Eu ainda estava assustado. E acredite não era mentira. Pode parecer difícil eu me assustar com alguma coisa tão fácil, mas isso me assustou. A visão de todas aquelas garrafas de sakê por aqui me deixou realmente boquiaberto. Por um tempo fiquei me perguntando o que teríamos feito.

Essa foi e é uma das questões que ainda não consigo responder. Será que fiz algo errado, será que... Analiso as pessoas a minha volta. Miroku parecia ainda perdido, com a garrafa de sakê nas mãos e dando estranhos sorrisos para mim. Sango ainda dormia colada em Shippou, que estava agarrado a um nabo gigante, que tinha uma expressão assassina. Kagome... Kagome estava do meu lado. Arregalei os olhos ao vê-la.

As roupas estavam diferentes. Arregalei mais ainda meus olhos ao vê-la se virar. A roupa curta deixava aparecer boa parte das pernas e da barriga dela. Me vi impossibilitado de desviar meus olhos por algum período longo de tempo. Muito longo.

Meu olhar demorou ali, por muito tempo. Talvez, aquilo ainda fosse efeito da bebida. Se é que eu havia bebido. Mas não duvido que tivesse. Minha cabeça ainda rodava com as coisas que não me lembrava, o que havia feito?... Por que Kagome está daquela forma? Quem trouxera as bebidas?

A última pergunta, entretanto, me pareceu a mais fácil de ser respondida. Certamente, Miroku havia trazido as malditas bebidas. Sim, havia sido ele. Pouco antes de começarmos o que ele havia dito que seria uma festa.

Ele havia trazido algumas coisas com ele. Se bem me lembro... Comida e as garrafas de sakê, mas quando todos menos esperavam... Estavam bebendo sakê. Ele havia dito que era só para ele! Sabe o que isso significa? Que ele misturou nossas bebidas de propósito. Maldito Miroku. Maldito monge pervertido.

Ele parecia animado com a idéia por motivos que prefiro desconhecer, apesar de desconfiar do que seja. Ainda me lembro, de ter bebido. Acho que bebi demais. Por isso essa maldita dor de cabeça.

Levantei, encostando na parede para ter um apoio maior. Senti tudo dar voltas e voltas por um grande período de tempo. Ok, ok... Parecia uma eternidade. Caí sentado ao notar que estava praticamente sem roupa. Imaginei muita coisa nessa hora. O que eu poderia ter pretendido fazer? O que minha mente bêbada queria de mim? Por fim, tentei esquecer um pouco aquilo.

Miroku havia se levantado também, e eu estava prontíssimo para bater nele. Era tudo culpa dele, ele havia feito toda essa confusão. Que ele chamaria simplesmente de festa.

Na esperança de me lembrar de mais alguma coisa, encontrei pelo chão boa parte das roupas de Kagome e Sango. Ergui uma sobrancelha. O que elas haviam feito?

Minha cabeça voltou a rodar. Estava cansado em pensar em todas as possibilidades impossíveis, ou possíveis, que dependiam da minha falta de memória e do meu humor negro que estava para vir.

Balancei a cabeça negativamente, não poderia imaginar toda aquela situação. Encostei-me na parede e respirei fundo. Definitivamente, precisava me acalmar.