Capítulo XI
Enquanto esta cena de despedida se dava na biblioteca onde o Sonic e o resto do grupo se tinham juntado para solucionar um complexo mistério, pois embora este último não lhes tenha sido proposto, eles não tinham outra opção senão tentar resolvê-lo, pois o destino do planeta estava nas suas mãos, do outro lado da cidade, para ser mais exacto na parte nordeste, a qual era conhecida pelos seus bairros degradados onde já quase só vivia gente considerada escumalha, nomeadamente rufias, drogados, gangs de arruaceiros, entre muitos outros, ouvia-se a voz de um homem aos berros com algo ou alguém. A voz provinha de um dos incontáveis prédios degradados que existiam. A voz era a de um homem baixo, gordo, quase careca e que vestia uma camisola às riscas vermelhas e brancas horrível, a qual era ainda pior que as calças de ganga preta todas sujas que este usava. Este homem era o dono do prédio n.º 49 da rua Pine Wallet, e também o senhorio de Vector, Espio e Charmy que tinham ali o seu escritório instalado, e pelo rumo que as coisas estavam a levar o desfecho não seria dos melhores.
Eu não quero saber o que é que vocês pensam que isto é, vocês estão-me a dever a renda desde há dois meses, suas aberrações! E eu quero o diabo do meu dinheiro, ouviram!
Pagar-lhe! Você quer que nós lhe paguemos 400 dólares por mês! Esta espelunca aqui nem vale 10 cêntimos de renda! As brechas nas paredes são maiores que o Grand Canyon, o chão está a levantar todo, o aquecimento central e o ar condicionado não funcionam, a fechadura da porta tivemos de ser a nós a substituí-la e o pior de tudo é que as paredes são tão finas que ouvimos tudo o que os vizinhos do quinto andar dizem! - gritou o Vector com uma vontade enorme de comer aquele ser obeso que estava à sua frente.
Eu não quero saber disso, vocês devem-me dinheiro e eu quero-o aqui e agora! Porque senão mo entregarem vocês vão todos ter de responder em frente do meu advogado!
Nós não te damos dinheiro nenhum, ouviste-nos? -perguntou o Espio.
O que é que tu estás para aí a dizer, comedor de insectos nojento!
ESTAMOS A DIZER QUE NÃO TE DAMOS NADA, SEU VERME INCOMPETENTE! AGORA SAI DAQUI ANTES QUE EU TE ENGULA COM ROUPA E TUDO! - gritou o Vector furioso ao mesmo tempo que fingia que ia devorar o senhorio.
Vendo e ouvindo as ameaças que o grande crocodilo lhe cuspiu para a cara, o pequeno homem desatou dali a fugir mais rápido que uma chita com medo que as ameaças de Vector se cumprissem. Fechando a porta atrás de si, Vector, Espio e Charmy voltaram para dentro do escritório. Este era composto por duas salas. Aquela que se via logo que entrávamos era a sala de espera (pois, como bons detectives têm de ter um escritório que se diga dos melhores da cidade, por mais degradado que o prédio fosse). Esta aqui era um rectângulo com vinte metros quadrados. O seu chão era de madeira e tal como o Vector tinha referido estava a levantar todo. A única coisa que conseguia disfarçar esse facto era o tapete verde relva que o cobria. As paredes eram brancas e estavam cheias de rachas, assim como o tecto. Existiam dois sofás castanhos, colocados um à frente do outro, os quais eram separados por uma mesa de madeira com uns setenta centímetros de altura onde estavam pousadas imensas revistas de literatura e de fofocas, sem contar com algumas revistas de banda-desenhada, todas elas desarrumadas, umas em cima das outras. Nos cantos, existiam umas plantas em vasos de barro pintados à mão, que davam um ambiente mais colorido à sala. Separada por duas portas que se abriam para os lados estava a sala que fazia de escritório dos Chaotix. As paredes eram também de uma cor branco sujo todas cheias de rachas. No tecto uma ventoinha castanha girava sem parar, refrescando a sala. O seu chão era também de madeira toda ela levantada. No meio da sala existia uma secretária de madeira, a qual estava atafulhada de papéis, e atrás dela existia um quadro de afixamentos onde estavam afixados papéis referentes a contas a pagar ou pequenos papéis com algo escrito neles que eram referentes a tarefas por fazer. À sua frente existiam duas poltronas de couro já meio rasgadas dos lados. Espalhadas pela sala inteira existiam várias caixas de cartão que continham um pouco de tudo desde papéis referentes a casos antigos a tralha que eles já não utilizavam ou então pensavam que não iriam mais usar. No canto esquerdo, mesmo ao lado de uma das poltronas existia um bebedouro e no outro um cacifo de duas portas cinzento. Finalmente, a única janela que aquele escritório inteiro possuía situava-se na parede direita da sala quando se entra. Esta tinha o estore de varas puxado para baixo, impedindo os raios esplendorosos e ardentes do Sol de entrarem no escritório.
Sentando-se na sua poltrona, Vector dá um enorme suspiro para o ar, e diz:
As coisas vão mal, rapazes. Aquele tipo mais dia, menos dia mete-nos na rua. E o pior é que depois não temos sítio nenhum para onde ir.
Pelo menos conseguiste assustá-lo durante mais uns tempos. Espero que da próxima vez ele reaja da mesma maneira que reagiu hoje. - afirmou o Espio com uma voz altamente séria.
Temos de esperar que venham melhores dias para a investigação! - exclamou o Charmy fazendo loopings e mais loopings, enquanto voava pelo ar.
Pois, quem me dera a mim que nos caísse aqui e agora mesmo um valente caso para nós resolvermos, não só para podermos sair desta espelunca ou então pagar as rendas atrasadas, mas também para nos divertirmos um pouco. - afirmou o Vector com um ar sentimental, lembrando-se dos grandes casos que eles os três tinham solucionado ao longo daqueles anos todos.
Nesse caso, acho que tenho a resposta às tuas preces, Vector, meu velho amigo. - disse uma voz.
Abrindo a porta devagar, Knuckles e Johnny aparecem à frente dos três membros Chaotix, ambos com um sorriso de orelha a orelha deixando-os muito surpreendidos pois não estavam à espera de ver Knuckles e muito menos uma personagem que parecia a junção de Sonic com o seu amigo "cabeça-dura" e que nunca tinham visto mais gordo.
Então Knuckles, o que é que estás aqui a fazer e quem é esse aí? - perguntou o Charmy-bee todo extasiado.
É tudo uma longa história, mas esperem lá que eu já vos conto tudo. - disse ele sentando-se numa das poltronas que existiam na sala.
Instalando-se numa das poltronas, Knuckles começa a contar tudo o que se passou... que a Master Emerald estava desfeita em pedaços e que a culpa era de um ouriço de gelo chamado Frost, the ice hedgehog e que este dizia ser o protótipo final da "Forma de Vida Suprema". Quanto ao Johnny, Knuckles explicou-lhes que ele era uma antiga criação do Eggman que ele pensava ter desaparecido do face da Terra, mas que afinal estava vivo e que o estava a ajudar na tarefa de encontrar os pedaços da Master Emerald.
Então, esse é o tipo que congelou o Sports Colosseum? Bem nos pareceu que aquilo tinha a mão do Eggman. - afirmou o Espio.
Aí é que tu te enganas, o Eggman não teve nada a ver com isso. Para dizer a verdade ele até nos está a ajudar. Na realidade, ele tinha um protótipo ligeiramente mais avançado do Shadow mas o seu nome é Metallik e não teve nada a ver com esse ataque! - exclamou o Johnny.
Então quem é que comanda esse ouriço?
Não sabemos quem é que o comanda, esse é realmente um dos mistérios que teremos descobrir a resposta quando pararmos aquela criatura, Vector.
Mas então porque é que vieram aqui?
Bem, Espio a resposta é simples, nós queremos que vocês encontrem as sete Chaos Emeralds antes do Frost, porque ele tem uma máquina que cria novas Formas de Vida Supremas tal como ele, e essa máquina trabalha com a energia das esmeraldas. São capazes de fazer esse favor?
Está bem, Knuckles. Nós fazemos isso mas é claro que isso vai ser um pouco caro e é claro que se enfrentarmos aquela aberração gelada isso vai ser mais um extra, não me levem a mal mas precisamos de pagar as contas, sabem.
Desculpa dizer-te Charmy, mas o destino do mundo está nas nossas mãos, porque o exército não consegue lidar com essa criatura e tu só pensas em dinheiro!
Lamento imenso, Knuckles, mas temos mesmo de pagar as contas, o senhorio quer nos pôr na rua e o pior é que há quase três semanas que não temos TV por cabo. - argumentou o Vector.
Temos muita pena Vector, mas nós não podemos pagar-vos. Terão de fazer isso de borla. Quem sabe, talvez vos ofereçam uma gorda recompensa por ajudarem a salvar o mundo no fim disto tudo?
Se calhar aí o teu amigo tem razão, Knuckles. Muito bem, deixem tudo connosco. - disse o Vector.
Muito bem. Se aqui já está tudo resolvido nós vamos voltar à nossa busca pelos pedaços da Master Emerald. Vemo-nos mais tarde, amigos!
Após o Knuckles e o Johnny terem ido embora, os três detectives prepararam-se com o indispensável para uma investigação daquela magnitude, pois tentar encontrar as sete Chaos Emeralds não era tarefa fácil. Vasculhando as caixas de cartão que existiam espalhadas naquela divisão, eles os três procuravam algumas coisas que necessitavam.
Muito bem... vamos lá ver, walkman, CDs de hip-hop e rap, óculos de sol, tenho tudo. - afirmou o Vector.
Shuriken gigante, shurikens pequenos, matracas, correntes, adagas, está tudo. "Que o poder Ninja nos guie pelo Vale da Morte com a sua sabedoria!"
Doces, gomas, chocolates, também tenho tudo o que preciso comigo. - disse Charmy metendo os itens que precisava dentro de um saco.
Porém, quando estavam prestes a sair ouvem um barulho esquisito que se assemelhava a um ranger de dentes misturado com um disco de vinil todo riscado. Virando-se para trás tentaram ver o que é que provocava aquele estranho barulho. Remexendo na secretária e quase que atirando os papéis que estavam em cima dessa, Vector depressa concluiu que o sonho não provinha dali. Espio procurou dentro das caixas de cartão vasculhando tudo, mas também não encontrou nada que estivesse a fazer aquele barulho, e esse mesmo continuava a aumentar de volume, a cada minuto que passava. Lá por fim, Charmy abriu os cacifos e de lá saiu o barulho que eles estavam a ouvir multiplicado por três, o que provava que era de lá que ele vinha. Tirando a tralha de lá dentro quase a pontapé, finalmente descobriram que o barulho provinha de um objecto familiar a todos eles. Era o walkie-takie que o Dr. Eggman lhes tinha enviado para lhes dar informações sobre missões que eles tinham de fazer e também para o salvarem das mãos do Metal Sonic (referência ao jogo "Sonic Heroes").
Regulando a frequência, depressa ouviram uma voz que lhes era familiar. Era a voz do Dr. Eggman, mas por alguma razão parecia um pouco fraca como se este tivesse acabado de cair de umas escadas e não se conseguisse levantar.
Estou... Estou... Vector...Espio, Charmy... conseguem ouvir-me? - perguntou o cientista.
Daqui Vector, doutor, estamos a ouvi-lo um pouco mal, mas conseguimos compreende-lo. O que é que se passa?
Fomos atacados... o ouriço de gelo, Frost... ele deu cabo de nós, precisamos de ajuda... ve... venham ter à Biblioteca Municipal... Theodore Roosevelt, no norte da cidade... por favor, despach... ah...
Dr. Eggman, Dr. Eggman, está a ouvir-nos? Por favor, responda se nos conseguir ouvir! - exclamou o Espio.
Alguma coisa se passou, temos de ir para a tal biblioteca onde eles devem estar. Vamos rapazes, vamos a isso, sigam-me!
Ao ouvirem o Vector saíram a correr o mais depressa que lhes era possível. Atravessando aquelas ruas em direcção a uma estação de metropolitano, nem abrandavam para respirar. O chão estava todo cheio de papéis e jornais velhos molhados, pastilhas elásticas mastigadas, enfim um nojo completo. Após alguns segundos de correria intensa, eles mergulham para debaixo da terra para apanharem o metro para o local donde aquela transmissão tinha sido feita.
Cerca de vinte minutos depois de embarcarem, eles saem da carruagem onde tinham vindo em completa correria, pois tinham o pressentimento que algo de mau tinha acontecido aos amigos. Saindo da estação, contornando a esquina e correndo uns sete quarteirões a toda a velocidade, depressa descobriram que estavam certos. O edifício da biblioteca estava quase todo congelado e existia um enorme buraco na sua fachada. Na sua frente, carros de patrulha estavam estacionados. Atravessaram a rua à pressa pois o trânsito estava com uma valente intensidade, e eles os três não queriam ficar passados a ferro, juntando-se logo em seguida aos agentes da polícia que se encontravam no local. Após se informarem, perceberam que a biblioteca tinha sido atacada ainda nem há trinta minutos atrás. Não se sabia quem é que lá estava dentro e o pior é que as paredes de gelo tinham uma espessura de mais de dois metros e que não era possível parti-las. Voluntariado-se para as tentar partir, Espio pôs-se frente à porta de entrada e utilizando o seu Shuriken gigante pôs-se a partir o gelo a uma velocidade incrível. Em pouco mais de dois minutos, um enorme pedaço de gelo separou-se do resto da parede, abrindo caminho para todos eles entrarem. Ao entrarem viram a bibliotecária que estava de serviço deitada no chão. Não se sabia se ela estava viva pois não se mexia, mas após uma observação mais pausada viram que ela respirava e que apenas estava desmaiada. Dando quase ordens directas aos agentes, Vector disse-lhes para levarem a bibliotecária dali para fora e que vissem os danos estruturais do edifício que eles tratavam do resto pois sabiam que os amigos estavam lá dentro. Subindo as escadas para o andar superior reparam que a destruição era quase total no corredor por onde corriam. Alguns segundos mais tarde chegam finalmente à sal onde Sonic e o resto do grupo estava. A porta parecia ter sido rebentada por uma bomba e o interior da sala estava ainda em piores condições que a porta. Móveis tinham basicamente voado, a madeira que revestia as paredes estava completamente partida, enfim, parecia o cenário de um atentado bombista na melhor das hipóteses. E no meio do chão, Sonic e o resto do grupo pareciam estar mesmo mortos, pois não havia reacção de nenhum deles. Se a sala estava em más condições eles todos estavam ainda em pior situação, Sonic e Tails tinham a cara feita num bolo autêntico. Amy, Cream e Rouge estavam completamente congeladas, Big, Shadow, Metallik e Feline estavam colados à parede por uma valente camada de gelo, eles também bastante feridos, Violette e George estavam pendurados no candeeiro que era das poucas coisas que ainda estava inteira naquela sala, com os olhos abertos como se fossem zombies. Finalmente Eggman estava debruçado por cima de Gamma e Omega que também não estavam em muito bom estado. Gamma tinha ficado com as duas pernas destruídas e o seu braço metralhadora laser já tinha visto melhores dias, e Omega tinha dezenas de fios a saírem do corpo, um dos braços desfeitos e a cabeça arrancada como se fosse uma lata velha. Inclinando-se sobre o Dr. Eggman Charmy tentou ver se o cientista lhe respondia de alguma maneira. Abrindo ligeiramente os olhos, o malvado cientista diz:
Porque é que demoraram tanto?
Foi o trânsito, Doutor. - respondeu Charmy.
Pouco depois chegaram os paramédicos que tinham sido pedidos pela polícia no caso de existirem mais feridos. Ajudando a partir o gelo à volta daqueles que estavam congelados e levando os amigos até à ambulância, os Chaotix não demoraram muito a garantir que eles todos estivessem a receber os melhores cuidados médicos possíveis.
Embrulhadas em vários toalhas, a Rouge, a Cream e a Amy tiritavam os dentes de frio tentando combatê-lo, pois senão o fizessem certamente morreriam de hipotermia. Big e Shadow estavam a ser observados por alguns paramédicos para garantir que não tinham nada fracturado. Ao George e à Violette era lhes feito um pequeno exame ocular para verem se tinham alguma coisa grave. Piores estavam Sonic e Tails que tinham vários arranhões, inchaços e nódoas negras na cara e basicamente estavam a ser "atacados" por uma dúzia ou mais de sprays que estavam a ajudar a reduzir os inchaços e as nódoas negras e a cicatrizar mais rapidamente os arranhões. Dr. Eggman pelo seu lado tentava voltar a ligar Gamma e Omega, ao mesmo tempo que esclarecia a Vector e ao resto dos Chaotix quem é que eram os tipos que eles nunca tinham visto e o que é que se tinha passado ali.
Então está a dizer que aquele ouriço de gelo vos atacou de repente? - perguntou Espio intrigado.
Correcto. Ele estava à procura de uma Chaos Emerald e encontrou-a. Estava dentro de uma jarra enorme que compunha os objectos decoradores da sala onde estávamos. Tentámos impedi-lo de a levar, mas ele fugiu com ela, deixando-nos tal e qual como vocês nos encontraram.
E qual era a Chaos Emerald que ele levou?
Era a azul escura, a Chaos Emerald que controla a água, Charmy.
Então, isso quer dizer que as forças do trevas estão um passo à nossa frente! - exclamou Espio com uma voz séria e serena.
Exacto. Vocês os três têm de encontrar as outras seis, enquanto nós tentamos descobrir aonde raio era o laboratório do meu avô. Mas antes de irem quero dar-vos uma coisa que vos irá ajudar na vossa busca.
Carregando num botão que se encontrava no painel de controlos de Gamma, este faz com que se abra um compartimento secreto no próprio robot. De lá de dentro Eggman retira uma espécie de mini computador azul e negro com um pequeno ecrã prateado e montes de botões no lado esquerdo.
Isto é um localizador de Chaos Emeralds, levem-no pois irá ajudar-vos na vossa busca. - explicou Eggman a Espio ao mesmo tempo que lho dava.
Pode deixar isso a nosso cargo, Dr. Eggman, nós vamos derrotar aquele cubo de gelo andante num abrir e fechar de olhos! - exclamou o Charmy-bee enquanto se ria da sua própria piada).
