Título da fic: O Que Sinto...

Anime: Fruits Basket.

Casal: Kyo x Yuki/ Menção de outros casais.

Classificação: Yaoi/ Lemon / Vouyerismo/ Angust

Autora:Yume Vy

Beta: Mey Lyen

OOO

O Que Sinto...

Capítulo 01 – Vendo Você...

Andando de um lado para o outro, o professor de física falava e falava, sendo observado pelos alunos, que prestavam atenção a cada frase pronunciada. O dia estava mais frio, nublado. Quando acordaram de manhã, Tohru Honda e os membros da família Souma não imaginavam que o tempo mudaria assim.

Os violetas voltaram-se para a fileira que ficava próxima a janela, vendo sentado ali, o gato mais inconveniente que conhecia. Via como Kyo tentava prestar atenção a aula, pois ele era do tipo que tirava notas plausíveis de tanto estudar de última hora. Acabou rindo com a constatação.

Seu quase imperceptível sorriso foi sumindo, dando lugar a uma feição séria. Os belos olhos de Yuki reparavam na figura destacada de Kyo. A pele amorenada, o corpo esguio e másculo, os fios vermelhos que pendiam mais para o alaranjado e os olhos... Os olhos pareciam duas pedras de rubis de tão vermelhos. Lindos e perfeitos! Altamente... Felinos.

"Como pode ser tão inconveniente assim?", Perguntou-se Yuki, desviando o olhar.

Era impossível não enxergar alguém como Kyo Souma no meio da multidão. Tanto sua aparência como seus trejeitos destacavam-se. Ouviu um muxoxo e olhou de lado, vendo um dos alunos, que sentava atrás de Kyo, puxando assunto, perguntando algo sobre o que o professor falou e que não entendeu.

" Ih, presta mais atenção, idiota!", Kyo disse, voltando-se para frente, com aquela feição emburrada de sempre.

Yuki continuou reparando no modo como o outro se movia e falava, tentando se livrar do idiota que ficava atrás dele, fazendo perguntas e mexendo em seus cabelos só para irritá-lo. O que o Rato achava mais engraçado era que o Gato parecia ficar mais bonito irritado... Não só bonito como também...

" Que tá olhando?", Kyo perguntou, fuzilando Yuki com seus rubis.

" Estou olhando para a janela, não para você! Infelizmente sua forma está no caminho.", Respondeu indiferente.

" Ora seu!", O Gato fechou o punho, desejando avançar na ratazana.

Yuki voltou seu olhar para frente. Há meses negou a si mesmo que admirava Kyo, mas era isso mesmo. Ao contrário dele, o Gato, uma vez acostumado com todos, permitia a aproximação e convivia normalmente... Talvez isso se dava pelo fato dele não fazer parte, oficialmente, dos Doze Signos.

"E pensar que o idiota quer fazer parte dos Doze Signos me derrotando... Como pode ser tão lerdo?", Perguntava-se o Rato, suspirando inconformado.

Desde que o Gato passou a morar com eles e com a senhorita Honda, muita coisa mudou. Ele próprio havia mudado e agora não havia mais as violentas brigas de antes, onde literalmente arrancavam sangue um do outro, mas apenas as discussões e alguns atritos físicos... Nada muito grave.

Admitia pra si mesmo sua admiração, mas não podia dizer ao outro. Kyo não entenderia e... Agora o que podia fazer era continuar com aquela pequena farsa de que o odiava, o que estava longe de ser verdade. Mas irritá-lo... Provocá-lo, era uma forma de poder estar mais perto dele.

" Apesar de que isso é tão... Irracional.", Yuki disse, sem perceber que pensara em voz alta, tamanha sua distração.

" O que é irracional?", Tohru perguntou, curiosa.

" Hã! Ah! Não é nada, senhorita Honda!", O Rato sorriu gentilmente, para desespero das integrantes do 'Prince Yuki'... Seu fã clube oficial, que ele nem tinha noção que existia.

A aula terminou e o professor saiu da sala. Os alunos estavam à espera da professora, para ter o último horário. Minami e Mio, ambas fãs de Yuki e membros oficiais do 'Prince Yuki', observavam a cena, furiosas. Como aquela garota avoada e lerda podia se aproximar do ser divino que freqüentava o colégio Kaibara?

" O que ela falou pra ele sorrir?", Perguntou Minani, a loirinha de maria-chiquinha.

" Não sei, vamos lá descobrir! Aquela Tohru Honda é uma bruxa mesmo!", Disse Mio, a de cabelos negros.

Aproximaram-se e pararam no mesmo instante. Perto de Tohru, entre elas e a bruxa, estava ninguém mesmo que o demônio das ondas venenosas... Hanajima Saki. Os olhos escuros da garota diziam tudo... Se elas se aproximassem, seriam vítimas das ondas furiosas daquela garota. Não... Ela não podia ser uma garota... Era um demônio!

" Droga! Temos que falar com a presidente Motoko!", Falou Minami, movendo-se rapidamente e fazendo seus fios loiros ricochetearem.

" Sim, ela tem que saber disso!", Comentou determinada, Mio.

As duas saíram rapidamente. Era dever delas 'amar, venerar e proteger o príncipe que desceu dos céus' para presenteá-las com sua presença sublime naquele colégio. É imperdoável o fato daquela garota... Da bruxa chamada Tohru Honda se aproximasse assim de sua ilustre alteza.

" Tem certeza, Yuki?", Perguntou a garota. Havia notado que Yuki ficou a aula toda perdido em pensamentos, olhando para a janela. Ele devia estar com algum problema.

" Sim, não se preocupe.", Disse para tranqüilizá-la.

Tohru ficou olhando dentro dos olhos violetas de Yuki. Sabia que ele escondia algo, mas parecia não querer falar. Talvez fosse melhor abordá-lo em um local mais calmo, em casa. Sabia, mas do que ninguém, que o coração daquele rapaz de cabelos prateados era frágil... Tão frágil quanto o de Kyo e não queria, de forma alguma, que ele sofresse.

"Quero... Quero muito que você seja feliz!", Pensou, voltando seu olhar para o Gato.

Yuki reparou que a professora da próxima aula não chegava nunca e resolveu ir ver o que estava acontecendo. Saiu da sala, não vendo que seus passos eram seguidos por dois rubis. Suspirou, indo a sala dos professores.

" ...!", Kyo olhava para a porta da sala. Apesar do que Yuki disse, parecia que o Rato estava olhando para ele, o que o intrigava muito. Não era a primeira vez que o pegava o observando.

"O que aquela ratazana quer?", Perguntava-se, ficando cada vez mais irritado.

" O que foi, Kyo? Ficou mau-humorado de repente...", Falou Saito, o rapaz que sentava atrás dele.

" Nada!", ò.ó Respondeu ainda mais irritado. Como detestava aquela ratazana!

Yuki entrou na sala, vasculhando todos com seus olhos violetas, pousando-os sobre Kyo, que parecia falar animadamente com o idiota que sentava atrás dele. Idiota... Desde quando achava que Saito era idiota? Balançou a cabeça negativamente e chamou a atenção dos alunos, que rapidamente se calaram e esperaram que falasse.

"Bah! Basta Yuki respirar que todo mundo se cala!", Kyo cruza os braços e fecha mais a cara. Era sempre assim... Bastava Yuki falar algo, que todos reparavam, o ouviam e... Fazia o que ele queria. Isso o irritava muito!

" A professora teve que se ausentar por um motivo de acidente familiar. Eu conversei com o supervisor e... Ele aceitou que saíssemos. Então podem recolher o material e vamos embora organizadamente.", Disse, vendo o sorriso nos lábios de todos.

Saíram da sala e já estavam no portão, quando escutam alguém chamar. Kyo , Yuki e Tohru olharam e viram que se trava de Takei, o ex-presidente do Grêmio Estudantil. Yuki suspira. Achou que, pelo menos naquele dia, não teria nada pra fazer... Mas parece que o outro arrumou algo.

" Companheiro Yuki! Preciso de sua ajuda.", Falou, arrumando os óculos.

" Do que se trata?", Perguntou Yuki, desgostoso.

" Ah, vamos indo, Tohru!", Disse Kyo, louco pra ir embora.

" Mas o Yuki...", Olhou para o Gato, que revirou os olhos.

" É sobre a revisão do jornal estudantil que lançaremos.", Falou.

" Hum... Tohru, pode ir. Não vou demorar muito.", Yuki fala. Sabia que Takei faria de tudo para prendê-lo ali o máximo de tempo possível.

" Mas Yuki...", Ainda não estava convencida.

" Não se preocupe. Hoje você não trabalha. Aproveite e descanse.", Yuki sorriu docemente, vendo que acabou por convencer Honda, que saía acompanhada de Kyo.

Os violetas novamente se fixaram nas formas chamativas do Gato. Kyo se movia felinamente e Yuki tinha consciência de que o inconveniente bichano nem tinha noção de o quão sensual era. Ouviu a voz irritante de Takei e foi resolver o pequeno problema.

OOO

Tohru e Kyo andavam tranqüilamente e ela notava que o Gato estava muito calado, achando isso anormal. Suspirou. O dia inteiro ficou nublado e agora espessas nuvens escuras se mostravam no horizonte, o vento frio passava pelos corpos de ambos com mais intensidade, enquanto caminhavam em direção a casa de Shigure. Permaneciam em silêncio, até que Honda resolveu quebrar o mesmo.

" Estou preocupada com o Yuki.", Ela diz, olhando sobre o ombro, na esperança de ver o Rato vindo mais atrás.

" Hunf! Aquela ratazana sabe se cuidar!", Diz irritado. Não sabia porque Tohru se preocupada tanto com Yuki. Aquilo era definitivamente irritante.

" ...!", Tohru parou um pouco. Segurava a mochila com apreensão e seus olhos azuis mostravam toda preocupação que sentia no momento.

"Mas também... Ela se preocupa com todo mundo!", ¬¬° O Gato pensa, cruzando os braços e balançando a perna direita em sinal de irritação.

" Já falei que cê não precisa ficar assim!", Esbravejou, quando não conseguiu mais se conter.

" Mas... Kyo! O tempo esfriou... E se o Yuki pegar uma gripe?", óò Ela fita entristecida o Gato.

" ...!", Kyo fica em silêncio. Realmente havia esfriado muito e Yuki não...

" O Yuki não levou casaco algum! E se acontecer algo?", Ela perguntou ainda mais apreensiva.

Vai que enquanto volta pra casa, Yuki, por não estar bem agasalhado, comece a ter uma crise respiratória... Ele podia, enquanto vinha solitário por aquele caminho, não resistir e acabar se transformando em um lindo e meigo ratinho branco, o que pioraria ainda mais sua frágil saúde! Pensar nisso a deixava mais aflita.

" Eu devia ter esperado o Yuki!", ;; Ela disse, levando a mão direita ao coração, já imaginando o pobre ratinho sozinho em meio a tal sofrimento.

Kyo permaneceu em silêncio. Realmente havia esfriado. De manhã, quando foram ao colégio, não estava tão frio, mas agora, até ele queria enfiar-se debaixo de uma coberta e ficar lá, quentinho. Pegos de surpresas, nenhum deles levaram agasalho e Yuki teve que ficar para resolver alguns assuntos pendentes do Grêmio Estudantil.

"Aposto que aquele mala idiota do Takei está atrasando mais o Yuki.", Pensou o Gato, estreitando os olhos. O ex-presidente do Grêmio parecia babar pelo Rato...

" Acho que eu devia voltar...", Tohru disse, pensativa.

"Aposto que a ratazana nem percebeu. Isso é um cúmulo! Como ele se presta a isso? Eu já teria dado uma surra naquele mala!", Pensava o Gato, ficando mais irritado.

" Vamos voltar, Kyo?", Perguntou Honda, olhando para o Gato, seus grandes olhos azuis brilhando imensamente.

" Voltar! De jeito nenhum!", ÒÓ Falou o Gato, furioso. Por que motivo ele voltaria aquele colégio? Para esperar a ratazana? Nem morto! De jeito nenhum arredaria o pé dali. O Rato que morresse de frio!

" Por favor, Kyo!", ó.ò Falou Honda, seus olhos suplicantes.

"Por que ela tem que ficar fazendo essa cara?", Perguntava-se o Gato, sentindo que alguma parte de seu coração derretia ao ver aqueles olhinhos tão pedintes.

" Vamos!", Ela falou, ainda fitando-o.

"Eu vou resistir! Eu não vou ir... Eu não vou! Não vou!", Dizia para si mesmo.

Não tinha nenhuma obrigação para com a ratazana. Se ele morresse de frio, melhor! Ele não precisaria mais ver aquela face de garoto bonzinho que todos amam e admiram. Não precisaria mais ter que lidar com tal ser irritante, que por algum motivo ele não conseguia derrotar, mas ele conseguiria! Não ia se render ao olhar de Tohru. Ela era especial, mas ainda assim... Ele manteria sua palavra. Não ia... Não ia e...

" TÁ BOM! Vamos logo! Mas que droga!", Disse um enfurecido Gato.

" Aonde vão!", Ouviram alguém perguntar.

" Vamos buscar a ratazana idiota!", ù.ú Kyo esbravejou.

" Quem é idiota?", Yuki disse, estreitando os olhos.

" Yuki! Quem bom que já está aqui!", Tohru suspira mais tranqüila, ao ver que Yuki já havia alcançado os dois.

" Sim, senhorita Honda. Consegui finalizar o que precisava uns dez minutos depois que vocês saíram.", Yuki sorriu gentilmente para a garota mais baixa.

" Chega de papo e vamos logo!", Um irritado ruivo disse de forma alterada. Como pôde se render e se preparar pra ir com Tohru esperar aquele maldito?

" ...!", Yuki o ignorou e continuou a esperar Honda.

" Já estava quase indo te buscar, Yuki!", Disse Tohru mais aliviada, porque agora Yuki não mais ficaria pegando friagem.

" Não precisava, senhorita Honda! Mas muito obrigado!", Respondeu o Rato, dando mais um singelo sorriso.

Tohru sorriu. Agora sim podia ficar tranqüila. Sabia da frágil saúde de Yuki e o que menos queria era que ele pegasse um resfriado. Já bastava o susto que levou no dia da corrida do colégio, quando conheceu Hatsuharu Souma. Não se importava em voltar pra esperá-lo. Tinham dado um dia de folga a ela, devido às horas extras e não tinha nada pra fazer. Para compensar, faria um jantar maravilhoso!

" Arg!", Kyo revirava os olhos, escutando os dois conversarem.

" Deixe de ser estúpido, Kyo!", Yuki disse, voltando seu olhar para o Gato.

" QUEM É ESTÚPIDO!", Gritou o ruivo furioso.

" Quem mais poderia ser além de você?", O olhou friamente, com aquele olhar superior que irritava o Gato imensamente.

" Tá querendo briga, é?", Seus rubis fervilham de raiva.

" Você sabe que vai perder, por que ainda tenta?", Olhou o outro com desdém.

Yuki ficou observando o Gato com seu olhar indiferente. Via que ele estava muito bravo e que logo explodiria como sempre. Era engraçado como provocações tão bobas faziam o outro perder a cabeça, apesar de que antes era pior. No entanto, achava-o tão lindo assim e o melhor, poderia observá-lo sem problemas.

" EU VOU TE MATAR, SUA RATAZANA MALDITA!", Kyo gritou. Em sua testa várias veias saltaram, mostrando seu nível de fúria. Posicionou-se em modo de luta. Ia mostrar aquele rato filho da mãe do que ele era capaz.

" Ah... Sempre as mesmas ameaças. Você não se cansa?", Perguntou Yuki, cruzando os braços entediadamente.

" EU ODEIO ESSA SUA CARA!", Gritou o Gato. Odiava aquela cara de superior que o outro fazia. Como ele conseguia manter-se tão indiferente assim? Nada o abalava? Como odiava aquilo!

" Se não gosta, vá embora.", Disse calmamente.

" ORA, SEU...!", Kyo tentava se controlar, mas a ratazana parecia ter o dom de tirá-lo do sério. Sim! Devia ser alguma habilidade especial de Yuki. Só podia ser!

" ...!", Honda olhava tudo sem conseguir separá-los.

Apesar de querer que os dois se tornassem bons amigos, sabia que não vê-los assim... Brigando, seria muito estranho. Sorriu enquanto os observava. Até parecia que brigavam dessa forma apenas para poder 'conversarem' sem que ninguém suspeitassem de que eram amigos. Desde que os conheceu e foi morar com os Souma, Yuki e Kyo brigavam menos e agora, eles raramente partiam pro corpo a corpo. Discutiam e discutiam, mas era apenas isso! Acabou sorrindo mais.

"Eles são mesmo perfeitos...", - Ela continuava a caminhar ao lado dos dois e eles...

" Não sei porque ainda mora aqui.", u.u Yuki disse em seu tom impassível.

" Só tô aqui por causa da mala do Akito! Cê acha que eu gosto de ficar vendo a sua cara?", O Gato estava indignado.

" Achei que não se importava com o que o Akito pensava.", Continuou provocando.

" E não me importo mesmo! ELE QUE SE DANE! Eu não vou ficar aqui por muito tempo. Vou derrotar você e então ENTRAREI PARA OS DOZE SIGNOS!", Kyo estava perto de partir pra ignorância.

" Ah... Como é cansativo fazer esse percurso...", Yuki diz, tentando ter paciência. O Gato era tão inconveniente. Apesar de que assim ele podia...

" Gente...", °-° Tohru tentava falar.

" Pode ter certeza! Você cansa qualquer um! Devia sumir!", O ruivo diz, fuzilando o Rato com o olhar.

" Você que veio de penetra, quebrando o telhado da casa do Shigure.", u.u

" Ahh... Sua ratazana maldita!", Deu uns passos em direção a Yuki.

" Seu vocabulário é tão mínimo.", Disse dando um sorriso de puro deboche.

" GRrrr... Eu SEMPRE vou te ODIAARRRR!", Disse o Gato.

" Que bom.", Respondeu o Rato ainda mantendo o ar de indiferença.

" Yuki... Kyo...", '' Tohru tentava, mas não achava brecha para entrar no meio daquela briga.

Os dois começaram a discutir... De novo! Como sempre Yuki partia com suas ofensas 'calmas' que eram repelidas com os gritos furiosos de Kyo. Os dois perdiam a noção de tudo enquanto brigavam verbalmente. Se fosse em outra época, já estaria dando chutes e socos, tirando sangue um do outro, ou melhor, Yuki tiraria sangue de Kyo, pois o Gato sempre perdia para o Rato. Por que o Gato sempre perdia? Quem ia saber! Talvez pelo fato do Rato ser 'especial'.

" Isso me dá enjôo!", Disse Yuki, já cansado daquela ladainha do ruivo.

" Então vomita longe de mim!", O outro dizia enraivecido.

" Sua presença é que me deixa assim.", O belo rapaz de cabelos prateados falou.

" Você é desprezível!", Não entendia como ele podia ser assim... Ficar assim... Com aquela cara de santo mais lavada do mundo. Ah! Como aquilo o irritava!

" Hã...", Tohru ergue um pouco as mãos, na tentativa de separá-los, mas não conseguia se mover.

" Senhorita Honda, eu não estou dizendo que caminhar com você seja enjoativo!", Yuki disse preocupado que ela tenha entendido suas palavras de forma errada.

" É! Caminhar com você é legal! Essa ratazana é que estraga tudo!", Kyo também tentava se desculpar. E se ela ficasse triste? Não gostava de vê-la chateada.

" Não... É que eu...", Olhava para aqueles dois, que agora pareciam aflitos.

" Perdoe-me, senhorita Honda. Devia ter notado que queria falar algo. Pode dizer!", Yuki a olhava com confiança, incentivando-a a prosseguir em suas palavras.

" Isso! Desembuça!", O Gato também falou determinado... Bom! Na verdade quase gritou para que ela falasse logo, devido a seu jeito impaciente e afobado.

" É que eu queria dizer que seria melhor entrarmos... Está chuviscando...", Ela falou, olhando-os.

" ...!", O.O Yuki e Kyo se assustam.

Olhos rubis e violetas erguem-se, fitando o céu, só agora dando conta de que estava chovendo e... Que já estavam bem molhados. Suas roupas estavam praticamente coladas a seus corpos. Não estavam encharcados, mas ainda assim, as roupas estavam molhadas. Olharam para a Tohru, vendo que ela se encontrava na mesma situação.

Yuki suspirou. Estava tão concentrado em Kyo que nem notou a chuva, não sentia frio ou sequer percebeu que estava molhado. Droga! Kyo tinha esse efeito nele. A capacidade de tomar-lhe a atenção a tal ponto que nada via ou sentia, a não ser o Gato à frente dele.

Kyo ficou irritado. Odiava chuva e mais ainda tomar chuva. Agora estava começando a sentir frio... Maldita chuva! Como não percebeu que estava debaixo de uma? Olhou para a ratazana. Era culpa dele! Sempre era culpa de Yuki. Tudo o que dera de errado em sua vida. Tudo era porque ele...

" Senhorita Honda, você devia ter entrado!", Yuki disse, ao ver que já estavam na porta de casa. Nem tinha notado isso, na verdade.

" Você é lerda mesmo, né Tohru! Você pode ficar doente! Fica trabalhando que nem uma condenada e depois fica aí, que nem lerda, pegando chuva!", Kyo disse, preocupado com a garota, esquecendo-se do que estava pensando. Não queria que ela ficasse gripada ou coisa assim.

" Está tudo bem! Vamos entrar?", Ela perguntou, dando um singelo sorriso.

" Sim.", Os dois responderam em uníssono.

Entraram e deixaram os sapatos na porta. Tudo parecia deserto, mas Kyo e Yuki repararam que Shigure estava tomando banho. Olharam um para o outro, como se dissesse que tomaria banho primeiro, seus olhos queimavam em um desafio silencioso...

Tohru estava com uma feição alegre. Na verdade, estava muito contente com o modo que Kyo e Yuki agiam. Eles pareciam mais próximos... De alguma forma ela notava isso. Não havia mais a violência de antes e as discussões sumiam rapidamente da mesma forma que apareciam. Eles não pareciam querer se ofender realmente. Era isso que achava.

" Vou preparar um lanche pra gente!", Honda diz, sorrindo.

" De jeito nenhum, senhorita Honda!", Yuki disse. Queria que ela tomasse um banho logo para não correr riscos de ficar doente.

" É! Já pro banho!", Kyo disse, apontando para o banheiro do segundo andar, que era exclusivamente dela.

" Mas...", ó.ò Ela tentava argumentar.

" Nada de 'mas'!", Ambos disseram, suas feições determinadas e repreensivas.

" Tá bom!", Falou, suspirando e subindo para tomar o bendito banho.

Yuki e Kyo ficaram olhando Tohru sumir, enquanto subia a escada e quando deixaram de vê-la, suspiraram. Ela era tão espacial! Preocupava-se tanto com os outros e esquecia de si mesma. Era dever deles zelar por alguém assim... A única pessoa que os aceitava como eles eram.

Kyo olhou para Yuki, que agora estava de olhos fechados, parecendo bem pensativo. Seus rubis percorreram o corpo da ratazana, reparando em como o tecido fino do uniforme escuro colava-se a pele alva do primo, acentuando seu contorno. Não conseguia desviar seu olhar do corpo menor que o seu.

" Maldito!", Acabou falando o que na verdade pensou.

" O que disse?", Yuki abriu os olhos, seus violetas frios como gelo.

" O que ouviu!", Kyo, que havia se assustado, recuperou-se rapidamente, já ficando na defensiva.

Yuki abriu a boca pra replicá-lo, mas parou ao reparar na figura do outro. A blusa aberta parecia deixá-lo mais sensual. Viu algumas gotas de água escorrerem pelo tórax, até morrerem de encontro ao tecido escuro da blusa parcialmente aberta. A calça parecia bem mais apertada agora, deixando as pernas torneadas mais evidentes e os fios rubros, que emolduravam aquela face amorenada e máscula, apenas transformavam a cena em algo mais que sensual... Era até mesmo erótica!

"O que eu estou pensando?", Virou-se de costas, para não ter que olhar mais para o Gato. Seu corpo parecia estranho... Sentia-se estranho.

" Que foi! Tá com medo de me encarar, é?", Kyo perguntou, olhando-o vitorioso.

" Não seja tolo.", Disse em tom mais baixo, dando uns passos em direção a janela, vendo que a chuva aumentou lá fora.

Não queria olhar pra ele. Não podia fazer isso agora! Cruzou os braços e fechou os olhos, inspirando e expirando mais calmamente que podia, tentando se acalmar, porém tudo era tão difícil. Sabia que Kyo ainda o observava e isso apenas o deixava mais incomodado. Por que ele não saía da sala? E... Por que não continuava com suas ofensas e divagações idiotas?

Kyo olhava de forma estranha para Yuki. Na verdade, começava a achar que o Rato muito estranho. Ele havia falado de maneira tão... Calma e, no entanto, desolada. O que estava acontecendo? Será que a ratazana já estava passando mal e não queria falar? Afinal... Se ele não estivesse passando mal, o responderia de outra forma.

" Que foi? Por acaso é tão fraquinho que já está passando mal e não quer admitir?", Perguntou, dando um sorriso debochado.

Yuki apenas o olhou sobre o ombro, não respondendo. Voltou seu olhar para a janela... Aquilo não estava dando certo! O que queria era sair da sala e ir para seu quarto, se trocar e ficar lá, sem ter que olhar para Kyo, mas o infeliz estava entre ele e a escada. Fechou os olhos, ficando um bom tempo com ele assim.

" Não tem outro jeito mesmo...", Disse baixinho, dando um suave sorriso triste.

" O que!", Kyo não entendeu o que Yuki queria dizer com aquilo.

" Boa tarde, crianças!", Shigure entrou na sala, cumprimentando-os.

Kyo virou-se, olhando o dono da casa. Shigure continuava com seu sorriso maroto e bobo de sempre, os olhos azuis brilhavam de forma inusitada, os fios negros estavam molhados, deixando-o mais bonito. O viu se aproximar e olhar com curiosidade para Yuki.

" O que foi, Yuki? Está sentindo algo?", Perguntou Shigure. Estava vendo-os há um bom tempo e notou que o Rato não estava agindo como era naturalmente.

" Nada. Só estava esperando você sair do banho.", Falou, olhando-o de lado.

" Hum... Só isso mesmo?", Shigure sorriu. Seus olhos brilhavam insinuantes.

" O que quer dizer?", Yuki estreitou os olhos.

" Ah! Eu vou tomar banho!", Kyo falou, indo em direção ao banheiro, quase correndo, só pra entrar antes de Yuki.

Os violetas ficaram a observar o outro sair. Permaneceu em silêncio por um bom tempo e levou a mão à curva do pescoço do lado esquerdo, massageando o lugar. A única coisa que queria agora era tomar um banho e descansar... Nada mais. Não queria nem mesmo comer. Apenas ficar em seu quarto, pensando...

" Até quando vai ficar desse jeito?", Shigure pergunta, olhando-o sério.

" Do que está falando?", Perguntou-o, fazendo-se de desentendido.

" Desse jeito ele vai perceber, Yuki.", Sentou-se no sofá, olhando o Rato de maneira divertida e, no entanto, ainda era possível ver seriedade em suas palavras.

" Perceber o quê, Shigure? Deixa de ser intrometido!", Yuki estava perdendo a paciência. Por que aquele Cão tinha de ser tão inconveniente? Estava pior que o Gato!

" Seus olhos... Seus gestos... Nada em você nega a verdade... Yuki!", Disse seriamente, olhando dentro dos violetas do rapaz mais novo.

Yuki olhou Shigure, seus violetas mergulhados dentro do mar azul que eram os olhos do outro, vendo ali toda a maturidade e verdade que eles transmitiam. Isso o deixava irritado... Muito irritado! Parecia que o Cão fazia isso de propósito. Parecia que tinha prazer em falar aquilo que ele sempre tentava esconder e... Pior, esconder de si mesmo. Quando abriu a boca pra dar uma resposta, via Honda entrar na sala.

" Yuki, você ainda não tomou banho?", Ela perguntou preocupada, ao ver o uniforme molhado, colado no corpo delgado do Rato.

" Hã... Ainda não.", Respondeu, esquecendo o que o Cão disse.

" Por que não entrou junto do Kyo?", Perguntou calmamente.

" Que?", Yuki estava em choque. Tomar banho junto do Gato? Não. Nem morto!

" É, Yuki! Vocês dois são homens... São primos... Que mal haveria?", Perguntou Shigure, com um sorriso cem por cento malicioso, não visto por Tohru.

O garoto de dezesseis anos revirou os olhos. Tomar banho com Kyo... Só se fosse pra terminar em tragédia, pois os dois iam acabar se matando lá dentro, principalmente se o Gato desconfiasse que ele, o Rato, não queria realmente brigar e sim...

" Usa o outro banheiro, Yuki.", Disse Tohru, prestativa.

" Não, senhorita Honda. Ele é exclusivamente seu.", u.u Disse Yuki.

" Vai lá, por favor!", Os olhos claros brilharam daquela forma que era impossível de alguém de bom coração resistir.

" Hum... Tudo bem!", Deu-se por vencido. Era impossível resistir aquele olhar.

Yuki subiu as escadas suspirando. Tomaria um banho rápido e comeria algo. Não queria jantar, pois estava completamente sem fome, mas se não comesse nada, Tohru ficaria preocupada, então, faria o lanche, assim poderia distraí-la.

" ...!", Tohru sorriu, ainda olhando para a escada que Yuki havia subido.

" Você é tão boazinha, Tohru!", Shigure disse, sorrindo.

" Eu! Não, não. Eu não fiz nada, senhor Shigure!", Ela disse, corada.

"Hum... Que vontade de dar uma mordida nela!", - Pensou o Cão, para logo em seguida lembrar-se de Hatori e desistir de seu intento... Realmente poderia ser processado por atentado ao pudor.

"Droga!", ¬¬ Pensou, começando a se irritar. Pensar em mordida, o fazia se lembrar de suas noites com Ayame.

" Algum problema, senhor Shigure?", Tohru perguntou, piscando os olhos.

" Não, nada!", Respondeu, tentando disfarçar os pensamentos impudicos que acometiam sua mente nesse exato momento.

Shigure sorriu, vendo Tohru ir para a cozinha, preparar o jantar. O Cão recostou-se no sofá e olhou para o telefone. Será que ligava para Ayame? Estava se sentindo muito solitário aquela semana e Aaya sempre conseguia alegrar seu dia. Sorriu ao se recordar de seus tempos de colégio ao lado daquela adorável Serpente.

OOO

Yuki tomava um banho rápido, esfregando seu corpo com delicadeza, tendo seus pensamentos perdido nas palavras proferidas por Shigure. Realmente tinha que parar com aquilo... Estava dando bandeira demais e Kyo perceberia, mas... Era tão difícil disfarçar! Cada vez mais ansiava tocar aquela pele amorenada em uma suave carícia e não em uma luta desenfreada.

Entrou debaixo da água, sentindo a mesma escorrer por seus cabelos prateados. Levou os dedos a cabeça e começou a passar o xampu, esfregando os fios escuros com calma e enxaguando logo em seguida. Terminou seu banho e enrolou-se na toalha, enxugando-se.

Seus pensamentos ainda se concentravam em Kyo... No que sentia por ele. Não sabia definir quando, mas tinha consciência de que agora, gostava dele... Gostava muito! Queria ficar olhando-o, admirando-o, mas não podia, pois o Gato perceberia, então continuava a provocá-lo, a discutir com ele. Era um modo de poder olhá-lo nos olhos... Reparar em cada pedaço dele sem se denunciar.

Terminando de se enxugar, Yuki vestiu um roupão. Não queria trocar de roupa ali. Deixou todo o banheiro limpo, seco e saiu, fechando a porta atrás de si e escorando-se nela. O jovem de bonitos cabelos prateados suspirou profundamente, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros e abriu os olhos ao ouvir passos.

" Ky...", Yuki parou de falar ao ver o Gato.

Queria dizer algo, mas simplesmente não conseguiu. Vindo em direção a ele estava Kyo... Tendo apenas uma pequena toalha enrolada na cintura. Seus lábios se abriram mais, tentando formular uma frase, mas era impossível. Seus olhos não desgrudaram do corpo do Gato, por mais que tentasse.

" ...!", Kyo parou um segundo e o olhou.

As íris de Yuki percorreram o corpo do Gato, vendo o tórax másculo, mesmo que não fosse musculoso, o abdômen perfeito estava adornado pelas gotas de água, que percorriam cada centímetro de sua pele. As coxas torneadas eram mais belas do que havia imaginado. Seus olhos subiram de novo, re-percorrendo cada parte do corpo perfeito, até chegar a face.

Estremeceu por dentro ao olhar para o rosto de Kyo. Os olhos rubros pareciam mais vivos que nunca, um mar de sangue que o fascinava mais do que tudo nesse mundo. A pele amorenada, os lábios carnudos e sensuais, os molhados fios alaranjados que adornavam aquela face felina...

"Como pode ser tão sexy?", Pensou, perdido naquela visão do paraíso.

Yuki inconscientemente molhou os lábios, sentindo sua garganta seca, um calor espalhando-se por todo seu corpo ao ver o outro seminu em sua frente, fazendo-o ter que prender a respiração pra não demonstrar como a mesma estava alterada. Ainda olhava para Kyo, sua face levemente corada.

" O que tanto olha? Fica aí, quieto... Nunca viu, não?", Perguntou em um misto de irritação e desconforto.

" Você não tem vergonha!", Desencostou-se da porta, tentando deixar sua feição impassível, mas não estava conseguindo.

" Quê!", Aproximou-se do Rato, ficando mais irritado. Como podia dizer aquilo?

Yuki viu que Kyo estava perto demais dele... Perigosamente perto. Não que o outro fosse atacá-lo, mas estando perto assim poderia perceber o estado que seu corpo se encontrava e... O que ele menos queria era ter que explicar algo assim para aquele Gato mais que inconveniente.

" Imagina se a senhorita Honda te visse assim? Você ia constrangê-la!", Falou, fazendo um esforço imenso para que sua voz não saísse trêmula e rouca, devido a forte excitação que tomou conta de seu corpo.

Ao ouvir as palavras de Yuki, Kyo se deu conta de como estava. Realmente ia deixá-la constrangida, por isso afastou-se, resmungando algo e foi se trocar. Bateu a porta do quarto com força, não olhando novamente para a ratazana.

Yuki sentia suas pernas bambas. Respirou fundo e entrou no quarto, jogando-se na cama e soltando um pequeno gemido, devido à excitação que o acometia. Não ia poder descer agora... Não mesmo! Virou-se e fitou o teto, tentando pensar em algo bem chato e idiota para desviar sua atenção e assim acalmar seu corpo.

OOO

O jantar já estava pronto e todos, exceto Yuki, estavam sentados à mesa. Tohru já estava preocupada com a demora do outro, olhando para a escada esperançosa de que ele descesse logo, mas nada do Rato aparecer.

" Será que o Yuki adormeceu?", Tohru perguntou, quebrando o silêncio.

" Ah! Esquece a ratazana!", Disse Kyo, desviando o olhar.

" Hum... Ele deve estar fazendo algo...", Shigure disse, soltando um risinho.

" O que?", Tohru perguntou em sua inocente curiosidade.

Kyo olhou para o Cão, também muito curioso.

" Na verdade, o Yuki...", Foi cortado antes de terminar de falar.

" Eu o quê, Shigure!", Yuki disse, olhando dentro dos olhos azuis do Cão.

O Cão sorriu, aquele sorriso que dizia 'vai negar?', recebendo um olhar frio de Yuki.

" Estava dormindo, Yuki?", Perguntou Honda, piscando os olhos em curiosidade.

" ...!", Kyo observava o Rato, altamente curioso., esperando que ele respondesse.

" Estava pensando.", Respondeu, sentando-se a mesa.

" Só pensando?", O Cão pergunta, querendo por mais lenha na fogueira.

" Sim.", Respondeu, lançando um olhar mortal para aquele cachorro intrometido.

Shigure soltou um risinho. Yuki estava muito irritado. Ah! Como adorava provocar aqueles dois. Apenas eles pra não notar o óbvio. Bom! Yuki já sabia o que sentia, mas Kyo... Esse era outra história! Nunca viu alguém tão ingênuo quanto o gatinho, acreditava em tudo o que falavam e... Tinha muita dificuldade em lidar com emoções e... Convivência.

" Vamos comer!", Kyo disse e percebeu que o Rato não o olhou hora nenhuma.

Shigure e Honda começaram a conversar, até Kyo falava a todo hora, mas Yuki permanecia a maior parte do tempo em silêncio e não olhava em momento algum para o Gato, o que, de alguma forma, o incomodou muito. Os rubis estreitaram-se enquanto fitava Yuki, que ainda o ignorava completamente.

Por que Yuki não falava nada mesmo quando ele provocava? Por que não o olhava com indiferença como sempre? A sensação incômoda que sentia estava crescendo rapidamente, deixando-o mais impaciente. Não ouvia mais o que Shigure falava, não via nada na verdade, apenas Yuki calado e comendo como se nada importasse. Por que isso o incomodava tanto?

" Já acabei. Obrigada pela comida, senhorita Honda. Estava ótima!", Yuki disse, olhando suavemente para Tohru, mas evitou fitar o Gato.

Kyo ia dizer algo, mas o telefone tocou.

" Deixa que eu atendo!", Shigure disse, seus olhos brilhando intensamente.

" Boa noite, senhorita Honda!", Yuki disse, levantando-se.

" Boa noite, Yuki!", - A menina respondeu, sorrindo.

Kyo ouvia ao longe a voz de Shigure, que dizia algo como 'Aaya, sinto sua falta', seguido de um 'legal', mas os sons ao redor foram sumindo. Durante o jantar, Yuki não replicou nem mesmo quando disse que o Rato os atrasaram no caminho de volta a casa e por isso ficaram molhados. Ser ignorado dessa forma o deixou mais irritado. Por que ele não o xingou como antes?

" Eu já acabei...", Disse o Gato, ainda olhando para a escada.

" Vou tirar a mesa.", Disse Tohru.

Kyo se levantou, subindo as escadas em passos largos. Ia tirar satisfações com aquele Rato. Ah, se ia! Não deixaria que o mesmo o ignorasse desse jeito! Não mesmo! Como Yuki podia achar que ele não fosse nada? Ia fazer aquele Rato idiota pedir perdão. Chegou ao corredor e viu Yuki parado próximo a porta do próprio quarto e correu até ele.

" Rato maldito! Por que cê tá me ignorando?", Esbravejou, chegando mais perto.

" Não me enche!", Yuki se virou, sem fitar Kyo.

Yuki não queria ver o Gato. Custou para se acalmar depois da visão que teve e sabia muito bem a roupa que o outro vestia agora... Kyo sempre vestia um short preto colado ao corpo e uma regata vermelha, e essa roupa sempre o deixava muito sexy na opinião do Rato e se o olhasse... Não conseguiria se conter!

Aquela ação deixou o Gato profundamente irritado. Sentiu seu sangue ferver e foi em direção a Yuki, puxando-o pelo braço, e fazendo-o olhar em seus olhos. Sentiu o corpo menor estremecer levemente, mas estava tão afoito por causa da forma que Yuki o ignorava, que não pensou no que aquilo podia significar.

" Tá com medo de falar comigo, é?", Kyo esbravejou.

" Me solta!", Yuki puxou o bravo, fitando os olhos de Kyo, para em seguida, desviar o olhar e continuar seu caminho até o quarto.

" Ora, seu!", Não ia deixar as coisas daquela forma.

Se Yuki queria briga, ele agora teria! Não permitiria que aquela ratazana o tratasse assim, com toda aquela indiferença. Yuki nunca agiu desse jeito e não queria que ele começasse agora. Avançou pra cima do primo e o puxou de novo, jogando-o contra a parede do corredor e segurando-o lá, mirando os violetas.

" Se tá com raiva, reaja!", Falou, desejando que Yuki revidasse.

" Solte-me!", Yuki olhou dentro dos olhos vermelhos e sentiu-se estremecer. Nunca viu tanta determinação e... Algo mais que não sabia definir. O olhar de Kyo era tão felino que o reprimia, o fazia se sentir indefeso e odiava isso.

" Solte-se então... Yuki!", Desafiou.

Yuki desviou o olhar. Por que aquele gato estúpido tinha que complicar tudo?

Não entendia a atitude de Yuki. Ele ia continuar assim? Ele queria mesmo ignorá-lo? Será que Yuki o achava tão insignificante, que não se dignava nem mesmo a sair dali? Sair de seus braços? Ele tinha que reagir! Tinha que socá-lo, mandá-lo longe como sempre fazia. Não sabia como lidar com aquele Yuki, que não o encarava e parecia desejar não vê-lo.

" Olhe pra mim!", Falou em uma súplica agressiva, pegando o rosto de Yuki e fazendo-o olhar em seus olhos.

Sentia a pele macia sob os seus dedos. Tão macia quanto imaginou! O que precisaria fazer para que aquele lindo ratinho reagisse? Ei! Desde quando achava que Yuki era um 'lindo ratinho'? De onde saiu esse tipo de pensamento? E por que ele... Mas... Era mesmo tão macia a pele de Yuki!

Yuki não sabia o que fazer. Kyo estava a centímetros dele, os lábios carnudos quase o tocando... Podia até mesmo sentir o hálito morno dele tocando sua boca, fazendo com que ficasse mais perdido. Será que Kyo sabia e por isso estava torturando-o? Queria se mover, sair dali, mas não conseguia. O calor do corpo maior parecia prendê-lo... Talvez estivesse em uma armadilha da qual não quisesse realmente escapar.

" Já disse pra... Me... soltar...", O Rato sussurrou, sua voz falhando.

Kyo olhava dentro daqueles olhos violetas. Havia um brilho indefinido nas duas ametistas... Via aflição, medo, tristeza... Era tanta coisa que não conseguia saber o que Yuki sentia de verdade. Queria entender. Apenas entender! Será que Akito fez alguma ameaça? Será que Yuki estava com algum outro problema? E... Por que estava se preocupando tanto? Ele não odiava a ratazana? Por que agora estava reparando na textura da pele dele?

"Não. Eu vou derrotar o Yuki só quando ele estiver bem! Se ele não estiver legal... Não faz sentido!", Pensou. Era isso! Estava preocupado porque queria derrotá-lo, mas não seria justo que o fizesse se o Rato não estivesse bem!

"É! É só por isso...", Pensava vacilante. Mas... Não tinha outra explicação, tinha?

Os rubis começaram a percorrer cada detalhe da face alva de Yuki. A pele dele era extremamente macia, muito gostosa de se tocar! Piscou os olhos quando notou que as bochechas dele estavam levemente coradas e a respiração um pouco mais rápida. Os lábios entreabertos eram delicados e avermelhados, pareciam tão macios! Sem que percebesse, a mão que usava para segurar a face de Yuki, foi descendo lentamente, passando pelo pescoço... Indo em direção ao peito.

" Yuki...", Falou, como se estivesse hipnotizado por aquela face perfeita, sentindo-se estranho... Como se, apesar de estar quase colado ao corpo do outro, ainda estivesse vendo a cena por fora... Tentando entender o que acontecia de verdade.

" Afaste-se!", Yuki disse energeticamente, empurrando o Gato.

Sem dar tempo de Kyo recuperar-se de seu empurrão, Yuki entrou no quarto, batendo a porta com tudo e trancando-a. Escorou-se na porta, escorregando o corpo até o chão, levando a mão ao peito e tentando regular a própria respiração. O que deu naquele Gato? Por que Kyo agiu daquela forma? Abraçou as próprias pernas e escondeu o rosto entre os joelhos, tinha que se controlar... Tinha que continuar com sua farsa.

OOO

Kyo estava parado. O que estava fazendo? Por que fez aquilo? Queria que Yuki o olhasse, que o xingasse como sempre, mas ele não o fez. Estava parado, permitindo que ele o encurralasse daquele jeito. Sentia que o corpo de Yuki tremia, que não estava normal, mas... Também se sentiu estranho. Estar tão próximo assim do corpo menor... Daquele corpo que lhe parecia tão frágil o fez sentir-se...

" Ah! É um Rato maldito mesmo! É apenas mais um modo dele de me rebaixar!", Falou, tentando convencer a si mesmo. Com certeza Yuki só queria deixá-lo confuso.

" Kyo! Houve algum problema?", Perguntou Honda, que subiu depois de arrumar a cozinha.

" Problema! Por que eu estaria com um problema?", Explodiu Kyo... Típico.

" De-desculpa.", Tohru disse, abaixando o olhar.

" Não! Espera... Não há nada, Tohru. Desculpa.", Disse o Gato, acalmando-se e falando com uma voz mais branda.

" Tá!", A menina sorriu, para tranqüilidade de Kyo.

" Tenha uma boa noite, Kyo!", Ela disse, indo em direção ao quarto.

" Boa noite, Tohru.", Falou o ruivo, indo para o próprio quarto.

Quando entrava no quarto, Kyo viu que Shigure ia com o telefone sem fio para o quarto e balançou a cabeça negativamente. Pelo visto aquele ali ia passar boa parte da noite falando com Ayame. Perguntava-se o que o Cão tinha tanto pra falar com a Serpente. Da última vez eles ficaram se falando por quase três horas.

"Como agüenta? Bom! Aqueles dois se merecem mesmo.", Deu de ombros e entrou.

Relaxou e deitou na cama, olhando preguiçoso para as cobertas, pensando seriamente porque elas não podiam vir voando até ele e cobri-lo. Suspirou, voltando a pensar no que o Rato idiota podia ter. Ele estava agindo tão estranhamente! Ser ignorado daquela forma doía mais do que levar um soco.

" É isso!", Levantou-se de supetão, sua face surpresa como se tivesse descoberto o maior segredo do mundo.

" O Yuki deve estar com um início de crise respiratória!", Ergueu-se afoito. Isso era uma explicação plausível pra forma estranha que Yuki estava agindo.

Por estar tendo dificuldades de respirar, Yuki não respondia suas provocações e o ignorava, pra não ter que falar e ficar com falta de ar. Sorriu ao notar que era só isso. Tranqüilizava-o saber que o outro não o achava insignificante. Suspirou e então ficou sério. Desde quando se importava com isso? De uma forma ou de outra ia derrotar a ratazana e...

" Ei! O Yuki está em uma crise respiratória!", Perguntou a si mesmo. Se fosse isso, ele ia passar mal como no dia da corrida e... Por causa dele, ambos ficaram discutindo na chuva por vários minutos e...

Ao se lembrar do corpo molhado de Yuki... De ter entrado no banheiro antes, não permitindo que o primo, que tinha a saúde tão frágil, tomasse banho primeiro, sentiu-se mal. Como pôde ser tão cruel, tão insensível assim? Yuki agora devia estar no quarto, sentindo o ar faltar-lhe e... Saiu de seu próprio quarto, indo ao de Shigure e começando a bater incessantemente na porta.

" Que foi?", Shigure atendeu, meio irritado por ser interrompido em sua conversa muito importante e íntima com Ayame.

" Me dá esse telefone.", Falou autoritariamente.

" Por que? Estou falando com Aaya.", u.u O Cão disse, sua roupa meio fora do lugar.

Antes que o outro pudesse fazer algo, Kyo tomou o telefone da mão dele, encerando a ligação, vendo a cara incrédula de Shigure para ele. Afastou-se e entrou no próprio quarto, batendo a porta na cara do Cão, que começou a chamá-lo, exigindo explicações. Sem dar importância, Kyo discou os números e esperava impaciente que fosse atendido.

" Alô!", Ouviu a voz séria e grave de Hatori ao telefone.

" Hatori, é o Kyo. Quero que venha aqui, agora.", Disse o bichano, sério.

" Como assim, ir aí, agora?", Não estava entendo.

" Venha aqui ver o Yuki. Parece que ele tá em crise!", ù.ú Disse, se irritando. Hatori era médico, porque não vinha logo?

" Hum... Desde quando você se importa?", Perguntou curioso o Dragão dos Doze Signos que, na verdade, virava um Cavalo Marinho.

" Se não quiser, não venha!", Esbravejou o Gato, desligando na cara de Hatori. Teve vontade de jogar o telefone na parede e quebrá-lo, mas voltou a escutar as batidas na porta e a abriu violentamente.

" Toma esse telefone e não me enche o saco!", Disse, batendo a porta na cara do Cão novamente, depois de entregar o aparelho pro mesmo.

Shigure ficou a segurar o telefone, parado em frente à porta do quarto de Kyo, sem nada entender. Olhou o número do telefone e viu que a ligação era pra Hatori. Sua curiosidade pra saber o que o Gato queria falar com o moreno era tanta, que quase se arriscou a bater na porta pra descobrir a verdade, mas conteve-se.

OOO

Suspirando, Shigure voltou ao próprio quarto, não resistindo e ligando pra Hatori, pra saber o que tanto o Gato tinha de importante pra dizer ao Dragão. Esperou que o outro atendesse, mas nada de Hatori se dar ao trabalho de atendê-lo e... Nisso, a curiosidade ia apenas corroendo-o.

"Por que o Haa-san é tão cruel comigo?", T.T Pensou Shigure, suspirando e deitando-se na cama.

Ficou olhando para o aparelho, tentando imaginar o motivo do desespero de Kyo. Ele parecia mesmo preocupado ou... Era só impressão sua? Apesar de suas íris estarem fitando o aparelho, o Cão não parecia estar vendo o mesmo. Tão perdido em pensamentos estava, que levou o maior susto de sua vida quando o telefone tocou, fazendo-o levar a mão ao coração, na tentativa de acalmá-lo.

" A... Alô!", Disse, ainda meio trêmulo.

" Gure-san! Você é mau comigo! Desligou na minha cara!", ToT Ouviu a voz chorosa de Ayame do outro lado da linha.

" Aaya... Calma! Não foi isso. Me tomaram o telefone e...", Foi cortado por Ayame.

" Você é mau! Eu estava quase... O quê? Te tomaram o telefone? Quem? Por quê?", Fazia uma pergunta atrás da outras, não dando tempo de Shigure responder nenhuma.

" Bom...", Pensava por onde começar... Não lembrava da seqüência das perguntas.

" Fale logo, Gure-san!", ò.ó A Serpente irritava-se com a demora do Cão em falar.

" O Kyo. Ele chegou aqui e me roubou o telefone.", u.u Revelou por fim.

" O Kyo! O que ele queria com o telefone? Será que ele estava ligando pra...", Ò.o O homem de longos cabelos prateados e olhos dourados tentava chegar a uma conclusão.

" Ligou pro Hatori.", Disse o Cão.

" Pro Haa-san! O que ele queria com o Tori-san? Diga-me! Fale! Fale!", Ayame perguntava quase desesperado. O que o Gato ia querer com o seu Hatori? Afinal... O Kyon-kitty nada tinha a ver com o seu adorado Haa-san.

" Não sei e... O Tori-san não me atende.", T.T Dizia Shigure, desolado.

Começaram a pensar nas possibilidades do Gato ter ligado para o médico da família, mas nada lhe viam a mente e antes mesmo de se darem conta, a conversa já havia voltado ao que era antes... Falavam de como era bom quando eram adolescentes, do que faziam juntos e do que ainda fazem.

" Hum... Aaya... Queria que estivesse aqui... Agora...", Dizia Shigure em tom mais rouco, enquanto sua mão viajava por seu tórax de modo suave.

" É mesmo... Gure-san? E o que ia querer fazer?", Perguntou Ayame, sua voz suave e ao mesmo tempo sensual.

" Eu ia...", Parou de falar ao escutar batidas na porta.

" Ia...?", Inquiriu a Serpente, curiosa.

" Bateram na porta...", -.-° Falou, dando um suspiro. Por que quando estavam a se falar, algo o atrapalhavam? Era sina por acaso?

Shigure levantou-se e foi caminhando enquanto ainda falava com Ayame pelo telefone. Ambos questionando sobre a sorte que estavam tendo nessa noite. O Cão chegou ao andar inferior e abriu a porta, dando de cara com... Hatori Souma.

" Tori-san!", Shigure surpreendeu-se ao ver o Dragão dos Doze Signos. O que Hatori fazia ali? Será que veio... Vê-lo? Não podia ser!

" Shigure... Onde está Yuki?", Perguntou, entrando após Shigure lhe dar passagem.

" Tori-san? Ele está aí? Gure-san, diga alguma coisa!", Ayame gritava ao telefone, curioso, impaciente e já dando um chilique por ser ignorado.

" Hã... É. Ele está aqui sim.", Disse, ainda sem entender o motivo da visita.

" Vou ver Yuki.", Disse o médico, subindo, sem dar tempo de Shigure protestar.

O Cão começou a falar com Ayame, tentando acalmá-lo, pois o mesmo começou a achar que estava sendo traído. Palavras de afeto eram ditas pra acalmar aquela criatura belíssima chamada Ayame Souma. Também não entendeu a de Hatori e quando disse que o mesmo veio à procura de Yuki, a Serpente ficou mais séria.

OOO

Hatori estava agora perante a porta do quarto de Yuki. Não sabia o motivo de Kyo ter ligado pra ele, mas sabia que o Gato não mentiria de forma alguma. Bateu na porta, esperando ser atendido, pensando nos reais motivos pra que aquela atitude fosse tomada por alguém que dizia odiar Yuki, o Rato do horóscopo chinês.

Yuki abriu a porta, a mão direita levada ao olho, esfregando-o. Estava dormindo há algum tempo e perguntava-se porque estava sendo incomodado em plena meia-noite. Abriu os olhos violetas, piscando-os repetidamente e surpreendendo-se ao ver Hatori.

" Hatori, o que faz aqui?", O.O Perguntou surpreso.

" Vim vê-lo.", Falou sério, seu olhar, frio com sempre.

" Veio me ver! Por quê?", Perguntou, piscando os grandes violetas.

Hatori entrou no quarto sob o olhar inquisitivo de Yuki. Fechou a porta e olhou para o garoto de 1,70 de altura, já abrindo sua maleta e tirando os equipamentos necessários pra examinar o belo rapaz. Antes que ele pudesse falar algo, começou a ouvir as batidas do coração de Yuki.

" O que está fazendo?", ¬¬ Perguntou impaciente.

" Averiguando sua saúde.", Falou, sem alarme.

" Mas... Por que agora?", o.o Não entendia o que ele fazia ali tão tarde.

" Me ligaram falando que você poderia estar em uma crise respiratória.", Respondeu sério, mudando o aparelho de lugar, para agora escutar a respiração do Rato.

" Quem ligou?", Perguntou curioso.

" Respire fundo agora.", Falou, ouvindo com atenção, para fazer o diagnóstico.

Yuki fez o que lhe foi pedido, vendo Hatori erguer ligeiramente a sobrancelha. Tudo aquilo estava deixando-o mais do que curioso e impaciente pra que tudo lhe fosse explicado devidamente. Continuava respirando fundo pra que o moreno o examinasse, até que este parou, olhando-o sério.

" Parece que ele estava certo.", Falou calmo, em seu típico tom de voz.

" Como? Quem?", Perguntou Yuki, sem entender nada.

" Apesar de não estar em uma crise respiratória, seu pulmão está chiando um pouco.", Falou, pegando um remédio para que Yuki tomasse.

" Meu pulmão está... Chiando? E... Hatori, quem te ligou?", Não entendia porque ele não lhe falava logo. Aquilo já estava deixando-o irritado.

" Kyo.", Respondeu, entregando o remédio a ele.

" Kyo! O que tem aquele Gato idiota?", o.O Como assim 'Kyo'? O que aquele ruivo idiota tinha a ver com Hatori ali?

" Kyo ligou, falando que você devia estar com uma crise respiratória. Achei que se odiavam, mas estava enganado.", u.u Disse, levantando-se e olhando no relógio.

" Kyo ligou! Nós... É claro que nos odiamos! Você deve estar enganado, Hatori.", Disse, levantando-se rapidamente, desconcertado e desnorteado com o que acabara de ouvir.

" Mas ele ligou. Parecia preocupado. Bom! Eu irei agora, ainda tenho que examinar Akito.", Falou, apenas lançando um significativo olhar pra Yuki, antes de deixar o cômodo.

O menino ficou com o remédio na mão, sem entender nada. Kyo ligara pra Hatori? O Gato estava... Preocupado com ELE? Não era possível. Algo devia estar errado. Será que estava sonhando? Não... Não era sonho. Um pequeno sorriso se formou em seus lábios rosados, fazendo a feição do jovem torna-se levemente sonhadora. Fechou a porta do quarto, tomando o remédio, tomando um pouco de água que deixara na cabeceira da cama, antes de voltar a se deitar.

" Tori-san!", Shigure aproximou-se, com seu costumeiro sorriso enigmático, observando Hatori como se tentasse enxergar sua alma.

" Estou indo, Shigure.", Falou, sem dar importância aquele olhar que agora se tornou de cachorro abandonado.

" Mas... Mas... Você não pode ir assim!", ó.ò Falou, erguendo a mão como se tentasse alcança-lo.

" Tenho que acordar cedo. Como sei que já falou pra Ayame que eu vim aqui ver o Yuki, informe-o que o mesmo está bem e medicado.", Falou, já saindo da casa, não dando tempo do Cão falar mais nada.

Shigure viu Hatori entrar no carro e dar a partida, sumindo de suas vistas rapidamente. Não teve nem a oportunidade de perguntar como foi que o outro soube que Yuki precisava do médico e... Peraí! Kyo havia feito uma ligação e... Logo depois Hatori apareceu. Será que o Gato... Sim. Fôra isso! Sorriu ainda intrigado e virou-se, depois de fechar a porta.

" Quando Akito souber disso... Teremos grandes problemas. Mas... Quem sabe nosso adorável patriarca não aprenda certas coisinhas!", Disse o Cão com olhar enigmático... Quase sádico, enquanto caminhava para o próprio quarto.

OOO

03:09 AM.

Kyo tentava dormir, mas não conseguia. Não conseguia tirar a ratazana de sua mente e principalmente, não entendia suas próprias atitudes. O que deu nele pra ligar pra Hatori? Onde estava com a cabeça? Mas... Será que a ratazana estava bem? Afinal, Hatori veio mesmo, medicou Yuki e foi embora. Não resistiu. Com cuidado escutou o que acontecia no quarto de seu inimigo.

Lembrou-se do ocorrido no corredor, quando foi tirar satisfação com Yuki, pelo mesmo estar ignorando-o e... Por mais que tentasse esquecer, conseguia lembrar-se perfeitamente do calor do corpo alvo. Apesar da chuva fina ainda persistir em cair lá fora, ele não estava com frio. Estava até com um pouco de calor. Não conseguia pensar nisso, apenas Yuki povoava seus pensamentos.

Ergueu-se, sentando-se no futon quando ouviu a porta do quarto do Rato se abrir e os passos suaves cortar o silêncio da madrugada. Levantou-se e ficou atrás da porta, bem quietinho, escutando o que o outro fazia. Alguns minutos depois, ouviu-o de novo e percebeu que voltou ao quarto. Será que o Rato também não conseguia dormir?

Depois de quase dez minutos de pura indecisão, abriu a porta de seu quarto devagar e caminhou lentamente até a de Yuki, ficando quieto em frente a ela. Seu coração estava disparado e ele mordia o lábio inferior, sem saber o que fazer. Será que devia falar com ele? O Rato podia se incomodar, mas... Ainda assim...

"Mas o que eu estou fazendo aqui?", Perguntou-se e em seguida piscou os olhos, achando ter ouvido algo. Ficou em silêncio, tentando escutar o que se passava.

" Humm...", Kyo se espantou ao ouvir um gemido de Yuki.

"Ele tá passando mal? Será que está com febre, será que não consegue respirar direito?", Perguntou-se, levando a mão a maçaneta, mas parando a centímetros de tocá-la.

Por que ele estava se importando tanto? Havia notado que não era pelo fato de desejar derrotar Yuki. O que sentia... Ele não sabia. Era uma sensação estranha, mas pensar que Yuki podia estar mau, como no dia da corrida, o deixava ansioso e... Com medo. Ouviu mais um gemido e decidiu-se. Da forma mais discreta do mundo, tocou a maçaneta, testando se a mesma estava aberta. Não queria fazer barulho... O motivo? Nem ele sabia.

Para a surpresa do Gato, a porta estava destrancada. Yuki devia ter esquecido de trancar quando voltou ao cômodo. Abriu bem devagar e fitou o interior. Apenas a luz do abajur estava acesa, deixando todo o ambiente na penumbra. Piscou os olhou ao ver Yuki sentado no futon, com as costas apoiadas na parede.

Seus rubis percorreram o corpo dele e Kyo sentiu-se estremecer ao vislumbrar a blusa de Yuki aberta e a respiração dele mais alterada. A face do Rato parecia corada e o viu molhar os lábios, fazendo algo em seu estômago revirar e um arrepio percorrer seu corpo. Não conseguia se mover, ficava apenas parado, observando a face do primo.

" Humm...", Yuki gemeu baixinho e lançou a cabeça para trás.

Kyo novamente sentiu um leve estremecimento em seu corpo e desceu o olhar. Nesse momento sua boca se abriu e as palavras se perderam antes que pudesse chegar aos seus lábios. A mão direita de Yuki estava entre as próprias pernas, apertando o volume entre elas, enquanto remexia-se e respirava ofegante.

" Ahhh... Droga!", Yuki murmurava roucamente.

Sua mão esquerda foi levada ao rosto, passando suavemente pela testa, retirando momentaneamente os fios prateados da face, permitindo que o Gato visse o rubor dela com mais precisão. A mão foi descendo pelo pescoço, bem devagar, até que por fim, chegou ao peito, fazendo contornos imaginários com a ponta dos dedos sobre a pele alva e arrepiada.

"Yuki...", Kyo não conseguia desviar o olhar. Via a mão do Rato percorrendo o mesmo caminho que a dele, quando prensou o corpo menor contra a parede do corredor.

O Gato abriu a boca, como se desejasse falar algo ou simplesmente buscar mais oxigênio, que parecia faltar em seus pulmões, quando viu os dedos finos chegarem no mamilo direito, contornando-os lentamente, para em seguida apertá-los no mesmo instante que pressionava a ereção ainda escondida, soltando mais um suave e doce gemido, que fez Kyo morder o lábio inferior com força.

" Hummm... Como... Como você consegue me deixar assim?", A voz rouca de Yuki ressoava baixinho pelo quarto, enquanto ele aumentava a fricção sobre o membro e apertava mais o mamilo.

Kyo não sabia o que pensar... Na verdade, sua mente não processava nenhum pensamento, apenas preenchia-se com as imagens que seus olhos captavam. Viu Yuki se contorcendo, enquanto massageava continuamente o membro, fazendo mais pressão sobre o mesmo, despertando em Kyo sensações fortes e um formigamento que parecia percorrer seu corpo, indo em direção a sua virilha, fazendo suas pernas ficarem bambas.

" Humm...", Yuki gemeu, choramingando como se algo o incomodasse.

" ...!", Os olhos vermelhos se estreitaram, enquanto tentava entender o que parecia deixar Yuki chateado nesse momento.

" Humm... Só isso não vai adiantar...", Yuki sussurrou desgostoso.

"Ah, meu Deus! O que ele vai fazer?", Kyo lambeu os lábios sem perceber, umedecendo-os, sentindo sua garganta seca e sua respiração levemente alterada.

Yuki retirou a mão de seu membro e Kyo ergue as sobrancelhas, em um misto de decepção e alívio, mas seus olhos voltaram a se fixaram ainda mais no belo garoto, quando viu que Yuki colocou ambas as mãos no cós da calça, como se pensasse em tirá-la e ao imaginar que o Rato pudesse fazer tal coisa, Kyo estremeceu, sentindo o formigamento em seu baixo ventre aumentar.

Com uma expressão manhosa, Yuki abaixou a calça lentamente junto da cueca de algodão branca que usava, mantendo ambas as peças abaixo dos joelhos, ficando apenas com a blusa do pijama aberta, que lhe caía do ombro, deixando-o desnudo. Suas mãos subiram, passando por suas coxas, apertando-as de leve e continuando a subir. Seus violetas permaneciam fechados e sua expressão era de quem pensava em algo magnificamente belo.

"Eu não devia continuar aqui...", Por um segundo pensou que deveria ir embora, mas definitivamente esse pensamento foi lançado a quilômetros quando viu o rosto corado virar-se e sua face demonstrar prazer.

Kyo sentiu seu mundo rodar ao ver a cena. Buscou o ar com mais afinco, enquanto sentia seu coração disparar como se houvesse feito uma longa corrida. Aquela visão de Yuki o deixava desnorteado. A luz fraca do abajur acariciava o corpo alvo e delgado do Rato, dando-lhe uma aparência que beirava a divindade, banhava cada centímetro... Deixando mais visível os mamilos enrijecidos e o membro ereto.

" ...!", Kyo mordeu o lábio com força e inconscientemente levou a mão esquerda ao membro, apertando-o bem de leve, estreitando os olhos, mas não os fechando, para não perder em nenhum momento o foco em Yuki. Sentiu correntes elétricas percorrerem seu corpo, saindo de sua virilha e espalhando-se, subindo pela coluna, deixando-o arrepiado.

Yuki abraçou a si mesmo, fechando as pernas, gemendo apenas um pouco mais alto, para em seguida voltar a abrir-se um pouco, contorcendo-se devagar. Sua boca entreaberta a procura de ar, a face rubra de desejo, as mãos foram descendo, acariciando-se enquanto sussurrava algo baixinho. Tocava-se com calma e com uma sensualidade que não sabia demonstrar. Sua face mostrava o prazer que sentia, não conseguindo conter mais um gemido, quando sua mão direita tocou a própria ereção.

" Hummm... Aaahhhhh...", Sua voz era doce e rouca, chegando aos ouvido de Kyo como uma melodia erótica que o deixava zonzo.

"O Yuki está...", Kyo quase ofegava, enquanto seu corpo estremecia mais e mais.

Por mais que tentasse, os rubis ainda mantinham-se fixos naquela imagem erótica. Via a mão de Yuki subindo e descendo lentamente, enquanto gemia baixinho. Os lábios entreabertos murmuravam alguma palavra que ele ainda não conseguia definir qual era. Viu as pernas esguias se abrirem mais e sentiu uma onda de calor intensa espalhando-se por seu próprio corpo, acabando por apertar mais o próprio membro.

"O que eu estou fazendo?", Perguntou-se em pensamento, mas ao ouvir mais um longo gemido de Yuki, apertou mais o próprio membro em um reflexo impensado.

" Humm... Aahhh... Aahhhh...", A respiração de Yuki estava mais acelerada e seus gemidos mais entrecortados, enquanto o ritmo com que se masturbava aumentava.

" ...!", Por mais que Kyo tentasse negar, seu corpo reagia intensamente a Yuki.

" Hummm... Kyo...", Ouviu seu nome ser pronunciado roucamente.

Kyo estremeceu ao ouvir o próprio nome sair dos lábios de Yuki. Será que ele o descobriu? Queria sair, mas suas pernas não se moviam. Viu que ele continuou, remexendo os quadris lentamente, elevando mais a cabeça, enquanto aumentava o ritmo com o qual se tocava. Pelo visto ele não havia notado sua presença e continuava com seu intento. Sua respiração ficou mais acelerada e sua ânsia aumentava enquanto observava o Rato.

" Aahhh... Kyo... Sim... Aahhhhh...", Os violetas permaneciam fechados, enquanto movia a mão mais rapidamente, remexendo os quadris no mesmo ritmo e o Gato sabia que Yuki estava imaginado que ele fazia isso, mas...

Nunca tinha pensado em Yuki desse jeito, mas ele estava tão... Lindo! Lindo? Yuki estava lindo! O que estava pensando? Yuki estava usando-o como uma fantasia sexual e... Como ele pode fazer isso, sendo um notável lutador? E... Como... Como... A face dele pode ser tão... Magnífica assim? E aqueles gemidos? Deus! Como a voz dele podia ser assim tão instigante, sensual e enlouquecedora dessa forma? Ele era tão perfeito! Mordeu o lábio inferior e fechou os olhos por um instante.

Voltou a abrir os olhos, vendo os movimentos de Yuki aumentarem e o mesmo levar a mão esquerda à boca, mordendo o dedo indicador e Kyo teve que conter um gemido ao vislumbrar a cena mais erótica de sua vida.

" Aahhh... Kyooooo...", Yuki gemeu longamente, mordendo agora o lábio inferior.

Kyo prendeu a respiração ao ver o corpo de Yuki contrair-se e então tremular.

" Kyyyyoooooo...", Yuki contorceu-se, gemendo roucamente, sua cabeça lançada para trás quando finalmente chegou ao orgasmo, expelindo seu desejo e molhando a própria mão, ainda a movendo pra cima e para baixo, agora em ritmo mais lento, enquanto seu corpo relaxava visivelmente.

" Hummmm... Yuki...", Sussurrou Kyo bem baixinho, fechando a porta atordoado e correndo dali, sem conseguir tirar a voz de Yuki gemendo seu nome da cabeça. Entrou no quarto e fechou a porta.

OOO

Sua respiração estava ofegante, sua face corada. Passou a mão na testa, retirando as gotas de suor que ali se encontravam. Suspirou e sentiu um leve formigamento e abriu os olhos, vendo que em seu baixo ventre havia um belo volume. Não acreditava que estava excitado. Isso era um cúmulo! E o pior... Ele estava quase se masturbando enquanto via a ratazana!

" Isso não está acontecendo!", Kyo disse, andando de um lado para outro.

Não acreditava no que acontecia. Passava as mãos no cabelo irritado, desconcertado... Não sabia o que fazer. Não gostava da ratazana, então como podia se excitar ao vê-lo se masturbando? Mas ele estava tão lindo e... Ah! Aquela voz... Não! O que ele estava pensando? Não podia aceitar isso! Sentou-se no chão, com as mãos na cabeça, incrédulo com o que houve. A voz de Yuki, gemendo seu nome o fazia estremecer... Só de lembrar.

" Pára! Isso não está acontecendo! Não está!", Dizia consigo mesmo, fechando os olhos fortemente, tentando mandar pra longe as imagens que viu. Yuki não tinha o direito de fazer o que fez... Não tinha o direito de deixá-lo daquele jeito!

Levantou-se atordoado, a dor em seu baixo ventre se fazia presente e a voz de Yuki ressoava em sua mente. Segurou nos cabelos com força, sentindo um misto de irritação e desespero. Não ia pensar no que viu, não ia pensar em Yuki gemendo seu nome. Queria apenas esquecer! Tinha que se concentrar e assim, derrotar a ratazana.

" Droga!", Falou, sentindo aquela fina dor em sua virilha e...

Como podia ainda estar excitado? Excitado! Ele não podia estar assim! Isso era ridículo! Recusava-se a acreditar que seu corpo podia estar nesse estado. Yuki era mesmo um maldito! Saiu do quarto andando rapidamente, indo em direção ao banheiro do primeiro andar. Abriu a porta em um supetão, fechando-a e entrando no box.

Abriu a ducha no frio e sem pensar duas vezes, entrou debaixo da mesma, trincando os dentes ao sentir a água gelada tocar seu corpo. Abaixou a cabeça, sentindo aquele líquido frio percorrer seu corpo, molhando toda a sua roupa, deixando-o arrepiado e acalmando seu corpo. Queria apenas parar de pensar... Não queria lembrar de Yuki. Por que teve que ir ao quarto do outro e ver aquela cena? Que direito tinha Yuki?

" Maldito... Eu... Eu... não vou deixar isso barato...", Disse, acalmando-se mais um pouco, sentindo-se relaxar e a dor fina parar.

Encostou-se na parede gelada e escorregou até o chão, deixando que a água ainda caísse sobre seu corpo. Ficou com os olhos fechados, agora estava entendendo as reações de Yuki... O maldito sentia desejos por ele todo esse tempo? Mas... Era tão estranho pensar nisso, afinal, eles viviam brigando e...

" Droga!", Gritou, abrindo os olhos e levando a mão à cabeça. Aquela seria uma longa noite, que desejava simplesmente riscar de sua vida...

Continua...

OOO

Olá! Aqui estou eu com mais uma fic de Fruits Basket do meu casal preferido! -

Ahh! Eu amo Kyo x Yuki. Eles são fofos! Apesar de ter começado a escrever essa fic há muito tempo, queria escrevê-la toda antes de publicar e acabei travando... ¬¬

O desenrolar dessa fic devia ser mais rápido, mas acabei me empolgando com o desentendimento de Kyo e Yuki no começo, mas ele serve pra ressaltar a 'máscara' que o Rato usa. Quanto à cena em que o Takei, o ex-presidente do Grêmio Estudantil chama o Yuki de 'companheiro'... Bem! Quando eu li isso no mangá eu quase chorei de rir. Fico me perguntando se ele conhece Lula. Whauhauahuahaha... Eu tinha que comentar isso aqui. XD

Quero agradecer a todas as pessoas que leram essa fic e se puderem, mande comentários, eles me deixaram altamente feliz e com isso, terei mais ânimo de escrever novas fics deles e de outros personagens de Fruits Basket. Fora quem sabe, uma continuação...

Dedico essa fic a Maíra. Estava pensando em você enquanto escrevia, da força que me deu para continuar escrevendo, por isso ofereço essa fic a você! Espero que goste!

Agradeço a Mey Lyen por revisar a fic. Valeu, Mey! o/

20 de Janeiro de 2006.

17:40 PM.

Yume Vy