Capitulo 5: A libertação
' O que acontece quando chega a neve derrete"
"Não, chega a primavera"
Alguns dias depois, Hatori andava sozinho pelas ruas, tinha deixado Kana dormindo e havia saído para fazer compras, porém ele não se sentia bem, estava sentindo tonturas e por vezes sua visão escurecia- eu não posso desmaiar aqui- pensava ele. Estava transpirando também em pleno inverno, como médico, sabia que estava com febre. Permanece um tempo sentando num banco até se certificar que tinha melhorado um pouco quando decide voltar para casa, mas voltara a sentir mal por todo o caminho de volta.
Finalmente chega em casa, deixa as compras na cozinha , lá está Kana preparando o almoço. Assim que percebe a presença dele, vai até ele, percebe que ele está pálido e transpira.
- Tori-san, você está bem?
Mas ele não tem tempo de responder, desaba sobre ela se transformando. Ela fica desesperada e o leva para o quarto – vou chamar um médico – diz ela e então pára- mas que médico? O médico é quem está doente, o que eu faço agora?
Hatori se transforma de volta confuso.
- O que aconteceu? – pergunta confuso
- Você desmaiou e se transformou, o que está acontecendo com você, está com febre, você está doente?
- Não sei, eu já estava passando mal na rua, mas não se preocupe, vou dormir um pouco e logo estarei melhor
- Quer que eu chame alguém? Você está queimando de febre
- Não, só traga um pouco de gelo para eu tentar abaixar um pouco a febre, não posso ficar doente.
Ela sai e volta logo em seguida com uma bolsa com gelo, coloca debaixo do travesseiro. Agora ele dorme, ela olha preocupada não sabe ao certo o que fazer, fica apenas observando ele, nunca o vira passar mal nem ficar doente antes
Algum tempo depois alguém toca a campainha e ela sai para atender, é Shigure, ele parece desesperado.
- Kana, onde está Hatori? Akito está passando mal. Onde está ele?- diz desesperado
- Shigure, aconteceu alguma coisa com ela? O que ela tem?- pergunta Kana
- Rápido Kana, onde está Hatori? - insiste
- Shigure, Hatori está doente...- mas nisso Hatori aparece se vestindo, pálido.
- Não se preocupe, Shigure, eu vou examiná-la
- Mas Hatori, você não esta agüentado parar em pé- diz Kana
- Não se preocupe Kana, estou melhor, estou preocupado com ela e o bebê, preciso ir ver como eles estão, eu já volto- se vira para Shigure- vamos?
Rapidamente chegam à sede, vão para o quarto de Akito, ela está deitado em sua cama. Hatori ainda meio tonto se aproxima dela, ela está febril e tem falta de ar.
- Shigure, traga gelo por favor.
Hatori começa a examinar Akito quando começa a se sentir mal novamente, sua visão escurece e ele sente falta de ar seguido de uma dor no peito intensa.Por instantes ele se esquece de Akito. A dor dura alguns segundos só, mas sua visão continua escurecida, ele se sente estranho, um sentimento de solidão se apodera dele, pela primeira vez ele estava se sentindo completamente só, como se o espírito que o habitava tivesse o abandonado para sempre. Naquele instante ele sabia que havia se livrado da maldição, lágrimas caem de seus olhos. Então ele volta a si, enxuga as lagrimas e abre os olhos, diante dele está Akito, ela parece ter sentido o mesmo que ele, pois tem a mão no peito e aprece estar com falta de ar, também tem lagrimas nos olhos. Ela pega no braço dele:
- Hatori, foi você,não é? Você se livrou da maldição não é?
- Hai ( sim)- agora entende porque ele estava passando mal e porque ela também estava passando mal, ela sempre foi capaz de sentir quando alguém se livrava da maldição devido aos laços que os une. Ele volta a examiná-la, aos poucos a respiração dela vai se normalizando e a dor desaparece
- Não se preocupe- sorri- vocês estão bem, descanse um pouco.
Ela olha para ele com um olhar triste.
Hatori se aproxima e a abraça- não se preocupe, eu não vou te abandonar só porque me livrei da maldição, apesar do que eu sofri com essa maldição os laços que unem os Juunish deveriam ser mantidos para sempre, além disso eu fiz uma promessa, prometi que cuidaria de vocês – leva a mão até o ventre dela
Saí do quarto no momento em que Shigure está voltando com o gelo.
- Ela está melhor, coloque gelo para a febre abaixar, se precisar é só mandar me chamar de novo- sorri e se retira
Apesar de ainda estar pálido e um pouco tonto, Hatori se sentia feliz, feliz por ter se livrado da maldição. Com ele já eram oito a se livrarem, talvez pudesse haver uma esperança para Akito também, apesar de tudo que ela causara aos Juunish, ele não desejava o mal dela, gostaria que ela continuasse a viver e que fosse feliz.
Com lágrimas nos olhos, as lágrimas que estavam congeladas por tanto tempo, ele se dirige para sua casa, entra correndo, Kana está na cozinha, ela olha para ele e sorri, mas ao ver que ele está chorando pensa logo que aconteceu o pior com Akito, mas não diz nada, não sabe o que dizer, não sabe se deve perguntar. Hatori se aproxima dela e a abraça, mas não se transforma, sim ele havia mesmo se libertado da maldição, chora nos braços dela. Kana parece não entender o que está acontecendo, abraça ele mais forte.
- Hatori, sua maldição se foi- diz ela também chorando nos braços dele- como foi isso?- pergunta num misto de alegria e surpresa.
- Não sei, mas era por isso que eu estava passando mal. Akito estava passando mal pelo mesmo motivo, eu estava diante dela a examinando quando soube que minha maldição se fora. Eu não consigo expressar em palavras o que eu sinto- diz ele entre lágrimas, fraqueja.
- Certo, mas você ainda está fraco e febril, precisar descansar um pouco mais, se você desmaiar aqui não vai mais se transformar e eu não poderei te carregar para cima- ri
Hatori também sorri, se deixa ser levado para cima, não consegue parar de chorar, as lágrimas que estavam há tanto tempo guardadas vieram todas de uma vez. Assim Hatori se deita para descansar um pouco mais mas puxa ela pela mão – Fica comigo um pouco- pede ele.
Então ela se acomoda ao lado dele e o abraça apertado, ambos sentem-se felizes por poderem se abraçar pela primeira vez sem se preocuparem se ele vai se transformar ou não. Não demora muito para que Hatori adormeça, ela não dorme, mas não tem coragem de sair dali ficando acordada ao lado dele observando enquanto ele dorme.
Quando Hatori acorda já anoiteceu e Kana acabara por dormir ao seu lado. Ele se levanta com cuidado para não acordá-la, lhe dá um selinho e sai do quarto. Dirige-se até a cozinha onde começa a preparar um jantar de comemoração para eles. Assim que termina o jantar vai até a Sede, até o quarto de Akito. Agora, ela dorme tranqüila e parece completamente recuperada assim como ele, volta para sua casa satisfeito.
Quando retorna para casa Kana está na sala esperando por ele
- Aonde foi? – pergunta- estava preocupada
- Fui ver como Akito estava, ela já está bem e eu também- se aproxima de Kana e a abraça- o que acha de um jantar especial para comemoramos?
- Sim – sorri- e vejo que você já preparou o jantar, o cheiro está bom, podemos nos servir?
- Não- diz ele sorrindo- primeiro vamos nos preparar para o jantar, tome- diz ele lhe entregando um quimono florido- quero que vista para mim porque eu também irei me arrumar pra você.
Ela faz que sim com a cabeça e sobe para o quarto indo se arrumar. Hatori também se arruma vestindo um quimono azul. Volta para a sala e começa a preparar a mesa para o jantar enquanto espera Kana descer. Não demora muito para que ela desça usando o belo quimono vermelho que ele lhe deu. Ele começa a servir o jantar para ela enquanto olha em seus olhos, parece mais apaixonado do que nunca. Acabam o jantar, ele a pega no colo e a leva para o quarto, para o seu quarto. Começa a retirar o quimono de Kana deixando-a nua, logo ele também está nu, se abram e então se amam, mas como se fosse a primeira vez, pois pela primeira vez eles podem se abraçar e sentir um o calor do corpo do outro.
Os dias que se seguem são dias de alegria para Hatori e Kana, é como se toda as tristezas tivessem indo embora de uma só vez e a primavera tivesse voltado para ficar para sempre. Lágrimas e sorrisoa apareciam com uma certa freqüência no rosto do antes sombrio Dr. Hatori.
