Capítulo 15: O Rei Élfico
'Dentro as passagens eram iluminadas com luz de tochas avermelhadas, e os guardas élficos cantavam enquanto marchavam por entre os corredores que se retorciam, cruzavam, e ecoavam. Estes não eram como os das cidades goblin; eram menores, menos profundas no subterrâneo, e cheios de ar mais puro. Em um grande salão com pilares esculpidos da rocha viva sentava o Rei Élfico numa cadeira de madeira trabalhada. Em sua cabeça estava uma coroa de frutas silvestres e folhas vermelhas, pois o outono chegara novamente. Na primavera ele usava uma coroa de flores da floresta. Em suas mãos segurava um cetro de carvalho esculpido'. J.R.R. Tolkien (tradução livre), O Hobbit.
Erestor estudou o aposento espaçoso e estranhamente sofisticado com a mesma reverente admiração com que estudava um tratado, e a mesma atenção metódica que dispensava às cartas do Senhor Celeborn. Agora, Erestor podia ver que o chão era na verdade de um tom vermelho-escuro, contrastando com os tapetes grossos coloridos. Ele tinha um pequeno aposento para banhos com as mesmas comodidades e luxos que havia em Imladris. Aparentemente o povo de Thranduil havia abraçado com alegria o conceito de água encanada e esgoto. Mas também, se o Palácio era a fortaleza silvestre contra o Necromante, eles esperavam um cerco em algum ponto e não poderiam se dar ao luxo de depender da água que estava fora dos limites seguros da montanha.
Erestor deixou o aposento de banhos com um coração pesado, apesar da sensação de frescor e relaxamento que um corpo limpo e perfumado proporcionava. Fortalezas subterrâneas eram a especialidade dos Anões, e aquela parecia ter sido feito nos moldes de Menegroth. Forte, auto-suficiente e confortável. Thranduil tinha feito um bom trabalho.
Flores sobre as mesinhas de cabeceira. Um fogo alegre e acolhedor na lareira. Ao lado de uma cama larga o bastante para deixar os Mortais com idéias descabidas, ele encontrou as portas do closet aberto. Dentro, várias roupas do seu tamanho. Erestor ainda não encontrara o rei, mas a dança já havia começado.
Ele ouviu Morin bater na porta de acordo com o código que haviam combinado, e abriu-a para que o guarda pudesse entrar.
"Ah". Morin disse apenas, sentando-se confortavelmente na poltrona perto da lareira. "Acolhida real padrão. Eu poderia me acostumar a isto".
Erestor soltou um suspiro exasperado. "Não tem graça, Morin. Há expectativas que não cumpriremos".
"Sim, a questão de uma aliança que não pode ser feita e de reforços que não podem ser enviados".
Erestor ficou a olhar, estupefato, para o companheiro. Morin não era do tipo que atirava farpas a esmo. Ainda assim era um guarda, e tinha se tornado amigo de Eámanë. Dois bons motivos para não gostar de pensar na Floresta das Trevas abandonada à própria sorte. "Eu não sou rei de ninguém, Morin".
"Não, és o Conselheiro Chefe de Elrond. Uma palavra tua..."
"Exatamente, e..."
"E nosso bom senhor Elrond é um dos mais poderosos seres da Terra-Média. Uma palavra dele, e o Senhor dos Galadhrim pensará em..."
"Elrond não comanda seus parentes por casamento, Morin! Nenhum assunto desta Terra-Média é assim tão simples!"
"Não, mas ele é o Filho de Eärendil, e o herdeiro declarado de Gil-galad ainda que tenha dispensado o título de Alto-Rei. Ele poderia levantar—"
"Levantar o que?" Erestor gritou. "Levantar quem? Se não estivéssemos tão bem escondidos, o Inimigo nos teria destruído muito tempo atrás, como destruiu... como destruiu Eregion".
"Eu peço tuas desculpas, Mestre Erestor. Não desejava despertar memórias dolorosas".
Erestor sacudiu a cabeça, lutando para recuperar o controle. Ele tinha maior domínio sobre si próprio do que aquilo... Ou costumava possuir. "Ninguém gosta desta situação, Morin. Nem eu, nem Elrond. Eu não creio que Celeborn esteja particularmente feliz, também. Thranduil é da sua própria casa, seu próprio sague".
Morin concordou com a cabeça, um movimento quase imperceptível. Ele também tinha a respiração curta, seus olhos brilhantes demais e a face levemente ruborizada. Nunca é fácil para um soldado ouvir que um seu semelhante teria que sobreviver com suas próprias habilidades, sem ajuda. Ele levantou-se de supetão, sem nada da graça habitual. "Não é, nem poderá vir a ser coisa boa". O guarda parou diante da porta, com as mãos na maçaneta. "Para seu próprio bem, Mestre, aconselho-te que pense em uma maneira delicada de colocar isto em palavras".
Erestor não se preocupou em olhar para Morin quando este saiu. "Quem dera esta fosse a minha única preocupação".
No outro dia, Galion o mordomo veio escoltá-los até a Câmara de Audiência. Erestor teve dificuldades em decidir-se por uma das roupas do closet, finalmente decidindo que uma túnica verde acinzentada e calcas da mesma cor estavam apropriadas. Às portas encontrou Eámanë esperando como prometido, com um Ellon tão parecido com ela que deviam ser parentes próximos. Ela estava vestida em tons de azul escuro, um modelo simples que tinha apenas uma pedra de ametista presa ao cinto de prata como adorno. Os cabelos escorriam livres por suas costas em cachinhos travessos.
"Minha Senhora", ele disse e ofereceu-lhe uma leve reverência, e Morin fez o mesmo. Eámanë apenas balançou com a cabeça, e colocou a mão no ombro de seu parente.
"Paizinho, deixa que eu apresente Erestor de Imladris e Morin filho de Nardil, que me escoltaram por entre os Ermos".
O Elfo loiro deixou que sua força fosse sentida pelos outros, e de repente aquele rosto simpático adquiriu uma expressão decididamente assustadora. "Eu agradeço".
Ele não estava nem um pouquinho agradecido. Na verdade, parecia pronto para matar alguém. Eámanë cutucou-lhe as costelas, sem graça.
"E este é meu pai, Galiond".
O escudeiro anunciou a entrada deles na Câmara e eles se apressaram em obedecer. Eámanë segurava as mãos cruzadas na frente do colo, algo que era um tanto enervante de se ver em uma traquina consumada. Ainda assim, Erestor não teve tempo de perguntar nada sem chamar atenção, e em breve estavam frente a frente com Thranduil Oropherion.
O Rei Élfico era uma visão bastante impressionante. Thranduil era mais alto e mais encorpado que a maioria dos Elfos que Erestor já vira antes, mais alto mesmo que Adhenard, com longas mechas de ouro líquido cascateando até o meio das costas. O cabelo de Eámanë pareceu subitamente muito pálido, quase prata em comparação. Uma coroa trabalhada em prata-de-lei e pedras preciosas brancas descansava em sua testa, e muitos anéis de prata e pedras variadas adornavam seus dedos. Mas ainda com todas aquelas jóias e veludo bordado Thranduil tinha uma presença imponente.
Erestor fez uma reverência longa e esperou que o rei falasse depois que tivessem trocado as saudações e cortesias do costume. Hospitalidade era um dever quase sagrado para os Elfos, e havia regras de etiqueta que não podiam ser quebradas sem um motivo sério.
"Vens a mim em uma época estranha, com más noticias, Mestre Erestor".
"Deveras, embora desejasse ter vindo em circunstâncias diferentes".
Thranduil que obviamente estava esperando algo mais direto, inclinou-se para frente em seu trono. "Como recebeste notícias do retorno da Sombra tão longe, em Imladris, quando o fenômeno é ainda tão recente?"
Erestor calculou as possíveis respostas e decidiu ficar com a mais simples. Thranduil, ele sentiu, não era alguém com quem brincar. "Os Guardiões, meu senhor, que mantêm as terras do norte patrulhadas, nos trouxeram as novas. Mithrandir em pessoa foi checar a veracidade do relatório, e já mandamos noticias a seu parente o Senhor Celeborn. Não fiquei para ouvir a resposta, entretanto".
"E por que trouxeram a dama para casa? Ela estaria muito mais segura no vale".
Erestor olhou para Eámanë, que retribuiu com o mais leve traço de dor.
"Eu não quis ficar, e eles temeram que eu atravessasse as Montanhas sozinha, meu senhor".
Thranduil imediatamente percebeu a Fúria mal-reprimida de Galiond, a calma determinação da moca, e o desconforto dos Elfos do vale. "Porque não ficarias, Eámanë?"
Ela continuava olhando para Erestor. "Queria estar aqui, meu senhor".
"Não podias esperar, Eámanë?"
"Era melhor que não esperasse, meu senhor".
Thranduil estudou pai e filha, e depois focou seu olhar inflexível sobre Erestor. "É melhor que isto não signifique o que eu acho que significa".
"Temo que sim, meu senhor. Em ambos os aspectos".Erestor deu um passo adiante, e ofereceu a Thranduil seus olhos claros e passagem desimpedida para sua mente e sua alma... Com algumas coisas escondidinhas lá no fundo, é claro. "Nenhum de nos pôde convencer a Senhora Eámanë a ficar e esperar, e, portanto precisávamos acompanhá-la".
"Que decidam ficar ao largo dos problemas dos outros, eu posso compreender. Custa-me, consideravelmente, mas eu posso compreender". A voz de Thranduil estava baixinha, suave como seda, gentil como a brisa mansa, e Erestor lembrou-se do conselho de Eámanë no dia anterior. Infelizmente, as portas estavam trancadas e o conselheiro não via meios de escapar dali antes que a fúria do rei se abatesse sobre eles. "Mas trazê-la aqui, para um país à beira da guerra, e dizer-me face a face que não erguerá um dedo, é mais do que cruel, Mestre Erestor, e mais que estúpido. Tua reputação é a de um Elfo Sábio. Não vejo muita sabedoria neste momento".
"Meu senhor—"
"Basta!"
Eámanë deu um passo adiante. "Eu vim de livre e espontânea vontade, meu senhor. Ninguém me trouxe à força".
Thranduil a fuzilou com os olhos. "Deveriam ter-se recusado".
Ela estava imperturbável, a danada, e retornou aquela fúria gélida com um olhar sereno. Eámanë e sereno eram palavras que não combinavam, mas ela conseguiu de alguma forma. "Teria vindo sozinha".
"Não serias tão tola", Thranduil para Morin, que estava tão sombrio quanto ele.
"Com a sua licença, meu senhor, mas seria, sim". A voz de Eámanë subiu uma oitava, e Galiond soltou um gemido baixinho ao seu lado. "De fato, estava prestes a fazê-lo quando Erestor encontrou-me nos estábulos e disse-me que me arrumaria uma escolta".
"Cri que seria o menor dos males, meu senhor", Erestor falou. "Talvez estivesse enganado".
"Talvez estivesse", Galiond sibilou.
Eámanë virou-se para o pai e presenteou-o com sua versão de olhar fulminante. "Talvez não".
Galiond apenas ergueu a sobrancelha. Eámanë suspirou e fez um esforço para deixar o rosto inexpressivo de novo.
"Meu senhor, se me deres licença?" Morin perguntou, e Thranduil balançou a cabeça concordando. "Ele não dirá, portanto é preciso que eu o faça. Ontem eu perguntei ao Mestre Erestor quase o mesmo que meu senhor agora pergunta". Erestor fez um barulhinho indescritível, mas Morin continuou como se não o ouvisse. "E ele me lembrou, como ouso lembrar ao Senhor, que Imladris não é tanto um reino como é o esconderijo dos sobreviventes da queda de Eregion e alguns sobreviventes do povo do Alto-Rei. Estivemos em seu palácio menos de um dia, e já vi mais Elfos andando pelos corredores do que a população do vale em sua totalidade".
O rei sentou-se mais empertigado, observando os Elfos morenos por um longo tempo. "Isto é bem verdade, eu havia esquecido. Por favor, me perdoem, eu preocupo-me demais com os meus para ser imparcial, como devia".
Morin fez uma reverência profunda e não disse nada.
"Queres me dizer que somos a mais populosa entre as casadelfos? É isto mesmo?"
"Nosso povo está abandonando estas terras", Erestor disse calmamente. "Mithlond é apenas um ponto de passagem para nós, e poucos vivem lá com Círdan, o Marinheiro. Inglórion lidera apenas algumas centenas de almas, que eu saiba, e os Galadhrim estão na mesma situação que você".
"Eu me pergunto", Thranduil sussurrou, "como meu parente está, lá no Sul. Entretanto, diz-se que há um poder na Floresta Dourada que mantêm os Galadhrim protegidos".Ele olhou diretamente dentro dos olhos de Erestor. "Não tenho tal mágica. Queria ter, mas não estava fadado".O Rei Élfico levantou-se, e recuperou a compostura, voltando para o papel de rei poderoso e deixando as dúvidas do Ellon para trás.
"Todos queríamos, meu senhor".
Thranduil tornou a olhar para o grupo diante dele, e firmou o olhar em Eámanë. "Sim, eu creio que nos compreendemos mutuamente, Mestre Erestor".
Eámanë mudou o peso do corpo para o outro pé, e franziu o cenho.
"A outra parte desta conversa poderia vir em outra hora, mas creio que está tudo interligado, ou teu pai não estaria aqui contigo, e tu com teus amigos estrangeiros, Eámanë".
Ela franziu o cenho mais ainda, mas concordou.
"Deixa-me tentar adivinhar. Desejas servir na Guarda".
"Agora antes de mais tarde, para que tenha treino prático enquanto há tempo, meu senhor".
Thranduil desceu da plataforma do trono e parou diante dela. "Achas que chegará a tanto?"
Ela sustentou o olhar no dele. "Espero que não, mas a Sombra retornou há menos de um ano, e os Lindar já foram chamados para o Palácio. O que eu vi quando cruzei a fronteira a caminho de casa era ruim o bastante para um tempo tão curto, e as Montanhas Sombrias estão tomadas. Se eu for para o treino e não houver necessidade, perco apenas meu tempo. Mas se não for e houver necessidade...?"
Thranduil virou-se para Galiond. "Ela sabe usar espada ou lança?"
Galiond negou. "Não a lança".
"Defendemos a fronteira por você por muitos anos, meu senhor", Eámanë interrompeu. "Quando nasci a Sombra já se espalhava, e meu pai ensinou a meu irmão e eu como lutar. Maglin praticava comigo quando treinou na Guarda".
Thranduil suspirou. "Mas passaste muito tempo em Imladris, estudando história e tradição, teu pai me disse".
"Sim, e batendo-me contra qualquer um que me aceitasse como oponente, pois achavam uma coisa curiosa ver uma dama lutando, e gostaram do meu estilo. Eu fui atrevida o suficiente para pedir que Glorfindel que me treinasse, para que meus reflexos não se tornassem lentos".
Erestor sentiu o coração parar. Não haveria como voltar atrás depois que o nome de Glorfindel fosse mencionado. Na ausência do mestre, eles usariam a pupila. Ele percebeu que no fundo da alma havia mantido a esperança, esperança que a família dela ou o rei a proibiriam de servir na Guarda.
Não mais.
"É verdade?" O rei perguntou, e ele teve de balançar a cabeça. Elfos não mentem.
Em sua defesa, Thranduil parecia tão triste quanto ele, ou mais.
"Precisarei de treino ainda", Eámanë continuou, completamente calma. De onde viera aquela donzela tão controlada? Ela não iria chutar o chão, fazer biquinho, gritar nem um pouco? Mexer as mãos enquanto falava? Sorrir, ou provocar? "Eu tenho bons conhecimentos de luta com espada, e sou uma arqueira passável, mas preciso aprender os códigos e as técnicas da Guarda. Minhas habilidades de emboscada e camuflagem são as que aprendi nas fronteiras, nada mal, mas preciso melhorá-las antes de entrar no serviço ativo. E também eu gostaria de aprender as táticas de trabalho em grupo. Mas sabemos todos que é para isto que serve o treinamento de aprendizes. Então, quando entrar na classe de iniciantes, estará tudo bem".
"Vejo que tens tudo planejado em tua mente, mas há um pequenino problema com a teoria. Estás ciente, eu tenho certeza, de que esta carreira em particular apresenta alguns efeitos colaterais... permanentes... não estás?"
Erestor quase engasgou com o ar que respirava, e tremeu, só um pouco. O queixo de Eámanë tremeu, só um pouco. Galiond estreitou os olhos, e Thranduil empertigou-se novamente. Até mesmo Morin ficou mais alerta.
"Estou... ciente, sim, senhor".
"E ainda assim desejas seguir adiante com teu plano, embora seja quase certo que não terás filhos depois?"
Eámanë fechou os olhos e inspirou profundamente. "Sim, senhor". Eámanë se recompôs e sustentou o olhar firme do rei outra vez. "Não creio que esta seja uma coisa com a qual eu deva me preocupar no futuro. Certamente não me preocuparei com isto se estivermos mortos".
"Ela parece crer que morreremos sem sua ajuda", Galiond falou irritadamente, mas segurou a mão da filha entre suas próprias mãos enormes.
"Serei a primeira de muitas, pai". Ela se deixou ser abraçada, descansou a cabeça nos ombros do pai. "A primeira de muitas".
"Verdadeiramente, escutei muitas propostas iguais nos últimos meses", Thranduil disse, e virou-se, andando na direção de uma discreta porta na lateral da câmara. "Mas até então fui capaz de dizer não".
Erestor sentiu o coração tornar a bater, louca e dolorosamente, em seu peito.
"Eis um dos dias mais tristes do meu reinado", o rei confessou. "O treinamento é no campo perto dos estábulos, todos os dias, duas horas depois da alvorada. Apresenta-te ao Mestre Himind". E então o rei os deixou sozinhos no salão. O escudeiro estava esperando que o grupo partisse, discreto e impassível.
Eámanë exalou o ar, tremendo um pouco, e sem se importar que os outros percebessem. "Poderia ter sido pior, acho".
Galiond apertou-lhe os ombros, antes de virar-se para os Elfos morenos. "Talvez devêssemos conversar agora. Nosso chalé não fica longe daqui, e há comida preparada. Porco assado".
Eámanë explodiu em gargalhadas histéricas. "Eu tentei salvar o porco, paizinho. Eu realmente tentei".
Nem Morin nem Erestor entenderam o que havia de tão especial em um porco para os Elfos Silvestres. Mas, como diz o ditado, Quando em Mithlond, coma peixe. "Ficaremos honrados", Morin respondeu finalmente, porque Erestor estava inexplicavelmente tímido. Eámanë segurou o rosto do pai nas mãos e puxou-o em sua direção com alguma força bruta.
"Sei o que está tentando fazer", ela falou em Nandorin. "E peço-lhe que não o faça. Não há nada sobre o que falar, paizinho, minha palavra para você que não há nada".
Galiond estava muito encabulado em falar a língua natal na frente dos estrangeiros, ou talvez fosse o tema da conversa que o deixasse sem graça. "Eu vi o modo como olhava para ti, filha, e tu para ele. Como pode não haver nada?"
"Achei que haveria algo, também, mas estava enganada. No momento em que poderíamos ter-nos unido, nossos caminhos se separam – eu irei para a guerra, e ficarei aqui na Grande Floresta, e ele retornará para seu senhor, para servi-lo como o faz a tantos milênios. Não podemos estar juntos, e seria cruel demais falar sobre isso. Por favor, paizinho, eu estou pedindo".
Galiond suspirou e beijou-lhe ambas as faces. "Aparentemente porco assado não cai bem nos estômagos dos Elfos do vale. Oras, venham assim mesmo, temos tortas de galinha e um bom vinho de Dorwinion escondido em algum lugar. Venham e conheçam minha esposa, e falaremos de assuntos mais agradáveis pelo resto do dia".
N.A.:
1- Menegroth - o palácio caverna de Doriath, também chamado Palácio das Mil Cavernas.
2- Elrond e Gil-galad - Ereinion Gil-galad morreu sem deixar herdeiros e Elrond, a quem ele amava, era o Elfo de linhagem mais nobre na época.Elrond não quis usar o título, sendo chamado apenas de Mestre, ou Senhor de Valfenda, e Gill-galad foi o último Alto-Rei Élfico.
3- Thranduil e Celeborn - a versão mais aceita de tolkien sobre Celeborn o mostra como parente (provavelmente sobrinho) de Thingol. Celeborn, a quem Galadriel chama de O Sábio, era provavelmente o conselheiro chefe de Thingol, pois era chamado Ouvido de Thingol. Oropher, como vocês já estão carecas de saber, também era parente de Thingol. Ergo, eram parentes entre si. Provavelmente. Checa o N.A. do capítulo um.
4- "Não é, nem poderá vir a ser coisa boa". Shakespeare, Hamlet. Morin queria uma coisa profunda e sombria para dizer.
5- O sufixo –ion depois de um nome significa filho de (aquele nome). Thranduil filho de Oropher. Filha de é formado do sufixo –iell ou -sell. E você não precisava ficar sabendo disso...
6- Coroa de prata-de-lei: Thranduil usou uma coroa de folhas vermelhas no outono e usava uma de flores silvestres na primavera. Contudo, Erestor se encontra com o rei no inverno, e Thranduil está usando uma coroa de metal mesmo.
7- Hospitalidade - é uma interpretação minha e não tem base alguma nos livros.
8- Mithlond -nome élfico para os Portos Cinzentos.
9- Lindar- como os Elfos Verdes se chamavam.
10- Lança - Os Elfos marcham para a montanha Erebor munidos de arcos, espadas e lanças. Junto com o arco, a lança é um bom modo de destruir o excército inimigo antes que ele tenha chance de chegar perto para inflingir baixas. Os rohirrim também usavam as lanças bastante.
11- Himind - coração fiel, Sindarin.
12- Vinho de Dorwinion - uma bebida potente que os Silvestres compravam dos Homens Mortais e era muito apreciada. Em O Hobbit Galiond o mordomo está bêbado com Dorwinion quando Bilbo e os anões escapam das masmorras.
Oba! As notas estão ficando pequenininhas...
Larwen: não chora não... he he... eu só queria mostrar a dualidade luz-sombra do reino, não era pra abrir a torneirinha... beijão, viu?
Giby: melhorou agora?
Sadie: Ah! Que é isso, linda. Eu sou é metida a besta. Beijo!
Nim: e agora? Continua bom? Hehe. Nem estressa que a galera da Floresta Negra vai aparecer muito. Espero não ter decepcionado com o monarca. Obrigada!
Bom, amiguinhos: valeu a audiência e a paciência. Até a semana que vem!
