PARENTE É SERPENTE

CAPÍTULO 5:

Ela estava ali. Parada diante dele, com um olhar frio. Ela não queria demonstrar seu nervosismo por estar ali, ficaram se encarando e notaram que nenhum dos dois parecia ter tido uma boa noite de sono. Shura foi o primeiro a quebrar o silêncio.

"Maíse..."

"Eu só vim trazer suas coisas que ficaram em casa."-mostrou a sacola que ela traziam numa das mãos.-"Eu pediria à alguns dos rapazes que o fizesse por mim, já que deixou bem claro que minha presença lhe é desagradável...mas achei melhor cortar logo todos os laços. Não acha?"

"Acho."-sua voz tentou soar mais firme, mas as palavras dela causaram um efeito devastador em seu intimo. Estendeu a mão e pegou a sacola, notando que ela carregava mais do que seus pertences.-"Estes presentes...eu os dei a você."

"Cortar todos os laços."-ela disse.-"Não quero nada seu."

Ela colocou as mãos no bolso e saia, foi quando parou e disse:

"Ah...esqueci. Aquele sofá que você colocou na minha sala. Pode mandar alguem buscá-lo antes deste fim de semana?"

"Sim. Por que?"

"Neste fim de semana, irei embora."-respondeu sem encará-lo, por isso não reparou na expressão de Shura.

"Como é?"

"Venderei a loja para as meninas que trabalham comigo. Elas já estavam interessadas no negócio. Vou embora de Atenas."

"Para...para onde irá? Quer dizer..."

"Eu não sei. Por aí."-respondeu saindo da casa.-"Adeus."

"Vai embora?"-Shura murmurou e depois refletiu.-"É melhor assim...o que estou pensando? Não posso deixar que ela vá embora assim. Me odiando! Não. Melhora assim, não ficarei empatando a vida dela. Droga! O que eu faço?"

"Parar de pensar em voz alta ajuda."-Shura voltou o olhar e era Misty.

"O que quer?"-suspirou.

"Eu vi Maise saindo. Resolvi entrar. Ela vai embora mesmo?"

"Como sabe?"

"Você resmungou em voz alta."-respondeu sorrindo.-"Vai ficar aí parado feito um dois de paus?"

"Isso não é da sua conta. Ela merece coisa melhor do que ficar amarrada a mim."

"Ora, por que?"

"Eu...Misty você sabe porque. Não tenho direito de prender ela numa vida cheia de incertezas como a nossa!"

"Realmente. Compreendo que queira protegê-la, mas...perguntou a ela o que quer?"-Misty falou olhando o esmalte da unha.

"Hum?"

"Homens."-suspirou.-"Tomam decisões sem consultar a parte interessada. Eu perguntei o que Maise acha disso. De ser excluida da sua vida sem lhe perguntar se é o que quer."

"Misty. Eu não quero mais falar sobre isso e muito menos com você. Acho que ela será mais feliz com o Carlos alguma coisa."

"Ah..eu discordo. Não acho que haja alguma mulher que ele faria feliz."

"O que disse?"

"Querido...ele é gay."-respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo.

"O que disse? Repete."-Shura voltou rapidinho.

"Ele é gay. Descobri ontem no bar do hotel, conversamos sabe? E onde você acha que eu passei a minha noite e..."

"Poupe-me dos detalhes da sua noitada. Foi com ele?"

"Foi."

"Mas isso não muda nada."

"Afff...como você é complicado, guapo."-sorriu.-"Bem...se você pretende deixar o amor da sua vida sair de Atenas, para nunca mais voltar a vê-la. Problema seu mesmo. Que isso me interessa. Afinal, pensar nela esquecendo de você...conhecendo outro homem...ela é bonita, sexy, inteligente. Logo, logo terá outro pretendente."

Shura fechou o cenho, praguejou em espanhol e vestiu-se rapidamente saindo da casa de Capricornio. Misty sorriu.

Correu pelas escadarias, avistando Maise logo em frente a casa de Sagitário, acompanhada por um servo, como era de praxe com convidados.

"Maise!"

Ela parou e olhou por sobre o ombro. Quando viu Shura correndo em sua direção, virou-se para encará-lo. Ele parou diante dela, ofegante. Com um gesto dispensou o servo, pedindo privacidade, depois respirou fundo, encarando-a.

"Não..."-ele começou, mas parou para respirar.

"Não o que?"

"Não vá embora."

"Pensei que não queria mais a minha companhia."-cruzou os braços.

"Eu não posso deixar que se vá assim, cariña."

"Não me chame de cariña. Meu antigo namorado me chamava assim. Mas ele é um espanhol idiota!"

"Com certeza, ele é."-a segurou pelos ombros, dando-lhe um beijo. Após um longo momento, se separaram.-"Maise...fique comigo."

A resposta dela foi um tapa em seu rosto. Ele a encarou atônito.

"Isso foi por ter entrado na conversa da minha mãe."-dá outro tapa, no braço dele.-"Isso foi por ter me tirado uma noite de sono, pensando no que fazer."

Ela ia lhe dar um soco, mas ele a prende em seus braços, rindo.

"Não ria! Ainda não te dei o soco por ser tão cabeça dura!"

"Me perdoa?"-perguntou acariciando seu rosto.

"Vou pensar no seu caso."

Ele voltou a rir.

"Não. É sério. Vou pensar no seu caso. Você vai ter que penar muito para conseguir meu perdão. Pra começar..."-ela o enlaça pelo pescoço, dando-lhe um beijo leve nos lábios.-"Estou com saudades de ficarmos só nós dois...sozinhos."

"Sim?"

"Vai ter que cozinhar para mim."

"O que mais?"

"Vou pensar em mais alguma coisa...depois."-e o beijou.

Shura a ergueu nos braços, e a carregou pelas escadarias até a sua casa. E não queriam ser incomodados.

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No dia seguinte, no aeroporto internacional.

Shura acompanhava Maise que se despedia se seus familiares. Nem seria necessário comentar que o Cavaleiro de Capricórnio estava muito aliviado em se livrar da sua "querida sogra".

E por falar nela...

"Dizer que estou feliz por ver minha filha namorando um segurança, seria falsidade da minha parte, meu caro."-ela suspirou e ele segurou a vontade de mandar uma Excalibur nela.

"Foi um desprazer te conhecer também, Lucrécia."-pelo menos, prometeu que não tentaria ser falso com ela. E Maise aprovou.

"Igualmente."-ela se aproxima mais e sussurra.-"Mas se prepare para o inferno que é viver comigo em sua sombra."

"Estive no Inferno. O Capeta é mais humano que a senhora."

"Parem com isso os dois."-pediu Maise revirando os olhos.-"Vai perder o vôo, mamãe."

"E não queremos isso."-diz Shura, Lucrécia o fuzilou com o olhar.

Shura e Maise acenavam para o grupo de brasileiros que embarcavam. Ela o cutucou.

"Pode parar de encenar."-ela falou.

"Quem está encenando? Estou muito feliz da sua mãe ter ido embora."

"Ela volta em Junho."-ela respondeu e o sorriso de Shura sumiu.

"Zeus não é tão cruel assim."-ele resmungou.-"Por que Junho?"

"As crianças estarão em férias, e todos podem voltar para cá."

"Que?"-estava inconformado.

"E também...Verão...sempre quis me casar no verão. O mar Egeu fica mais lindo nesta época do ano."

Shura a encarou.

"Mas acontece que tenho que esperar que me façam a proposta o mais rápido possível."-continuou falando como se não fosse com ele.-"Como ele demora muito para se decidir, eu acho que tenho que tomar a iniciativa. Quer se casar comigo?"

"Está me propondo casamento?"

"Estou."-e parou diante dele.

"Contou isso para a sua mãe?"

"Ainda não."

"Me deixa ter o prazer de contar isso para ela?"-e ele segurou a mão dela, se ajoelhando no meio do saguão do aeroporto, retirando do bolso o anel, sempre esperando o melhor momento para fazer isso.-"Vamos fazer isso direito."

Maíse sorriu, sem graça por estar atraindo olhares de todos ao redor.

"Maíse Maria Alcântara Bueno, sei que às vezes te tiro do sério, mas sabe que eu te amo muito, cariña. E eu preciso de você. Aceita ser minha esposa?"

"Sim."

Ele colocou a aliança e em seguida a beijou apaixonadamente, sob os aplausos das pessoas próximas.

Sentada em sua poltrona, observando os ultimos passageiros embarcarem, Lucrécia pensava em como sua filha estaria jogando sua vida fora com aquele segurança. De repente, seu celular tocou.

"Sogrinha!"

"Shura..."-respondeu sem emoção.

"Deixa eu falar rápido antes que seu avião decole."-e o espanhol contou tudo a Lucrécia que arregalou os olhos e...

"NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOO!"

Shura desligou o aparelho e encarou a sua noiva, e em breve sua esposa, com um belo sorriso.

"O que ela disse?"-perguntou ansiosa.

"Está gritando de alegria."

Fim...

Finalmente mais um fic terminado! Espero que tenha agradado. Eu não tinha grandes pretensões com esta história, mas descobri que muitos são fãs deste casal, e de Maíse também.

Espero que o final tenha agradado. Obrigada por terem lido!

Beijos!