Capítulo IX
Embarcando numa nave do Dr. Eggman, eles deixam a fortaleza do cientista em direcção à cidade. A nave tinha a forma de um grande falcão metálico. O nariz da nave tinha um pormenor que despertou a curiosidade deles todos, a parte debaixo do nariz em vez de estar coberta de aço como o resto da nave era toda feita de janelas vidradas. Nas asas o símbolo do Dr. Eggman brilhava ao sabor da luz da Lua como se fosse feito de diamantes lapidados.
Eram cerca de duas da manhã quando a nave do Dr. Eggman pousa no enorme parque de estacionamento que existia mesmo em frente da biblioteca. A nave tinha ficado mesmo à conta da nave no parque que estava completamente deserto àquela hora da noite. Abrindo-se a porta que dava para o exterior, todos eles desembarcam ficando frente a frente com o edifício que tanto lhes despertou curiosidade devido a um pedaço de papel deixado para trás pelo seu mais recente inimigo. A biblioteca era um edifício de três andares que se localizava num espaço aberto da cidade onde uma gigantesca rasgava a cidade de ponta a ponta. A sua fachada branca era muito parecida com um templo grego. Um enorme triângulo segurado por dez colunas de ordem jónica juntamente com uma escadaria de vinte degraus faziam aquilo parecer saído de um conto de fadas se tivéssemos em conta que, o resto dos prédios à sua volta eram todos de arquitectura contemporânea. Luzes amarelas brilhavam nas janelas do edifício dando-lhes a confirmação que a biblioteca estava aberta. Aproximando-se da porta de entrada reparam numa pequena placa de metal onde se lia: "Biblioteca Theodore Roosevelt. Aberta 24 horas por dia.". A porta era de madeira negra da melhor qualidade. Nela estavam esculpidas imagens de anjos que sobrevoavam o Paraíso e demónios que povoavam o Inferno. Ao entrarem contemplaram uma das mais belas bibliotecas do mundo. O chão de ladrilhos negros brilhava com o reflexo das luzes dos candeeiros que estavam acesos. Pelos três andares, dispostos em enormes estantes esculpidas com motivos florais na parte superior estavam arrumados milhares senão milhões de livros que iam desde livros de poesia até guias de viagem passando por registos financeiros da Câmara Municipal e por enciclopédias de todos os temas. No tecto via-se uma monumental cúpula vidrada onde a mística Lua contemplava os comuns mortais. Em seu redor frescos da autoria dos mais conceituados pintores mundiais dos anos 60 embelezavam ainda mais o espaço que era aquela biblioteca. Uma coisa curiosa daquele edifício é que foi um dos poucos lugares de Station Square que não foi destruído ou geralmente danificado durante o ataque do Perfect Chaos. Mal entraram viram que não estava ninguém lá dentro a não ser a bibliotecária de serviço. Esta era uma rapariga dos seus trinta anos, morena, olhos verdes, lábios finos e com uma estatura média. Vestia uma blusa branca e uma mini-saia verde erva e calçava uns sapatos de salto alto da mesma cor da mini-saia. Ao ver os heróis e vilões a entrarem pela porta levantou-se da cadeira em que estava sentada, dá um salto por cima do balcão da recepção e vem recebê-los.
Muito boa noite, em que posso ajudar tão distintas personalidades numa noite tão calma como esta? - perguntou ela um pouco atrapalhada pois não esperava ver ninguém àquela hora muito menos os heróis e vilões mais famosos daquela cidade.
Precisamos de confirmar se existe um livro com um código que está escrito num papel que possuímos com o vosso carimbo e consultá-lo em seguida. - respondeu o Omega sempre com a sua voz de ser superior.
E gostaríamos de não ser interrompidos por ninguém. - afirmou o Sonic.
Com certeza, senhor Sonic. Façam favor de me seguir, conheço o sítio perfeito onde se podem instalar sem correrem o risco de serem interrompidos. - disse ela fazendo-lhes sinal.
Atravessando o enorme hall da biblioteca, a bibliotecária vira à esquerda metendo-se por um corredor semelhantemente decorado à imagem da fachada do próprio edifício, sempre com aquele incomum grupo atrás de si. Uma passadeira vermelha parecida com tantas outras que eles já tinham pisado em entregas de honras e condecorações por salvamento do mundo cobria o chão. Virando novamente à esquerda subiram um lance de escadas até ao segundo andar. Já lá em cima continuam por um corredor, o qual ia dar a uma porta dourada.
Abrindo essa porta, é revelada uma lindíssima sala de estar rectangular que mais parecia a sala de reunião de um clube privado da alta sociedade. O chão era alcatifado com uma carpete onde estava desenhado o brasão da cidade. Existia uma lareira de pedra negra no meio da parede que ficava de frente para a porta de entrada. Nas paredes pintadas a castanho pálido e "forradas" até meia altura com madeira cor de avelã envernizada existiam entre outras coisas quadros de vários artistas do Surrealismo como Dali e Miro, do Fauvismo como Matisse, e do Pós-Impressionismo como Van Gogh e Cézanne, brasões de armas e bandeiras da cidade de Station Square (a qual era uma imagem de vários arranha-céus pretos unidos com as iniciais do nome da cidade "SS" dentro de uma esfera azul com dois floretes dourados cruzados sob um fundo branco com um quadrado negro invertido. No tecto branco ligou-se um candeeiro negro de forma circunferencial com lâmpadas de intensidade média que iluminou a sala inteira. Do lado esquerdo da sala existia uma varanda que estava fechada com portas vidradas, por onde trespassavam os raios de Lua e as luzes dos candeeiros de rua. No centro da sala existia uma mesa rectangular envernizada, onde estavam dispostos três castiçais prateados de cinco braços com ar já antigo. Esses tinham velas vermelhas com cerca trinta centímetros de altura que os adornavam. À volta da mesa existiam vinte poltronas acolchoadas e forrados a veludo vermelho no corpo e negro nos braços, que tornavam aquela uma das salas reservadas mais belas onde já tinham estado.
Instalando-se nas confortáveis poltronas, eles todos preparavam as coisas para começarem a pesquisa. Todas as poltronas tinham sido ocupadas, à excepção de três. Uma vez que instalados, a bibliotecária perguntou-lhes:
Precisam de mais alguma coisa?
Só ajuda para encontrarmos o livro com o código que está neste papel. - respondeu o Knuckles.
Dando o papel à bibliotecária, esta pareceu-lhes saber qual era o livro que tinha aquele código. Deixando os óculos que estavam seguros por um fio ela diz pausadamente:
Já sei qual é a secção onde está o livro que procuram. Eu trago-o já.
Espere! Eu vou consigo. - disse a Amy levantando-se da sua poltrona.
Eu também vou! - exclamou Feline saindo disparada da sua poltrona em direcção à porta.
Há medida que as três figuras femininas desapareciam na direcção das escadas, Big não conseguia tirar os olhos da porta como se esperasse eternamente por algo que nunca viria. George vendo o velho amigo um pouco melancólico pediu a Violette para mudar de lugar com ele, de modo a que ficasse perto de Big. Sentando-se no seu novo lugar George tenta fazer conversa com o grande gato roxo.
Então, o que é que se passa contigo?
Não sei o que fazer, George. Acho que estou apaixonado.
Por quem, pela Feline?
Sim, eu gosto mesmo dela. Ela é linda como uma princesa de um conto de fadas. Adoro a maneira como ela anda, a maneira como ela se penteia com a mão direita… enfim, a maneira dela ser. E para variar não sei como é que hei de lhe pedir para vir ao cinema comigo. Até acho que ela acha o pobre do Froggy estúpido e pensa que eu sou um cretino. - afirmou ele enquanto fazia festas ao Froggy.
Ouve lá, como é que tu queres pedir a uma miúda que saia contigo se já estás para aí a dizer que ela não gosta do Froggy e que possivelmente nem gosta de ti? Tu tens de ser forte, tens de ter confiança em ti próprio. A primeira coisa que tens de fazer é arranjar coragem e depois deixa tudo ir para a frente, que logo se verá. - aconselhou o George.
Noutra ponta da sala o Sonic e o Tails discutiam um tema para que todos queriam resposta.
Diz-me uma coisa, Tails. Quais são as possibilidades das novas "Formas de Vida Supremas" serem tão fortes ou ainda mais que o Frost?
As possibilidades são quase infinitas, Sonic. Se o que ele disse sobre aquela máquina que o Professor Gerald criou for verdade, então acho que temos o caldo entornado, se é que me compreendes. O Frost provou ser drasticamente mais poderoso que nós todos, incluindo o Shadow e o Metallik que é um modelo ligeiramente avançado do nosso antigo nemesis. A pequena demonstração dos seus poderes de gelo, de levitação e a sua aparente capacidade de conseguir utilizar o Chaos Control sem precisar de uma Chaos Emerald é fenomenal. Se os novos modelos possuírem esse tipo de poderes e ainda mais alguns, então as coisas vão ficar imensamente pretas para o nosso lado.
Noutra ponta da biblioteca a Amy e a Feline andavam a seguir a bibliotecária que os tinha ajudado a instalar-se para resolverem o mistério do livro com o número 316259147. Atravessando corredores cada vez mais estreitos entre as estantes, depressa concluíram que aquilo ali dentro era um autêntico labirinto. Há medida que avançavam, viam nas estantes livros de todas as cores e tamanhos arrumados por ordem numérica. Se não tivessem a ajuda da simpática bibliotecária as duas raparigas ficariam ali perdidas durante dias como se fossem ratos num labirinto. Os ecos dos seus passos ouviam-se à medida que avançavam. Subitamente a bibliotecária pára em frente de uma das estantes. Nesta estante estavam arrumados enormes livros de quinhentas e seiscentas páginas, senão ainda mais, todos de capa dura azul. Na parte debaixo das capas estavam os números de arquivo ao qual um deles pertencia o número 316259147. Retirando-o da prateleira viram de imediato que era um livro de registos de contabilidade.
Mas o que é que isto tem a ver com o Frost? Isto é um livro de contabilidade, a menos que o "bloco de gelo" esteja a estudar para contabilidade, isto não tem interesse nenhum! - exclamou a Amy irada.
E o pior de tudo é que ainda por cima tem uma fechadura, portanto não podemos ver o que tem escrito.
Isso ainda é o menos, Feline... espera lá, isto é oco cá por dentro. Alguma coisa está cá dentro a abanar!
Percebendo que aquele livro não era tão ridículo quanto parecia a princípio, as duas raparigas voltam a correr para a sala onde se tinham acomodado todos. Ao entrarem vêem que o ambiente estava um pouco mais animado do que quando elas se foram embora, pois o George apetecia-lhe ouvir música e o Omega decidiu fazer-lhe a vontade e ligou o rádio na estação de rádio mais famosa e animada daquela cidade a "Lightning Speed Radio".
Então o que é que se passa, meninas? - perguntou o Dr. Eggman ao mesmo tempo que estalava os dedos ao ritmo da música que estava a passar.
Este é o livro que tinha a referência numeral que estava escrita no papel que encontrámos e parece-nos que é oco lá por dentro pois tem algo a chocalhar no seu interior. Para vermos o que é, é necessário abrir uma fechadura. - respondeu a Feline apontando para a fechadura que existia.
Deixem isso aqui comigo! Sou o melhor ladrão e arrombador de cofres de bancos do mundo, isso para mim é canja. - argumentou o Black esfregando as mãos e ajeitando os óculos de sol.
Ao ver o tipo de fechadura disse que não demorava sequer dez segundos a abrir. Tirando de um dos bolsos dois alfinetes e um gancho para o cabelo, este insere-os logo de seguida no buraco da fechadura, mexendo-os de um lado para o outro. Ainda não tinha começado a mexer na fechadura quando se ouviu um "click" querendo dizer que estava aberto. Ao abrirem-no vêem que no seu interior estava um livro mais pequeno. Surpreendidos com tal descoberta ficam ainda mais surpreendidos quando vêem a assinatura do seu dono, pois a assinatura pertencia a...
Professor Gerald Robotnik! Isto é o diário escrito dele! – gritou Shadow em alto e bom som.
