CAPÍTULO 2

Quando chegou a Smallville com sua super-velocidade, Clark notou que a cidade estava diferente. Também pudera. Era 2015. As coisas deviam estar mudadas, por mais que aquilo fosse um sonho. Se é que era, afinal, dada a realidade da experiência, Clark começava a duvidar que aquilo tudo fosse mesmo um sonho.

Ao se aproximar do Rancho Kent, viu que não havia ninguém em casa. Clark se aproximou da porta principal e empurrou o ferrolho da fechadura para dentro com um pequeno impulso do dedo indicador. Entrou e notou que tudo parecia normal. Foi até seu quarto e, embora estivesse tudo limpo e organizado, mais parecendo um quarto de visitas, ainda assim era seu quarto. Foi então ao loft, e lá as coisas realmente estavam diferentes. Não havia mais o telescópio, assim como sua mesa de estudos, a estante com livros, o sofá e todo o resto. Parecia um celeiro como outro qualquer.

Clark caminhou até a janela, e ficou pensativo. Viu a casa, o trator, as pilhas de feno. Embora tudo fosse familiar era, ao mesmo tempo, estranho. Como se ali não fosse mais sua casa. Sentia-se estranhamente deslocado. Era como se estivesse melhor em Metrópolis, naquele apartamento, ao lado daquela total desconhecida que dormia ao seu lado. Aquilo não fazia o menor sentido. Não podia estar acontecendo, pensava ele. Foi quando se lembrou do Talon. Sua mãe trabalhava lá. Pelo menos, trabalhou. Ou o quê quer que fosse. Afinal, em dez anos, muita coisa poderia ter acontecido. E esse era seu maior medo. Decidiu ir imediatamente para lá.

Intantes depois...

Ao chegar no Talon, descobriu que aquele era o único lugar em Smallville que não havia mudado. A cafeteria continuava a mesma, exceto por um detalhe e outro. Olhou à volta, e percebeu que estava razoavelmente movimentado. Mas não havia nem sinal de sua mãe. Caminhou até o balcão, onde havia uma moça de cabelos loiros presos ao alto, e ela sorriu:

"Pois não?"

Clark a encarou.

"Você... me conhece?" perguntou ele, na esperança de que ela pudesse ajudá-lo.

Ela enrugou a testa, confusa, e respondeu:

"Não. Eu deveria?"

Clark suspirou.

"Martha Kent" disse ele. "Ela... ela ainda trabalha aqui?" perguntou, hesitante.

"Ela é a dona do lugar" respondeu a moça.

Clark sorriu, aliviado, e surpreso.

"Dona?"

"É. Há sete anos" confirmou ela. "Posso ajudá-lo em alguma coisa?"

"Onde ela está? Posso falar com ela?"

"Bom, ela e o Sr. Kent foram a Granville a uma feira de agronegócios" respondeu ela. "Depois eles iriam a Metrópolis para visitar o filho e a nora. Voltam só na semana que vêm" respondeu ela.

Clark ficou pensativo.

"Posso ajudar em alguma coisa?"

"Qual o nome da nora deles, mesmo?" perguntou. Entre o porteiro do prédio onde supostamente morava com sua esposa e a garçonete do Talon que não o conhecia, preferiu arriscar com esta última descobrir o nome da dona do seu coração naquele universo que ainda estava tentando entender.

"Ah, agora você me pegou. Eu realmente não sei. Comecei aqui há apenas algumas semanas" respondeu ela.

Frustrado, Clark suspirou.

"Está tudo bem?" perguntou ela, preocupada.

Clark apenas sorriu, enquanto balançava a cabeça afirmativamente. Depois se virou, e enquanto se afastava, lembrou que havia alguém que podia explicar o que estava acontecendo...

Minutos depois, na Fortaleza da Solidão...

Clark não pretendia recorrer a Jor-El. Mas se o que ele vivia era mesmo o futuro, talvez seu pai biológico pudesse ajudá-lo de alguma forma.

"Jor-El?" chamou Clark.

Mas não havia resposta.

Clark subiu os degraus e se aproximou do painel com cristais.

"Jor-El?" continuou ele a chamá-lo, olhando ao redor.

Estranhamente, não houve resposta alguma, o que deixou Clark ainda mais confuso. Era como se Jor-El não precisasse mais se manifestar. Era como se Clark estivesse por sua própria conta. E isso o perturbou e frustrou ainda mais. Teve então a certeza de que não havia muito mais o que fazer para descobrir o que estava acontecendo, exceto voltar a Metrópolis e encarar sua suposta esposa.

Continua...