Capítulo Dez: O Passo do Chifre Vermelho

"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita." Mahatma Gandhi

Eámanë ajoelhou-se no chão coberto de neve fofa. O inverno estava sobre eles, e era particularmente rigoroso em terras altas. Ela estava cansada demais, preocupada demais, triste demais. Eámanë teve a impressão de ter cansaço líquido correndo em suas veias ao invés de sangue quente. Embora o caminho ficasse mais difícil à medida que viajavam, Erestor e Morin não admitiram nenhuma parada, e o frio impiedoso tornou seus braços dormentes e pesados.

No topo da Montanha as pedras e árvores tinham cedido lugar completamente para a neve. Não haveria abrigo algum à noite, lugar algum onde se esconder. Erestor ficou nervoso. Três vezes havia checado se a espada estava solta na bainha, e pulava com qualquer som, como se esperasse uma nova batalha a qualquer momento. Ele tomou um gole de Miruvor para acalmar os nervos, e depois passou a garrafa para os outros.

Eámanë caminhou mais um pouco, até recostar-se na parede nua da montanha, um pouco adiante dos Ellyn. Manter a ilusão era uma tarefa onerosa, e a força dela esvaía-se. Ela não queria que eles a vissem tão fraca, ainda. Tolice, sem dúvida, enganar seus companheiros para que pensassem que ela não estava exausta, mas ainda assim seu orgulho – o que sobrara dele – não a deixava outra escolha. Então era prudente manter uma certa distância, e permitir que o ar gelado da noite oferecesse o único consolo que chegaria até ela. O Caminho dos Sonhos não lhe trazia paz alguma, e a realidade era inóspita demais.

A Elleth suspirou e refez as tranças, cuidadosamente prendendo todos os fios dourados e rebeldes. O dia tinha voado em um borrão de agonia e pressa. Por sorte Morin havia insistido em tirar algumas horas para descansar, temendo que ela tivesse um colapso (Eu me sinto perfeitamente bem, ela tinha dito, mas ele não admitiu discussões). Uma canção escapou-lhe os lábios quase sem querer, um som doce de oração e benção.

Eámanë cantou o Mar. Ela nunca vira o Oceano antes, é claro; Elfos Silvestres tinham um desejo adormecido pelo Mar que era muito perigoso de acordar. Mas não era as Terras Imortais que a atraíam, e sim o cessar de toda a dor e angústia.

Um início nada auspicioso para alguém que almejava entrar para o serviço armado e destruir Dol Guldur.

Ela estava apenas levemente consciente de que Erestor aproximava-se enquanto Morin ficava o mais confortável possível na neve. A pausa seria breve, apenas o suficiente para dar algum alívio aos músculos cansados, mas ainda era prudente manter vigília. O grupo fora atacado duas vezes, e o local atual provia menos camuflagem que o anterior. Ah, Valar, por tudo o que há de sagrado não me permitam montar guarda de novo, não com ele! Mas era um mal necessário, Eámanë sabia. Eles ainda estavam vulneráveis demais, mais do que nunca antes daquela missão maldita. Não havia mais rochas, nenhuma sombra que os protegesse de olhos curiosos. Suas chances eram ver os inimigos antes de serem vistos. Então Eámanë ergueu-se com dificuldade e esperou o inevitável.

"Não guardará a vigia esta noite", Erestor disse, e tocou-lhe os ombros levemente. "Parece exausta".

"E sinto-me assim também", ela confessou baixinho. "Mas tem certeza? O Planalto é extenso, e outro par de olhos poderia vir a calhar".

Maldita etiqueta! Mas a verdade era a verdade, e a necessidade de sobreviver continuava tão forte nela como sempre fora. Eámanë checou os cabelos com os dedos, refazendo o final da trança que se soltava, e conferiu se as lâminas estavam a postos nas bainhas. Estavam. Ela havia perdido algumas flechas, mas este era um assunto de pouca importância no Grande Esquema das Coisas.

Outros vinte guerreiros élficos viriam a calhar, Erestor pensou, mas não o disse.

"Prefiro que descanse um pouco", ele respondeu. "Os edain acham que nós Eldar agüentamos tudo, mas descanso ocasional é necessário em uma jornada como esta."

"Se é o que pensa, Erestor, eu vou dormir um pouco".

"Bom. Eu a chamarei quando chegar a hora". Ele sorriu, observando o rosto delicado da donzela, sua pele pálida refletindo a luz fria das estrelas. Ainda que suja e desgrenhada por tantos dias de marcha forçada, ela ainda brilhava como um cristal claro na escuridão dos Ermos selvagens. Erestor suspirou baixinho. "Lamento ter atrasado seu repouso". O vulto de uma memória prazerosa cruzou-lhe a mente, e ele sorriu. "Ao menos não precisamos fazer chá para ninguém".

"Pelas estrelas!" Eámanë caiu na gargalhada. "Ficarei feliz se nunca mais vir chá na minha frente! Vocês Nobres e Poderosos bebem chá demais. Se passarmos pelas vilas dos homens da floresta, eu lhe mostrarei como se faz em Rhovannion". Seus olhos brilhavam com malícia. "Vejamos como você agüenta aguardente".

De repente, as perspectivas ficaram mais otimistas, pois Erestor percebeu que Eámanë não estava tão chateada assim com ele. "Aguardente?" Ele perguntou, com uma certa apreensão. O nome apenas já era o suficiente para deixá-lo apreensivo. "É isto que dá a vocês da Floresta das Trevas sua coragem lendária?"

"Pfff", Eámanë respondeu –um barulho deselegante, mas a expressão no rosto dele era impagável. "Lendária coragem..." ela murmurou com veneno na voz. "Não há outra opção: Taur-e-Ndaedelos está sitiada, meu senhor, não se engane. Se não nos defendermos com armas em punho, o Palácio do Rei estará perdido".

Ela sentou-se contra a montanha, jogou os cabelos para trás com uma expressão de petulância fingida e afirmou, imitando Glorfindel. "Só uma coisinha para esquentar o coração, criança".

Erestor soltou sua primeira gargalhada verdadeira desde a partida de Rivendell. "Mas também, nós Noldor não ficamos atrás, com nosso Miruvor..." ele disse. "Talvez não devêssemos falar disso longe das Casadelfos, ou os nossos amigos Seguidores terão uma imagem errada de nosso povo... eu já ouvi todo tipo de contos estranhos sobre nossos costumes de pessoas com uma suposta excelente educação em tradição".

"Já ouviu falar do mito da abdução? Era um dos meus favoritos quando eu era uma Elfinha", Eámanë deslanchou a falar, sua fatiga temporariamente esquecida. "Diz-se que os guardas da floresta –ah, eu não sei se com vocês é igual – tomariam para si qualquer donzela bonita que entrasse na floresta desacompanhada. Eu fico me perguntando se os Filhos do Sol acham mesmo que somos tão lascivos quanto eles. Eu até encontrei algumas famílias em Esgaroth que juraram por suas casas que sua linhagem assim começou. Muito perturbador, ainda mais quando estávamos negociando com eles".

"É de surpreender qualquer um", Erestor concordou. "Acho que nós os assustamos um pouco, para ser honesto. Havia uma vila perto de Ost-in-Edhil, quando eu era menino. Eles tinham um circulo de pedras gigantes ao redor das casas, para protegerem-se de nossa mágica élfica".

A cabeça de Eámanë girou tão rápido que ela ouviu seu pescoço estalando. Ela ficou olhando para Erestor, pasma. "Proteger da nossa mágica? Eles achavam que precisavam proteger-se de nós? Ah, mas essa é demais!"

Os músculos do pescoço dela protestaram mais uma vez; ela tinha que olhar para cima já que Erestor ainda estava de pé, e embora o céu estrelado fosse uma vista adorável, Eámanë já estava a ponto de se tornar a primeira Elfa com torcicolo da história da Terra-média. Ela estava observando a paisagem e percebeu que se preocupar com a guarda era inútil, pois eles eram Elfos, estavam no alto de uma montanha e, portanto, veriam qualquer coisa que se aproximasse. Pensando nisso, ela deu uma bronca em Erestor. "Ah, por favor, sente-se! Você está fazendo minha cabeça doer de tanto olhar pra cima!"

"Ah... perdoe-me", ele disse, e deixou-se cair ao lado dela na neve. Ele pensou em manter a guarda também, mas esta era a primeira conversa à vontade que tinham desde o beijo. "Eu queria falar com você antes… eu pretendo interrogá-la extensamente sobre os costumes da Floresta das Trevas. Para o meu livro, é claro".

Eámanë permitiu-se um sorrisinho matreiro e cínico, e ergueu as sobrancelhas. "E isto não tem nada a ver com o fato de você querer a maior quantidade de informações possível antes de entrar nos domínios de Thranduil?"

Erestor deu de ombros, como quem diz ah-que-é-isso. "Isso não seria nada mal."

"Ah, sim, o seu livro. Eu acho que será uma leitura bastante interessante, se chegar a completá-lo algum dia. Mas eu lhe pedirei isso em troca das minhas informações; embora pudesse conseguí-la de qualquer um, eu nem mesmo pertenço à nata da corte. Escreva em Sindarin, por favor. Quenya não é fácil de decifrar quando não se é familiar, ainda mais para nós Silvestres que não temos o costume de estudá-lo".

"Eu sempre pretendi escrever em Sindarin. Apesar das histórias que correm por aí, a maioria dos elfos de Rivendell usam Quenya apenas como uma linguagem cerimonial, ou no estudo da tradição. Além do que, Sindarin é minha língua materna", ele explicou, com um sorriso. Era o sorriso que ele usava geralmente quando estava tentando provar que era um Elfo comum.

"Fala sério? Por qualquer razão, sempre achei que os Noldor falariam Quenya entre si. Acho que é esse ar de enterrado-em-pergaminhos que vocês têm".

Erestor ergueu a sobrancelha. Eámanë tinha uma maneira de falar tão peculiar, que embora estivesse ao seu lado por quase duzentos anos às vezes ele se assombrava. "Enterrado em pergaminhos? É a impressão que eu passo?" Ele sorriu, automaticamente passando os olhos pelas terras em redor. "Na verdade, eu sempre tive vontade de aprender Nandorin. Quenya foi a língua de Valinor: é muito bonita, de fato, mas não mais reflete os Noldor. A sua linguagem está conectada com a Terra-média, e em toda palavra se ouve as correntes cristalinas, a brisa nas folhas." Ele molhou os lábios, e continuou. "Não creio que poderia me ensinar algumas frases?"

"Al en assith", ela respondeu. "Como queira. Mas não acha, quando tivermos ido a Valinor, que esta linguagem da Terra-média vai ficar na lembrança e a mais antiga retornará?"

"Não sei", Erestor respondeu. "Talvez, mas para os Noldor, eu não creio que Quenya jamais se tornará a língua principal novamente. Muitas coisas ocorreram".

Eámanë sentiu vontade de chorar, ainda que não soubesse bem o motivo. Erestor pigarreou, ainda com os olhos fixos na paisagem, enquanto ela estreitava a capa contra si. Eámanë decidiu que precisava praticar mais a técnica de dormir no chão.

"Se você quiser, eu gostaria muito de saber mais sobre sua terra natal".

Eámanë estava quase entrando no reino dos sonhos quando ele falou, e não voltou completamente à realidade. "Eu contei-lhe do Palácio do Rei. Mas a maior parte do nosso povo vive em casas perto dele. Minha família vivia como guardiões da floresta, fazendeiros das fronteiras, a sete dias da cidade principal, até meu pai entrar para o serviço armado. Fomos forçados a mudar-nos para o Norte algumas vezes, o suficiente para aprendermos a fazer as malas bem rápido e nunca achar que o teto sobre nossas cabeças é algo garantido. Ada resistiu o quanto pôde, mas chegou o dia em que o Rei ordenou que seu povo abandonasse os vilarejos e viessem para perto do quartel da Guarda." Eámanë balançou a cabeça, tentando desfazer as memórias doloridas que surgiam. Não era hora de lembrar. Ela moveu-se dentro da capa grossa, tentando achar algum conforto no chão molhado de neve derretida, e continuou a sua história.

"Carvalho e freixo, pinheiro e tília, castanheiro e salgueiro. Todos eles crescem selvagens onde vivemos, até serem quase da altura das antigas Torres de Vigia. Os antigos dizem que houve um tempo em que se podia cruzar a floresta a pé, caminhando por semanas sem jamais encontrar nada mais sério que um grupo de goblins fugido das montanhas. Agora não se pode afastar-se do Palácio do Rei três dias de viagem sem encontrar Aranhas e orcs, olog hai e trolls. Mas sempre a floresta resiste à escuridão, Erestor. Ainda que engolfada em sombras, ela ainda nos enche de vida e esperança. Da floresta em que vivemos é que tiramos o exemplo que devemos seguir, e é por nossa terra que somos moldados".

"A Floresta Negra tem um certo quê de... eu não consigo explicar; não tenho tanta habilidade assim com línguas e jogos de palavras. Mas há algo lá que cativa o coração, apesar de todos os problemas. Ela é assustadora, se não tratá-la com o respeito que lhe cabe – Mas não é assim com todos os lugares da Terra-média? Às vezes eu penso que talvez a Floresta das Trevas seja como o Mar. Você tem que respeitar. Acho que posso dizer com segurança que são ambos imprevisíveis, temperamentais, e fascinantes". Ela o presenteou com um sorriso cansado. "Eu avisei-lhe muitas vezes, eu falo demais."

"Bem, eu perguntei não é mesmo?" Erestor respondeu, sorrindo também. "Você conseguiu me deixar feliz em estar indo visitar sua terra e ver com meus próprios olhos. Estranho, não é, que eu tenha vivido na Terra-média por mais de quatro mil anos mortais e, no entanto, nunca explorei muito dela."

Eles ficaram quietos depois disso, cada qual perdido em seus próprios pensamentos. Eámanë estava obviamente feliz em descansar, e sem demora caiu num sono profundo.

Mas Erestor ficou acordado noite adentro, pensando em uma vasta floresta com copas altas verde-escuras que se confundiam com as escuras ondas do mar, e através dos dois ele via brevemente mechas de cabelos dourados ao vento.

Foi Morin que os acordou, um pouco antes da aurora. Eámanë amaldiçoou o fato que eles estavam atravessando o Passo no meio do inverno, o Chifre Vermelho tinha sido muito mais piedoso em fins de primavera. Agora tudo o que se via era a infindável trilha sinuosa, traiçoeira, e a neve que não parava de cair. Eles precisavam chegar ao outro lado, achar a Velha Estrada da Floresta e alcançar os salões de Thranduil em segurança. Então os Elfos mantiveram o ritmo rápido, e não descansaram mais até que chegaram no lado oriental das Montanhas Sombrias no dia seguinte.

Os Elfos se mantiveram imóveis por algum tempo, absorvendo a beleza da floresta diante deles. No longínquo Sul, a Floresta Dourada com suas árvores altíssimas de mallyrn, para o Leste e o Norte, árvores de um verde escuro, antiqüíssimas, tão grandes e próximas que a luz do sol quase não tocava o chão. Mas entre elas havia uma grande área enegrecida, onde as árvores mirravam e a própria luz do dia não visitava. Dol Guldur.

"Lar, doce lar," Eámanë disse simplesmente, e começou a andar rumo à direção nordeste. "Iremos para a vila dos homens da Floresta e de lá para a Velha Estrada da Floresta". Ela virou-se para encarar os Ellyn, que ainda estavam parados no fim da trilha. "Devemos manter-nos na Estrada. Achemos os mortais rapidamente, e mantenham-se alertas! Ainda há goblins por perto, e daqui em diante estamos fadados a encontrar trolls, olog hai, orcs e aranhas gigantes".

"O que eu não entendo," disse Morin, bastante sério, reposicionando as mochilas nos ombros largos, "é porque ela está tão feliz em vir para um local com tais moradores."

Erestor deu de ombros, e começou a caminhar.


N.A.: Ensaio! (eu tenho que parar de fazer isso…)

1-Passo do Chifre Vermelho – também conhecido como Passagem de Caradhras. Se você ao menos viu o filme, sabe porque Eámanë não gostou de atravessá-lo no inverno: junte Montanha alta pra dedéu, com um Temperamento Difícil, e rigor do inverno europeu (Terra-média seria, teoricamente, uma Europa medieval perdida no tempo e na memória, etc, etc.).

2-Desejo pelo Mar / Saudade do Mar– não estava no filme, então se você não encarou os tijolinhos dos livros SdA provavelmente ficou voando na batatinha frita.

O Retorno do Rei, Apêndice F, As línguas e os povos da Terceira Era: 'Nos corações dos Exilados Noldor o anseio pelo Mar era uma inquietação que jamais podia ser acalmada; no coração dos elfos-cinzentos ele dormitava, mas uma vez despertado não se podia apaziguar'. Todos os Elfos têm ou terão um desejo enorme de cruzar o mar em direção a Valinor, muito provavelmente porque no início dos Tempos Melkor o Primeiro Vilão Superpoderoso, de quem Sauron lambia as botas, fez um balacubaco fortíssimo e como resultado a sua maldade espalhou-se pela Terra-média. Deixa-me explicar direitinho que é pra você não ficar mais confusa ainda: Melkor usou Magia Negra pra Poluir o Continente. Sacou? Ótimo.

Agora veja só, antes disso teve a maldição dos Noldor, que teria mais ou menos o mesmo efeito.Os Elfos Noldor ao longo dos séculos se cansariam da vida deste lado do mar por causa de uma maldição muito braba mesmo que os Valar lançaram neles, por causa da rebelião de Fëanor O Maior Pirra Mimado de Todos os Tempos (ficou magoadinho porque papai casou de novo, foi uma Peste com os meio-irmãos e tão paranóico, vingativo e venenoso que usou seu ultra mega hiper carisma pra levar quase todo o clã Noldor a se revoltarem contra os Valar e abandonar Valinor pra fazer um reino só deles na Terra-média e fazer guerra contra Melkor). Fëanor deu a porra louca e matou uns Teleri muito gente fina de Alqualondë, só porque os Teleri não queriam emprestar os navios deles pros Noldor. Esse foi o Primeiro Fratricídio, houve uns quatro ou cinco se não me engano, e sempre de Fëanor e seus filhos (que eu chamo de Os Sete Magníficos, he he!) contra quem quer que estivesse possuindo as Jóias perfeitas Silmarilli (vide N.A. cap. Cinco, a balada de Lúthien e Beren), feitas por e roubadas de Fëanor. Aliás, o nome é Fëanáro, abreviado pra Fëanor. :P

O restante dos clãs élficos se deu mal porque, como eu já disse, em algum ponto dessa história Melkor lançou o balacubaco dele lá na TM, e a malícia do Vilão eventualmente cansa os Elfos. Mas – ta-dá! Em Valinor a terra ainda é purinha, purinha; e não apenas tudo é perfeito e abençoado como lá eles podem receber cura para todos os males de suas almas cansadas e doridas. Ai, ai... Então, resumo da ópera: Elfos de todos os sabores, digo, casas, anseiam em ir para Valinor, e isso significa cruzar o Mar. Além do que, diz-se que ainda se ouve o Eco da grande Canção que criou o Universo, cantada pelos Poderes (Valar, anjos) e Eru Ilúvatar (Deus) no Mar. O som meio que hipnotiza os Elfos...

(E agora você já sabe porque a gente fica segurando as conchinhas no ouvido...)

3- Terras Imortais – Outro nome pra Valinor (Literalmente, Terra dos Valar) . Também Terras Abençoadas.

4- Edain– plural de Adan, significa Homem Mortal (raça). Saca Dun-edain, homens do Oeste. Dún-adan, O Homem do Oeste (Chefe dos Guardiões)? Provavelmente Sindarin, já que o nome Quenya é Atan, e do Quenya pro Sindarin o t no meio da palavra geralmente vira d. Vide Atar/Adar pai, papai. Ada é um termo mais carinhoso, beirando o infantil: painho, paizinho.

5- Aguardente: literalmente água-ardente (uma palavra brasileira que teve um processo de nomeaçãobem élfico:). Não creio que a Terra-média tenha cana-de-açúcar para fazer aguardente, mas eles deviam ter açúcar de beterraba ou se virar com mel mesmo para fazer seus doces... no mais, se faz bebida de tudo: cana-de-açúcar, malte, cevada, uva, arroz... talvez a aguardente de que a Eámanë fala seja uma versão do sakê, feito de arroz, dos japonas? Ou um licor extra-forte de frutas selvagens? Fica a critério do freguês. Mas que é possível, isso é.

6- Seguidores, Filhos do Sol – Homens Mortais, receberam esse nome porque foram os segundos a povoar a terra, depois dos Elfos (e dos Poderes, mas eles não contam, estamos falando dos Filhos de Ilúvatar), e porque acordaram depois da chegada do Sol.

7 - Nandorin – Língua dos Elfos Verdes ou Silvestres (vem de nandor, vide N.A. capítulo cinco, no finalzinho.)

Al en assith – frase que eu inventei descaradamente, ha três anos mais ou menos quando estávamos jogando o RPG, e hoje sinceramente não me lembro como foi que ou porque eu inventei isso. De onde foi que eu tirei? Só Cristo sabe. Peço licença e perdão a vocês leitores por deixar aqui um pedacinho não 'cânone', quando eu e a Jenny tivemos tanto cuidado em pesquisar e respeitar as regrinhas do universo Tolkien até ali, e se não me falha a memória foi o único deslize gritante que eu fiz. Devia ser um daqueles dias em que eu estava sem paciência ou algo assim.

6- Diferenças de linguagem/cultura- eu já deixei claro que há uma certa diferença no modo de falar dos Elfos. Os Noldor e Sindar (especialmente os descendentes do reino de Elu Thingol) eram tido como mais cultos. A Ordem de 'sapiência', ou talvez mais corretamente de 'cultura', seria mais ou menos assim: Valar, Maiar, Noldor (sábios, mas sangue-quentes), Sindar, e o Resto. Eámanë, ainda que tenha estudado por 185 anos (é, eu corri pra calculadora...) com Erestor ainda dá uma escorregadela e mostra as origens se ela não se concentra. Como diz a minha mamãe querida, costume de casa vai à praça, e desfazer alguns muitos séculos de educação Silvestre relaxada e simples (e deixemos bem claro, que eu considero os Silvestres não inferiores aos Noldor. Eles não fizeram tantos feitos heróicos, mas também você nunca ouviu falar de um Silvestre endoidecido que saiu por aí matando todo mundo...) em quase duzentos anos não é mole.

(vide N.A. cap. Dois, o P.S.; e o N.A. do capítulo cinco, ponto oito, Nota sobre a linguagem dos Elfos)

Um dia eu aprendo... putz! É isso aí amiguinhos, acabou-se o que era doce! Até o próximo capítulo!