Pimentinha
Regra principal de sobrevivência: nunca, em hipótese alguma, sob nenhuma circunstância, de jeito maneira, chame Lily Evans de Pimentinha se não quiser despertar seus mais profundos instintos assassinos.
Natal. Ah, que época maravilhosa. Os alunos que estudam longe de casa voltam para o seu lar, os pais ausentes e tão ocupados pelo trabalho obtêm um merecido período de descanso, as donas de casa enchem-se de energia para decorar a casa e fazer a ceia, aquele tio de muito muito longe vem se hospedar com a saudosa família, a avó compra presentes bonitos para seus alegres netinhos, e juntos, todos passam um tempo agradável como se nada pudesse tirar-lhes a alegria e felicidade da época natalina.
Porem, não é nessa situação que se encontram Lily Evans, Marlene McKinnon, Alice Foster, Sirius Black, James Potter, Remus Lupin, Peter Pettigrew e Frank Longbotton. Esses nove jovens em particular decidiram passar o Natal deles no castelo onde funciona a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
No momento, estão todos eles no Salão Comunal da Grifinoria.
Marlene McKinnon, uma bonita moça de pele clara e cabelos negros ondulados, lixa suas unhas preguiçosamente jogada no sofá. Sirius Black, um rapaz atraente de cabelos negros caindo charmosamente sobre os olhos claros, está sentado ao seu lado. Lily Evans, uma garota de beleza incomum, mas inegável, com seus belos cabelos acaju e incríveis olhos verdes, está sentada no chão, no tapete macio, lendo um romance. James Potter, um rapaz de extrema beleza, de cabelos negros rebeldes e olhos castanho-esverdeados, está sentado em uma poltrona, diretamente em frente ao fogo. Peter Pettigrew, um rapaz baixinho e de olhos negros pequeninos, está jogando xadrez bruxo contra Alice Foster, uma moça de cabelos castanhos e rosto redondo. Remus Lupin, de cabelos e olhos castanho-claro, em outro sofá, está lendo um livro, compenetrado. Ao seu lado, está sentado Frank Longbotton, um rapaz de cabelos cinzentos.
Os nove amigos, apesar de entretidos em diferentes atividades, mantêm uma conversa agradável.
'- Oras, é claro que o Kenmare Kestrels vão vencer essa temporada! Darren O'Hare, goleiro de 1947 a 1960, foi capitão da equipe nacional irlandesa três vezes e é considerado o inventor da "Formação de Ataque Cabeça de Falcão". – James defendeu, com veemência. Nem notou quando Lily ergueu os olhos do seu livro, as sobrancelhas levantadas, levemente impressionada por ele guardar toda aquela informação. Logo ela voltou sua atenção para seu livro.
'- Ah, por favor, Prongs. Os Kenmare Kestrels já tiveram sua vez, assim como os Appleby Arrows. O momento de glória já chegou e foi embora. – Sirius falou, como um grande conhecedor. Marlene, sem tirar a atenção de suas unhas, revirou os olhos. Alice deu uma risadinha e mexeu seu cavalo.
'- Eu ainda sou mais o Caerphilly Catapults. Eles têm uma historia respeitável. – comentou Frank.
'- Ah, têm. – Sirius falou, debochado. – Até Daí, o Perigoso morrer.
'- Bem, - Alice se manifestou. – eles definitivamente precisam contratar um estilista. Aquele vermelho com verde claro das camisas deles dói os olhos de tão feio.
Todos riram com o comentário da amiga.
'- Exatamente por isso e por outras que eu torço pro laranja berrante do Chudley Cannons! – falou Sirius, animado.
'- Claro, - foi vez de Frank debochar. – aquele time que mudou o lema de "Nós venceremos" para "Vamos fazer figa e esperar pelo melhor".
Todos riram da careta que Sirius fez, enquanto comentava "Quem disse que não funciona?"
'- Mas James, - Marlene chamou, curiosa. – por que você torce pelos Kenmare Kestrels? Eles nem são mais tão famosos nem nada.
'- Oras, Marlene, - James deu um sorriso maroto. – você sabe qual é a cor do uniforme deles?
'- Verde-esmeralda. – Alice respondeu, desviando a atenção do jogo, curiosa.
'- Exato. Da cor dos olhos da minha Pimentinha. – falou, obviamente se referindo a Lily.
Os amigos começaram a rir, mas então notaram o erro fatal de James. Marlene olhou para Lily, cujos olhos verdes brilhavam, confirmando suas suspeitas. A morena se levantou, murmurando:
'- Eu não quero estar aqui para ver o que vai acontecer. – todos fizeram o mesmo, deixando Lily e James sozinhos.
'- 20 galeões que daqui a dez minutos vamos ouvir os gritos de Lily. – Sirius falou, num tom maroto.
'- 5 minutos. – Marlene suspirou, apertando a mão dele.
'- Potter. – Lily o olhou com os olhos verdes brilhando. – Do que foi que você me chamou?
'- Pimentinha, eu acho. – ele respondeu, meio incerto. O que estava acontecendo afinal?
'- Acontece – Lily estava em pé, assim como ele, e começou a andar em sua direção, falando devagar. – que ninguém me chama de Pimentinha a não ser que queira me ver realmente furiosa. E tenho certeza que não é isso o que você quer.
'- Por que? – James estava começando a se divertir.
'- Porque – explicou Lily. – ninguém sabe do que eu sou capaz quando provocada.
'- Ah, é? – James falou num tom provocante, se aproximando dela. – Eu quero mesmo descobrir... – completou, num sussurro.
Os dois agora estavam muito próximos. James podia sentir o delicioso e irresistível cheiro de lírios que vinha dela. Estava achando que seria impossível se controlar. "Como alguém pode ser tão linda, tão perfeita, tão deliciosa e tão difícil?", pensava, meio desolado. Lily, por sua vez, não sabia o que estava acontecendo com ela. Aquela distância mínima parecia tê-la desarmado por completo. Ele estava ali, tão próximo, tão deliciosamente irresistível... Mas ele era o Potter! Aquele garoto odiável e mesquinho. " Se bem que ele mudou muito. Não dá pra negar.", pensou, confusa.
Cada um lutava contra seus pensamentos, e assim ficaram por muitos segundos. Então James sussurrou, numa voz rouca de desejo, que não era sua intenção:
'- E entao? Do que você é capaz, ruivinha?
Lily, ao ouvir aquela voz, não pôde se impedir de estremecer.
'- De... muita coisa. Você não imagina. – ela também sussurrou, com dificuldade, sem saber o quanto aquilo era provocante e exigia todas as forças de James para se controlar.
Passaram-se mais alguns segundos silenciosos e arrastados, cada qual com seus pensamentos. Então James sentiu que simplesmente não podia mais se segurar. Ela era linda, delicada, perfeita e estava a centímetros dele. Não dava mais pra resistir.
Lily estava pensando em porque estava se afetando tanto com aquela distância mínima. Alguma coisa a incomodava. Quando percebeu o que era (exatamente pela distância ser mínima, e não inexistente), sentiu a boca de James tocar a sua com leveza.
Para James foi um beijo delicioso. Ele muitas vezes imaginara como seria o beijo delicado da sua ruivinha, mas nada se comparava àquilo. Era leve, suave, com um doce gostinho do qual ele sabia que nunca enjoaria. Sentia que podia beijar Lily pelo resto da sua vida.
Para Lily foi inicialmente uma surpresa. Depois passou para esplendor. James a beijava delicada e deliciosamente, como se tivesse medo de quebrá-la. Ela se sentia aquecida e protegida com ele. Havia uma leve sugestão de chocolate? Fosse como fosse,
sentia que poderia beija-lo pelo resto da vida.
Foi então que a Razão entrou em cena, batendo a porta e gritando: "Lily Evans, que pensa que está fazendo? Está beijando seu maior inimigo, James Potter, o idiota ridículo e patético! E está gostando! Oras, mas isso é inadmissível! Você é só mais uma pra ele, minha querida. Era um desafio, agora é mais um troféu na estante dele. É bom não se apegar, porque ele lhe tratará como trata a todas as outras. Amanha, semana que vem ou daqui a um mês não será você nos braços dele, querida. Ele acabou de conseguir o que queria."
James não entendeu quando Lily se separou dele bruscamente e deu vários passos pra trás, arfando.
'- Lily, o que...?
'- É Evans. – falou a ruiva, sentindo um aperto no coração. – E não se aproxime.
Doeu em Lily ver a cara decepcionada que ele fez.
James resolveu não dar bola. Tinha que entender aquela garota. Deu dois passos pra frente, mas parou ao ouvi-la sussurrar, num tom de suplica que não era do feitio dela:
'- Por favor.
O rapaz sentiu vontade de correr até ela e ampara-la nos braços. Sua Lily parecia tão fraca e indefesa ali. O fogo refletia nos olhos esmeraldinos dela, que estavam meio... apagados? James nunca tinha visto aqueles olhos tão opacos como agora. Isso o preocupou imensamente.
Lily queria, mais do que tudo, se deixar cair nos braços de James, mas não podia. A Razão não permitia. Estava se sentindo fraca e cansada, completamente o contrario do momento do beijo, quando se sentira viva e espontânea. Viu a preocupação no rosto de James e sussurrou:
'- Não se preocupe. Eu estou bem.
James ficou um pouco indeciso, mas não era hora pra pensar, e sim pra agir. Sabia que se nada resolvessem hoje, nunca resolveriam.
'- Lily. – ele foi até ela e a abraçou, sentindo que tinha que a proteger com todas as suas forças de qualquer coisa que pudesse fazer mal a ela.
Lily se sentiu novamente quente e acolhida, segura e protegida nos braços de James. Sentia que nada poderia lhe fazer mal enquanto estivesse com ele.
'- James. – ela murmurou, baixinho. Tarde demais ela notou o que dissera. James a soltara um pouquinho e olhava pra ela. Lily sentiu sua face corar.
'- Lily, o que foi? Quero dizer, estávamos bem, tudo certo, nos beijando, quando você... saiu? O que houve?
A ruiva sentiu as bochechas corarem, sentindo uma vontade irresistível de dizer "Nada não. Onde paramos?" e agarra-lo. Mas ao invés disso respondeu:
'- Eu... Não sei. Eu só... não quero ser mais uma, entende? Eu não quero ser um desafio, e agora que você conseguiu o que queria, ser jogada fora, junto com todas as garotas. Eu não sou qualquer uma. – a ruiva deixou escapar, junto com duas lágrimas que James aparou com o dedo.
'- Você nunca seria mais uma, Lily. Por que eu estou apaixonado. Completa e perdidamente apaixonado por uma ruivinha esquentada que não gosta de ser chamada de Pimentinha.
A garota deu um sorriso fraco.
James simplesmente não entendia como conseguir arrancar um simples sorrisos aquecia tanto seu coração. Não entendia como aquela garota tão especial tinha-o na mão. Talvez não devesse entender.
Lily estava encantada. Como só agora, depois de tanto tempo, notara que tinha se apaixonado por James? Seu pai, psicólogo, provavelmente diria que ela tinha tanto medo de ser magoada que se escondera atrás de uma armadura de ódio e desprezo. Assim, era mais fácil rejeita-lo sempre. Sua mãe diria simplesmente "Quem desdenha quer comprar".
James a encarava ansioso. Lily estava encostada nele, mas de lado. O rapaz ainda tinha um dos braços em volta dela. O fogo crepitava na lareira atrás deles.
Dessa vez foi James que sentiu os lábios da ruivinha tocarem os seus delicadamente. Por incrível que pareça, ele já estavam com saudades um dos lábios do outro. A língua de James pediu permissão para aprofundar o beijo. Permissão concedida por Lily. E, do contrario que eles imaginavam, esse beijo conseguiu ser melhor que o primeiro. E o que veio depois foi melhor que esse. E assim por diante. Porque é assim quando você encontra seu verdadeiro amor. Imagina quando é em época de Natal então!
N/A: Olá! Tudo bem? Gostaram? É apenas uma short fic. Poooorém, eu acho que vou escrever um outro capitulo, contando o que aconteceu fora do Salão Comunal com a Marlene e com o Sirius. Espero que tenham gostado. Eu posto a segunda parte se me mandarem muitas reviews! Só. Bom, muitos beijos e obrigada a todos que leram. Deixem reviews, por favor. Beijos!
