Capítulo 2
Shuuichi ficou ali estático, olhando. Não conseguia entender. Ele disse o que pensou ter ouvido? Será que não havia sonhado? É bem provável, já que seu maior sonho era ouvir isso de um certo loiro. Mas quem dizia agora era o moreninho Riyuichi, com um sorriso amável.
- E então? – Ele exibia seu mais lindo sorriso. – Vamos namorar?
- Er... É que--
- Hahahaha, seu bobo! - Riu Riyuichi, divertido. - Eu estava apenas brincando! - Ele foi até o colega e circundou seus ombros com um braço, puxando-o para mais perto. - Eu sei que você já tem namorado!
Shuu entendeu a brincadeira e riu junto, passando o braço pela cintura dele.
- Ahh, mas isso não impede o meu Kumagorou de namorar o seu Shinya, né? - Falou, apertando o coelho contra o golfinho.
O menino de cabelo rosa parou de rir, olhando para os animaizinhos.
- "Quer namorar comigo, Shin-chan?" - Riyuichi imitou a voz do coelho.
- "Só se você quiser namorar comigo!" - Shuu inventou rápido uma voz para o bichinho.
- "Nyahhh, então vamos namorar! Vou te beijar agora!" - Ele juntou a boca das pelúcias. - Hmmuuuáááá!
Ambos divertiram-se com a brincadeira, trocando carinhos e juras de amor entre os bonecos.
- Que pena, preciso ir pra casa agora... - Disse Shuu, consultando o relógio.
- Ahhh, mas já? - Riyuichi parecia entristecido com a notícia.
- É sim... desculpe...
- ... O Yuki está te esperando, né? - Disse numa voz baixa, quase triste.
Shuu ia dizer que sim. Shuu queria que fosse sim. Mas ele sabia perfeitamente que não era um sim. Certamente chegaria em casa e Yuki estaria trancado no escritório. Talvez nem lembrasse que Shuuichi saíra. Suspirou.
- É, acho que sim... - Falou, tentando forçar um sorriso sincero.
- Entendo... Bom, eu te levo até em casa...
- Não precisa! - Disse, sem graça.
- Eu sei que não! - Ele sorriu. - Mas eu quero!
- Bem, nesse caso... - Shuuichi corou. - Obrigado...
Juntos eles tomaram o caminho para a casa de Yuki. De metrô eram apenas 3 estações.
Separaram-se na última estação. A partir daí Shuuichi faria sozinho a caminhada de dez minutos até sua casa. O caminho todo não conseguiu tirar Riyuichi da cabeça. Mal podia acreditar que havia saído com o seu ídolo. Riu sozinho ao imaginar o que Tatsuha faria se descobrisse. Vira e mexe levantava Shinya à altura dos olhos para admirar o presente. Nunca havia ganhado nada do tipo antes, nem de Yuki nem de ninguém. Nem mesmo de Hiro.
Foi quando seu cérebro alcançou a imagem de Hiro que ele chegou à porta da frente da casa de Yuki. Afastou todos os pensamentos para a escuridão de seu cérebro, ensaiou seu melhor sorriso. Queria receber o amante com um lindo sorriso. Quem sabe ele não retribuía? A esperança é a última que morre. Certo?
Tocou a campainha.
Mais uma vez.
E mais uma.
Franziu as sobrancelhas. Yuki não estava em casa? Que estranho. Àquela hora já era para ele ter chego. Consultou o relógio. Eram quase oito da noite. Já havia até passado a hora do jantar. Não era possível ele não estar em casa.
Shuu encarou a maçaneta. Apertou-a e... que estranho! A porta estava apenas encostada. Yuki deixando porta destrancada? Shuu franziu o cenho mais uma vez, sério. Tinha alguma coisa errada.
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Eram sete e meia da noite. Yuki fuçava a geladeira, procurando algo rápido para comer. Não estava com ânimo para fazer comida. Passara o dia inteiro trancado no escritório e produzira muito pouco. Ultimamente sua criatividade o estava deixando na mão. As idéias não fluíam mais como antes. Parecia que alguma coisa estava bloqueando seu cérebro, mas nem ele mesmo sabia ao certo o quê.
Era um escritor de romances. Acreditava que, para escrever um bom romance, precisava de uma boa fonte de inspiração. Suas fontes eram sempre seus inúmeros amantes. Eram eles que lhe davam mil idéias para passar para o papel. Mas, ultimamente, isso não vinha mais acontecendo. Talvez porque estivesse desacostumado a passar tanto tempo com um mesmo amante. E nunca tivera um amante tão amador quanto Shuuichi! Talvez fosse isso que estivesse mandando sua imaginação para o buraco.
Desistiu de comer. Nada ali parecia apetecer-lhe, mesmo ali havendo várias de suas comidas favoritas. Agarrou uma lata de cerveja e abriu, virando metade da lata num gole só.
Idéias, Idéias. Precisava de idéias.
- Não devia beber assim, Eiri-kun...
A voz era baixa e muito calma. Yuki se virou, sem afastar o bocal da lata da boca. Terminou mais um gole antes de recuar a cerveja e se pronunciar:
- Touma. - Disse simplesmente para o homem parado à porta da cozinha.
- Sabe, se continuar bebendo assim vai acabar engasgando. - Ele deu seu típico sorriso calmo.
- Ah, tanto faz. - Yuki falou com pouco caso, entornando a lata mais uma vez. - O que veio fazer aqui?
- Nenhum motivo especial.
- Nenhum? - Yuki olhou desconfiado.
- Agora eu preciso de motivo para vir lhe visitar, Eiri-kun? - Ele adentrou o cômodo a passos leves, sorrindo. - Eu te amo. Não é motivo suficiente?
- Não sei. - Yuki deu um sorriso que beirava o safado. - Depende de que "amor" estamos falando...
Touma retribuiu com o mesmo sorriso.
- Do "amor" que você preferir... - Touma estava perigosamente próximo a Yuki.
Yuki terminou de cobrir a distância, agarrando Touma para um beijo ardente. Lembrava-se de como era ser amante daquele loirinho. Lembrava-se de que naquela época era capaz de escrever qualquer coisa que quisesse. A época que durou apenas algumas semanas, mas que lhe rendeu muitos textos. Quis retornar aquela época. Beijou Touma como se fosse a primeira vez que o tocava. Com desejo. Queria relembrar. Havia um livro esperando pela inspiração.
Touma já havia ido com essas intenções. Seduzir Yuki. Quem sabe fazê-lo esquecer aquela criancinha? Talvez conseguisse. Talvez não. Mas ao menos tentaria. E pelo jeito que Yuki lhe beijava, talvez fosse possível. Enroscou as mãos na camisa leve que ele usava e começou a desabotoar os poucos botões que ainda mantinham a camisa fechada.
Estavam quase deitando sobre a mesa da cozinha. Para os dois já não existia mais cozinha. Só conseguiam sentir um ao outro. Yuki tentava desabotoar a calça de Touma a todo custo, mas naquele enlace de corpos estava um tanto complicado.
Eiri conseguiu forçar Seguchi para cima da mesa, colocando-o deitado. Subiu por cima dele. Estava pronto para retomar as carícias, quando sua visão periférica notou mais alguém à porta.
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Shuu tinha os olhos azuis estalados. Não tinha expressão em sua face. Nada. Estava chocado, assustado, irritado, magoado e um tanto de outras coisas. Era tanta coisa de uma vez que não conseguia sequer esboçar uma expressão. Sua mão estava apoiada no batente da porta, como se sozinha segurasse o corpo em pé. A voz havia morrido. Tentava falar, gritar, brigar, xingar. Mas a voz não saía da garganta.
- Yu... Yuki... - Pronunciou num fiapo de voz.
Seguchi e Yuki não se moveram.
O golfinho que carregava caiu no chão e os olhos azuis instantaneamente se encheram de lágrimas, que rolaram grossas e quentes pela pele pálida do rosto do menino. Não podia acreditar que Yuki estava ali, sobre Seguchi. Há quanto tempo isso vinha acontecendo? Uma semana? Um mês? Um ano? Era a primeira vez? Ou quem sabe a centésima? Milésima? Por que Yuki sempre fazia isso com ele? Era engraçado vê-lo chorando?
Eiri continuou sem se mover. Pelo jeito não pretendia sair de cima de Seguchi muito cedo. Sua expressão era a mesma de sempre: Nenhuma. Apenas encarava-o com seus olhos frios, como se a culpa fosse do moleque de ter chegado na hora que não devia. De certa forma, Yuki estava se sentindo um pouco mal por estar agindo daquele jeito. Afinal, Shuuichi era seu "amante oficial". Aquilo não deixava de ser uma traição.
Traição... sim, traição!
Uma idéia se formou em sua cabeça. Era isso! A inspiração! A cena se montava sozinha em sua cabeça agora e ele nem prestava mais atenção no que acontecia na cozinha. Talvez, se começasse a escrever assim que aquilo tudo acabasse, desse tempo de entregar no prazo.
- Por que...? - A voz de Shuuichi não saía da garganta, o som era baixo demais. Era até estranho que ele estivesse conseguindo mover os lábios.
- Vá para o quarto, garoto. A gente conversa depois. - Disse com sua voz fria, voltando a atacar sem pudor a boca de Seguchi.
O rapaz cobriu a boca com as mãos para evitar o grito de dor. Seu coração parecia nem bater mais, seu sangue parecia estacionado nas artérias. Ele recuou devagar, sem conseguir desviar os olhos da cena. Na sua frente, Yuki fazia questão de beijar um outro homem. As lágrimas desciam com vontade e pareciam não ter fim. Suas costas bateram contra a parede e ele deslizou até o chão. Não, não poderia continuar ali. Não depois daquilo. Suas pernas tremiam, porém ele tinha que dar um jeito de levantar. Viu claramente a mão de Yuki deslizar para dentro da calça de Seguchi e este soltar um gemido de prazer. Não, se continuasse ali acabaria cometendo suicídio. Esticou a mão e agarrou a pelúcia. Tentou firmar as pernas bambas no chão e levantou-se com dificuldade. Fechou os olhos com força e, num impulso, saiu correndo dali, na direção da porta da frente, derrubando o que havia pelo caminho. A porta ficou escancarada, mas ele não deu a mínima. Continuou correndo pra longe. Não sabia aonde ia. Não importava. Só queria ir pra longe dali. Só isso.
Foi diminuindo o ritmo da corrida até parar. Não sabia para onde tinha corrido. Não tinha nem idéia de onde estava. Já estava escuro, e ele não sabia como voltar para casa. Se bem que, agora, preferia ficar ali mesmo. Não queria voltar tão cedo. Se possível, não queria voltar nunca mais. Suspirou. Sabia que não agüentaria ficar longe dele. O perdoaria, mesmo que ele não pedisse. Mesmo que não estivesse arrependido. As lágrimas tornaram a descer, imensas.
Não podia ficar parado, só chorando. Passou a mão pelos olhos, limpando-os. Precisava pensar no que fazer agora. Não poderia passar a noite ali. Pegou o celular. Ligaria para Hiro. Ele não lhe egaria abrigo e até viria pegá-lo se Shuuichi explicasse onde estava. Naquela hora, precisava do amigo mais do que nunca.
Discou o número do celular do amigo e esperou atender. O celular estava desligado. Tentou a casa. Não havia ninguém.
Suspirou, infeliz. Não sabia mais o que fazer. Onde será que Hiro estava? Justo agora, quando precisava dele?
Correu os olhos sem interesse pela agenda do celular. Não sabia mais o que fazer. Pra quem pedir ajuda agora?
A resposta veio quando a agenda chegou na letra "S". O primeiro nome da lista: Sakuma Riyuichi.
Apertou o botão verde. Rezou. Rezou muito para que atendesse.
- Moshi-moshiiiiiii! - A voz do outro lado da linha falou alegremente.
- Sa... Sakuma-san...? - Shhu fungou, tentando conter o choro.
- Shuu-kun? - A voz dele tornou-se preocupada num instante. - Você está chorando? Aconteceu alguma coisa?
- Você... - Ele fungou mais uma vez, ignorando a pergunta. - Você pode me buscar...?
Fez-se silêncio.
- Tá. Onde você tá? Na casa do Yuki? - Ele falou com a voz séria.
- Não... eu não sei onde eu tô...
Ele deu uma explicação rápida e Riyuichi logo entendeu. Pediu para que ele esperasse que já estava a caminho. Shuu obedeceu.
Agarrou Shinya e esperou, tentando conter o choro.
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Olá! Tudo bom?
Ufaa, consegui! Terminei o capítulo 2! Desculpem a demora, é que eu não sabia muito ao certo como escrever XD! E também não imaginava que tanta gente iria gostar disso XD! Pessoalmente, eu achei o primeiro capítulo tão ruim que até disse "Vou desistir desta fic!". Mas daí resolvi escrever o capítulo 2 quando vi que teve uma boa aceitação... e vi que consegui escrever um capítulo pior que o primeiro! Consegui dar a carga emocional que eu queria, descrever as ações como eu queria... Mas não consegui dar a direção que pretendia. Isso me estressou. Mas tá tudo bem... prometo melhorar no próximo capítulo! - Soca o ar, confiante. - ... sim, sim, eu sei que eu disse isso no primeiro... - Suspira. - É, eu sei que eu não cumpri... - Soca o ar novamente - ... Prometo que dessa vez eu consigo! - Suspira mais uma vez. - Eu vou conseguir, tá? - lágriminha. - Não, é séééério...TT.TT
Tá, tá, eu calo a boca XD!
Hora de algo de útil! Comentar o capítulo.
Juro, me deu uma vontade louca de matar o Yuki! Fiquei tentada a fazer o Shuuichi catar uma faca e esfaquear os dois. Mas controlei meus impulsos homicidas. Pelo bem da fic, o Yuki tem que ficar vivo. Pelo menos por mais alguns capítulos!XD - Berta faz uma pausa reflexiva. - Vocês vão ficar muuuuito bravos se o Yuki sofrer um... doloroso acidente? - Reflete mais um pouco. - Aff, credo, garota, controle esse seu instinto assassino!
Eeeer ... bem, me falem se vocês preferem Yuki vivo ou morto!XD
Quanto ao Touma... eu nunca sei se o amo ou o odeio! Acho que entendo o desejo dele pelo Yuki, embora não concorde com seus atos (O mangá/anime não mostra muita coisa, mas dá pra ver que o Touma é um pouquinho possessivo-obsessivo). Mas pelo menos por hoje, eu quero matá-lo. Ele teve uma participação importante na detruição do coração do Shuuichi. E ainda deu menos importância a isso que o Yuki. Pensando agora, esses dois se merecem.
Hiro. É uma pena que ele não estivesse disponível (não, não vou matar ele também! XD). Sumir com ele, infelizmente, era um mal necessário. Droga, eu amo ele! XD
Ah, eu devo dizer que, honestamente, eu não me lembrava se o Yuki morava em casa ou apartamento. – Memória de ameba. – E também fiquei com preguiça de procurar. – Bicho vagabundo essa Berta. – No fundo da minha mente eu penso que seja apartamento, mas na dúvida, usei a palavra "casa", porque eu uso ela desde pequenininha para designar o "lugar em que as pessoas moram", Não interessa se esse lugar está no chão ou à quinze metros dele XD. Mas, claro, peço desculpas. Se alguém sabe (o que é mais que provável), favor me comunique, sim? Arigatou:-)
Escreverei o capítulo 3 em breve! Não vou atrasar! Prometo!
- Promessas, vagas promessas...
Kisu! Matta ne!
Nota: Fiquei com preguiça de fazer a recorreção aqui no ff. net... se passou algum erro, foi mal!XD
