Capítulo XVII

Enquanto Knuckles, Johnny, Black, Violette e Feline voltavam para a ilha do Dr. Eggman, onde este tinha acabado de enviar Gamma e Omega para inspeccionar a Torre do Relógio Central mas também para ajudar os detectives Chaotix a encontrar as restantes Chaos Emeralds que ainda estavam desaparecidas. Vector, Charmy e Espio estavam naquele preciso momento a subir a escadaria da Torre do Relógio Central que dava acesso à casa das engrenagens, pois o localizador tinha assinalado uma Chaos Emerald naquele sítio. Mal eles sabiam que também naquele local poderia estar a entrada para um laboratório onde um dos maiores perigos para a Humanidade se escondia há quase cinco décadas. A Torre era um edifício um pouco antigo, já com umas três décadas em cima. Via-se pela tinta laranja que cobria as paredes, que já não era pintada há vários anos. Possuía algumas janelas, as quais tinham grades de ferro a protegê-las. Só existiam duas entradas. A primeira era a entrada da frente, a qual ia dar a um enorme salão majestosamente decorado com os objectos, as tapeçarias e os móveis mais finos. Uma escadaria de pelo menos quatro centenas de degraus ligava este lindíssimo salão à sala das engrenagens. A outra entrada que existia era uma pequena porta das traseiras. Esta era ligada à sala das engrenagens através de uma escadaria de emergência muito mais pequena que a outra. Tinha sido por esta escadaria que os Chaotix chegaram à sala das engrenagens. Esta era preenchida por um complexo sistema de engrenagens, rodas dentadas e correntes que serviam para fazer o enorme relógio trabalhar. Este tinha batido ainda há uns minutos as seis horas da tarde e o seu bater das badaladas conseguia-se ouvir a três ou quatro quilómetros de distância, mesmo com o barulho do trânsito e da vida urbana

O sinal do localizador estava cada vez mais forte, indicando que a penúltima Chaos Emerald não estava longe. Espio começa a vasculhar o local de cima a baixo na esperança de a encontrar. Não era fácil pois o local estava todo empoeirado e o ágil camaleão tinha um nariz extremamente sensível, o qual o fazia espirrar vezes sem parar.

Queres ajuda nessa busca?

Não Charmy, eu estou óptimo só preciso de um tempo para recuperar disto, atchoo! - espirrou Espio.

O "tanas" é que tu não queres ajuda! Nós os dois vamos ajudar-te a procurar essa Chaos Emerald quer tu queiras, quer tu não queiras, anda daí Charmy!

Fazendo sinal a Charmy com a mão esquerda, Vector começa a procurar no meio das rodas dentadas encostadas a uma parede, as quais estavam partidas ou ferrugentas demais para serem usadas. O pó continuava a voar pelo o ar enquanto os dois detectives Chaotix procuravam aquilo que lhes era tão importante naquele momento. Ao fim de algum tempo, Charmy avista-a. A Chaos Emerald era a cinzenta, aquela que detinha o poder do controlo sobre o metal, estava encaixada num buraco de uma roda dentada, fazendo a roda dentada dourada parecer mais uma jóia do que aquilo que era suposto realmente ser.

Bom trabalho, Charmy! Agora é só conseguirmos tirá-la de lá sem pararmos o complexo mecanismo deste enorme relógio. Espio, achas que consegues lançar uns quantos shurikens contra a roda dentada para a tirares de lá, sem que a faças parar? - perguntou Vector.

Deixa isso comigo. Afastem-se!

Com um movimento simples quase que majestoso Espio lança três shurikens que ao embaterem na roda dentada fazem-na vibrar ligeiramente, deixando a Chaos Emerald cinzenta cair redondamente no chão de madeira velha e empoeirada. Vector ao agarrá-la exibe-a no ar como se fosse um troféu da máxima importância para si.

Podes parar de te vangloriar, temos ainda de encontrar mais uma Chaos Emerald. - afirmou Espio.

Subitamente sentem um pequeno tremor de impacto. A cada segundo que passava o impacto aumentava de força, mostrando que vinha algo a subir as escadas, alguém bastante pesado. Nenhum deles sabia o que poderia realmente ser. Ao fim de algum tempo quem lhes aparece à frente foram o E-102 Gamma e o E-123 Omega. Estes dois tinham sido totalmente reconstruídos. Os seus membros e armas eram agora de um metal chamado Darktanium (metal descoberto pelo Dr. Eggman que resiste a temperaturas superiores a 1 bilião de graus centígrados e que consegue resistir a altas pressões submarinas). E estavam mais armados do que nunca. Gamma no seu braço esquerdo trazia...

A Chaos Emerald azul marinha, a que possui o controlo sobre o vento! Bom trabalho, pessoal! Fizeram-nos um grande favor, dessa maneira não precisamos de a ir procurar, mas não se preocupem que nós dividimos a recompensa que recebermos no final das aventura convosco. - disse Vector enquanto dava um enorme aperto de mão aos dois robots.

Sem aviso prévio, Gamma aponta o seu braço metralhadora à cara de Vector. Omega faz também um scan dos alvos que estavam à sua frente, apontando também as metralhadoras que possuía nos seus braços à cara de Vector e dos outros.

Alvos identificados como Vector the crocodile, Espio the chameleon e Charmy-bee, pertencentes à Agência de Detectives Chaotix! - exclamou Omega.

Ordem de aniquilação imediata dos três indivíduos! - exclamou Gamma ao mesmo que começava a disparar laseres para cima dos três detectives.

Sem saber o que fazer Vector e os outros tentaram derrubar os dois robots pois pensaram que estes dois tinham endoidecido de vez. Mas rapidamente percebem que apesar de todos os golpes que lhes davam eles continuavam de pé. Omega chega-se ao pé de Charmy e com um encontrão lança-o para o lado como se fosse um pedaço de madeira velha, ao mesmo tempo que Gamma atingia sucessivamente Espio no corpo. Num acto de desespero Vector agarra numa roda dentada e fazendo-a rodar sob si mesma o mais rápido que podia, ele lança-a de encontro aos dois robots os quais são arremessados por ela, caindo no chão. Normalmente os estragos que aquela roda faria no corpo dos dois robots seriam suficientes para os desactivar, mas como os seus corpos eram agora feitos de Darktanium, os estragos que a roda tinha feito eram ao nível da pintura dos robots, mas nada que não desaparecesse com um pouco de água. Ao ver que os dois robots estavam tal e qual como há uns segundos atrás Vector vê que naquele momento a retirada era a melhor decisão a tomar. Agarrando os dois companheiros e metendo-os debaixo dos braços, o crocodilo corre em direcção aos vidros que compunham o vitral onde eram mostrados os números do relógio e atravessa-o, saltando para o chão. Seria suicídio quase puro se vector não possuísse a capacidade de fazer um enorme balão a partir de uma pastilha elástica e usá-la para reduzir a velocidade da descida. Ao chegar ao chão, Vector tenta acordar os dois parceiros. Estes levam algum tempo a recuperar os sentidos, mas quando os recuperam perguntam o que é que aconteceu.

Aqueles montes de sucata ambulantes atacaram-nos, mas não se precisam de preocupar porque eles já não nos conseguem perseguir.

Mas ao contrário do que Vector pensava os dois robots lançaram-se também do alto da torre para continuar a perseguição aos três detectives. Quando alcançam o chão além de fazerem um estrondo enorme, os dois robots fazem duas pequenas crateras no pavimento vermelho da praça onde tinham aterrado.

Alvos readquiridos! Continuar a perseguição! (disse Gamma)

Ordem para disparar a matar! - disse Omega apontando os braços às figuras dos três detectives.

Vamos mas é embora daqui, pessoal! Toca a girar, bazar e zarpar daqui para fora! - gritou Vector ao mesmo tempo que começava a correr.

Vector e os outros não tinham muito sítio para onde correr naquela praça, pois as únicas coisas que podiam usar como escudo para se protegerem dos ataques dos dois robots eram duas estátuas que jorravam esguichos de água continuamente e algumas cadeiras de esplanada que pertenciam aos vários cafés que existiam. Há medida que corriam pela praça gritavam às pessoas para que se afastassem do seu caminho e para não serem atingidos pelos ataques de Omega e Gamma. As pessoas perceberam que aquilo não era uma brincadeira e trataram de se afastar. Aquelas que não foram suficientemente rápidas foram arremessadas para os lados por um dos robots, ficando feridas ligeiramente.

Não vendo outro sítio onde se esconderem, os Chaotix decidem entrar num restaurante. Este era um restaurante de cinco estrelas pois pela decoração que tinha só o podia ser. As paredes pintadas de um azul pálido faziam contraste com o chão de pinho-mel envernizada e com o tecto branco onde um lindíssimo candeeiro de ferro com lâmpadas a imitarem velas estava. As mesas eram quadradas e estavam postas para quatro pessoas. O bar parecia ter saído de um filme de espiões dos anos 70 dada a quantidade de bebidas que estavam expostas. Os empregados eram homens já dos seus quarenta anos de idade, todos eles vestindo um smoking preto com um laço ao pescoço da mesma cor do smoking. Ao verem os Chaotix a entrar a alta velocidade pelo seu estabelecimento, um dos empregados pergunta-lhes logo:

O que é que estão aqui a fazer aqui! Isto não é uma pista de corridas automobilísticas!

Saí da frente, isto é se não queres ficar esmagado pelos tipos que vêem atrás de nós, meu!

Logo que Charmy acabou de falar Gamma e Omega rebentam a porta com alguns tiros de metralhadora. Ao ver o que é que os dois robots estavam a fazer ao seu restaurante o gerente salta de trás do balcão e vai meter-se à sua frente. Este era um homem bem constituído e via-se nos seus olhos que não tinha medo dos abomináveis seres de metal.

Saíam imediatamente do meu restaurante, seus pedaços de sucata altamente avançada! Se destruírem mais alguma coisa neste restaurante eu próprio vos desfaço em pedaços! - gritou ele para os dois robots metendo os dois punhos à frente da cara preparando-se para um possível combate.

Sai da frente, miserável humano!

Ao dizerem isso os dois robots dão um murro na cara do pobre homem fazendo-o voar uns três ou quatro metros acabando por cair no chão. Há medida que avançavam Gamma e Omega partiam as mesas e as cadeiras que estavam no seu caminho. Entretanto os detectives Chaotix trancaram a porta da cozinha do restaurante para ganharem algum tempo. Lá dentro os cozinheiros que estavam de serviço estavam extremamente assustados. Arrumados contra a porta a fazerem força para que os dois robots não conseguissem entrar, pensavam numa maneira de os destruir ou então de uma maneira de os pararem temporariamente.

Temos de pensar numa maneira de os deter!

Eu sei Espio, mas eles parecem indestrutíveis. Vamos pensar por um segundo e ver o que é que temos ao nosso dispor. Deixa ver, temos utensílios de cozinha, fogões...ei, esperem lá um segundo!

O que é que foi, Vector? - perguntou Charmy.

Vamos usar o gás! Uma pequena explosão deve ser suficiente para os deitar abaixo! Mas agora temos um problema, como é que nós saímos daqui para fora antes disto explodir?

Ao reparar numa porta das traseiras que existia há sua frente Vector pede aos cozinheiros para saírem dali e dá ordem a Charmy e a Espio para que ao seu sinal deixassem Gamma e Omega entrarem. Movendo-se rapidamente por entre os vários fogões e fornos que existiam naquela cozinha, Vector liga todos os bicos de gás para que assim o gás se espalhasse pela cozinha toda. Vendo que já tinha tudo preparado, o crocodilo dá o sinal combinado e os seus parceiros deixam os dois robots entrarem, correndo para a porta de saída. Uma vez preparados para saírem dali para fora, Vector acende um fósforo e lança-o para o meio da cozinha. Mal este entra em contacto com o gás as chamas propagam-se por todo o lado, incendiando tudo. Vector, Espio e Charmy-bee que tinham atravessado para o outro lado dar rua só ouvem um enorme estrondo, resultado da explosão que eles tinham acabado de provocar. O fumo que vinha do local da explosão não deixava ver como é que o local tinha ficado. Confiantes de que tinham acabado de mandar os dois lacaios robóticos do Dr. Eggman para a sucata, nem se aperceberam que estes os dois saíram do meio do fumo completamente intactos. Ao ver aquilo Espio exclama:

Mas como é que é possível, eles estarem intactos! Aquela explosão devia ter acabado com eles!

Parece-me que não os podemos destruir. Bem, se não os conseguimos destruir então vamos desligá-los! Olhem para ali, pessoal!

Vector estava a apontar para um velho prédio que estava em ruínas. Este era um prédio de cinco andares. As suas janelas estavam todas partidas e tinha ar de estar desabitado há vários anos. Ao olharem com um pouco mais de atenção vêem que o prédio têm ordem para ser demolido através de alguns papéis que estavam afixados nas paredes do mesmo.

Tenho uma ideia, vamos fazer o prédio cair em cima destes tipos. Sigam-me pessoal!

Não foi preciso sequer dizer uma segunda vez, pois Charmy e Espio seguiam Vector de perto. Omega e Gamma também não paravam de correr em direcção aos três detectives disparando rajadas e mais rajadas de laser, granadas e explosivos de titânio líquido contra eles. Entrando a correr dentro do prédio, Vector e os outros concentravam-se agora num maneira de fazer o prédio vir abaixo.

Vá lá andem cá seus montes de sucata rasca! Apanhem-nos se conseguirem! - exclamou Vector fazendo-lhes umas quantas caretas.

Os dois robots avançam a correr contra eles despedaçando paredes e colunas que encontravam no caminho. O confronto deu-se pouco depois onde Vector e os amigos estavam a dar uma luta dos diabos aos diabólicos robots. A cada parede que era rebentada o prédio tremia cada vez mais. Com o possível desmoronamento a aproximar-se cada vez mais depressa vector dá ordem aos parceiros para ferrarem um valente golpe na cara dos robots e abandonarem logo de seguida o local. Vendo que os amigos já estavam fora de perigo Vector parte um último suporte, fazendo o prédio tremer por todos os lados. Alguns segundos depois o prédio cai em cima de Gamma e Omega. Dessa vez, nem um milagre os poderia ter salvo de ficarem esmagados. Mal o pó assentou, os detectives tratam de começar a procurá-los nos destroços pois sabiam que algo não estava bem com eles e só o próprio criador é que saberia ver o que é que lhes tinha acontecido.

Eles os dois realmente não pareciam ser os mesmos de sempre, pelo menos o Omega. Nós já o enfrentámos uma vez e ele não agia desta maneira, quanto ao outro, o Gamma, já não sei, mas o Omega estava diferente. - argumentou Espio.

Saberemos o que é que se passa com eles mal os levemos para a base do Dr. Eggman e ele os analise. - disse Charmy-bee.

Após alguns minutos de escavações, finalmente encontram os dois robots. Estes continuavam em perfeitas condições, à excepção de uns quantos arranhões na pintura. Retirando a Chaos Emerald que Gamma tinha na mão e metendo-a numa mochila que traziam consigo juntamente com eles, tratam de os agarrar pelos braços e arrastam-nos pelo chão, em direcção às docas de Station Square para arranjarem um barco que os levasse até à ilha do Dr. Eggman.