PEQUENOS GRANDES PROBLEMAS
CAPÍTULO 03 – COMO DIRIA O GARFIELD...
-Odeio segundas feiras... – Yohji bocejou, abrindo a floricultura. – Ainda mais quando eu sei que vou trabalhar dobrado.
-Ânimo, Yohji-kun. – Omi sorriu pra ele. – Ken já levou Aya pra fazer os exames. Logo, logo, teremos nosso companheiro de volta como ele sempre foi.
-Amém... Meu Deus, e eu que achava o Aya adulto estressado. Esse moleque é muito mau humorado.
-Entenda, Yohji-kun. De repente ele não consegue fazer muita coisa sozinho... Agora ele não pode comer de tudo, beber de tudo, sair sozinho de casa...
-Fora que ele cai da cama toda hora. – Yohji riu. – Como podia ser tão gracioso quando adulto e agora tão estabanado?
-Problemas de perspectiva... Oh, bom dia! Posso ajudar em alguma coisa? – e começou a atender os clientes.
A manhã já ia passando, eles sem tempo de ficar pensando em mais nada, quando Ken voltou com Aya. Como o playboy tinha notado antes, o garoto vinha de cenho franzido, irritado com alguma coisa.
-Hey, hey, voltaram... E aí, o baixinho deu trabalho? – piscou para o jogador – Desmaiou pra tirar sangue?
-Não. Mas acho que nunca levou tanto apertão nas bochechas... Todas as enfermeiras queriam pega-lo no colo, apertar, beijar, passar a mão pelo cabelo... Fez mais sucesso que você, Yohji...
-Epa! Concorrência não, hein?
Mas Aya só rolou os olhos, sacudindo a cabeça... Ken estendeu a mão pra ele.
-Vamos tomar água, comer uma fruta? Depois eu venho render o Omitchi pra ele fazer o almoço...
Quando os dois estavam voltando, Aya segurando o "corvete da discórdia" as garotas do colégio entraram... O ruivo até sentiu um arrepio.
-AAAAAAAAAIIIIII, MAS QUE COISA MAIS FOFA É ESSA?
-GENTEM... PARECE O AYA-KUN!
"Se alguém der mais um grito, vai levar esse carrinho na testa. Juro!"
Daí a frase proibida:
-Posso pegar ele, Ken-kun?
-Hein? Não! Quero dizer, melhor não... Ele é meio tímido, pode estranhar...
-Ah, deixa, vai?
-Como ele se chama?
"Boa pergunta. Eu não posso dar meu nome... Então... Pensa, Fuijimiya..."
-Hiro (1)... Eu me chamo Hiro... E vocês não tem nada melhor pra fazer não, ao invés de ficar enchendo o saco por aqui?
Todas caíram de pernas pro ar, Yohji e Ken com aquela gota na cabeça. Apenas uma garota se recuperou primeiro:
-Nossa, Ken-kun, pra um garotinho tão pequeno ele fala muito bem, não? Ele é o que do Aya-kun? Filho? Até o gênio é igual...
-Ah, ele é... ele é... – Ken ergueu os olhos ao playboy, pedindo ajuda.
-É um priminho do Aya. Vamos ficar com ele uns dias, enquanto o Aya ajuda os tios dele, que estão com problemas... Esse mau humor é de família, sabiam?
Os olhos verdes cruzaram com os violetas e perceberam que Aya erguia o dedo médio disfarçadamente. Ken riu e foi continuar atendendo...
Enquanto isso, na mansão dos Schwartz, Nagi e Farfarello estavam se divertindo com "os brinquedos do Brad", que estava sentado numa poltrona, lendo o jornal. Eles compraram um trenzinho de brinquedo com todos os acessórios, uma cidade completa, estação, homenzinhos... Farfarello queria amarrar um dos cowboys do Forte Apache (outro "brinquedo de Brad") nos trilhos do trem, mas Nagi não deixou, com medo que estragasse a máquina. Mas Jei era imaginativo. Foi até a cozinha e trouxe meia dúzia de salsichas.
Brad abaixou o jornal.
-Que você vai fazer com isso?
-Eu adoro essa cena nos filmes... Pena que o mocinho sempre chega na hora e tira o refém antes do trem passar... Fique olhando...
Nagi rolou os olhos. Parou o trem para dar tempo de Farfarello amarrar a salsicha e prende-la nos trilhos. Depois fez o comboio dar a volta e usou um pouco da sua telecinese para dar mais velocidade ao trem. Farfie começou a gritar, em falsete:
-Socorro! Socorro! Será que não tem alguém que possa me salvar? –e com voz mais grossa- Não, querida... Os heróis estão mortos. Você está condenada.
Brad olhou pra ele assustado.
-De quem é a voz grossa? Do vilão?
-Do narrador...
Nagi deu uma gargalhada. Ele passou com tudo em cima da salsicha, espalhando pedaços por toda a parte. Schuldig entrou e avisou:
-Depois quero tudo limpo!
Brad sugeriu, antes de voltar para o jornal:
-Coloque um pouco de catchup na salsicha... Assim vai espirrar "sangue" quando a mocinha for feita em pedaços...
Schuldig deu meia volta. "Nunca mais vou poder comer cachorro quente sem me lembrar disso."
Depois do almoço, Ken deixou Aya tirando uma soneca e voltou para a floricultura. Estavam os três superocupados quando o ruivo acordou. Ele simplesmente pegou alguns trocados em sua carteira e desceu para a rua, a fim de ir até a sorveteria no quarteirão debaixo. A ida foi tranqüila, o rapaz que o atendeu achou que ele estava acompanhado de algum dos adultos lá de dentro e até a saída não houve problema. Na Koneko, três jovens estavam apavorados por causa de um ruivinho desaparecido, que eles não viram sair. Yohji mandou Omi ficar na loja caso o pequeno voltasse, mandou Ken subir a rua e ele desceu, o coração querendo sair pela boca. Viu, com alívio, uma cabecinha ruiva parada na esquina, esperando o sinal abrir e ia gritar pra ele esperar, quando surgiram duas velhinhas ao lado do garoto, que o seguraram pelos bracinhos.
-Hey. – reclamou o ruivo.
-HEY, VOVÓS! – gritou o loiro, procurando se aproximar deles.
-O que um garotinho bonitinho como você faz na rua sozinho? – uma das velhinhas perguntou, mas com uma voz sensual.
Aya se arrepiou porque a voz não correspondia com a idade da pessoa e olhou para cima, encontrando uns olhos conhecidos: Schoen! Procurou se debater, mas elas o apertaram mais, dando meia volta para leva-lo. Foi quando Yohji os alcançou, segurando uma velhinha pelo ombro:
-Hey, hey. Desculpe, mas esse menino é meu.
-Como seu? – a voz da velhinha soou velhinha mesmo. – Estava sozinho na rua...
-É meu. Soltou da minha mão sem eu perceber mas é meu.
-Irresponsável! Não deveria ser permitido tomar conta de uma criança... Vamos entrega-lo a uma autoridade competente.
Aya continuava se debatendo e chutou a canela duma delas. O palavrão que ela soltou não deveria sair da boca de uma venerável velhinha, o que fez Yohji desconfiar.
-Tudo bem, vovós. Vamos resolver tudo na delegacia, então. Guarda! GUARDA!
-Sim? Algum problema?
-Meu filho soltou da minha mão e saiu correndo. Agora as simpáticas velhinhas não querem me devolve-lo. É uma coisa comum, certo?
-Prova que ele é seu filho mesmo. – desafiou uma velhinha.
Aya sentiu que era uma situação "agora-ou-nunca" e estendeu os bracinhos para Yohji, choramingando: "Tuu-saaan... As vacas derrubaram meu xuvete!"
O guarda escondeu uma risadinha, enquanto o loiro erguia o pivete no colo.
-Te compro outro. Mas promete para o Otu-san que você não vai escapar mais?
Aya sacudiu a cabeça, tentando imitar o famoso biquinho do Omi (inimitável!) e agarrou o pescoço dele. As falsas velhinhas ainda tentaram uma saída honrosa:
-Deus me livre, que moleque mais malcriado! A sua mulher deve sofrer muito nas mãos de vocês, homens... Bah! – e deram uma bengalada no ombro de Yohji, indo embora resmungando.
O guarda também saiu rindo, depois de bagunçar a franja de Aya. Os olhos verdes e violetas se encararam:
-Viu? Elas não desistem fácil.
-É. Desse tamanho eu sou presa fácil.
-Vai ter que prometer não sair mais sozinho de casa.
-Tudo bem. – bufou ele. – Mas eu quero outro sorvete.
-Você merece... "As vacas derrubaram meu xuvete!" Elas podiam esperar tudo, menos isso... – e Yohji voltou para a sorveteria rindo.
N/A: (1) Hiro, porque os traços do Aya lembra o Hiro de Gravitation. Tudo bem, deu pra perceber que eu to adorando o Farfarello cuidando do Brad, certo? Aguardem, que tem mais. 24/12/04.
