Capítulo II

Na manhã seguinte, a misteriosa explosão no quartel-general da G.U.N. Army é o tema em todos os jornais nacionais.

Ao mesmo tempo que esta notícia circula por todo o lado, na região de Mystic Ruins a calma e a serenidade reinam em abundância completa. Esta região é muito apreciada por arqueólogos de todo o mundo pois bem no interior da sua imensa floresta composta sobretudo por árvores de folha persistente como pinheiros, carvalhos e gigantescas sequóias que se encontram as misteriosas ruínas equidnas que segundo alguns dos maiores arqueólogos deste planeta são provavelmente a resposta para o grande mistério que é o súbito desaparecimento da raça equidna da face da Terra nos tempos distantes da Antiguidade. Porém, não são só os arqueólogos que admiram e veneram esta vasta região, pois muitos turistas gostam de a explorar e de descobrir os seus imensos segredos. É no meio da pequena planície que fica logo no início Mystic Ruins mal se chega de comboio a qual é rodeada por uma enorme montanha, que se encontra um dos maiores heróis mundiais, Sonic the hedgehog. Este está sentado à sombra de um enorme carvalho, segurando o "Diário de Station Square" onde se via em letras enormes o seguinte título: "Gigante militar de betão ferido em batalha", fazendo referência à explosão da noite passada, apresentando uma fotografia do complexo donde se via o fumo negro a sair da "abertura" que se tinha formado na estrutura.

"Deu-se uma explosão de pequena magnitude no novo quartel-general da famosa G.U.N. Army que se localiza a 10 Km da cidade de Station Square. Não existem feridos, embora os prejuízos estruturais e materiais sejam um pouco grandes, pois a explosão destruiu uma pequena parte da fachada sul e da fachada oeste do edifício principal. Os responsáveis pela comissão de gestão de recursos humanos da G.U.N. apresentaram numa conferência de imprensa as razões pelas quais a explosão se deu. Segundo as investigações provou-se que a explosão de uma válvula de gás foi a responsável pelo incidente.". Isso de certeza que é treta. Aposto tudo aquilo que tenho que alguma coisa se deu lá dentro e que eles arranjaram essa desculpa de mau pagador para evitarem não só o pânico mas também a humilhação que seria se toda a gente soubesse que alguma arma que estava no seu interior tinha explodido e que eles não tinham tomado medidas para isso não acontecer. - disse o ouriço azul ao mesmo tempo que dobrava o jornal e o metia ao seu lado.

Subitamente, o seu velho amigo Miles Prower mais conhecido como Tails aparece. Este vinha com um lenço limpando todas as manchas de óleo que tinha na cara e no resto do corpo, pois tinha estado a mexer nalgum motor ou então nalgum engenho mecânico. Tails e Sonic conheciam-se há já muito tempo. O dia em que se conheceram foi talvez um dos mais importantes nas vidas de ambos. Foi num dia de Verão quando o sol brilhava com uma intensidade que ainda não tinha sido vista naquele ano. Sonic andava a fazer uns sprints por Emerald Hill (pequena região na ilha Esmeralda) quando por acaso se cruza com o seu grande inimigo, o Dr. Eggman. Este preparava-se para usar o seu diabólico engenho de robotização, o Robotizador em mais uma vítima. Essa vítima era Tails, o qual estava aterrorizado de medo, pois os seus pais tinham sido robotizados e ele era o próximo na lista. Vendo isto, Sonic corre de encontro a Tails desviando-o do caminho, rebentando em seguida com o Robotizador e catapultando o malvado cientista para fora dali. Assim que o perigo se desvaneceu Sonic viu que o pequeno Tails tinha ficado órfão e decide adoptá-lo. Muitos anos passaram desde desse episódio, mas isso não impediu que estes dois se tornassem amigos do peito, e que Sonic considerasse Tails um irmão mais novo que nunca teve. Chegando ao pé de Sonic, Tails senta-se e diz:

Então, o que é que se passa?

Nada, Tails. Não se passa nada de interessante, esse é o problema. Está tudo parado! Não há nenhuma ameaça para impedir, até o Eggman tem estado parado desde o ataque do Metal Sonic. Eu preciso de alguma diversão, de algum movimento… enfim, algo que me dê que fazer por uns tempos.

Ouve, eu sei que tu não és propriamente o tipo mais virado para a leitura, mas porque é que não vais até à biblioteca municipal de Station Square e não lês algum livro? Existem lá milhões de livros, dos quais alguns são bastante valiosos e raros. Aposto que com o teu estatuto de herói mundial as bibliotecárias até te deixam ler alguns dos volumes que estão nas prateleiras especiais. - aconselhou-lhe o Tails ao mesmo tempo que dava umas palmadinhas nas costas do amigo para o animar.

Não me parece. Tal qual como tu disseste eu não sou propriamente virado para a literatura, mas obrigado pela sugestão na mesma.

De repente, deu-lhes a impressão de que uma espécie de vulto amarelo lhes tinha passado à frente dos olhos. Olharam para os lados para verem o que é que lhes tinha passado à frente, porém não viram nada à primeira vista. Mas olharam melhor e à sua esquerda estava uma figura de pele amarela. Era um ouriço. Este tal como Sonic usava luvas brancas e sapatos de corrida, mas ao contrário do Sonic os seus sapatos eram brancos com uma lista vermelha. Possuía olhos azuis e no seu braço esquerdo via-se uma espécie de tatuagem negra. Não ficou ali mais do que uns três segundos arrancando como se fosse um relâmpago amarelo.

Mas o que é que era aquilo?

Não é o quê, Sonic, mas sim quem.

Tens razão amigo, e eu vou descobrir quem é que ele é na realidade. Vens comigo? - perguntou o Sonic, enquanto se levantava do chão.

Podes crer que sim. Vamos!

Mal o Tails concordou em seguir o misterioso ouriço amarelo que se tinha cruzado à sua frente, Sonic arranca a toda a velocidade em direcção ao caminho que a misteriosa figura tinha seguido, fazendo Tails apressar o passo de corrida para o apanhar. Correndo o mais depressa possível, os dois amigos viam-se em algumas dificuldades para encontrar o enigmático ser que tinham visto há alguns minutos atrás. A paisagem parecia mexer-se à medida que eles corriam, provocando o efeito de miragem espontânea o qual consistia em que uma imagem real desaparecesse da vista humana em tempo recorde. O caminho por onde seguiam era um pouco estreito tendo os dois amigos corrido através do pouco espaço que existia com todas as precauções, pois se não tivessem o cuidado de verem por onde iam, acabariam mais cedo ou mais tarde por rasparem algum membro do corpo nas paredes íngremes do caminho que atravessava a montanha. Correram quase quinze minutos sem verem alguma coisa que indicasse que ele estaria por perto. Após esse tempo, eles os dois saem do caminho onde andavam, surgindo-lhe uma praia à frente dos seus olhos. A areia desta era dourada e reluzia quando os raios de sol embatiam nela. Dispersos pela praia existiam vários rochedos, alguns deles enormes com vinte a trinta metros de altura. A água límpida e azul empurrava a espuma branca pela areia molhada criando por vezes o que pareciam ser umas imagens doidas dos mais variados objectos. Ao longo da praia, palmeiras "floresciam" aos olhos de todos os que por ali andassem. Parecia não haver vivalma naquele sítio. Todavia, após terem andado uns bons cinquenta ou sessenta metros, avistam o misterioso ouriço amarelo. Este estava a praticar uma espécie de arte marcial que era desconhecida tanto pelo Sonic como pelo Tails. Escondendo-se atrás de um dos muitos rochedos que existiam por perto, eles os dois limitaram-se a observar a tal criatura.

O que é que fazemos, Sonic?

Acalma-te Tails. Eu tenho um plano, tratamos de nos aproximar dele, muito devagar e logo que virmos se ele é ou não é perigoso, apresentamo-nos.

Seguindo o plano à risca, eles os dois mexiam-se com uma lentidão enorme. O tempo que tinha passado era relativamente muito pouco, mas parecera-lhes uma autêntica eternidade. Escondendo-se atrás de uma duna de areia, observaram o forasteiro atentamente. Este parecia nem sequer ter dado conta que estava a ser observado, continuando a fazer os exercícios estranhos que tinha começado havia já alguns minutos. O Sonic vendo que esse tipo parecia ser de confiança, salta para a frente da duna e encosta-se a uma palmeira.

Tu moves-te bem depressa, meu bom amigo! - exclamou ele para o desconhecido.

Tu também não te safas mesmo nada mal no ramo da espionagem, embora devesses ter mais cuidado com o facto de não seguires as pessoas tão de perto. - disse o forasteiro sem parar de se exercitar.

Há quanto tempo é que tu sabes que estavas a ser seguido?

Há já quase vinte e cinco minutos. Tu supostamente deves ser o famoso ouriço azul Sonic, o "Relâmpago Azul" se me permites...

Vejo que sabes quem eu sou, porém eu e o meu amigo Tails não fazemos a mais pequena ideia de quem tu és. - afirmou o ouriço azul enquanto fazia sinal ao Tails para aparecer.

Bom, em primeiro lugar o meu nome é George... George the hedgehog. E segundo é um prazer conhecer tão grandes heróis. - disse ele, parando por uns momentos para descansar.

O prazer é mútuo. Mas curiosamente como é que nunca ouvimos falar de ti, quer dizer, se estivesses por aqui, já te teríamos visto. - perguntou o Tails intrigado.

Bem, isso é porque eu não sou de cá. Venho do país mais quente e mais lindo do mundo, a Austrália. Vivi todo este tempo no meio do deserto australiano, embora tivesse de me pirar de lá pois já não é seguro para mim aquele sítio.

Porquê? Não nos vais dizer que tens algum cientista doido atrás de ti, pronto para te fazer em carne picada, pois não?

Não, Tails, simplesmente tive de sair de lá porque a caça ao ouriço foi declarada na Austrália. Uns grupos de caçadores andavam a tentar caçar-me para me transformarem num par de botas ou então num colete todo janota.

A conversa com o George revelou ao Sonic e ao Tails que poderiam existir outros ouriços no mundo, pois se existia um ouriço amarelo na Austrália poderiam existir mais ouriços por todo o mundo. A termos de personalidade, tanto o Sonic como o George eram muito parecidos, não gostavam de esperar, tinham sempre pressa para irem a todo o lado e partilhavam o mesmo gosto por cachorros quentes com muito chili picante por cima.

Não me leves a mal, mas ainda não me disseste o significado dessa tatuagem no teu braço esquerdo. O que é que esse símbolo significa? - perguntou o Sonic apontando para a tatuagem que era uma esfera rodeada por uma espécie de aura que estava quebrada pelo o que parecia um relâmpago.

Bem, esta tatuagem é um símbolo aborígene. Os aborígenes crêem que o bem e o mal têm de coexistir num só através de um equilíbrio estável no nosso mundo. A esfera é o nosso mundo, enquanto a aura é o bem e o relâmpago é o mal. Estão unidos para que o equilíbrio exista.

Uma teoria interessante sem dúvida, nós aqui no mundo ocidental também temos a crença de que o bem e o mal têm de existir num equilíbrio estável, tipo Yin e Yang.

O Tails sabe o que diz, cola-te a ele e ele bombardeia-te com todo o tipo de teorias malucas sobre antiguidades, lendas e projectos de robótica. Já agora, há quanto tempo é que estás cá, meu?

Há cerca de uma semana, cheguei como um passageiro clandestino num cargueiro australiano que fazia escala num porto aqui perto. Decidi que Station Square era uma boa cidade para assentar, e decerto deve ser, ainda não estive na cidade mas pelo o que ouvi nas notícias quando vocês salvaram o mundo deve ser uma cidade e pêras.

E nem tu sabes quanto isso é verdade. Já sei, eu ia para Station Square lá mais para a tarde, mas se quiseres, posso ir já e ser o teu guia pela cidade.

Bem, se tu vais Sonic então eu também vos acompanho, afinal não tenho nada que fazer na minha oficina. Aproveito e vou às compras, é que preciso de umas peças para uma nova invenção minha.

Fixe, vocês fazem isso mesmo por mim?

Claro que sim, aliás teremos todo o prazer de sermos os teus guias. O próximo comboio só parte daqui a uns quarenta minutos, portanto temos mais que tempo suficiente para lá chegarmos. - disse o Tails, ao mesmo tempo que consultava o relógio.