Capítulo 2: Reencontro

Aqui começam as referências à minha fic anterior: 'Quando chegar a primavera'. Não precisa ter lido ela para continuar lendo essa, mas para quem quiser saber mais detalhes das mudanças de Akito e entender essas mudanças, eu recomendo que leia a outra.

' Podiam ocorrem flashbacks. No caso dela não pude reforçar o selo da memória, teríamos problemas se ela acabasse se lembrando de alguma coisa' Hatori- Fruits Basket- 5

Após uma semana que para ele pareceu uma eternidade, eles retornam para a sede, suas saídas agora, eram cada vez mais freqüentes e a fúria de Akito era cada vez maior, não só por conta de suas saídas, mas por conta de outras coisas que vinham acontecendo também. Quando Akito doente se recusava a permitir que ele a examinasse, ele desistiu finalmente de se preocupar com ela e com a família.

Por vezes ele andava perdido pela cidade, em outras ele apenas parava na frente da livraria na esperança de ao menos ver Kana. Um dia criou coragem e decidiu entrar na livraria, estava distraído olhando livros quando tromba com uma moça carregando um monte de livros, os livros caem no chão e ele se abaixa para ajudá-la

- Gomenazai ( desculpe-me)- diz- eu sou mesmo um...- mas suas palavras são interrompidas e ele toma um susto quando olha para a moça, é Kana. Com as mãos tremulas ele termina de ajudá-la- eu não deveria ter vindo aqui- pensa- e se ela se lembrar de algo?

Mas ela parece não se lembrar de nada, cumprimenta-o formalmente, sorri, agradece e se retira.

- Ufa – pensa- ela não se lembrou de nada, mas é melhor eu nunca mais vê-la – e sai da livraria, mas não consegue parar de pensar nela, seu sorriso, parecia um sorriso triste e ela parecia estar chorando com freqüência.

Kana também não consegue apagar o rosto triste e sombrio de Hatori de sua mente e entende menos ainda porque ao trombar com o Souma- san ela viu a imagem de um cavalo marinho diante de si

Entretanto Hatori não tem mais tanto tempo para continuar pensando em Kana pois ele chega na sede e encontra Akito completamente fora de si e com uma faca nas mãos. A partir daí a saúde de Akito se tornara cada vez mais frágil e com ela passando uns tempos na casa de Shigure ele passou a ir para lá com mais freqüência esquecendo-se de Kana temporariamente

Dessa maneira, o verão passou como num piscar de olhos. E um certo dia, voltando da kasa de Shigure, satisfeito com as mudanças observadas em Akito e certo de que Tohru realmente conseguira abrandar as dores de seu coração, Hatori vê, sentada no banco de um parque, Kana, ela parece estar chorando. Não consegue se conter, pára o carro e se dirige até ela.

Aproxima-se dela, mas não diz nada, não sabe como se dirigir a ela. Assim que ela percebe passos vindo em sua direção, levanta o rosto e vê Hatori, enxuga rapidamente as lágrimas e força um sorriso. Ele senta-se ao lado dela em silêncio e apenas a olha.

- O que está acontecendo?- pergunta após criar coragem- Porque estava chorando?- pergunta calmamente

- Souma – san... eu, não é nada- forçando um sorriso

- Tome- lhe entrega um lenço

Kana pega o lenço e limpa as lágrimas, mas não se agüenta e começa a chorar de novo. Aquilo parte o coração de Hatori, ele sente vontade de acariciar seus cabelos e enxugar suas lágrimas, mas sabe que não pode fazer isso, então apenas olha. Mas Kana, no impulso do momento e sem pensar mas lembrando de já ter se sentido acalentada por aquela pessoa de novo sem saber como nem porque, o abraça. Ouve-se um estrondo e Hatori se transforma em uma cavalo marinho. Kana, como da primeira vez que presenciara a cena se desespera e não sabe ao certo o que fazer, mas se lembra claramente que isso já aconteceu antes, sem pensar muito, pega o cavalo marinho, recolhe as roupas e vai para um local mais reservado do parque. Ela observa calada e então como num filme e em questão de segundos todas as lembranças dela vividas junto de Hatori voltam, o selo foi quebrado, surgem claramente em sua mente lembranças de um amor,o primeiro beijo, a revelação; momentos felizes, e os momentos finais de tristeza, no exato momento em que ele retorna a sua forma humana. Lágrimas caem dos olhos de Kana e ela acaricia o rosto de Hatori

-Tori-san – diz ela acariciando seu rosto

Hatori olha assustado ainda sem entender, essa era a forma carinhosa que ela costumava se referir a ele, veste-se rapidamente e olha para Kana- Isso não podia ter acontecido, ela se lembrou de algo- pensa

- Tori-san, como eu pude te esquecer, como eu pude esquecer o meu amor por você, como eu pude me casar e esquecer tudo de bom que vivemos, como? Eu não fui capaz de proteger você e o nosso amor, eu te feri, eu te machuquei, eu quase te ceguei porque fui fraca, eu estava do seu lado e não pude fazer nada – diz palavras sem sentido em meio a lagrimas.

Hatori olha, não sabe o que fazer, não sabe como reagir, só consegue obedecer a um impulso, olha nos olhos dela e a beija.

- Tori-san, o que aconteceu? Porque eu não me lembrei dos momentos em que vivemos juntos? – insiste ela

- Venha comigo, vamos tomar café em um local mais calmo e podemos conversar- diz serenamente

Caminham em direção a um café que tem próximo dalí, se acomodam em uma mesa um pouco reservada.

Hatori olha para Kana, não sabe o que falar, não sabe como agir, nota que ela parece confusa e triste

- O que aconteceu, Tori-san? O que aconteceu comigo? Porque eu esqueci você?- insiste ela

- Primeiro terá que me contar o que aconteceu com você, porque estava chorando no parque, onde está o seu marido?- pergunta ele tranquilamente

- Nós, nós nos separamos – diz tristemente

Se aproxima, olha nos olhos de Kana e acaricia seu rosto- Por que?

- Eu não sou feliz ao lado dele, e além disso descobri que ele estava me traindo. Mas agora isso não tem mais tanta importância, o que importa é conseguir entender o que aconteceu comigo.

- Sua memória foi apagada-diz- você tinha adoecido por causa do nosso amor e eu não tive escolha, apagar as suas lembranças sobre o nosso amor foi a melhor escolha. Eu não podia suportar a dor de ver você sofrendo por mim e pelo nosso amor.

Ela chora, lembra-se da cena na sala da sede da família, das palavras do patriarca culpando-a por ter ferido o olho de Hatori, lembra de toda a tristeza e escuridão que se formou a sua volta, mas então se lembra dos momentos bons também, do primeiro beijo, da revelação, de como fora feliz ao lado dele.

- E eu fui fraca, não consegui defender você e o nosso amor.

- Não fale assim, a culpa não é sua, a culpa é dessa maldição que todos nós carregamos. Eu também não consegui te proteger, e nesses dois anos eu nunca deixei de te amar, não conseguia parar de pensar em você. Eu ainda amo você, mas eu não posso fazer você sofrer tudo de novo, e você está casada, precisa voltar para o seu marido, tenho certeza que vocês se amam.

- Não, Tori-san, meu casamento foi uma ilusão, eu me decepcionei logo no começo, não chegou a durar um ano, durante todo o tempo em que eu namorei e casei eu nunca tinha certeza sobre o meu sentimento, era como se tivesse algo muito forte dentro de mim, mas que eu não sabia explicar, algo que eu não sabia de onde vinha, e agora eu sei. Eu fui fraca e não consegui te proteger antes. Mas eu te amei tanto, e ainda te amo, esse amor só estava esquecido, mas minhas lembranças voltaram o meu amor também voltou

- Eu nunca deixei de te amar nesses dois anos, mas não posso fazer você sofrer tudo de novo. Não há mais esperanças para nós. Esqueça isso, agora eu preciso ir, Akito precisa de mim- levanta-se e sai dali deixando Kana pensativa. Mas não era o que ele gostaria de ter feito, tudo o que ele mais queria era poder estar com Kana de novo.