagem e iria aproveitar sua chance.

"Quando você deixou de ser Travers? Papai iria gostar disso?" ele deu ênfase à palavra "papai". Tinha que esforçar-se para manter seu corpo rígido e não passar a ela a impressão de estar perdendo o controle.

"Dashwood é o nome de solteira de minha mãe. Eu não abandono a família, percebe?" os olhos dela faiscaram ao perceberem a pequena contração na mão de Draco. "Não podia ficar com o Travers, infelizmente. É difícil se apresentar com um nome... como é o termo?... 'manchado pelas águas negras que circundam Azkaban'. Você só não fez o mesmo porque tem um rosto mais reconhecível que o meu."

Delilah então se levantou e deixou a sala. Passados cinco minutos, ela retornou com uma garrafa de vinho élfico e duas taças. Com um balanço suave de sua varinha, Draco viu-se amarrado pelo torso e com as mãos livres.

Olhando para seus pulsos, viu a marca das cordas e uma pequena linha branca. Esta resultado do ferimento que se causara o qual Delilah não havia curado totalmente. Começou a movimentar as mãos, que estalaram algumas vezes.

"Brinque direitinho." aconselhou ela, levitando uma taça cheia até ele. "Caso contrário..." Ela indicou a varinha e voltou a sentar-se, também se servindo de vinho. "Agora conte-me: o que achou da minha encenação em seu cubículo no Ministério? Venho colocando pequenas contradições em meus relatórios há meses. Você deveria ser demitido. Faz um péssimo trabalho." Ela deu um gole displicentemente.

"Tudo premeditado. Isso deveria me impressionar?" perguntou, mantendo a taça a uma distância segura de seus lábios.

"Não. É para fazer com que se sinta tolo." disse, soltando uma risada fina e baixa.

"Muito trabalho e um objetivo pequeno, não acha? Quer dizer, você quer me punir por ter ficado solto, claro. Mas Veritaserum não pune ninguém." Mandando a cautela às favas, ele virou todo o conteúdo da taça. Já havia resistido ao que quer que estivesse ingerindo uma vez.

"Descobriu sobre a poção sozinho? Nossa, estou orgulhosa." Ela voltou, a pedido dele, a encher a taça do loiro. "O Veritaserum não te pune diretamente, mas me dá o que é necessário para fazê-lo."

"É uma pena, então, que eu tenha descoberto e seja capaz de resistir. Parei de falar sobre a Weasley, não foi? Daí o delicioso vinho que você está gentilmente me servindo." A conversa toda era tida como que entre velhos amigos falando banalidades.

"Acha que eu queria informações sobre sua namoradinha?" Ela gargalhou com tal hipótese. "Você está realmente obcecado por ela. Apesar de ser uma informação de relativa utilidade, e tive que tirá-la de você à procura de algo para provocá-lo, tenho um objetivo maior... Pode pensar nisso da próxima vez que acordar." Ela se levantou, tirou-lhe a taça da mão e deixou o quarto, Dez segundos depois, Draco caiu no sono.

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Pela primeira vez desde que chegara ali, Draco dormira em sono sem sonhos, Acordou lentamente, abrindo os olhos e encarando o teto por quinze segundos antes de conseguir focalizá-lo propriamente. Estava novamente com as mãos atadas, mas sentia-se apenas meio consciente de seu corpo.

"Bom dia." disse a voz de Delilah que estava fora do campo de visão do loiro. Ele pôde ouvir um livro sendo fechado e largado no chão. E então ela fez-se presente, sentando-se na cama a seu lado.

"Nem me deixa mais sozinho? Seus dotes em Poções estão deixando a desejar?" provocou ele, tentando ajeitar o corpo na posição mais digna que conseguia e clarear sua mente.

"Você está ficando teimoso..." falou ela, entrelaçando seus dedos nos cabelos loiros dele para depois puxar sua cabeça com força para trás. "Não quer mais gritar o nome dela? Não sente mais sua falta? Não sonha mais com o sangue dela na parede?"

Delilah tirou das vestes uma mecha considerável de cabelo ruivo. Draco dizia silenciosamente a si mesmo que não era o que ele achava. Ele não acreditava no suposto suicídio de Ginny. "Mantenha-se forte", pensou sabendo que o que sentia não eram efeitos da poção do sono.

Ele conseguiu se controlar enquanto a morena brincava com a mecha. Porém ela pareceu se entediar com aquilo e começou a passar os cabelos vermelhos pela face de Draco. Ao ter a mecha em seus lábios, foi quando ele pôde sentir o perfume. E seus olhos o delataram.

"Você não a fez de tola!" vociferou ele, sentindo sua cabeça girar. "Travers não têm esse poder. Seu pai tentou. Onde está ele agora?"

"É mesmo? Bem, ele está no mesmo lugar que sua..." ela parou subitamente assimilando o sentido das palavras dele e juntando a um longínquo boato que cercou a morte de seu pai.

A mente de Draco finalmente passou a funcionar harmoniosamente e ele percebeu o que fizera. Se chamar Ginevra enquanto dormia não tinha trazido problemas a ela, agora não queria nem imaginar o que poderia acontecer.

"Deixe-me contar-lhe uma coisa, Draco. Nos primeiros trinta segundos, tudo é ótimo, e no restante do minuto contemplamos a forma pela qual superamos as coisas. Mas então os problemas aparecem. É sempre assim... É a história do Segundo Minuto. Se você achou que estava se saindo bem resistindo a minhas investidas, agora vai poder vivenciar essa pequena anedota."