Nota: Quando a fala estiver entre # #, quer dizer que o personagem está pensando.

O Trote

Pandora estava em seu quarto, deitada em sua cama e olhando para o teto.

Pandora – Antes da batalha de Hades com Atena eu ficava aqui sozinha, mas ao menos tinha algo para fazer... Eu passava horas chateando Aioros... Ou ia criticar a música de Orfeu... Se bem que eu gostava da lira dele. Mas agora não tenho nada mesmo para fazer.

Pandora pega um telefone.

Pandora - Ah, eu me lembro de quando Hades colocou um desses no quarto de todos aqui do inferno. Ele disse que era um aparelho ridículo e banal dos humanos, mas que poderíamos nos comunicar sem usar o cosmo... Na verdade eu não sei direito como funciona.

A garota se levanta e pega um manual em uma das gavetas da escrivaninha.

Pandora - Hum... Ah é... Só preciso digitar o código da pessoa que quero chamar e ela atende. Pena que não sei o código de ninguém. - Começa a digitar alguns números, os primeiros que lhe vem na cabeça.

Telefone (Voz gravada) – Não foi possível completar sua ligação. Tente novamente ou consulte a lista telefônica.

Pandora – Lista telefônica? Ah! - Pega um livro enorme e bem grosso e começa a folhear.

Pandora – Lembro que Hades disse que tem o número de telefone de todo mundo, nesse livro. Ah! Vou ligar para Atena e vou xingá-la.

Pandora fica um tempão procurando "Atena" na lista, e encontra. Feliz da vida ela começa a digitar os números.

Telefone (Voz gravada) – Para chamadas à distância, digite o número do seu país, depois o código da operadora e o número desejado.

Pandora (falando no telefone) – Mas como eu vou saber qual o número do infer... Mas que ódio! A miserável desligou na minha cara.

"P" da vida, a garota procura na lista telefônica o código do inferno, e encontra.

Pandora - Certo. Digito 666, depois o código da operadora... O que é operadora? Ah, vou ignorar e tentar de novo. - Digita o código do inferno e o número de Saori.

Telefone (voz gravada da Ana Paula Arósio) – Faz um 21!

Pandora - Que 21? Fazer o que?... Ai, que vaca! Desligou na minha cara de novo!

Mais irritada ainda, Pandora recomeça a digitar os números. Dessa vez ela digita 666, 21 e o número da Saori. O telefone começa a chamar.

Pandora – Agora acho que vai dar certo.

Saori - Alô!

Pandora - Se desligar na minha cara, eu te carrego para o inferno.

Saori – Quem está falando?

Pandora - Eu. E liguei para te dizer que é melhor você tirar esse sorrisinho da cara, porque você vai se dar mal.

Saori - Ah, vou me dar mal, é? Pois eu sou uma deusa e você é só uma empregadinha. E se está achando que o Seiya vai ficar com você, ta muito enganada, porque ele gosta de mim.

Pandora - Seiya? Que Seiya? E empregadinha? Pois lembre-se de que a empregadinha aqui quase te matou.

Saori - Sim, o Seiya. Não se faça de desentendida. E se está falando do dia que colocou laxante na minha sopa, fique sabendo que eu nem passei mal. E sua comida é horrível. Nem sei como o Seiya aguenta.

Pandora – Ora sua... Você não pode falar da minha comida, porque nunca comeu. Você é louca, é? Pare de inventar essas coisas absurdas...

Saori - Pois na hora de ficar se esfregando no Seiya para me fazer ficar com ciúmes, você não acha absurdo não. E quer saber, Minu? Eu só não fecho o orfanato e te coloco na rua, porque esse é o lugar que o MEU Seiya cresceu e ele gosta daí. Não de você. Ele vai aí só porque tem saudades do orfanato, não vai para te ver. E eu não quero mais falar com você.

Saori desliga o telefone.

Pandora – Que desgraçada! Além de desligar o telefone na minha cara, ela me confunde com outra...

Pandora guarda a lista telefônica e fica ligando para qualquer número só para passar trote.

Pandora – Aí é do açougue? Não? Ah, é porque eu passei aí em frente e vi uma muxiba na janela. Huahuahuahuahua...

Horas depois...

Pandora - Aí é do sacolão? Não? Então porque tem um banana na linha? Huahuahuahuahua...

Adorando a brincadeira, Pandora não para, mas cansada das velhas piadinhas, decide tentar algo novo. Ela liga para um número qualquer, como estava fazendo antes.

Voz - Oi!

Pandora - Nossa, que voz bonita! Tem voz de macho.

Voz – É que eu sou homem.

Pandora - Ah, eu percebi. Você é bem gostoso, ein?

Voz - Ah... Eu... Quem está falando?

Pandora - Eu! Não me reconhece? Eu sou a... Hum... A Deusa da morte.

Voz – E quer me matar?

Pandora – Claro que não, relaxa... Mas você não me respondeu, você é gostoso mesmo?

Voz - Er... Bem... Sim, eu sou.

Pandora aperta a tecla "mudo" no telefone e começa a rir.

Pandora - Deve ser mais feio que um filhote do Frog Zeros com o Caronte.

Voz – Para quê ligou?

Pandora – Por quê? Você está ocupado? Estou te atrapalhando?

Voz - Não. Estou com o tempo livre. Eu só queria saber.

Pandora - Ah, pois eu liguei porque gosto de você, gostosão.

Voz – Mas me diz... Você me conhece de verdade ou só está brincando?

Pandora - Nossa... Fiquei magoada. Acha que meu sentimento por você é brincadeira? #

Hahahahahahaha#

Voz – Não sei. É que não conheço nenhuma deusa da morte.

Pandora Hum... Tudo bem, já entendi. Está me dando o fora, né?

Voz - Não. Seria melhor se nos encontrássemos pessoalmente então.

Pandora - Ah, claro! Concordo. E onde vamos nos encontrar?

Voz - ...

Pandora – Você me ouviu?

Voz - Sim... Mas... Onde é melhor para você? Pode escolher.

Pandora - Er... Bem... #Claro que não vou no encontro, mas não posso dizer no inferno.#

Voz - Decidiu?

Pandora - Hum... Perto da sorveteria.

Voz – Que sorveteria? Onde você mora?

Pandora - Ah... Moro... #Droga, que lugar eu invento? Se eu disser que moro no buraco do satanás a brincadeira acaba.# Ah, eu moro no Olimpo. Sou uma deusa, certo?

Voz - Sim, tudo bem. Mas me da o endereço do Olimpo, que eu vou te buscar e aí iremos na sorveteria que você quiser.

Pandora - Ah... Sabe... Acabei de me mudar e não sei o endereço. Então... Depois eu te

ligo e te falo, está bem?

Voz - Hahaha... Mas liga mesmo? Faz o seguinte... Parece um lugar estranho para um

encontro, mas você conhece o cemitério da Colina?

Pandora - Claro! #Esse cemitério nem é tão longe daqui...#

Voz – Então vamos nos encontrar lá, amanhã ás... Dezessete horas, está bem?

Pandora – Seria melhor para mim se fosse hoje. Que tal daqui a uma hora?

Voz - Hum... Você é direta... Tudo bem. Estarei lá daqui a uma hora.

Pandora - Certo. Beijos. Tchauzinho, gostosão.

Voz - Tchau.

Pandora desliga o telefone.

Pandora - Hahahahahahaha... O trouxa caiu! Vai ficar me esperando o tempo que quiser, pois eu não vou. Haahahahaa... Mas... E se ele for... Gostosão mesmo? Haahaahahaa... E daí? Deve ser um humano. Esse telefone também faz ligações para o mundo dos humanos, hehehe...

Em outro quarto, no mesmo castelo, um dos três juízes do inferno estava um tanto mal humorado.

Radamanthys – É cada babaca que liga para me encher o saco... Vou ver se consigo cortar a linha que liga o telefone com o mundo dos humanos. Não é a primeira vez que isso acontece. Mas ao menos agora eu arranjei esse identificador de chamadas. A infeliz não vai ter tanta sorte desta vez. Vou dar um susto na garota, que ela nunca mais vai querer passar trote. Mas depois eu penso nisso.

Tempo depois...

Quarto da Pandora –

Pandora acaba de acordar e olha para o relógio.

Pandora - Nossa... Já se passaram quatro horas desde que falei com o homem por telefone... Ah... Coitado. Bem, deixa pra lá. Vou tomar banho e depois ir jantar.

Quarto do Radamanthys –

Radamanthys – Não pode ser. Não pode ser! - O juiz parecia horrorizado. – Eu sou um idiota. Não acredito que fiz uma coisa dessas... Não... Esse número está errado. Esse identificador de chamadas só pode estar com defeito.

O espectro de Wyvern estava sentado no chão, no meio de seu quarto e sacudia o identificador de chamadas na esperança de que o número mudasse.

Radamanthys - Mas... É esse mesmo o número da senhorita Pandora... Só que... A voz... Eu não tinha reconhecido a voz dela. Não pode ser. Vou fazer um teste. Ela não tem identificador de chamadas. Acho que nem sabe que isso existe.

Radamanthys liga para Pandora. A garota sai correndo do banheiro para atender o telefone.

Pandora – Ainda bem que terminei de tomar banho. É a primeira vez que alguém liga para mim.

Pandora atende o telefone, mas Radamanthys não fala nada. O juiz parecia petrificado.

Pandora - Ei! Não vai falar nada não? Então vou desligar. Eu vou desligar, escutou? Tchau. TCHAU! #Que pena, a ligação deve estar ruim.#

Radamanthys – Pelo amor de Hades... É a mesma voz! Então... Pandora estava falando sério... Sim! Tudo se encaixa. Deusa da morte... Sim... Fui burro demais para não ter entendido. E eu não fui ao encontro... Ai... Ela deve ter ficado me esperando. E deve achar que dei um fora nela... Preciso pensar em um jeito de me desculpar. Mas não posso ser direto... Só sei de uma coisa... Pandora... Ela me ama!

Atordoado com seus pensamentos, Radamanthys vai até o salão do castelo para jantar. No caminho encontra Pandora e o juiz vê aí sua oportunidade de demonstrar que gosta dela.

Pandora - Oi, Radamanthys.

Radamanthys – Como vai, meu amor?

Radamanthys para na frente dela, sorri um pouco e faz pose de garoto propaganda da Zorba.

Pandora olha para trás pra ver se tinha alguém atrás dela.

Pandora - Está falando comigo?

Radamanthys - Claro, meu bem. Sabe que você é muito linda?

Pandora - Radamanthys... Você cheirou, não cheirou?

Radamanthys - Quê?

Pandora - Olha... Eu sei muito bem que você tem a sua vidinha e eu não devo me meter nessas coisas, mas se continuar se drogando, você pode parar de cumprir suas funções como juiz, e aí sim eu vou ter que interferir.

Radamanthys - Mas... Eu não...

Pandora – Isso não me interessa. Agora saia do caminho que quero ir jantar.

Confuso com Pandora, Radamanthys abre caminho e Pandora passa.

Radamanthys - #Ou ela está muito brava por eu não ter ido ao encontro, ou então ela está se fazendo de difícil e fingindo que não me quer só para eu ficar doido.#

C.O.N.T.I.N.U.A...

Capítulo escrito por Talita Sagittarius e Rafael Mu